Mostrando postagens com marcador Leon Trotsky. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Leon Trotsky. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 9 de maio de 2025

CUIDADO COM AS HISTÓRIAS QUE VOCÊ IMAGINA, PODEM TORNAR-SE REALIDADE!

fórmula de mesclar enredos de ficção científica com os dramas reais das ditaduras e das guerras sujas do século passado tem um acréscimo significativo com a minissérie O Eternauta, lançada  em escala mundial no mês passado e que ora começa a ser aqui exibida no streaming da Netflix.  

Só que desta vez a realidade invade não a vida fictícia  dos personagens, mas sim a existência verdadeira do próprio criador da clássica HQ de 1957. o escritor Héctor Germán Oesterheld.   

Mas, deixando o principal para o fim,  lembremos incialmente o exemplo de duas obras primas literárias  ancoradas na realidade e que renderam filmes interessantíssimos.

Refiro-me, primeiramente, à distopia por mim considerada a melhor de todos os tempos: 1984, escrita por George Orwell em 1948, a partir dos acontecimentos que ele vivenciou nos campos de batalha da guerra civil espanhola. 

Esquerdista ingênuo, Orwell foi participar das brigadas internacionais que lutavam contra as tropas golpistas de Francisco Franco e, por mera coincidência, acabou ingressando numa que era controlada pelo Partido Obrero de Unificación Marxista, seguidor de Leon Trotsky. 
Os Juan Salvos dos quadrinhos e das telas
Pôde então constatar ao vivo e em cores que a URSS, única aliada de peso dos valorosos espanhóis, cobrava muito caro pelos mantimentos e armamentos que lhes fornecia: obrigava os trotskistas e anarquistas a, em pleno calor da luta, expurgar seus dirigentes que estavam em desacordo com o desvirtuamento da revolução soviética por parte de um dos maiores carniceiros do século passado, o tirânico Joseph  Stalin.

Atingido por um disparo inimigo, Orwell volta para a Inglaterra e escreve dois livros contundentes, a partir de suas observações da tragédia espanhola: 
--Lutando na Espanha, no qual culpa os soviéticos por terem tirado do povo os motivos que o haviam levado a revoltar-se espontaneamente contra a investida fascista, partindo para a resistência heroica; e 

--1984, uma parábola fictícia mas transparente sobre o desvirtuamento da revolução soviética sob Stalin, responsável inclusive pelo massacre da velha guarda bolchevique nos infames julgamentos de Moscou.

O livro é um arraso, me deixou profundamente chocado quando o li. por volta dos meus 16 anos (até garimpei e encontrei um irmão menor, O zero e o infinito, de Arthur Koestler). 

O film
e, lançado exatamente em 1984, não ficou à sua altura, já que requeria um diretor peso pesado e não, apenas, Michael Radford; mas a força da trama (Orwell foi co-roteirista) e as impactantes atuações de John Hurt e Richard Burton o valorizam muito.

Já o diretor George Roy Hill foi uma escolha bem mais apropriada no caso de Matadouro Cinco (1972), filme no qual quem ficou devendo foi o elenco, encabeçado por Michael Sacks (quem?!). 

Lançado em 1969. o best-seller do Kurt Vonnegut Jr., por sua vez, foi o melhor fruto literário daquela voga contestatória na Europa e EUA; e também tem o autor como co-roteirista.

Começa como uma sci-fi rotineira sobre homem abduzido e suas peripécias com os extraterrestres, mas  a dramaticidade sobe aos píncaros quando a ação, surpreendendo os leitores, se desloca para a cidade alemã de Dresden, alvo de um bombardeio tão inútil quanto criminoso por parte dos aliados na segunda guerra mundial. Piores do que este, só mesmo os de Hiroshima e Nagasaki... 

Torçamos para que a minissérie argentina, ainda no início, acrescente mais uma pérola a esta relação. Nela, o onipresente Ricardo Darin interpreta Juan Salvo, homem comum que se torna viajante do tempo e do espaço ao buscar sua família desaparecida após uma nevasca tóxica.

A arte o conduz à participação num grupo de resistência, inicialmente para sobreviver, depois para o enfrentamento de uma ameaça extraterrestre e, afinal, para cair nas garras dos inimigos. 

Já o escritor Oesterheld foi arrastado pela vida em direção semelhante, pois ele aderiu à guerrilha esquerdista dos Montoneros e o fez juntamente com sua família, acabando por ser sequestrado  em 1977 pelos militares fascistas. 

O desfecho foi trágico: Oesterheld e suas quatro filhas  desapareceram para sempre. Será um milagre se algum dos cinco ainda reaparecer com vida, tanto tempo depois.

Resta saber se o  imaginário Salvo será salvo na minissérie ou vai evaporar também... (por Celso Lungaretti)

sábado, 2 de novembro de 2024

A NOMENKLATURA VENEZUELANA NÃO PASSA DE UM ESTADO POLICIAL SE PASSANDO POR SOCIALISTA

Um dos panfletos mais influentes produzidos pela humanidade em todos os tempos, o Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels em 1848, começa destacando uma verdade milenar que, paradoxalmente, ele próprio faria sucumbir adiante:

"A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes.

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada, uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em conflito
"
.
A história da luta de classes conduziria, segundo Marx e Engels, ao momento em que a classe explorada (o proletariado), ao pôr fim à dominação que lhe impunha a classe exploradora (a burguesa), já não teria sob si uma nova classe explorada em gestação, pronta para substitui-la. 

Dito de outra forma, os proletários seriam os últimos explorados e, ao se libertarem, libertariam a humanidade inteira. 

A própria sociedade dividida em classes deixaria de existir, dando lugar a uma sociedade sem exploradores nem explorados, na qual todos os cidadãos colaborariam solidariamente para o bem comum e passariam a dividir de maneira mais equânime os frutos do trabalho das gentes: cada ser humano ofereceria a contribuição que fosse capaz de dar para a coletividade e receberia da coletividade aquilo de que necessitasse para uma existência plena e gratificante. 

Ou seja, adeus guerra ininterrupta! Não mais as disputas canibalescas por privilégios diferenciados, mas sim o aproveitamento ótimo do potencial ora existente de produção em grande quantidade de tudo que os homens carecem para a sobrevivência digna.


De quebra, a produção coletiva supriria integralmente tudo de que os seres humanos necessitam para sua bem-aventurança, com, ademais, a vantagem de uma redução cada vez maior do número de horas trabalhadas para que cada cidadão cumprisse sua parte no esforço coletivo.

Livres do tacão da necessidade, todos teríamos tempo livre para sonharmos e tentarmos viabilizar nossos sonhos. O ponto de chegada da construção de uma nova sociedade, realmente humana, assim foi expresso no jargão marxista: de cada um, de acordo com sua possibilidade, a cada um, de acordo com sua necessidade.

Algo assim, entretanto, só funcionaria se envolvesse todos os humanos. Havendo diferenças significativas entre os benefícios disponibilizados .para cada contingente, voltariam as disputas, as guerras, as fronteiras, os exércitos, etc. Os mais fortes tornariam a levar vantagem sobre os mais fracos e a humanidade não sairia de sua pré-História.

Tal pesadelo começou a tornar-se realidade exatamente quando foi bem-sucedida a primeira de todas as revoluções socialistas, em 1917. A Rússia teve de assegurar a sobrevivência física, caso contrário seus sonhos morreriam juntamente com ela, esmagados por inimigos decididos a tomar-lhe pela força o que possuíssem a mais do que eles outros.

E
, ao defender suas conquistas como mera nação, não como coletividade humana, foi obrigada transferir para médio ou longo prazo a tentativa de construção da sociedade ideal, contentando-se com forjar apenas a sociedade mais avançada que lhe era possível naquele momento histórico.

Assim voltaram, um a um, todos os horrores dos quais ela havia se livrado. 

E, por ser um país com desenvolvimento econômico tardio se comparado com as grandes nações europeias e os EUA, teve de efetuar enorme esforço para, antes de mais nada, alcançar o estágio de crescimento de seus adversários capitalistas. 

Mais: já prevendo um enfrentamento nos campos de batalha com a poderosa Alemanha nazista, os soviéticos tiveram não só de desenvolver sua economia a todo vapor, queimando etapas, como também de obter os resultados desejáveis o quanto antes, para aguentar o tranco quando chegasse a guerra anunciada.

Depois de tudo que os trabalhadores russos haviam suportado desde a desastrosa participação na 1ª guerra mundial, passando pela primeira revolução socialista da História, pelo enfrentamento da devastação e da miséria legadas pelo czarismo e pela resistência a uma formidável aliança contra si de muitos inimigos externos e internos, só mesmo um Estado policial conseguiria arrancar deles os novos e descomunais esforços exigidos pela corrida para reduzir (eliminar era impossível) seu atraso material com relação à Alemanha. 
E o estado policial se fez. Com o nome de stalinismo.

Confirmava-se integralmente a profecia de Marx: só os países  mais avançados em termos econômicos estavam prontos para a construção do socialismo. 

Os outros teriam, antes disto, de irem reduzindo pouco a pouco sua inferioridade em estágio de desenvolvimento.

Foi uma das grandes tragédia do século 20: a descaracterização dos países que tentaram construir o socialismo a partir da precariedade e do atraso. Quanto muito chegaram até o capitalismo, sendo, ainda, seus dramas explorados ad nauseam pela indústria cultural para predispor o resto da humanidade contra a esquerda, como se o  socialismo num só país fosse a sociedade sonhada por Marx e Engels e não, praticamente, o seu oposto.  

Todas essas experiências históricas acabaram degenerando em nomenklaturas: sociedades nas quais persiste (às vezes até ampliada) a desigualdade econômica, e tendo como segmento privilegiado não mais uma classe, mas sim uma casta. No caso da União Soviética tal papel coube aos membros destacados do Partido Comunista, enquanto na Venezuela quem manda são altos militares. O povo apanha e obedece.

A profecia sobre o substituísmo, de autoria do jovem Trotsky, cumpriu-se: primeiramente, o Partido Comunista substitui o proletariado; depois, o Comitê Central substitui o Partido Comunista; finalmente, um tirano substitui o Comitê Central.

O tirano primeiro foi Stalin, e os Maduros da vida não passam de seus filhotes: mantêm os compatriotas na penúria ou obrigados a vazarem para construir uma vida melhor no exílio, enquanto eles próprios se locupletam com poder e luxo dignos de nababos.

A
liás, foi Trotsky quem, pesaroso, reconheceu  que, se o stalinismo havia engendrado uma casta dominante, a qual só se diferenciava da antiga classe dominante pelo fato de que a situação favorecida não se baseava na posse de bens e riquezas, mas sim no posto funcional dos membros da nova elite (não sendo, portanto, transmissível por herança), seria necessária uma nova revolução para resgatar as promessas originais do socialismo: uma revolução dos novos explorados contra a nomenklatura opressora.

Isto implicava que a tarefa à qual Trotsky dedicara toda sua vida adulta não fora cumprida e a faina deveria ser praticamente recomeçada do zero. Mas, ele era suficientemente honesto para admitir uma verdade tão dolorosa. Já os Maduros da vida não têm nem a mesma honestidade intelectual, muito menos o mesmo espírito igualitário. Preferem vender uma caricatura de revolução para o mundo como se fosse a própria revolução. Então, no atual tiroteio entre Brasil e Venezuela não há heróis, só vilães. 

De um lado os que fazem um capitalismo ligeiramente atenuado em seus malefícios e destrutividade passar por algo próximo dos ideais esquerdistas (ele tem a ver, isto sim, com o reformismo de Edouard Bernstein, que a Rosa Luxemburgo reduziu a pó de traque no seu clássico Reforma ou Revolução).

Do outro uma brutal nomenklatura que cria confusão utilizando falaciosamente retórica esquerdista para parecer aparentada com o socialismo marxista, que, contudo, era eminentemente libertário. Os papas do marxismo jamais endossaram estados policiais como o Leviatã de Putin e o estrupício do Maduro. (por Celso Lungaretti)  

domingo, 4 de fevereiro de 2024

EIS O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA NÃO SER UM IDIOTA OU, PIOR AINDA, O GURU DE UMA LEGIÃO DE IDIOTAS

O finado guru da Famiglia Corleonaro escreveu um livro sobre o que ele considerava ser o mínimo de conhecimento necessário para alguém não ser um idiota. 

Mas, só o adquiriram os que já eram idiotas. E, infelizmente, se tornaram mais idiotas ainda, muito mais! 

Então, estou tomando a liberdade de oferecer abaixo, grátis,  o meu antídoto, que serve também como vacina contra a idiotice. Garanto que os imunizados não sentirão mais vontade de andar para trás como os caranguejos, lamber coturnos de militares ou fazer badernaços na Praça dos Três Poderes. (CL)   

"OS GRANDES SÓ PARECEM GRANDES
PORQUE ESTAMOS AJOELHADOS" 

"Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, depositado, doutrinado, instituído, controlado, avaliado, apreciado, censurado, comandado por outros que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude.

Ser governado é ser, em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, admoestado, estorvado, emendado, endireitado, corrigido.

É, sob pretexto de utilidade pública e em nome do interesse geral, ser pedido emprestado, adestrado, espoliado, explorado, monopolizado, abalado, pressionado, mistificado, roubado.

Depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, corrigido, vilipendiado, vexado, perseguido, injuriado, espancado, desarmado, estrangulado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, para não faltar nada, ridicularizado, zombado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral!

E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade; proletários que admitem sua candidatura à presidência! Hipocrisia!" (Pierre-Joseph Proudhon).

"
Onde quer que tenha chegado ao poder, a burguesia destruiu todas as relações feudais, patriarcais e idílicas.

Dilacerou impiedosamente os variegados laços feudais que ligavam o ser humano a seus superiores naturais, e não deixou subsistir entre homem e homem outro vínculo que não o interesse nu e cru, o insensível pagamento em dinheiro.

Afogou nas águas gélidas do calculo egoísta os sagrados frêmitos da exaltação religiosa, do entusiasmo cavalheiresco e do sentimentalismo pequeno-burguês. 

Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca e no lugar das inúmeras liberdades já reconhecidas e duramente conquistadas colocou unicamente a liberdade de comércio sem escrúpulos.

Numa palavra, no lugar da exploração mascarada por ilusões políticas e religiosas ela colocou um exploração aberta, despudorada, direta e árida." (Karl Marx e Friedrich Engels) 
.
"Aquele que botar as mão sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo." (Proudhon)

"Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo, de diversas maneiras. O que importa é transformá-lo." (Marx)

"Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra!" (Leon Trotsky)

"A propriedade é o roubo." (Proudhon)

"De cada um, de acordo com suas habilidades, a cada um, de acordo com suas necessidades."(Marx e Engels)

"O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer isto é meu, e encontrou gente suficientemente ingênua para acreditar nisso, foi o autêntico fundador da sociedade civil. 

De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor!" (Jean-Jacques Rousseau)

"
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. 

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempos de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar." (Bertold Brecht)

"A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo." (Marx)

"Pereça a pátria e salve-se a humanidade!" (Proudhon)

"Que meu país morra por mim!" (James Joyce)

"A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado; ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra.(Mao Tsé-tung)

"A propriedade privada tornou-nos tão estúpidos e limitados que um objeto só é nosso quando o possuímos." (Marx)

"Os grandes só parecem grandes porque estamos ajoelhados." (Che Guevara)

terça-feira, 10 de outubro de 2023

COMO A HISTÓRIA SE REPETE, VALE A PENA LER DE NOVO: "ISRAEL É O 4º REICH".

Os judeus criaram os kibutzim.

Para os jovens, explico: tratou-se da experiência temporariamente mais bem sucedida, em todos os tempos, de comunidades coletivas voluntárias, praticantes do igualitarismo – na linha do que Marx e Engels classificaram como socialismo utópico.

O verbete da Wikipedia, neste caso, é rigorosamente correto:
"Combinando o socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista, os kibutzim são uma experiência única israelita e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. 
Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo. 
Enquanto que os kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópicas, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa.  
Hoje, em alguns kibutzim há uma comunidade comunitária e são adicionalmente contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal".
O primeiro kibutz surgiu na década de 1880
O BUND E A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA
– Os judeus também desempenharam papel bem significativo no movimento socialista, principalmente por meio do Bund, que existiu entre as décadas de 1890 e 1930 na Europa.

Vale a pena lembrarmos como eles contribuíram para a revolução soviética, aproveitando um excelente artigo de Saul Kirschbaum, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da USP :
"A crescente urbanização e proletarização dos judeus, que deixavam para trás suas aldeias empobrecidas em busca de novas perspectivas de vida, fez emergir o movimento socialista judaico na segunda metade da década de 1870. 
Nos dez anos que se seguiram, desenvolveu-se a luta organizada dos trabalhadores pela melhoria de suas condições. Associações de operários organizaram greves em várias cidades da região de assentamento judaico. Representantes da intelligentsia, em sua maioria estudantes, começaram a formar círculos de trabalhadores para a disseminação de ideias socialistas. 
Aglutinando todos esses esforços, a ideia de que os judeus em geral e os trabalhadores judeus em particular tinham seus próprios interesses, e por isso precisavam de uma organização própria para atingir seus propósitos, disseminou-se rapidamente entre os ativistas. 
E
Esquerda judaica repudiava o sionismo
Por fim, representantes dos círculos socialistas reuniram-se em Vilna em outubro de 1897 para fundar a União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polônia e Rússia, conhecida em ídiche como Der Bund. 
O Bund não se via somente como uma organização política, e devotou grande parte de sua atividade à luta sindical. Seu programa, formulado no primeiro encontro, via como objetivo principal a guerra contra a autocracia czarista. 
O Bund também não se considerava um partido separado, mas parte da socialdemocracia russa, que existia na forma de grupos e associações dispersos. Por causa de sua força, o Bund teve papel decisivo na criação, em março de 1898, do Partido Social Democrata de toda a Rússia, que viria a tornar-se o Partido Comunista. 
As atividades do Bund cresceram e sua influência sobre o público judeu aumentou depois que começou a organizar unidades de autodefesa no período dos pogroms de 1903 a 1907. Desempenhou papel ativo na revolução de 1905, quando tinha atingido 35 mil membros. 
Mas o Bund não foi o único partido a atuar entre as massas judaicas. A extensa atividade política que se seguiu à fracassada revolução de 1905 permitiu a ação de outros três partidos judaicos: o Partido Sionista Socialista dos Trabalhadores, (...) o Partido Judaico Socialista dos Trabalhadores (...) e finalmente o Partido Social Democrata dos Trabalhadores. 
Trotsky (de óculos, ao lado de Lênin) era um de vários líderes da revolução soviética de 1917
que tinham ascendência judaica. Isto seria utilizado mais tarde contra ele pelos stalinistas
.

A revolução que irrompeu na Rússia no início de 1917 pôs fim ao regime czarista e implantou uma república chefiada por um governo provisório. O novo governo aboliu as discriminações e outorgou aos judeus plena igualdade de direitos. 

Os partidos judeus, que tinham restringido ou mesmo totalmente suspendido suas atividades durante o período reacionário que se seguiu a 1907, despertaram para grande atividade. Após a proibição imposta durante os anos de guerra sobre todas as publicações em caracteres hebraicos, as editoras em hebraico e ídiche retomaram suas atividades, e surgiram dúzias de periódicos e jornais. 
...a revolução soviética provou ser possível uma abordagem nova e bem-sucedida para os conflitos nacionais, por meio da criação de um estado multinacional – uma nova forma de diferentes povos conviverem num mesmo território sobre uma base de igualdade nacional. 
Abordagem que, na época em que vivemos, parece ter sido esquecida e negligenciada em toda parte".
No Gueto de Varsóvia, sob a mira dos nazistas
DE MÉDICO A MONSTRO
  Durante longo tempo, a propaganda reacionária apresentou o movimento socialista internacional como uma conspiração judaica para dominar o mundo.

Na segunda metade do século passado, entretanto, Israel viveu sua transição de Dr. Jekill para Mr. Hyde. Virou ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, responsável por genocídios e atrocidades que lhe valeram dezenas de condenações inócuas da ONU.

Até chegar ao que é hoje: um estado militarizado, mero bunker, a desempenhar o melancólico papel de vanguarda do retrocesso e do obscurantismo.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acaba de determinar ao seu gabinete que estude a possibilidade de propor alterações à legislação de guerra internacional a fim de adaptá-la à necessidade de conter a expansão do terrorismo no mundo.

Uma tese que conhecemos muito bem, pois martelada dia e noite nos sites e correntes de e-mails das viúvas da ditadura: a de que o combate ao terrorismo justifica violações dos direitos humanos. Eufemismos à parte, esta é a essência da proposta do premiê israelense.

E, se os totalitários daqui tudo fazem para salvar de punições aqueles que cometeram crimes em seu nome, os de lá não ficam atrás: Netanyahu determinou também a criação de uma comissão para defender as autoridades de Israel das acusações de crimes de guerra que lhes possam ser feitas por tribunais internacionais.
Na Faixa de Gaza, sob as bombas israelenses
Ou seja, face ao repúdio universal dos massacres que perpetrou em Gaza na última virada de ano, Israel se prepara para radicalizar sua posição: defenderá genocidas, ao invés de os punir, como qualquer nação civilizada faria; e quer mudar as leis da guerra, para que passem a considerar lícitas e justificadas campanhas em que morrem 1.400 de um lado e 13 do outro.

Israel não tem mais nada a ver com os ideais que inspiraram os kibutzim e o Bund.

Está mais para um IV Reich. Nazista, como o anterior. (por Celso Lungaretti, em 29/03/2011)
TOQUE DO AUTOR – Este foi meu artigo mais retaliado de todos os tempos, inclusive por um grande jornalista de origem judaica que, pelo papel que havia desempenhado na resistência da imprensa à ditadura militar, eu supunha ser capaz de colocar o pensamento crítico acima do ranço chauvinista. 

No entanto, a bestial retaliação do país Israel ao movimento Hamas, vitimando civis palestinos de forma indiscriminada, serve como confirmação de que eu estava certíssimo 12 anos atrás. Não retiro uma vírgula sequer  do que escrevi então.

É um assombro os descendentes das vítimas do Gueto de Varsóvia terem a cara de pau de repetirem praticamente o mesmo tratamento contra as vítimas da Faixa de Gaza, chegando ao cúmulo de qualificarem os combatentes do Hamas de terroristas, quando terrorismo muito mais condenável (porque partido de uma nação) é aquele no qual Israel está incidindo!

Repudio firmemente a estratégia imoral do Hamas, ao atrair massacres contra o povo palestino, pois até as pedras das ruas sabiam que Israel reagiria com desumanidade extremada.

Mas, o vilão maior da História é e sempre será Israel, enquanto insistir em impor sua belicosa presença numa região onde não passa de corpo estranho. 

Só fanáticos obtusos confundem milenares textos religiosos com  registros de terras em cartório. Os judeus merecem, sim, ter um país para chamar de seu, mas não onde são uma minoria que mantém aquela região em estado de guerra há mais de sete décadas. (CL) 

sábado, 11 de junho de 2022

DILMA CONTINUA AQUELA MESMA QUE SANCIONOU A LEI ANTITERRORISMO

"
revolução é uma grande devoradora de energias
 individuais e coletivas. Os nervos não aguentam,
as consciências vergam-se, os caracteres
consomem-se" (Leon Trotsky)
Incomodada porque outro passageiro a clicou num voo internacional e depois postou a foto com um comentário zombeteiro em redes sociais, a ex-presidente Dilma Rousseff recorreu à justiça burguesa e o engraçadinho vai pagar R$ 25 mil por danos morais. 

De quebra, tal condenação deverá servir como munição jurídica para policiais e outras autoridades cujos excessos são registrados por cidadãos com seus celulares e expostos na internet. Mas, como de hábito, não ocorreu à Dilma tal obviedade, focada sempre em si mesma e em qualquer ninharia que melindre o seu ego descomunal. 

Ela não percebeu até agora que toda a sua desgraça decorreu de ter-se convertido irrestritamente aos valores republicanos, por ela louvados de boca cheia o tempo todo, quando de sua desastrosa passagem pelo Palácio do Planalto.

Se continuasse revolucionária, teria se prevenido contra a possibilidade de perder o mandato por causa das tais pedaladas fiscais, que eram, sim, motivo constitucional para impeachment, só que nunca haviam sido utilizadas para tanto. 

Mas, desacostumada a ver-se como perseguida e injustiçada tal qual os revolucionários costumamos ser, nem lhe passou pela cabeça que poderia ser defenestrada em razão de sua pequena maquilagem das contas públicas (um artifício para esconder dos eleitores o estado calamitoso no qual as ditas cujas se encontravam, prenúncio de uma grave recessão).

E agora, republicanamente, buscou uma compensação tão exagerada por algo que qualquer revolucionário encararia como uma besteirinha, já que somos alvejados o tempo todo com chumbo bem mais grosso. 
Dilma apoiando a Copa das Maracutaias, na
contramão dos manifestantes do #NãoVaiTerCopa
Além disto, temos bem claro em nossas mentes que, como críticos inconciliáveis das instituições burguesas, só devemos acioná-las (implicitamente legitimando-as) em circunstâncias extremas e não por dá lá aquela palha.

Tendo o sujeito retirado a nota de onde a havia postado, por que não exigiu dele apenas um pedido de desculpas nos mesmos espaços em que a publicação  estivera no ar?

Mas, o que se poderia esperar de quem foi capaz até de ignorar a bestialidade policial nos protestos de junho de 2013, lamentando unica e exclusivamente os ferimentos de um comandante daquela repressão desembestada (a despeito de dezenas de jornalistas e manifestantes terem sido barbarizados e haverem sofrido lesões permanentes), bem como de sancionar uma fascistoide Lei Antiterrorismo?

Assim como Lula, a Dilma já esteve do nosso lado da trincheira, mas isto, parafraseando o Paulo Francis, foi noutros tempos e aquela pessoa não existe mais. A revolução é uma grande devoradora de caracteres. (por Celso Lungaretti) 
Related Posts with Thumbnails