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sábado, 1 de janeiro de 2022

CRÍTICA LITERÁRIA: CONHEÇA A TRAJETÓRIA DO BUFÃO QUE TROPEÇAVA NAS PRÓPRIAS PERNAS E FAZIA AS CRIANÇAS CHORAREM

BOLSONARO (Editora Máquina de Livros, 2018, arte circense, 192 pag.) 
O
jornalista Clóvis Saint-Clair, ex-Veja, aproveitaria melhor o seu tempo se escrevesse sobre expoentes realmente respeitáveis desse ofício, como o Piolin, o Arrelia, o Pimentinha, o Fuzarca, o Torresmo, o Carequinha, o Atchin, o Espirro, o Patati e o Patatá. 

O Bozo, além de pertencer ao baixo clero circense, não passa de uma franquia dos EUA. E seu sucesso se não se deveu a méritos (jamais teve algum), mas sim à insistência dos donos do circo, que fizeram todo tipo de propaganda enganosa e chegaram até a encenar a farsa Facada no mito para fins de chantagem emocional, bem como para evitar que ele tivesse de competir com palhaços mais talentosos. Cotação: pior, impossível.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

COMPORTAMENTO DE BOLSONARO FOI CONSIDERADO PELO EXÉRCITO "AÉTICO E INCOMPATÍVEL COM O PUNDONOR MILITAR"

(seguem-se trechos da notícia Bolsonaro admitiu atos de indisciplina e deslealdade no Exércitode autoria do repórter Rubens Valente, 
publicada nesta 2ª feira, 15, pela Folha de S. Paulo)
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O fãzoca do torturador serial Brilhante Ustra...
Documentos obtidos pela Folha no Superior Tribunal Militar mostram que o deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) admitiu em 1987 ter cometido atos de indisciplina e deslealdade para com os seus superiores no Exército.

O então capitão foi acusado por cinco irregularidades e teve que responder a um Conselho de Justificação, uma espécie de inquérito, formado por três coronéis..

Ele foi considerado culpado pelos coronéis, mas absolvido depois em recurso acolhido pelos ministros do STM, por 8 votos a 4.

O processo tinha dois objetos: um artigo que ele escreveu em 1986 para a revista Veja para pedir aumento salarial para a tropa, sem consulta aos seus superiores, e a afirmação, meses depois, pela mesma publicação, de que ele e outro oficial haviam elaborado um plano para explodir bombas-relógio em unidades militares do Rio.

Os documentos informam que, pela autoria do artigo, Bolsonaro foi preso por 15 dias ao "ter ferido a ética, gerando clima de inquietação na organização militar" e "por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial, comprometendo a disciplina".

[Tudo começou quando]  O Exército detectou um movimento para desestabilizar a cadeia de comando e determinou uma investigação, a mando do ministro e general Leonidas Pires Gonçalves, alvo de Bolsonaro.
...o terrorista que contava planos malucos para repórteres...
Em interrogatório reservado de 1987, o então capitão assinou documento no qual reconhece ter cometido uma "transgressão disciplinar" ao escrever para Veja. "E que, à época, não levou em consideração que seria uma deslealdade mas que, agora, acha que sim."

O STM decidiu que pelo artigo ele já havia sido punido com a prisão. 

Depois, a revista publicou que ele e outro capitão haviam elaborado um plano chamado Beco sem saída, que previa uma série de explosões. Como evidência, a revista divulgou esboços atribuídos a Bolsonaro.

Na reportagem, ele dizia que haveria "só a explosão de algumas espoletas" e explicava como fazer uma bomba-relógio. "Nosso Exército é uma vergonha nacional, e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet", afirmava.
...e o grande defensor de posições abomináveis.

Bolsonaro negou a autoria de qualquer plano de bombas e citou que dois exames grafotécnicos resultaram inconclusos. Perícia da Polícia Federal, porém, foi inequívoca ao concluir que as anotações eram dele.

Os coronéis decidiram, por unanimidade, pela condenação. "O Justificante [Bolsonaro] mentiu durante todo o processo, quando negou a autoria dos esboços publicados na revista 'Veja', como comprovam os laudos periciais."

Segundo documento assinado por três coronéis, Bolsonaro "revelou comportamento aético e incompatível com o pundonor militar e o decoro da classe, ao passar à imprensa informações sobre sua instituição".

Pela lei, decisões do conselho deviam ser enviadas ao STM. No tribunal, Bolsonaro negou em abril de 1988 o plano das bombas, mas reconheceu a autoria do artigo: "Admito também a transgressão disciplinar [...], pela qual, acertada e justamente, fui punido com quinze dias de prisão...".
Obs. Os interessados em mais informações sobre o plano do Bolsonaro de explodir os banheiros da Vila Militar poderão obtê-las clicando aqui.

sábado, 8 de abril de 2017

QUANDO CAPITÃO, BOLSONARO TRAMOU ATENTADO TERRORISTA, FALOU DEMAIS E A "VEJA" PUBLICOU, FRUSTRANDO O PLANO.

"No segundo semestre de 1987, finda a ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo entre a oficialidade média, pela perda do poder político de que gozaram por 21 anos seguidos.

Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa, cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao) e morava na Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair em passeata sem correr o risco de serem presas..
‘SÓ PARA ASSUSTAR'
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Bolsonaro tornou-se fonte da revista. Em meados de outubro 1987, a prisão de outro militar, capitão Saldon Pereira Filho, pelo mesmo motivo, levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada para repercutir o ocorrido. Ali ela conversou com Jair Bolsonaro, que estava acompanhado de outro capitão e da mulher deste.
Sob condição de sigilo, a mulher do militar contou à repórter – e depois Bolsonaro e seu colega confirmaram – que estava sendo preparado um plano batizado de Beco sem saída. O objetivo era explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. 

A intenção era não machucar ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua autoridade seriamente arranhada com os atentados.

‘Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas não exerce nenhum controle sobre a tropa’, ouviu a repórter de Ligia, mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de Xerife.
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FRASE ISOLADA
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Antigamente se dizia: macaco, olha o teu rabo!
A repórter havia apurado uma bomba, no sentido literal e no figurado. Veja não respeitou o off – no que fez muito bem neste caso, pois do contrário estaria acobertando atos terroristas – e quebrou o pacto de sigilo com a fonte. 

A história toda foi contada nas páginas 40 e 41 da edição 999 (de 27/10/1987) da revista. A repórter Cassia Maria anotou em seu relato:
'Temos um ministro incompetente e até racista’, disse Bolsonaro a certa altura. ‘Ele disse em Manaus que os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos generais, fazendo faxina ou dando plantão. 
Perguntei, então, se eles pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. Só a explosão de algumas espoletas, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação que Lígia chamara de Beco sem Saída. 
Falamos, falamos, e eles não resolvem nada, disseram. Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos sensíveis'.
E também: quem não te conhece, que te compre! 
Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. 

O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas."
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(trechos selecionados da matéria Capitão Bolsonaro, a história esquecida, cuja
 íntegra pode ser acessada aqui. É de autoria de Luiz Egypto e foi publicada 
pelo Observatório da Imprensa em sua edição 636, de 06/04/2011)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

AGORA É A DIREITA QUE LANÇA UM ALERTA ESTRIDENTE SOBRE LULA

Depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter sido incomodado pela Polícia Federal no último fim de semana, ao contrário do previsto pelo jornalista e blogueiro Eduardo Guimarães, agora é a vez de um notório direitista da imprensa lançar um alerta estridente (vide aqui): Reinaldo Azevedo acredita que Lula esteja preparando sua fuga para o exterior.

Negando haver recebido alguma informação de bastidores, ele alega tratar-se apenas de uma dedução lógica: 
"O discurso no qual os petistas insistem não é compatível com o de um réu que está disposto a provar sua inocência. Ele se parece mais com o de um fugitivo tentando convencer a opinião pública mundial de que estava sendo vítima de um regime de exceção".
É também sob este prisma que RA avalia a campanha internacional em defesa do Lula que sindicalistas brasileiros lançarão nos próximos dias (pois seu efeito, segundo ele, será "contraproducente" em termos de Brasil e Justiça brasileira, daí sua dedução de que já faria parte do plano de fuga).
Bem, elucubrações há para todos os gostos. Baseando-me igualmente na lógica, eu poderia supor que:
  • os comunicadores de direita estejam tentando influenciar Sérgio Moro e outras autoridades, no sentido de que coloquem logo Lula atrás das grades; ou
  • que tal decisão já tenha sido tomada e se trate, agora, de preparar a opinião pública para receber a notícia.
Afinal, RA faz carreira satanizando Lula, a quem atribui sempre a pior das intenções. Se eu adotar a mesma postura com relação a ele, RA, fará sentido imaginar que esteja querendo entregar à veja o troféu por ela mais ambicionado há décadas: a cabeça do Lula (simbolicamente) empalhada, para pendurar na parede ao lado da do Zé Dirceu.

Lula tem debochado quando repórteres tocam no assunto ("Vou pedir asilo em Garanhuns!"). Seja como for, não sou eu quem dirá a um marmanjo prestes a completar 71 anos como ele deva proceder. Apenas aconselho-o a pensar bem no assunto, refletindo sobre se terá estrutura emocional para aguentar a barra do isolamento entre estrangeiros indiferentes.

Geraldo Vandré não suportou o exílio, entrou em parafuso e tomou a péssima decisão de negociar sua volta com a ditadura militar, que o transformou num zumbi. 

Manuel Zelaya enfiou-se na embaixada brasileira em Honduras pensando que as massas se levantariam para recolocá-lo no poder, tendo quatro meses depois de sair com o rabo entre as pernas, garantido por um salvo-conduto para a Nicarágua. 

Edward Snowden pediu asilo para duas dezenas de países antes de aceitar o oferecido pela Rússia, onde hiberna há três anos, dando uma entrevista de vez em quando. E por aí vai.

Então, a opção para Lula seria entre uma prisão brasileira e o semi-anonimato no exterior, pois a narrativa do golpe não lhe garantirá muitos holofotes no exílio.  Os gringos estão se lixando.

Talvez Bolívia (*), Equador ou Venezuela lhe concedam honras de herói, desde que se disponham a incorrer no desagrado do governo brasileiro. Suponho que, num destes países, é onde Lula iria sentir-se melhor. Mas, é também onde mais facilmente será esquecido pelo resto do mundo.

* Aí a História se repetiria mesmo como farsa, pois foi o país onde o rouba-mas-faz Adhemar de Barros se refugiou em 1956 para escapar de uma condenação a dois anos de reclusão...   

sábado, 18 de junho de 2016

'BARRIGAS' E 'SAIAS JUSTAS'

A veja ensinando a produzir o boimate
Nesta 6ª feira (17)  caí na esparrela de algum espertinho que andou plantando na internet um relato bem bolado sobre hacker esvaziando conta corrente do Lula no exterior. 

Como sempre espero o pior dos políticos profissionais —sem distinção de sexo, cor, profissão, idade ou partido—, não me surpreendi. Fiquei é entusiasmado com a oportunidade de traçar um paralelo com uma canção de 50 anos atrás que acabara de encontrar disponibilizada no Youtube.

Não levei nem meia-hora para perceber que cometera uma tremenda barriga. Troquei o post inicial por um pedido de desculpas e nota de esclarecimento. Fim de papo.

Mesmo não passando pelo dissabor de ver o erro apontado por algum leitor, algo assim sempre machuca um pouco o orgulho profissional. Tanto que acabei lembrando de uma saia justa do passado, também sem maiores consequências. Há muito tempo não pensava nesse episódio.

Em junho de 1966 assisti pela TV à luta de boxe entre o brasileiro Fernando Barreto e o argentino Jorge Jose Fernandez. O brasileiro foi derrubado, embaraçou-se nas cordas e pareceu não ter conseguido levantar-se em tempo apenas por causa da atrapalhação. Cumprimentou o adversário, saiu andando do ringue e fui dormir tranquilo.

Depois, li no jornal que ele passara mal no vestiário e fora hospitalizado. Fiquei surpreso, pois ele parecera estar recuperado.

Fernando Barreto: dano cerebral
Mais de duas décadas depois, trabalhando na Agência Estado, li no Estadão que morrera o primeiro boxeador brasileiro como consequência de ferimento sofrido no ringue. As minhas recordações do episódio do Fernando Barreto eram bem corretas, salvo num ponto: fiquei com a impressão de que ele acabara falecendo.

Alertei o repórter que, na redação vizinha, estava incumbido desse assunto, Ele foi a campo e confirmou tudo que eu dissera, exceto um pequeno detalhe:Barreto acabara sobrevivendo ao derrame cerebral, mas saiu do longo coma com retardo mental. 

Fiquei sem graça, mas o colega disse que não fora trabalho desperdiçado: com ou sem morte, era uma notícia interessante e ele escreveu, à guisa de suíte, mais uma boa matéria sobre os efeitos danosos do boxe.

Eis mais alguns casos interessantes, na linha das barrigas e saias justas

O Paulo Francis quando jovem
LIÇÃO CHULA — O Paulo Francis gostava de contar um episódio do seu início de carreira, quando, jovem crítico de teatro, queria chamar a atenção escrevendo de forma pedante e empolada. Entregou um texto a um velho editor que, encontrando a expressão via de regra, pegou um lápis vermelho e escreveu em cima, com caracteres garrafais: VIA DE REGRA É A BUCETA (regras era um eufemismo para menstruação). 

O Francis dizia ter sido uma das únicas lições aproveitáveis de jornalismo que recebera na vida. A objetividade, clareza, concisão e simplicidade são essenciais para um jornalista.

DELEGADO EXIBIDO — Certa vez, como repórter de Geral do Estadão, fui cobrir um acidente na Radial Leste. Um ônibus partiu com a porta aberta e uns seis passageiros pendurados, levou uma fechada de um caminhão e, para desviar-se, teve de passar próximo demais de um poste. Resultado: morreram pingentes.

Cheguei na delegacia e o delegado estava vivendo seu momento de glória, cercado de repórteres de jornal e rádio. “Esse homem é um assassino contumaz!”, esbravejava. “Matou outra pessoa no ano passado!”

Um delegado desses no cinema
O motorista, cabisbaixo, não se defendia. Tive pena dele e raiva do delegado. Então, fui perguntar ao coitado como tinha acabado aquele caso antigo. Não sabia, mas disse o local da ocorrência. A delegacia respectiva era próxima, então fui dar uma xeretada.

Informaram que o inquérito já tinha seguido para a Justiça. Passei lá também e descobri que o promotor, não vendo motivos para incriminar ninguém, determinara o arquivamento.

Então, pelo menos na minha matéria, ao invés de o motorista aparecer como assassino contumaz, o delegado é que foi retratado como arrogante, desinformado e arbitrário (pois aquilo que o promotor descartou não pode ser considerado antecedente negativo nem usado contra cidadão nenhum).

É claro que eu perdi muito mais tempo do que aqueles coleguinhas apressados que preferiram limitar-se à versão oficial. Mas, o que estava em jogo era a reputação de um homem diante de sua comunidade: o pobre do motorista iria ser apontado pelos vizinhos como um matador do volante.

Por piores que sejam nossas condições de trabalho e por maior que seja o número de matérias feitas num dia, eu achava que não tínhamos o direito de ser levianos. Pessoas poderiam até suicidar-se por causa da repercussão de uma matéria.

AFOBADO COME CRU — Coberturas instantâneas de TV às vezes são terríveis armadilhas para redatores que fazem seu texto em cima do que veem na telinha.

Um caso clássico aconteceu com um meu ex-colega de ECA/USP. Como editor de Internacional da Folha de S. Paulo, ele cobria numa noite de domingo a guerra do Golfo. E caiu na tentação de basear-se no noticiário desencontrado da CNN, que transmitia ininterruptamente... boatos e deduções dos repórteres, pois não há como termos noção de uma batalha aérea travada no deserto olhando para o céu a partir das cidades.

Assim, uma conclusão precipitada deles foi a de que Israel estaria retaliando e entrando na guerra. E o coitado do meu ex-colega acreditou. Sem basear-se em agências internacionais ou esperar despachos de correspondentes da Folha, mancheteou “Israel reage contra Saddam”.

No 2º clichê já haviam percebido o erro e a manchete foi mudada, de forma que a barriga só entrou na edição destinada ao Interior e às bancas da capital que ficavam abertas de madrugada. Mas foi o bastante para ele perder o emprego, duas ou três semanas depois (deram um tempo para não passar recibo).

UMA   FORCINHA   PARA   O   BANDIDO   E   UM   STRIP-TEASE   INVOLUNTÁRIO — 
A espetacularização é uma praga do jornalismo televisivo e às vezes os repórteres pagam o preço de suas lambanças. Num desses programas policialescos, um repórter convenceu o delegado a repetir a prisão de um bandido para que pudesse ser filmada. O criminoso voltou para seu carro e o dirigiu até a barreira policial. Escondido das câmaras, um investigador armado estava agachado atrás do banco. Mesmo assim, o bandido acelerou, conseguiu tomar a arma do agente e escapou, deixando o repórter e o delegado com caras de bobos.

Já uma repórter que queria ser protagonista ao invés de jornalista, ao cobrir o lançamento de uma calcinha com enchimento que realçava o bumbum, resolveu aparecer com a dita cuja diante da câmara. Quando foi se trocar, não percebeu que o maldoso cinegrafista deixara seu equipamento ligado. Resultado: a nudez da moça ficou amplamente conhecida no seu ambiente de trabalho, pois era mostrada para Deus e todo mundo....

VEXAMES DOS GRANDES — Mais episódios clássicos de juízos apressados. O Estado de S. Paulo descobriu que um projétil estilhaçara a janela de um ministério e fora alojar-se na parede. Correu a noticiar o atentado contra o ministro.

Descobriu-se depois que uma máquina de jardinagem expeliu uma porca que, caprichosamente, saiu voando na direção da janela. Mas, o vetusto jornalão enrolou e manteve a hipótese de atentado, não querendo dar o braço a torcer. A Veja tirou um sarro do Estadão, produzindo um texto hilário sobre a porca assassina.

O troco veio logo em seguida, quando o Estadão deitou e rolou em cima da ingenuidade da Vejaa revista tinha caído na tradicional armadilha dos profissionais de agências noticiosas internacionais: no dia dos tolos  mandam uma notícia falsa para as redações. Sempre algum pato acaba escorregando na casca de banana.

E não é que o editor de ciências da Veja acreditou que realmente se tinha chegado a uma composição genética do boi que fizesse a carne já vir com gosto de tomate, para preparação de hambúrguer! A matéria jocosa do jornalão teve como título Boimate.

MASTURBAÇÃO NO SENADO Para o grand finale, eis um episódio igualmente hilário, mas que não envolve jornalistas. Defendendo a Dilma na Comissão de Impeachment do Senado, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo leu triunfalmente uma relação de grandes juristas que a estariam considerando inocente das acusações, não percebendo que algum gaiato acrescentara à relação o nome do mui eminente Tomás Turbando Bustamante. Citou-o também, como se constata abaixo.
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sábado, 26 de setembro de 2015

PODE ESTAR VINDO CHUMBO GROSSO DA OPERAÇÃO LAVA-JATO

Desde que muitos esquerdistas caíram na besteira de tomarem partido por uma das gangues empresariais que disputavam um nicho extremamente promissor do mercado da telefonia, na Operação Satiagraha (saiba aqui como foi desmascarada por uma das lendas vivas da resistência jornalística à ditadura militar), insisto que o combate à corrupção é bandeira da direita

Considero a corrupção intrínseca ao capitalismo e impossível de ser totalmente extirpada enquanto os seres humanos forem tangidos para a busca compulsiva de fortuna, status e poder como objetivos supremos da existência, o que os coloca numa competição permanente, canibalesca, com outros seres humanos, no curso da qual haverá sempre quem acabe recorrendo a atalhos para levar vantagem, com a desgraça de uns só servindo para abrir espaços que outros logo ocuparão. No fundo, os Sérgios Moros da vida apenas enxugam gelo.

Meu sentimento em relação ao mensalão e ao petrolão, bem como às investigações que os desnudam, têm sido sempre o de pesar por ver que companheiros desceram tão baixo, igualando-se aos políticos convencionais e dando à direita trunfos propagandísticos para nos atacarem a todos, mesmo aos que nunca participamos de maracutaia nenhuma e acreditamos que os revolucionários devam preservar-se como os modelos vivos do almejado homem novo.

Então, é apenas a título de informação que chamo a atenção dos leitores deste blogue para a matéria de capa da revista mais reacionária do Brasil: ex-deputado Pedro Corrêa, do PP de Pernambuco, teria negociado uma delação premiada-bomba.

A nefanda revista garante que Corrêa vai acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de haver capitaneado no Palácio do Planalto reuniões em que o esquema de corrupção na Petrobras era urdido; e que a presidenta Dilma Rousseff também estaria ciente da existência do petrolão, tendo ambos, Lula e Dilma, agido pessoalmente para mantê-lo em funcionamento.

Caso tal delação se confirme e seja este mesmo seu teor, chegaremos à situação para a qual sempre pareceu que tal partida conduzia: a rainha colocada en garde e o rei, em xeque. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

veja É PEGA NA MENTIRA. EU ASSISTI DE CAMAROTE O TEU FRACASSO, PALHAÇO...


"Por ter publicado um documento falso como sendo verdadeiro, veja pede desculpas ao senador Romário e aos seus leitores. Esse pedido de desculpas não veio antes porque até a tarde desta quarta-feira ainda pairavam perguntas sem respostas sobre a real natureza do extrato, de cuja genuinidade veja não tinha razões para suspeitar. A nota do BSI dissipou todas as questões a respeito do extrato. Ele é falso." .

(retratação da veja, depois de Romário ter-lhe esfregado na cara um documento do banco BSI garantindo ser falso o extrato no qual a revista se baseou para atribuir ao senador e ex-futebolista a titularidade de uma conta secreta na Suíça)

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A veja TUMULTUA A ELEIÇÃO COM O FANTASMA DO IMPEACHMENT DE DILMA

O risco contra o qual venho há tempos alertando acaba de se materializar: a veja antecipou em um dia a distribuição da edição 2.397, de forma a colocar a eleição presidencial sob a lâmina de uma guilhotina: a do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. 

É manipulação às escâncaras, um óbvio crime eleitoral. 

A revista normalmente entra em bancas no sábado e tem sua capa e resumo das principais matérias divulgada na noite de 6ª feira. Todo o cronograma foi adiantado em 24 horas, só cabendo uma explicação: o objetivo foi permitir que Aécio Neves aproveitasse a munição nova no debate final da Globo, além de aumentar estrategicamente o prazo para a bomba repercutir, produzindo consequências nas urnas. 

E qual é esta bomba, afinal? Trata-se da atribuição, ao delator premiado Alberto Youssef, da seguinte afirmação, ao ser interrogado por um delegado da Polícia Federal:
— O Planalto sabia de tudo!
O delegado teria perguntado a quem no [Palácio do] Planalto o doleiro aludia, recebendo como resposta: "Lula e Dilma".

Reinaldo Azevedo, o blogueiro mais reacionário da revista mais reaça do Brasil, duas semanas atrás já antecipara que a direita poderia partir para o impeachment, neste parágrafo de sua coluna semanal na Folha de S. Paulo:
Reinaldo Azevedo é o principal arauto do impeachment
"Prestem atenção! Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mal começaram a falar. A depender do rumo que as coisas tomem e do resultado das urnas, o país voltará a flertar, no próximo quadriênio, com o impeachment, somando, então, a crise política a uma economia combalida".
Só perfeitos ingênuos acreditarão que ele já não soubesse qual seria a derradeira cartada da veja

Agora, ao trombetear a nova denúncia no seu blogue, ele é mais explícito ainda:
"Se as acusações de Youssef se confirmarem, é claro que Dilma Rousseff tem de ser impedida de governar caso venha a ser reeleita, mas em razão de um processo de impeachment, regulado pela Lei 1.079..."
E, para martelar bem a ideia, ele a repetiu no final do seu post, grifando a ameaça para torná-la ainda mais ribombante:
"Se Dilma for reeleita e se for verdade o que diz o doleiro, DEVEMOS RECORRER ÀS LEIS DA DEMOCRACIA — não a revoluções e a golpes — para impedir que governe".
Evidentemente, os grãos petistas falarão em terrorismo eleitoral, minimizando a possibilidade de os acontecimentos se encaminharem em tal direção.

Mas, se precedentes valem alguma coisa, a permanência de Getúlio Vargas no poder foi duas vezes interrompida por manobras semelhantes:
  • em 1945, os Estados Unidos jogaram todo seu peso de bastidores para forçá-lo (da mesma forma que o argentino Juan Domingo Perón) a deixar o poder; 
  • e, como o ciclo varguista persistiu, com a eleição do poste que ele apadrinhou (Eurico Gaspar Dutra) seguida por sua volta ao Palácio do Catete em 1951, a direita militar exigiu que renunciasse para não ser deposto, tendo ele preferido uma outra opção, o suicídio.
Outro precedente agourento é o de 1964: o PCB subestimou o risco de golpe de estado, não montando nenhum dispositivo militar próprio para defender o mandato legítimo de João Goulart, daí os golpistas terem derrubado o governo com a facilidade de quem tira doce da boca de uma criança.

Se as agora coisas chegarem a tal extremo, a História certamente se repetirá, pois inexiste dispositivo militar autônomo ou contingentes populares preparados para reagirem à altura. O PT não fez a lição de casa.

sábado, 18 de outubro de 2014

UM ESPECTRO RONDA O BRASIL

Este blogue tem, para mim, dupla função: 
  • há textos que publico aqui e também em vários outros espaços cativos de que disponho, além de difundir por e-mails, pois quero que tenham repercussão mais ampla; e
  • há textos que publico apenas aqui, como um tipo de conversa íntima com meu público mais constante.
No segundo caso está este post, na esperança de que permaneça no círculo de meus amigos e leitores de longa data. Os demais poderiam interpretar como terrorismo eleitoral, o que não é.

Quero apenas deixar registrado que me inquietam muito os rumos da sucessão presidencial. Pode vir coisa ruim demais por aí.

Na edição da veja que chegou às bancas neste sábado, a matéria de capa é exatamente a que previ. Desde que os delatores premiados começaram a abrir o bico, eu não tinha nenhuma dúvida de que, no penúltimo sábado antes do 2º turno, a revista faria estardalhaço com sua denúncia mais contundente.

O doleiro Alberto Yousself, diz a revista, acaba de entregar à Polícia Federal provas de que a campanha de 2010 de Dilma foi em parte financiada com dinheiro desviado da Petrobras.

Então, podemos ter a certeza de que, caso Dilma seja reeleita:

  • a oposição entrará em 2015 com um pedido de impeachment, pois o apurado na Operação Lava Jato é suficiente para o respaldar;
  • no ano que vem necessariamente começará um ajuste recessivo na economia, cuja intensidade e duração não é possível prevermos, mas fará, claro, aumentar a insatisfação popular.
A simultaneidade destes dois acontecimentos criará um caldo de cultura propício para golpe de estado. 

Convido os companheiros a refletirem sobre meu alerta, não com antolhos eleitoreiros, mas pensando mais longe. O perigo que nos ronda vai muito além desse duelo de baixarias que passa por ser eleição. E, repito, não podemos ser pegos desprevenidos como o fomos em 1964. 

sábado, 27 de setembro de 2014

AUMENTAR A SORDIDEZ DA CAMPANHA PRESIDENCIAL MAIS IMUNDA DESDE 1989 PARECIA IMPOSSÍVEL. MENOS PARA A veja.

A jogada manipulatória está no topo da capa
Nunca me identifiquei tanto com o Glauber Rocha de Terra em Transe quanto agora, ao presenciar a campanha presidencial mais imunda desde a redemocratização. Vejo-a e relembro o desabafo do poeta Paulo Martins (Jardel Filho), que cai como uma luva para o show de aberrações e de horrores que nos é imposto:
"As coisas que vi naquela campanha! Uma tragédia muito maior do que as nossas próprias forças!"
De um lado, mentiras e falácias transformadas em trunfos; a aposta na fanatização dos prosélitos e no embotamento do espírito crítico; o recurso à manipulação mais ignóbil por parte de quem deveria despertar a consciência dos explorados, não tangê-los como rebanho para as urnas; a satanização de uma mera educadora só porque convém aos falsários fazê-la passar por banqueira; a interpretação totalmente deformada do que seja a independência do Banco Central, na verdade uma forma de evitar que decisões técnicas fiquem à mercê da vil politicalha; a atribuição à adversária de intenções que ela nunca teve nem manifestou, como a de anular conquistas dos trabalhadores, etc. 

É cópia escrachada dos métodos de Goebbels, sim, como eu denunciei muito antes do que qualquer vice! É puro stalinismo, sim, uma exumação do maniqueísmo mais selvagem dos tempos da guerra fria! É a política de hoje chafurdando nos esgotos do passado. 

Do outro lado, as armações ilimitadas da revista veja, com seu acesso ilegal a inquéritos que deveriam estar resguardados pelo segredo de Justiça, para pinçar acusações bombásticas contra a candidatura palaciana. Na edição deste sábado (27), a novidade é que Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada à Polícia Federal, teria acusado a campanha de 2010 da Dilma de, por intermédio do terror dos caseiros Antonio Palocci (sempre ele!), haver pedido R$ 2 milhões, com urgência, ao esquema de corrupção da Petrobrás.

Isto, evidentemente, não poderá ser apurado nos nove dias que antecedem o 1º turno, mas vai servir para lançar uma grave suspeita sobre a presidenta, capaz de modificar intenções de voto. E, se confirmado pela investigação policial, terá consequências imprevisíveis na eventualidade de uma reeleição (vale, contudo, ressalvar que, levando em conta apenas o que foi divulgado até agora, seria difícil inculpar Dilma pelo suposto ou real pedido do Palocci --este poderia, p. ex., assumir a culpa sozinho, com a coisa morrendo por aí).

De qualquer forma, é tentativa de assassinato de reputação para influenciar a eleição mediante a utilização de jogo sujo e golpes baixos, exatamente como o PT faz com Marina Silva. Alguns consideram válido usar feitiços contra feiticeiros. Eu gostaria é de ver os dois tipos de bruxos assando juntos numa fogueira (simbólica, claro...).

E pensar que tantas vezes fui às ruas clamar por eleições diretas, até que finalmente consegui votar pela primeira vez para presidente da República... aos 39 anos de idade! Mesmo tendo mantido sempre um pé sensatamente atrás, evitando superestimar a democracia burguesa, nem de longe adivinhava o tamanho da decepção e do desencanto que viriam.

Uma tragédia muito maior do que as nossas próprias forças. 

sábado, 19 de abril de 2014

O PATRÍCIO MINO ME VÊ COMO "RUDE" E "IGNARO". ADMITO: SOU MESMO PLEBEU. COM ORGULHO!

Não jogo xadrez há alguns anos, mas tenho espírito de enxadrista. Gosto de encarar desafios.

Vem daí meu interesse por polêmicas, principalmente sob o ângulo da estratégia e tática adotada pelos contendores.

Grandes polemistas foram: 
  • Karl Marx, que, em Miséria da filosofia, fez picadinho de Pierre-Joseph Proudhon e seu livro Filosofia da miséria. O velho barbudo era simplesmente brilhante, mas tinha o defeito de amiúde exceder-se na virulência. Não deveria ter antagonizado de forma tão exacerbada um contendor do campo da esquerda, tratando-o pior do que aos inimigos de classe;
  • Paulo Francis, que travava muitas e ganhava quase todas, tendo feito com a feminista Irede Cardoso exatamente o que Marx fez com Proudhon (passou como um trator por cima dela):
  • Roberto Campos, menos dado ao sarcasmo e às alfinetadas que os outros dois, mas capaz de esgotar totalmente os assuntos sobre os quais discorria, deixando os adversários num mato sem cachorro, impotentes para responderem à altura.
Humildemente admito que ainda estou muito longe desses três modelos. Mas, a voz corrente é de que me sai bem contra Marcelo Paiva (que não era propriamente um adversário, mas sim um companheiro que estava muito mal informado a meu respeito) e Olavo de Carvalho (este sim um antípoda ideológico, a quem, contudo, respeitei demais, apenas voltando contra ele os ataques que me lançava, quando deveria é ter-lhe virado um caminhão de melancias em cima, pois hoje percebo que jamais passou de um tigre de papel).

Uma polêmica totalmente desequilibrada é a que está em curso entre Mino Carta e Demétrio Magnoli, cujos textos são os seguintes (clique p/ abrir):
Embora considere indesculpável a arrogância com que o MC me excluiu à última hora de uma matéria de capa da Carta Capital depois de eu haver desperdiçado horas e horas falando à sua repórter e posando para seu fotógrafo, e também o deplorável papel de caçador de bruxas que desempenhou no Caso Battisti, confesso que neste sábado, ao tomar conhecimento do tiro de misericórdia com que Magnoli o despachou, cheguei a sentir dó dele.

Não bato em bêbados, crianças, mulheres, deficientes físicos, idosos e, enfim, em ninguém que seja incapaz de se defender (mesmo bichos...). A lista, a partir de agora, passa a incluir o MC. Não o desafiarei mais, como vinha fazendo, na esperança de puni-lo exemplarmente pelos episódios acima citados.

Por quê? Porque, depois de vê-lo reduzido a pó de traque pelo Magnoli, percebo que não haverá mérito nenhum em repetir o massacre. Seria, isto sim, uma covardia.

A menos que, como no filme Wild Bill (d. Walter Hill, 1995), houvesse um jeito de colocá-lo em igualdade de condições. Bill Hickock (Jeff Bridges), desafiado a travar tiroteio com um cadeirante (Bruce Dern), pede para ser atado a uma cadeira. Mas, como em polêmicas isto é impossível, esquece! 

O que não implica passar batido pela bílis que MC, em seu descontrole, venha a expelir sobre mim. Como estas pessimamente traçadas (ridiculamente empoladas) linhas:
"Raymundo Faoro, amigo fraterno e companheiro de algumas aventuras, recomendava: 'Não exagere em ironias, eles acham que você fala sério'. Eles, os privilegiados rudes e ignaros. Digamos, os Magnolis e quem acredita neles, e quem os divulga (grifo meu, já que se trata de uma óbvia alusão a este artigo)".
Não aceito, evidentemente, a pecha de divulgador do Magnoli. Na verdade, o que fiz foi dar o máximo de quilometragem ao editorial que o dito cujo desencavou nos arquivos da veja: aquele no qual, por ocasião do sexto aniversário do golpe de 1964, MC proclamou sua admiração incondicional pelos militares, chegando ao cúmulo de louvar os esforços dos fardados no combate à corrupção e à subversão!!! [A alegação de que se tratava de ironia é um insulto à nossa inteligência...] 
Isto também era ironia?

Privilegiado?! Esta é a última acusação que me pode fazer quem atravessou a ditadura a pão-de-ló, enquanto eu comia o pão que o diabo amassou. 

Rude e ignaro?! É exatamente como os patrícios costumavam se referir à plebe na Roma antiga. Freud qualificaria tal escolha de palavras de ato falho. Já o homem da rua diria que MC, narcisista a ponto de levar a sério o apelido louvaminhas de 'imperador', se entregou, deixando perceber quais são realmente suas devoções.

Quanto a mim, jamais aspirarei a ser algo além de plebeu, filho de um honrado operário da Mooca. Mesmo assim, certos aspirantes a uma condição aristocrática que não é de berço (pois ascenderam à sombra do poder, qualquer poder) têm uma paúra imensa de enfrentar meus argumentos rudes e ignaros. Por que será?

terça-feira, 8 de abril de 2014

AINDA SOBRE O 'BAJULATORIAL' DO MINO CARTA

Como justificar algo totalmente indefensável?
Demétrio Magnoli, que escreve muito bem, detonou o Mino Carta com este texto aqui

Mino Carta, que escreve muito mal, não encontrou (nem havia) nada para dizer sobre a acusação concreta, então apenas tergiversou, neste texto aqui. Fez lembrar um personagem humorístico, o  Rolando Lero...

Internautas esquerdistas e/ou petistas (antigamente eram categorias equivalentes, agora nem tanto...) me recriminam por, na visão deles, eu haver tomado o partido do direitista Magnoli contra o esquerdista Mino, neste texto aqui

Parecem esquecidos de que a CartaCapital moveu contra Cesare Battisti uma das mais rancorosas e exacerbadas perseguições que um órgão da grande imprensa já desencadeou contra qualquer cidadão, pior ainda do que a caçada ao Zé Dirceu por parte da Veja. Estaria o Mino sendo esquerdista ao fazer aquele lobby escrachado para que o Estado brasileiro se prostrasse aos neofascistas italianos?

De resto, o editorial louvaminhas que Mino redigiu e assinou quando do 6º aniversário do golpe militar existe. Encontra-se nos arquivos da Editora Abril, disponibilizado on line. Então, qualquer um poderia tê-lo encontrado. 

Mino e Berlusconi pressionaram, mas Battisti riu por último
Por ter sido o Magnoli quem o achou, deveria eu ignorar a sua existência? Seja ele direitista ou não, isto de nenhuma forma altera o fato de que, em abril de 1970, enquanto companheiros estimados morriam resistindo à ditadura militar e eu estava prestes a ser sequestrado e quase destruído pelo DOI-Codi, o Mino, confortavelmente instalado em sua sala de diretor de redação, a salvo dos perigos que corríamos o tempo todo, fazia coro aos chavões golpistas e celebrava efusivamente uma efeméride infame. 

Eu não seria o guerreiro que sou se ficasse indiferente a tal revelação. Meu sangue ferveu. Levei apenas meia hora para colocar no ar o artigo em que expressei minha indignação; e continuarei reagindo sempre de bate-pronto nessas situações, pouco importando as ameaças que me façam (o Mino promete doravante processar seus acusadores... ao invés de polemizar com eles, como sempre agiram os jornalistas que confiam nos próprios tacos e desconfiam da Justiça de uma sociedade de classes).

Também reproduzi o parágrafo no qual Magnoli tirou suas conclusões sobre o bajulatorial. E elas são não apenas consistentes e pertinentes, como irrespondíveis (tanto que o Mino foi incapaz de dar-lhes uma verdadeira resposta). Por afirmar que, em tal texto e somente em tal texto, o Magnoli acertou na mosca, estarei cometendo uma heresia? Trata-se de motivo suficiente para eu ser excomungado junto com ele?

Isto era o que mais se via durante a ditadura
É triste constatar que alguns esquerdistas e/ou alguns petistas regrediram aos piores tempos do stalinismo, impermeáveis a fatos e argumentos, partindo logo para a desqualificação e a satanização. Isaac Deutscher cansou de apontar resquícios religiosos por trás dessa intolerância fanática, que nos remete diretamente às trevas inquisitoriais. 

Eu continuo acreditando que os revolucionários existamos para roubar o fogo dos deuses e oferecê-lo aos homens, não para dispararmos raios contra os que se desviam da linha justa, como se quiséssemos assumir o papel de Zeus no Olimpo.

Quem um dia deixou circular, com sua assinatura, um texto tão deplorável, sem haver sido coagido a isto, tem mais é de pedir humildes desculpas aos ofendidos. O que mais haja feito na vida poderá servir como atenuante, mas não anula o objeto da acusação.

E quem preza tal indivíduo, pode solidarizar-se a ele em termos gerais, mas não neste episódio em particular, pois seria associar-se a uma infâmia. É importante estimularmos sempre a resistência face às injustiças e indignidades, nas ditaduras e também no cotidiano de democracias imperfeitas como a nossa; e execrarmos sempre a postura de quem, como um títere, aceita calar a sua voz (e sua consciência) para melhor transmitir a voz do dono.

Os que realmente estamos empenhados em retirar a humanidade de sua pré-história, dando um fim à exploração do homem pelo homem, temos de reaprender a criticar com objetividade e a receber críticas sem pedras na mão, pois elas fazem parte do aprendizado para a nossa grande missão e são inerentes à sociedade que queremos construir, ígualitária e livre, sem autoritarismo e também sem chiliques de prima-donas...
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