Foi uma solução salomônica, a que os EUA concertaram em Honduras.
Caberá ao Congresso decidir se o poder vai ou não ser restituído ao presidente legítimo Manuel Zelaya. É o que Zelaya propunha.
A Suprema Corte, na qual o presidente golpista Roberto Micheletti depositava suas esperanças, será consultada e vai emitir um parecer, que poderá ou não ser seguido pelo Congresso.
O mais tardar na 5ª feira, será empossado um governo de unidade e de reconciliação nacional, com representantes das duas partes.
Esse governo, ou reempossará Zelaya, ou empossará quem vencer as eleições, dependendo da decisão dos congressistas.
Se o Congresso optar pela volta de Zelaya ao governo, o que lhe restará de poder real?
As eleições se realizarão, como programado, no próximo dia 29. Ou seja, daqui a quatro semanas.
Tão logo se anuncie o vencedor, será ele o presidente de fato, embora tenha de esperar até 27 de janeiro para sê-lo de direito.
Elegendo-se um candidato apoiado por Zelaya, este sairá fortalecido e vai continuar exercendo forte influência no destino de Honduras.
Caso contrário, o golpe terá logrado o seu objetivo: evitar a continuidade das políticas de Zelaya.
A este, restaria o provável papel de líder da oposição.
De resto, o acordo prevê a futura instalação de uma Comissão da Verdade, para apurar os fatos relativos à deposição de Zelaya. O previsível é que venha a dividir as culpas também salomonicamente.
Não foi, nem de longe, o desfecho ideal. À primeira vista, parece que Zelaya perde mais do que Micheletti (começando pelos quatro meses de governo que já lhe foram surrupiados, desde o golpe de 28 de junho).
Mas, a política é uma caixinha de surpresas. Se reassumir a presidência antes das eleições, Zelaya poderá se apresentar ao povo como o grande vencedor do braço-de-ferro com os golpistas e, surfando nessa maré de popularidade, fazer o seu sucessor.
Quanto aos golpistas, aprenderam uma lição que poderiam ter lido em Napoleão: baionetas não servem como assento. Tinham a força das armas, mas a rejeição mundial, em última análise, os obrigou a ceder.
Quanto a Lula, também saiu metade vencedor e metade perdedor -- como todos os outros.
Acolhendo Zelaya na embaixada, foi o país com atuação mais decisiva para frustrar os planos dos golpistas, de levarem a situação em banho-maria até as eleições.
Mas, não teve força política suficiente para ser ele a impor uma solução a Micheletti.
Fez um lance ousado, aparentemente superestimando o efeito que a presença física de Zelaya teria sobre a mobilização popular.
Quando esta se mostrou insuficiente para abalar os golpistas, recuou para uma posição de imobilismo, deixando o palco livre para os Estados Unidos brilharem.
Foram estes, infelizmente, os únicos vencedores totais. Os EUA deixaram o impasse prolongar-se quanto quiseram e deram um basta no momento em que decidiram.
Obama mostrou que seus elogios são como confetes: alegram a festa, mas acabam varridos no dia seguinte.
Pois fez questão de mostrar que é ele o cara a quem cabe a palavra final nas Américas.
Poderia ter manobrado para os louros ficarem com Lula. Não o quis.
Espero que os sábios do Itamaraty façam a avaliação correta e a transmitam a Lula: nada devemos esperar de Obama além do que esperávamos de Bush.
Teremos o espaço e a influência que conquistarmos. Não nos serão repassados de mão beijada.
Caberá ao Congresso decidir se o poder vai ou não ser restituído ao presidente legítimo Manuel Zelaya. É o que Zelaya propunha.
A Suprema Corte, na qual o presidente golpista Roberto Micheletti depositava suas esperanças, será consultada e vai emitir um parecer, que poderá ou não ser seguido pelo Congresso.
O mais tardar na 5ª feira, será empossado um governo de unidade e de reconciliação nacional, com representantes das duas partes.
Esse governo, ou reempossará Zelaya, ou empossará quem vencer as eleições, dependendo da decisão dos congressistas.
Se o Congresso optar pela volta de Zelaya ao governo, o que lhe restará de poder real?
As eleições se realizarão, como programado, no próximo dia 29. Ou seja, daqui a quatro semanas.
Tão logo se anuncie o vencedor, será ele o presidente de fato, embora tenha de esperar até 27 de janeiro para sê-lo de direito.
Elegendo-se um candidato apoiado por Zelaya, este sairá fortalecido e vai continuar exercendo forte influência no destino de Honduras.
Caso contrário, o golpe terá logrado o seu objetivo: evitar a continuidade das políticas de Zelaya.
A este, restaria o provável papel de líder da oposição.
De resto, o acordo prevê a futura instalação de uma Comissão da Verdade, para apurar os fatos relativos à deposição de Zelaya. O previsível é que venha a dividir as culpas também salomonicamente.
Não foi, nem de longe, o desfecho ideal. À primeira vista, parece que Zelaya perde mais do que Micheletti (começando pelos quatro meses de governo que já lhe foram surrupiados, desde o golpe de 28 de junho).
Mas, a política é uma caixinha de surpresas. Se reassumir a presidência antes das eleições, Zelaya poderá se apresentar ao povo como o grande vencedor do braço-de-ferro com os golpistas e, surfando nessa maré de popularidade, fazer o seu sucessor.
Quanto aos golpistas, aprenderam uma lição que poderiam ter lido em Napoleão: baionetas não servem como assento. Tinham a força das armas, mas a rejeição mundial, em última análise, os obrigou a ceder.
Quanto a Lula, também saiu metade vencedor e metade perdedor -- como todos os outros.
Acolhendo Zelaya na embaixada, foi o país com atuação mais decisiva para frustrar os planos dos golpistas, de levarem a situação em banho-maria até as eleições.
Mas, não teve força política suficiente para ser ele a impor uma solução a Micheletti.
Fez um lance ousado, aparentemente superestimando o efeito que a presença física de Zelaya teria sobre a mobilização popular.
Quando esta se mostrou insuficiente para abalar os golpistas, recuou para uma posição de imobilismo, deixando o palco livre para os Estados Unidos brilharem.
Foram estes, infelizmente, os únicos vencedores totais. Os EUA deixaram o impasse prolongar-se quanto quiseram e deram um basta no momento em que decidiram.
Obama mostrou que seus elogios são como confetes: alegram a festa, mas acabam varridos no dia seguinte.
Pois fez questão de mostrar que é ele o cara a quem cabe a palavra final nas Américas.
Poderia ter manobrado para os louros ficarem com Lula. Não o quis.
Espero que os sábios do Itamaraty façam a avaliação correta e a transmitam a Lula: nada devemos esperar de Obama além do que esperávamos de Bush.
Teremos o espaço e a influência que conquistarmos. Não nos serão repassados de mão beijada.