Os judeus criaram os kibutzim.
Para os jovens, explico: tratou-se da experiência temporariamente mais bem sucedida, em todos os tempos, de comunidades coletivas voluntárias, praticantes do igualitarismo -- na linha do que Marx e Engels classificaram como "socialismo utópico".
O verbete da Wikipedia, neste caso, é rigorosamente correto:
Vale a pena lembrarmos como eles contribuíram para a revolução soviética, aproveitando um excelente artigo de Saul Kirschbaum, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da USP :
Na segunda metade do século passado, entretanto, Israel viveu sua transição de Dr. Jeckill para Mr. Hide. Virou ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, responsável por genocídios e atrocidades que lhe valeram dezenas de condenações inócuas da ONU.
Até chegar ao que é hoje: um estado militarizado, mero bunker, a desempenhar o melancólico papel de vanguarda do retrocesso e do obscurantismo.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acaba de determinar ao seu gabinete que estude a possibilidade de propor alterações à legislação de guerra internacional a fim de adaptá-la à necessidade de "conter a expansão do terrorismo no mundo".
Uma tese que conhecemos muito bem, pois martelada dia e noite nos sites e correntes de e-mails das viúvas da ditadura: a de que o combate ao terrorismo justifica violações dos direitos humanos. Eufemismos à parte, esta é a essência da proposta do premiê israelense.
E, se os totalitários daqui tudo fazem para salvar de punições aqueles que cometeram crimes em seu nome, os de lá não ficam atrás: Netanyahu determinou também a criação de uma comissão para defender as autoridades de Israel das acusações de crimes de guerra que lhes possam ser feitas por tribunais internacionais.
Ou seja, face ao repúdio universal dos massacres que perpetrou em Gaza na última virada de ano, Israel se prepara para radicalizar sua posição: defenderá genocidas, ao invés de os punir, como qualquer nação civilizada faria; e quer mudar as leis da guerra, para que passem a considerar lícitas e justificadas campanhas em que morrem 1.400 de um lado e 13 do outro.
Israel não tem mais nada a ver com os ideais que inspiraram os kibutzim e o Bund.
Está mais para um IV Reich. Nazista, como o anterior.
Para os jovens, explico: tratou-se da experiência temporariamente mais bem sucedida, em todos os tempos, de comunidades coletivas voluntárias, praticantes do igualitarismo -- na linha do que Marx e Engels classificaram como "socialismo utópico".
O verbete da Wikipedia, neste caso, é rigorosamente correto:
"Combinando o socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista, os kibutzim são uma experiência única israelita e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo.O BUND E A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA - Os judeus também desempenharam papel relevante no movimento socialista, principalmente por meio do Bund, que existiu entre as décadas de 1890 e 1930 na Europa.
"Enquanto que os kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópicas, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa. Hoje, em alguns kibutzim há uma comunidade comunitária e são adicionalmente contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal".
Vale a pena lembrarmos como eles contribuíram para a revolução soviética, aproveitando um excelente artigo de Saul Kirschbaum, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da USP :
"A crescente urbanização e proletarização dos judeus, que deixavam para trás suas aldeias empobrecidas em busca de novas perspectivas de vida, fez emergir o movimento socialista judaico na segunda metade da década de 1870. Nos dez anos que se seguiram, desenvolveu-se a luta organizada dos trabalhadores pela melhoria de suas condições. Associações de operários organizaram greves em várias cidades da região de assentamento judaico. Representantes da intelligentsia, em sua maioria estudantes, começaram a formar círculos de trabalhadores para a disseminação de idéias socialistas.DE MÉDICO A MONSTRO - Durante longo tempo, a propaganda reacionária apresentou o movimento socialista internacional como uma conspiração judaica para dominar o mundo.
"Aglutinando todos esses esforços, a idéia de que os judeus em geral e os trabalhadores judeus em particular tinham seus próprios interesses, e por isso precisavam de uma organização própria para atingir seus propósitos, disseminou-se rapidamente entre os ativistas. Por fim, representantes dos círculos socialistas reuniram-se em Vilna em outubro de 1897 para fundar a União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polônia e Rússia, conhecida em ídiche como Der Bund. O Bund não se via somente como uma organização política, e devotou grande parte de sua atividade à luta sindical. Seu programa, formulado no primeiro encontro, via como objetivo principal a guerra contra a autocracia czarista.
"O Bund também não se considerava um partido separado, mas parte da socialdemocracia russa, que existia na forma de grupos e associações dispersos. Por causa de sua força, o Bund teve papel decisivo na criação, em março de 1898, do Partido Socialdemocrata de toda a Rússia, que viria a tornar-se o Partido Comunista.
"As atividades do Bund cresceram e sua influência sobre o público judeu aumentou depois que começou a organizar unidades de autodefesa no período dos pogroms de 1903 a 1907. Desempenhou papel ativo na revolução de 1905, quando tinha atingido 35 mil membros.
"Mas o Bund não foi o único partido a atuar entre as massas judaicas. A extensa atividade política que se seguiu à fracassada revolução de 1905 permitiu a ação de outros três partidos judaicos: o Partido Sionista Socialista dos Trabalhadores, (...) o Partido Judaico Socialista dos Trabalhadores (...) e finalmente o Partido Socialdemocrata dos Trabalhadores.
"A revolução que irrompeu na Rússia no início de 1917 pôs fim ao regime czarista e implantou uma república chefiada por um governo provisório. O novo governo aboliu as discriminações e outorgou aos judeus plena igualdade de direitos. Os partidos judeus, que tinham restringido ou mesmo totalmente suspendido suas atividades durante o período reacionário que se seguiu a 1907, despertaram para grande atividade. Após a proibição imposta durante os anos de guerra sobre todas as publicações em caracteres hebraicos, as editoras em hebraico e ídiche retomaram suas atividades, e surgiram dúzias de periódicos e jornais.
"...a Revolução Soviética provou ser possível uma abordagem nova e bem-sucedida para os conflitos nacionais, por meio da criação de um estado multinacional - uma nova forma de diferentes povos conviverem num mesmo território sobre uma base de igualdade nacional. Abordagem que, na época em que vivemos, parece ter sido esquecida e negligenciada em toda parte."
Na segunda metade do século passado, entretanto, Israel viveu sua transição de Dr. Jeckill para Mr. Hide. Virou ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, responsável por genocídios e atrocidades que lhe valeram dezenas de condenações inócuas da ONU.
Até chegar ao que é hoje: um estado militarizado, mero bunker, a desempenhar o melancólico papel de vanguarda do retrocesso e do obscurantismo.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acaba de determinar ao seu gabinete que estude a possibilidade de propor alterações à legislação de guerra internacional a fim de adaptá-la à necessidade de "conter a expansão do terrorismo no mundo".
Uma tese que conhecemos muito bem, pois martelada dia e noite nos sites e correntes de e-mails das viúvas da ditadura: a de que o combate ao terrorismo justifica violações dos direitos humanos. Eufemismos à parte, esta é a essência da proposta do premiê israelense.
E, se os totalitários daqui tudo fazem para salvar de punições aqueles que cometeram crimes em seu nome, os de lá não ficam atrás: Netanyahu determinou também a criação de uma comissão para defender as autoridades de Israel das acusações de crimes de guerra que lhes possam ser feitas por tribunais internacionais.
Ou seja, face ao repúdio universal dos massacres que perpetrou em Gaza na última virada de ano, Israel se prepara para radicalizar sua posição: defenderá genocidas, ao invés de os punir, como qualquer nação civilizada faria; e quer mudar as leis da guerra, para que passem a considerar lícitas e justificadas campanhas em que morrem 1.400 de um lado e 13 do outro.
Israel não tem mais nada a ver com os ideais que inspiraram os kibutzim e o Bund.
Está mais para um IV Reich. Nazista, como o anterior.
4 comentários:
"ISRAEL É O IV REICH"?
Não li o texto que se seguiu abaixo, o equivoco da figura nojosa teve mais expressão, depois de olha-lha bem não pestanejei, lancei o e-email para a lixeira. A estrela de Davi, emergindo em seu centro, como um embrião, a suástica nazista. Causou-me estranheza, já que Celso se mostra por vezes exageradamente ponderado para falar sobre alguns ressuntos, que neste ele tenha perdido a sensibilidade, a acuidade, a inteligência e o respeito a um povo e a própria história do mundo. A estrela de Davi, que foi usada pelos alemães para marcar como gado, os judeus que logo a seguir seriam enviados para o campo de extermínio, para o matadouro, juntamente com outros infelizes que o estado nazista considerava como "inconvenientes", está mesma estrela transformou-se vilipêndio para os inimigos do estado judeu. Há de se lembrar que não são todos os judeus que compactuam com o terrorismo e o genocídio a que são submetidos os palestinos. Seria mais convincente, e soaria menos acéfalo, já que o autor do texto, se posiciona como "analista", explicar e fazer entender as razões e origens que levaram aquele pedaço de terra ser tão disputado, do colonialismo ao imperialismo. Se para mim que não sou judeu, a profanação de um simbolo deu-me náuseas, porque no começo usam capuzes e impunham crucifixos em chama, aí até a forca já é meio caminho andado. Peço ao Celso Lungaretti que retifique o texto, que use de bom senso que lhe é peculiar, que o ódio não vença a razão!
Do seu leitor
Alexander José de Freitas
Quem deveria ter mais respeito por seus símbolos e seu passado são os judeus.
Foram vítimas. Hoje são algozes.
E, quando chegam ao cúmulo de pretender liderar uma cruzada mundial no sentido da legitimação de torturas e genocídios, têm mesmo de ser combatidos da forma como combati: implacavelmente.
Escolhi a dedo aquela ilustração no Google Imagens, para sacudir as pessoas.
E os judeus em primeiro lugar: querem eles ser vistos dessa maneira pelas pessoas que tiram as conclusões cabíveis dos acontecimentos da atualidade?
Não sou eu que tenho de tirar a suástica da estrela de Davi. É o estado de Israel.
Com premiês como o atual, isto não acontecerá.
Israel é uma mentira
Gostaria de lembrar que a experiência dos kibutz não é, nem teria como ser, uma experiência socialista ou qualquer coisa parecida. O trabalho coletivo, que é enfatizado em todo texto que descreve a tal experiência, não é característica do socialismo. Todo trabalho, mesmo sob a escravidão do capitalismo, (ressalvando o trabalho individual) é coletivo. Em Auschwitz, também: trabalho era forçado e era coletivo. Não há novidade alguma nisso.
Israel usou e abusou dessa mentira (de que era uma experiência socialista) a ponto de convencer muitos companheiros socialistas sinceros a irem até Israel "contribuir" para o "processo revolucionário em andamento". Quem lá foi, lá trabalhou, e continuou a ser revolucionário, mas não era judeu, viu bem a farsa do projeto. E viu também o nascimento de um país xenófobo, religioso e cruel, que catalogava as pessoas por seus particulares conceitos de "raça", que amedrontava todos que não se pareciam com europeus ou norte americanos. Até mesmo os "sabras" - judeus que nasceram na Palestina antes da ocupação sionista - eram mal vistos pelo poder sionista. Claro, eles eram muito parecidos com árabes. Digamos que são parentes. (Que racistas não nos ouçam!)
Kibutz é um engodo, como é o estado de Israel. Ofereceram-nos um peixe que até hoje não entregaram. Quem comprou, ou foi enganado ou foi conivente com a infâmia.
Se o trabalho coletivo não é distribuído, repartido coletivamente, é um trabalho alienado, apossado pelo explorador, seja ele o patrão ou o estado. É roubo. A distribuição no caso, é feita pelo estado, em seu próprio nome.
Patricio
A direita é direita em qualquer lugar. Mas abomino a negação da história. Sabras e kibbutzins, ainda hoje lutam contra a direita xenofoba e racista. Quem não conhece Israel, como quem não conhece a Africa diz apenas que tudo é a mesma coisa. Ao invés de trazer um símbolo odiento como a suastica, ou repetir os mesmos impropérios, se junte à esquerda israelense. Caso a discussão não se transforme em discussão política ela se tornará simplesmente racista. Se quiser combata o governo fascista de Netanyahu, como também o governo fascista de Berlusconi, de Ahmadinejad, etc... Mas nem por isso acuse Itália ou Irã como um todo.
Fred
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