segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

DOCUMENTÁRIO-BOMBA SOBRE A FACADA EM BOLSONARO EVIDENCIA QUE SE TRATOU DE AÇÃO GRUPAL, JAMAIS INDIVIDUAL!!!

Não sou nenhum foquinha deslumbrado, mas sim um sexagenário que há mais de meio século acompanha atentamente os acontecimentos da política nacional e internacional, buscando sempre tirar conclusões próprias, a partir de uma visão crítica (ou seja, não obnubilada por antolhos ideológicos, pois se pode, sim, defender causas sem se deixar fanatizar e cegar por elas).

Mais: participei da resistência à ditadura militar como militante da Vanguarda Popular Revolucionária, tendo sido surpreendido em abril de 1969 com a designação para formar e comandar o primeiro setor estruturado de Inteligência de uma organização guerrilheira.

No ardor dos meus 18 anos, fiz o máximo que pude para colocar-me à altura da incumbência. Então, ao iniciar uma carreira jornalística depois dos anos que vivi perigosamente, das torturas e da prisão, já tinha uma visão mais aprofundada do que se passava nos bastidores da política e dos Poderes da República. 

E, no ofício que exerci profissionalmente durante mais de três décadas, pude aprender muitas coisas mais; idem na atividade de blogueiro, que assumi sem fins lucrativos em 2006 e me colocou no centro de lutas repletas de lições a serem tiradas, como a travada pela liberdade de Cesare Battisti em 2008/2011.
Quem leu a biografia Náufrago da Utopia (Geração Editorial, 2005) e/ou conhece minha história de vida, sabe que a credibilidade de que hoje desfruto não caiu do céu. Foi conquistada a duras penas, depois de eu passar muito tempo lutando para desvencilhar-me de uma armadilha do destino.

Não hesito em arriscar tal credibilidade afiançando que o documentário A Facada no Mito consegue provar, irrefutavelmente, a existência de uma ação coordenada, portanto grupal e não individual, no atentado contra Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), na véspera do último Dia da Pátria.

Trata-se de um documentário independente do canal True or Not do Youtube, cujos autores sensatamente preferiram permanecer incógnitos. Tem 57 minutos e viralizou na semana passada. 
A longa, minuciosa e competente análise de vídeos e fotos  não deixa dúvida nenhuma quanto ao fato de que candidato, agressor, seguranças e pessoal de apoio tinham um único e indisfarçável objetivo: propiciar o atentado.

Tanto que, de forma até hilária, ao fracassar na primeira tentativa de arremeter contra Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira derrubou sem querer o boné de um segurança – o qual nem depois de atropelado teria se dado conta de que estava diante de um indivíduo armado e pronto para esfaquear aquele por quem ele deveria zelar! Acredite quem quiser...

E o documentário é igualmente bem sucedido em deixar claro que aquelas pessoas (sempre as mesmas!) circulando ao redor de Adélio nada fizeram para proteger Bolsonaro, mas tudo fizeram para evitar que os admiradores do Mito linchassem o Adélio, não demonstrando o mais remoto receio de serem esfaqueadas pelo suposto agressor descontrolado. Por último, a arma do crime misteriosamente sumiu naquele instante, só sendo encontrada (?) convenientemente depois. 

Então, a Polícia Federal tem agora a obrigação de ir muito além de suas conclusões preliminares (atribuindo responsabilidade exclusiva ao Adélio).

As pessoas mal-encaradas que se comunicavam por gestos e sussurros, faziam aparecer facas e faziam sumir facas, escondiam objetos comprometedores (como o que saltou para fora da jaqueta do afoito e atrapalhado Adélio) têm de ser identificadas, intimadas e ouvidas. 

O gênio saiu da garrafa e as autoridades estão nos devendo um esclarecimento cabal do atentado ou "atentado", caso contrário a conclusão que se imporá é a de que teremos sido ludibriados pela pior das fake news de uma campanha em clima de guerra, na qual houve mentira como terra.

Mas, levando em conta o ocorrido em tantos outros episódios semelhantes aqui e no exterior, a maior chance de vermos tudo colocado em pratos limpos está em investigações independentes desenvolvidas por entidades e associações acima de qualquer suspeita e no trabalho de jornalistas investigativos da grande imprensa.

Que cada um cumpra o seu dever. O meu, eu acabo de cumprir.

domingo, 30 de dezembro de 2018

DOCUMENTÁRIO QUE ESTÁ BOMBANDO NO YOUTUBE SUGERE DE FORMA VEROSSÍMIL QUE ATENTADO A BOLSONARO FOI FARSA

Um documentário de 57 minutos do canal True or Not do Youtube faz uma análise exaustiva de vídeos e fotos do atentado a Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), levantando fortíssimas suspeitas de haver sido uma ação concertada entre o agressor, o candidato e vários personagens presentes no local, seguranças inclusos.

Recomendo aos leitores que assistam com muita atenção. No mínimo, o documentário A Facada no Mito obrigará a Polícia Federal a explicar convincentemente um sem-número de coincidências que podem muito bem ter sido meras intencionalidades. Ou a mudar diametralmente o que vinha dizendo em suas conclusões preliminares sobre o atentado.
Apesar da competência e da contundência do trabalho realizado por uma equipe que sensatamente optou por permanecer incógnita, em si ele é insuficiente para respaldar uma acusação de falsidade ideológica e a abertura de um processo de cassação do mandato de Bolsonaro.

Mas, se algum veículo da grande imprensa colocar seus melhores jornalistas investigativos atrás das pistas indicadas pelo documentário, buscando testemunhas que confirmem as suspeitas, poderá repetir-se o Caso WatergateVejam e tirem suas conclusões.

BOICOTANDO A POSSE, ABANDONAREMOS PALCO E HOLOFOTES AO INIMIGO. MELHOR OPÇÃO SERÁ COMPARECERMOS... DE LUTO!

A posse de um presidente da República é um evento simbólico, que tenta projetar a imagem de um líder vitorioso, com amplo respaldo de seu povo.

A festa vai acontecer de qualquer jeito e será vista por boa parte dos 210 milhões de brasileiros.

Isto lá é hora de o PT, o Psol e o PCdoB deixarem o palco e os holofotes inteiramente para os inimigos, como se não existissem descontentes com o terrível retrocesso histórico representado pelo presidente fake news e sua cambada de fanáticos, obtusos e esquisitos?

Jair Bolsonaro teve 39% dos votos no 2º turno, mas parecerá unanimidade se os partidos de esquerda não estiverem lá dizendo em alto e bom som que 61% dos brasileiros não votaram nele: ou porque não votariam nele de jeito nenhum, ou porque não o viram como solução, ou porque concluíram que havia coisas melhores para se fazer num domingo. 

Uma das campanhas mais simpáticas e impactantes já realizadas por aqui foi a das diretas-já, em 1983/1984, que tinha como símbolo a cor amarela. A extrema-direita copiou o exemplo e adotou o verde-amarelo nas manifestações contra Dilma.

É assim que os partidos de esquerda deveriam comparecer à solenidade de posse: com todos os seus membros presentes e se mantendo o mais próximos possível entre si (para serem vistos como um conjunto e não como gatos pingados). E, claro, adotando algo que os identificasse.

Qual? Proponho a cor preta nas vestes, pois quem souber o que realmente aquela festa macabra prenuncia, estará com a morte na alma. O luto é a melhor expressão de tal sentimento. 
"Só sinto frio na alma / Estou vazio de sentimento / 
Não sinto água no corpo / Nem amor, nem ferimento"

A MALFADADA POSSE ESTÁ AÍ. RESTA SABERMOS ATÉ QUANDO CONTINUARÃO DISPARANDO AS MENTIRAS DE CAMPANHA.

"ano encharcado de invencionices e informações distorcidas"
bruno boghossian
POR UM ANO BASEADO EM
 FATOS REAIS
A mentira sempre foi um combustível barato para eleições e máquinas de propaganda política. 

O ano que termina agora ficou encharcado de invencionices e informações distorcidas. É bom elencar alguns fatos para que possamos permanecer no mundo real em 2019.

1) Embora muitos produtores façam sua parte pela preservação ambiental, o agronegócio, mineradoras e madeireiras têm responsabilidade especial sobre o desmatamento. Tratar isso como lenda, à maneira de alguns ruralistas, é autorizar a emissão de carteirinhas de devastação.
"impor rédeas aos professores não vai melhorar a educação"

2) O impacto da ação humana sobre as mudanças climáticas, aliás, já foi objeto de pesquisas científicas com critérios rigorosos. Integrantes do próximo governo preferem considerar a questão uma fantasia ideológica da esquerda. Pode-se discordar das políticas implantadas para enfrentar o problema, mas negá-lo não levará a lugar algum.

3) Impor rédeas à atuação de professores não vai melhorar a educação. Há várias razões pelas quais nossos alunos mal sabem fazer contas. Nenhum deles gastou seu tempo em rodas de leitura de Marx.

4) O novo governo pode alcançar bons acordos ao buscar novos caminhos para sua agenda comercial. Se decidir bater de frente com a China em um teatro de alinhamento com os EUA, o Brasil pode perder muito.
"reescrever o passado à força não muda a realidade"
5) Não é matando idosos que se resolverá o buraco nas contas da Previdência. Governantes e parlamentares precisam, de uma vez, ter coragem para enfrentar grupos privilegiados e tornar o sistema mais justo para evitar que o país quebre.

6) A revisão do financiamento do Sistema S não fará mal se mantiver os serviços prestados aos trabalhadores, acabando com seu uso político e com a perpetuação de dirigentes.

7) Reescrever o passado à força não muda a realidade. Dias depois da eleição, Jair Bolsonaro disse que a população estava começando a entender que “não houve ditadura” no Brasil entre 1964 e 1985.

Vamos torcer para que 2019 seja um ano baseado em fatos reais.
(por Bruno Boghossian)

sábado, 29 de dezembro de 2018

AVISO AOS RECALCITRANTES: A CRISE ECOLÓGICA NÃO É SELETIVA!

"Convém evitar uma concepção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros das empresas ou dos indivíduos. 

Será realista esperar que quem está obcecado com a maximização dos lucros se detenha a considerar os efeitos ambientais que deixará às próximas gerações?" (papa Francisco)
.
Incêndio de proporções jamais vistas na Califórnia. 

Degelo nos polos norte e sul, elevando o nível dos oceanos e ameaçando ilhas e regiões costeiras.

Chuvas torrenciais nas monções da Índia (e até no Oriente Médio!).

Poluição do ar insuportável na China.

Calor intenso e insuportável em várias regiões do planeta, alternado com nevascas congelantes em regiões do extremo norte e sul. 

Secas prolongadas e intermitentes no nordeste do Brasil, com desertificação de vastas áreas. 

Desabamentos de encostas provocadas pelas fortes chuvas que atingem os moradores em situação de risco, por absoluta falta de poder aquisitivo das mercadorias terra e habitação em áreas seguras.
Mais dia, menos dia, elevação do nível dos oceanos submergirá Veneza

Erupção vulcânica que provocou um tsunami e tremores de terra na região de Palu, na Indonésia, deixando até agora cerca de 2 mil mortos e uns 500 mil desabrigados.

Erupção do vulcão Etna, na região italiana da Sicília, concomitante a um terremoto de 5.0. 

Isso para ficarmos apenas nos últimos episódios, dentre tantos outros fenômenos climáticos inquietantes que têm pipocado pelo mundo.

A crise ecológica não é seletiva (como o é a apropriação da riqueza), ameaçando indistintamente pobres e ricos; estes últimos têm recursos para resolver momentaneamente os seus problemas, mas terminarão sendo também atingidos, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou de outro. 

A insistência dos governantes estadunidenses e chineses em desconhecer o aquecimento global causado pela emissão de monóxido de carbono (CO²) está ligada à lógica ditatorial do fetichismo da mercadoria, que os obriga a uma ininterrupta fuga para a frente, sob pena de verem ruir todo o frágil alicerce sobre o qual erguem as suas irracionais vidas sociais. 
Donald Trump e Xi Jinping: exterminadores do futuro 

O que mais os preocupa é o fato de que tal fuga para a frente (a intensificação da produção de mercadorias) bate de frente com um mercado que tem na capacidade de consumo humana mundial e na perda global do poder aquisitivo um limite impeditivo da continuidade de seu poder, alicerçado numa forma de relação social e exaurida.

A crise ecológica se soma à crise econômica; elas têm uma causa comum.  

Por todos os lados o capitalismo faz água, e é devido às suas contradições internas que se verificou na quinzena passada uma queda de 6,9% na bolsa estadunidense, a maior desde o tsunami do subprime em 2008, sinalizando a preocupante volatilidade no valor dos ativos empresariais.  

As medidas protecionistas dos Estados Unidos e de seu destrumpelhado presidente têm, como um bumerangue, evidenciado aquilo que está encoberto aos olhos desatentos da maioria das pessoas: a economia estadunidense se sustenta artificialmente, e às custas da crença internacional na sua moeda emitida sem lastro e da emissão volumosa dos seus títulos da dívida pública a juros baixos. 

O capitalismo tem uma lógica matemática autotélica que apenas usa as necessidades de consumo para existir, sem nenhum compromisso com essa necessidade em si, do ponto de vista ecológico e social. 
Poluição das águas pelo despejo de itens não degradáveis 

Tal lógica torna obrigatória a reprodução aumentada do valor global em circulação. A extração predatória dos recurso da natureza está diretamente ligada à insensibilidade dessa prática, razão pela qual a poluição de lagoas, rios, mares, etc., bem como  a emissão de gás carbônico na atmosfera, estão acima de qualquer possibilidade de convivência social ecologicamente saudável. 

A reprodução aumentada do valor pelo lucro e extração de mais-valia é pressuposto superior a qualquer compromisso com a preservação do habitat que possibilita a existência de homens, animais e plantas.

A agressão ecológica, portanto, se funda em três formas convergentes:
— a poluição do solo por infiltração de substâncias tóxicas em aterros sanitários precarizados, bem como de de resíduos industriais;
— a poluição de lagoas, rios e mares pelo despejo de substâncias tóxicas, plásticos, dejetos humanos e outros itens não degradáveis;
—  a emissão de gás carbônico que provoca o efeito-estufa na camada de ozônio, daí resultando um processo de aquecimento do Planeta Terra que os cientistas conhecedores do assunto consideram de extrema gravidade para o futuro de nossa espécie. 

O alheamento de governantes de direita (e até de esquerda) com relação a isto tudo não é pura ignorância científica, mas crime doloso e impulsionado pela lógica a que servem e que os submete. 
Bolsonaro sacrificará até a última árvore aos ruralistas
O estado, previsivelmente, tem sido impotente no combate a tais agressões (chegando até mesmo a induzi-las conscientemente em vários casos): é que, como instância política-institucional reguladora da vida mercantil e, portanto, parte indissolúvel e dependente desse modo de relação social, não pode voltar-se contra a sua própria natureza abstrata, mesmo que, com isto, atinja a natureza biossistêmica. 

Assim, os poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, instâncias que servem como pilares de sustentação do organismo estatal, são incapazes de coibir eficazmente tais agressões; e a sociedade, mesmo que sofra as consequências das perdas e danos ecológicos, não tem consciência de sua origem causal, quando muito questionando apenas o não cumprimento de algumas regras comezinhas de comportamentos ecologicamente saudáveis legalmente determinados.  

Aliás, falta à sociedade civil instrumentos e canais de combate à estupidez estatal a serviço do capital, mormente agora, quando se revigora o discurso de que os poucos organismos sociais independentes (como as ONG’s específicas) são nocivos à boa administração pública. Demonizam-nos como fonte de corrupção política, qualificando seus defensores de de eco-xiitas

Que se louve o heroísmo dos defensores do meio ambiente, mesmo que existam exageros, deturpações e eventuais desvios de conduta (que estão muito longe de representarem regra geral de comportamento).  
"que se louve o heroísmo dos defensores do meio ambiente"

Aliás, está na moda satanizar-se quaisquer virtudes pela contaminação dos desvios, como forma de condená-las integralmente ao fogo dos infernos e se praticar retrocessos civilizatórios impunemente.

O capital tem suas artimanhas e sabe como é manipulável a opinião pública sub-repticiamente conduzida.  

Os tripulantes desta astronave conhecida como Planeta Terra correm perigo. A própria astronave corre perigo. Daí o questionamento que se impõe: quem promove tal navegação de risco?

São os seres humanos, agindo inconscientemente sob o comando hipnótico e impositivo de uma relação social fetichista, destrutiva e autodestrutiva (porque contraditória na sua essência, cujo sujeito é uma pura forma, o valor).

Valor que tem como objeto teleológico a sua própria sustentação pelo auto-crescimento contínuo, tendente ao infinito, limitado por sua base veicular, o mercado. Estamos, portanto, diante de uma contradição endógena irresolúvel sob seus próprios conceitos, destituída de conteúdo virtuoso e que nos conduz celeremente ao abismo.

A crise ecológica é cria da forma-valor; somente com a sua superação poderemos pensar numa vida social ecologicamente compatível, com aquilo que a mãe natureza tão generosamente nos oferece. 
Que os destrumpelhados e ignaros frutos dessa lógica possam ser desmascarados num futuro breve, para que possamos construir um caminho ambientalmente saudável e de produção social equânime! (por Dalton Rosado)

Obs. clique aqui para escutar Ecocídio, composição do Dalton que tem tudo a ver com o assunto deste post.

UNIVERSIDADE, A ÚLTIMA TRINCHEIRA CONTRA ESTUPIDEZ DA ERA BOLSONARO – 4

(continuação deste post)
Finalmente, para fechar o espetáculo, Bolsonaro escolheu a ministra dos Direitos Humanos: a pastora Damares Alves. 

Ela logo viralizou na internet com um vídeo de 2016 no qual ela aparece, quase possuída, diante dos fieis de sua igreja batista em Belo Horizonte, lembrando o dia em que, com 10 anos — prestes a cometer suicídio —, teria ficado cara a cara com Jesus num pé de goiabeira. 

Damares narrava o seu drama pessoal, de uma criança traumatizada aos 6 anos pelo abuso sexual que sofreu de um pastor evangélico. Tratou-se de uma catarse de forte conteúdo emocional, que comoveu muitos e assustou outros tantos.

É sempre tocante um depoimento transtornado pela memória de uma criança violentada, um ato bestial que todos condenamos. Mas, a purgação pública de Damares, que se expôs na igreja como pastora, sem imaginar que seria ministra dois anos depois, tem um grave problema. 

À mulher de César... ou melhor, à mulher ministra de Bolsonaro não basta ser sensata. É preciso parecer sensata.

É bom lembrar que a expiação dramática de Damares, no limite de um surto nervoso, não é o depoimento de uma criança de 10 anos, mas a narrativa de uma mulher então na maturidade de seus 52 anos. 

O desempenho carregado de angústia e agonia da pastora, beirando o desequilíbrio emocional, não passa uma boa impressão sobre a sensatez que se espera de uma ministra mentalmente equilibrada que precisa tratar com bom senso dos temas complexos de sua pasta — Mulher, Família e Direitos Humanos.

A questão mais grave que envolve Damares não é o constrangedor relato sobre Jesus no pé de goiaba. Ela ainda defende valores conservadores e religiosos contra o abortamento num país onde 1 milhão de abortos induzidos, proibidos por lei, são praticados anualmente. 

O aborto inseguro e clandestino causou a morte de 203 mulheres em 2016, um óbito a cada dois dias, duas mil mortes nos últimos 10 anos, segundo o Ministério da Saúde. Damares promete continuar na luta para manter essa criminosa ilegalidade.

Um temor ainda maior é a visão religiosa extremada que a ministra tem sobre a relação criança x escola, ferindo frontalmente o princípio civilizado da separação entre Estado e Igreja, consagrado na Constituição que expressa a soberania do Estado laico. 

Na mesma igreja em que contou sobre Jesus e a goiabeira, Damares expressou uma perversão que o repórter Bernardo Mello Franco, d'O Globo, revelou ao país: sua funda descrença na escola e sua fé radical na igreja. Disse: 
"Chegou a nossa hora. É o momento da igreja de Jesus ocupar a nação. É o momento de a igreja governar. As instituições piraram. Só uma não pirou: é a igreja de Jesus... A escola não é mais lugar seguro para nossos filhos. O único lugar em que seu filho está protegido é o templo, a igreja..."
Dessa vez não era um surto, nem um depoimento alucinado. Era apenas a firme convicção da pastora que virou ministra. E isso é muito mais grave do que o desvario na goiabeira. O capitão Bolsonaro deveria, num sermão particular com Damares, explicar a ela que este não é o momento de a igreja governar. 

Nem agora, nem nunca, já que vivemos numa democracia, não num Estado teocrático. O Brasil não precisa ser ocupado por nenhuma igreja. As instituições não piraram e ninguém precisa subir em pé de goiaba para descobrir o lugar certo para os filhos. A escola, que dispensa qualquer desatino místico, será sempre o lugar certo, seguro e sensato para as crianças brasileiras.

Enfim, aí está a inacreditável barafunda de pensamentos obtusos, definições esdrúxulas, bobagens explícitas, boçalidade galopante e rombuda burrice que parecem intumescer alguns cérebros do iminente Governo Bolsonaro.

São evidências assustadoras, que resumem uma overdose acumulada de militarismo redivivo, uma visão retrógrada da realidade, uma clara intolerância intelectual, um medieval fundamentalismo religioso e uma absurda repulsa a marcos civilizatórios consagrados nos países mais avançados do mundo. 

O Brasil de Bolsonaro — de seus avatares autoritários e astrólogos influentes, de seus diplomatas e professores impregnados de ideologia (embora finjam combater a dita cuja), de seus fanáticos pirados pela fé e pela salvação divina —, o Brasil do capitão ameaça uma marcha batida pelos coturnos da insensatez, na contramão do progresso, do conhecimento e da história.

Os direitos humanos estarão sempre ameaçados quando a estupidez interdita a inteligência. A Universidade é nossa última trincheira de resistência.

Educadores, por favor, resistam à imbecilidade e à ignorância! (por Luiz Claúdio Cunha, ex-consultor da Comissão Nacional da Verdade, jornalista e escritor, em artigo publicado no site Congresso em Foco)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

UM ALERTA: SUPLICY CORRE RISCO DE SER ATACADO PELAS TURBAS ULTRADIREITISTAS!

O jornalista alagoano Cláudio Humberto Rosa e Silva se tornou nacionalmente conhecido como assessor de imprensa de Fernando Collor de Mello, tanto durante a campanha eleitoral quanto depois de empossado na Presidência da República. 

Agora mantém uma coluna política publicada em vários jornais brasileiros. 

Nesta 6ª feira (28), assim abordou o possível paradeiro do escritor Cesare Battisti:
"Fontes policiais desconfiam que o terrorista italiano Cesare Battisti estaria escondido em território nacional, e em São Paulo... 
Uma das pistas investigadas dá conta de que importante político do PT paulista estaria escondendo o terrorista. 
Escola Base (*): multidões não hesitam em barbarizar 
O político petista que estaria escondendo o Battisti teria ajudado a criar no Congresso, anos atrás, um comitê de solidariedade ao terrorista". 
Um grande problema que os jornalistas enfrentamos ao lidar com informantes da política, da polícia, etc., é a possibilidade de eles estarem nos soprando algo que lhes convém colocar em circulação e não necessariamente a verdade.

Isto parece ter acontecido mais uma vez, pois não faria nenhum sentido o Cesare abrigar-se com o ex-senador Eduardo Suplicy (alvo óbvio da insinuação), um dos primeiros defensores de sua causa de quem as autoridades suspeitariam.  

Torço para que o Suplicy, agora sem mandato, não sofra arbitrariedades, nem seja retaliado com ações concertadas das turbas ultradireitistas (como a desencadeada contra a brilhante jornalista Patrícia Campos Mello quando ela desmascarou as ilegalidades de campanha de Jair Bolsonaro). 
.
* episódio ocorrido na capital paulista em 1994, quando um delegado ávido por holofotes acusou precipitadamente de assédio sexual os proprietários de uma escola para crianças. 

Por causa do sensacionalismo da mídia, os coitados tiveram a escola depredada e quase foram linchados. Comprovada sua inocência, a Justiça condenou o governo paulista e vários veículos da imprensa a indenizarem-nos. (Celso Lungaretti) 

PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: O QUE O MP E A PF ESPERAM PARA PROVIDENCIAREM A CONDUÇÃO COERCITIVA DO QUEIROZ?

ricardo kotscho
BRASIL VIROU UM PAÍS FAKE: FICA BATENDO
 PALMAS PARA VER LOUCO DANÇAR!
A chave de ouro do ano em que o Brasil virou um país fake, onde tudo é falso como uma nota de 3 reais, foi a entrevista do motorista Queiroz ao SBT, o último ato de um teatro de circo mambembe.

No picadeiro, fica uma gente esquisita que bate palmas pra ver louco dançar na platéia, gritando Mito!, Mito!, Mito!, sem perceber que a lona está pegando fogo.

Só podia ser mesmo no SBT de Silvio Santos, aquela ilha de fantasia brega do Baú da Felicidade (a felicidade do dono, é claro).
O que foi aquilo? O cara ria sozinho na cara da repórter, nem ele acreditando no que falava.

Debocharam da nossa cara em horário nobre e tenho certeza que muitos seguidores fanáticos do homem que veio combater a corrupção vão achar que foi isso mesmo, compra e venda de carros usados, qual é o problema?

Que maravilha! Com tantas doenças que ele até se perdeu ao falar de todas, não tinha mesmo condições de depor no MP. Só tinha forças pra falar com a repórter fake do SBT.

O que o MP e a PF estão esperando para decretar uma condução coercitiva do indigitado motorista, ou no Brasil fake isso não vem mais ao caso, depois que Sergio Moro ficou com o Coaf?

Um detalhe que escapou nesta história toda: o levantamento do Coaf sobre a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, o ex-super-assessor dos Bolsonaro, refere-se a apenas um ano.

E o que aconteceu nos muitos outros anos todos em que ele serviu no gabinete de Eduardo Bolsonaro na Alerj?

Não seria o caso de fazer um levantamento completo para saber quantos carros ele comprou e vendeu neste período?
Sílvio Santos com o ditador Figueiredo: uma vida inteira sorrindo para os poderosos.
Sobram mil outras perguntas a fazer a Queiroz, mas parece que o MP e a PF, sempre tão expeditos em outros casos, não têm pressa.

As inacreditáveis imagens do capitão reformado e presidente eleito, lavando roupa e brincando com um facão, em seu retiro na restinga militar da Marambaia, servem como pano de fundo funesto desta pantomina a que o país assiste resignado.

Se era para ser assim, poderiam ter votado logo em Silvio Santos de uma vez, que pelo menos é mais engraçado, embora também patético e grosseiro.

Nem o mais delirante autor de ficção da emissora dele seria capaz de criar uma história tão inverossímil, mas que é real no Brasil fake de 2018.

Acredite quem quiser: Queiroz não é laranja...

Vida que segue. 
(Ricardo
Kotscho)

UNIVERSIDADE, A ÚLTIMA TRINCHEIRA CONTRA ESTUPIDEZ DA ERA BOLSONARO – 3

(continuação deste post)
Ulysses Guimarães ensinou, na promulgação da Constituição de 1988: 
"A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo".
Aos guerrilheiros que combateram a ditadura, minha emoção. Aos cínicos como o capitão Bolsonaro, meu lamento.

Ao cinismo se soma, também, a visão obtusa que o capitão-presidente tem de áreas cruciais para a qualidade de vida dos brasileiros. Para o Ministério da Educação, o capitão teve um bom lampejo inicial: a indicação de um respeitado ex-reitor de Pernambuco, Mozart Neves Ramos, que presidiu a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior em 2002. O nome não emplacou porque recebeu um absurdo, inexplicado veto da bancada evangélica, que tem influência bíblica sobre o novo governo.
"inexplicável veto da bancada evangélica a Neves Ramos"

Emparedado pela religião, o capitão-presidente não chegou ao exagero de convocar um general, mas trouxe alguém que os molda: o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, naturalizado brasileiro há 20 anos, é professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, passagem obrigatória para majores e tenentes-coronéis que ambicionam ser generais, o topo da carreira. 

O homem da Educação de Bolsonaro é, como seu capitão comandante, um nostálgico da ditadura. Vélez escreveu no seu blog: “1964 é uma data para lembrar e comemorar... ela nos livrou do comunismo”.

Vélez criticou a Comissão Nacional da Verdade, que investigou as violações aos direitos humanos pela ditadura e responsabilizou os cinco generais-presidentes pelos 434 casos de mortes e desaparecimentos praticados por 377 agentes públicos do regime militar. Para o mal-educado Vélez, a CNV foi “mais uma encenação para a omissão da verdade... a iniciativa mais absurda que os petralhas tentaram impor”. 

Assombrado ainda pelos demônios da guerra fria do século passado, Vélez diz que “os regulamentos do MEC fizeram os brasileiros reféns de um sistema de ensino afinado com a tentativa de impor à sociedade uma doutrinação de índole cientificista e enquistado na ideologia marxista...” E por aí vai o emérito professor dos futuros generais!...

O novo chanceler, Ernesto Araújo, vem também do baixo clero do Itamaraty. Como seu chefe, idolatra Donald Trump, para ele ”o único que pode salvar o Ocidente”. 
"o messiânico Araújo diz ter uma cruzada sacrossanta"

Missão frívola dada pelo capitão ao chanceler, segundo Araújo: “Libertar o Itamaraty do marxismo cultural”. Tudo, no iminente governo do capitão, é coisa de comunista! 

Araújo diz ter uma cruzada sacrossanta: “Ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista, um sistema anti-humano e anticristão pilotado pelo marxismo cultural. A fé em Cristo significa lutar contra o globalismo... abrir-se para a presença de Deus na política e na história”. 

Traduzindo isso aí, como diz Bolsonaro: o Brasil acima do globalismo, Deus e Trump acima de todos...

O saudosista Vélez e o messiânico Araújo são duas invenções — que o capitão engoliu — de uma figura ainda mais bizarra, um brasileiro enquistado há uma década numa pequena cidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Olavo de Carvalho é um exótico ex-astrólogo que se tornou, via internet, um guru do clã Bolsonaro e da direita radical brasileira.

Autoproclamado filósofo, embora sem título universitário, Olavo foi muçulmano e marxista na juventude e agora, na maturidade dos 70 anos, converteu-se em cristão fundamentalista e em conservador extremado. É recomendável tirar as crianças da sala, antes de ouvir suas arengas aberrantes no YouTube, onde ele troca as vírgulas por palavrões cabeludos. 

Na sua alucinada arrogância, o ex-professor de astrologia e alquimia investe contra alguns dos cérebros mais brilhantes da humanidade. Para Olavo, Charles Darwin é o pai do nazismo, Isaac Newton é burro, Galileu Galilei é charlatão e Albert Einstein é uma fraude.
"a cabeça amalucada de Olavo faz a cabeça do capitão"

Da cabeça amalucada de Olavo, que faz a cabeça do capitão-presidente, são excretadas algumas das frases mais grotescas do anedotário nacional. 

Alguns exemplos: “O general Geisel era comunista”, “cigarro não dá câncer”, “querem trocar a religião católica por uma religião biônica mundial”, “a Pepsi-Cola usa células de fetos abortados como adoçante”, “o nazismo e o FMI são de esquerda”, “a astrologia é a única ciência com discurso racional do começo ao fim”, “não há a menor prova do sistema heliocêntrico de Copérnico”.

Mais um pouco e o atrevido Olavo ainda vai convencer o crédulo Bolsonaro de que a Terra é, de fato, plana!... Olavo é autor de um best-seller que já vendeu 320 mil exemplares, intitulado O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Pelo conteúdo desmiolado de seu desarranjado processo mental, Olavo certamente não leu o mínimo que deveria para não ser um idiota...

Certa vez, numa mesa do mítico bar Veloso, em Ipanema, o humorista Millôr Fernandes definiu para o compositor Tom Jobim: “O mundo tem muitos idiotas, Tom, mas felizmente estão todos nas outras mesas...”. O admirável mundo novo da internet, para nossa infelicidade, trouxe gente como Olavo de Carvalho para as mesas de todos nós! E, para azar do Brasil, inoculou Olavo na cabeça de Bolsonaro.
"discussão sobre aquecimento global é secundária"
Como expressão da minguada importância que dedica ao Meio Ambiente e aos Direitos Humanos, o capitão deixou por último a definição das duas pastas. Para o Meio Ambiente, Bolsonaro chamou o advogado Ricardo Salles, fundador do Movimento Endireita Brasil, que no ano passado tentou vender 34 florestas e estações experimentais de madeira em São Paulo, apesar de ser o secretário de Meio Ambiente do Governo Alckmin.

Alinhado com o seu capitão — que desistiu de fazer no Brasil em 2019 a Conferência do Clima, a COP 25, e ameaça abandonar o Acordo de Paris endossado por 195 países —, Salles apareceu batendo continência para outra maluquice do futuro governo: “A discussão sobre aquecimento global é secundária. É uma discussão inócua, agora...”, trovejou o ministro. Ele apenas ecoa outra predatória ideia do astrólogo Olavo, que desclassifica toda a agenda ambiental do planeta como um reles, pueril alarmismo climático.

Só no ano passado, segundo a ONG alemã GermanWatch, 11.500 pessoas morreram por conta de ciclones, deslizamentos, inundações e furacões, entre outros desastres. Eles provocaram danos econômicos que chegam a US$ 375 bilhões. 

O Brasil perde 1,4 milhão de hectares de vegetação natural por ano, mais que a metade da área de Alagoas. Só em abril, o desmatamento da Amazônia foi 84% maior do que no mesmo período do ano passado. A grande floresta perdeu 20% da vegetação nos últimos 50 anos.
...e já temos cidades com sensação térmica de até 100ºC!!!

O dióxido de carbono, apesar da ignorância acumulada de Bolsonaro e Olavo, é o gás da poluição que provoca o efeito-estufa, desequilibra a natureza e eleva a temperatura do planeta, derrete os polos e dizima espécies de mamíferos, aves, peixes e répteis. De 1970 para cá, essa população diminuiu em 60%.

Esse irresponsável alarmismo levou um choque brutal de realidade no presente mês, começando pelo dia 14, aqui mesmo no Brasil. Em Antonina, cidade do litoral refrescante do Paraná, um dos estados mais frios do país, a sensação térmica na manhã de sexta-feira chegou a 57ºC!

Quatro dias depois, Antonina bateu seu próprio recorde, com uma temperatura de 44,3ºC e umidade relativa de 75%, números que, combinados pela ferramenta Heat Index, elevou a sensação térmica na cidade a inacreditáveis 100ºC (!),o exato ponto de ebulição da água ao nível do mar]

Se isso não é consequência do aquecimento global, capitão Bolsonaro, só pode ser coisa da ideologia globalista ou do sistema anticristão do marxismo cultural

Enquanto isto, no último dia 17, na própria cidade onde mora o capitão, o Rio de Janeiro fervia com uma sensação térmica de 45ºC. Só pode ser perfídia de comunista! E o verão nem começou... (por Luiz Claúdio Cunha, ex-consultor da Comissão Nacional da Verdade, jornalista e escritor, em artigo publicado no site Congresso em Foco)
(continua neste post)
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