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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

FOLHA DE SP: O BOZO SE REFUGIOU NUMA REALIDADE PARALELA, DEMONSTRANDO TODA A SUA INAPTIDÃO PARA O CARGO

"
...o verdadeiro Bolsonaro estava ali (...), indisfarçável, na adulação ao presidente americano, Donald Trump, cuja política externa foi enaltecida...

Acima de tudo, a apresentação [no picadeiro eletrônico da ONU] foi marcada pela insistência de Bolsonaro em se refugiar numa realidade paralela, cuja falsidade é facilmente demonstrável, e que só encontra eco entre os apoiadores mais fanáticos —uma retórica flácida que, em vez de convencer, só atesta sua inaptidão para governar
" (Folha de S. Paulo, no editorial desta 4ª feira, 23, intitulado "Fantasia de presidente")

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

ANTONIO PRATA BATE FIRME NO BOZO: "UM SER HUMANO DECRÉPITO APAVORADO COM A SOMBRA DA PRÓPRIA MASCULINIDADE"

Charge inspirada na partida de xadrez entre o cavaleiro e a Morte no filme O sétimo selo (vide abaixo)
antonio prata
CRÔNICA DAS 100 MIL MORTES ANUNCIADAS
Cem mil mortos: anteontem. Cem mil mortos e seguimos contando os corpos que não podemos velar. Mais de mil por dia. Dez vezes cem, da manhã à noite. Cem vezes mil, de março a agosto.

Era óbvio, mas segue sendo surpreendente que um presidente eleito hasteando a bandeira da morte nos entregue, vejam só, a morte. Prometeu 30 mil cadáveres para resolver o Brasil, nos entregou três vezes isso em meses: e seguimos contando os corpos. 

Cem mil de Covid, outras dezenas de milhares de bala, de acidente de carro, de burrice, de séculos de descalabros culminando nos desvarios de um ser humano decrépito, apavorado com a sombra da própria masculinidade. Um eunuco existencial arrotando priapismo. 

O erro da ditadura foi ter torturado e não matado, ele disse. Agora nos tortura e nos mata diuturnamente.

Contra o delírio de um complô mundial de foice e martelo, oferece a foice, somente, ceifando. 

Nossa bandeira jamais será vermelha. Claro que não. Será preta. Já é preta. Não como Preta Gil ou  "Preta, pretinha" ou um negro norte-americano forte

Preta como a noite, a floresta carbonizada por Ricardo Salles, os dedos dos pés dos mortos por asfixia na gripezinha.

Atrás de mim, na televisão, Caetano Veloso canta cercado pelos filhos. “Tigresa”, “Um índio”, “Pulsar”, “Odara”. Tudo é “divino, maravilhoso”, mas me soa a um réquiem para um país defunto, de projetos defuntos, de esperanças defuntas, com uma autoimagem defunta. 

Parece o “Canto do povo de um lugar” há muito extinto. O sonho acabou, quem não dormiu em sleeping-bag nem sequer sonhou, a tristeza é senhora.

Que país é esse em que vivemos no dia 9 de agosto de 2020? Que gente é essa que se cala diante da morte do João Gilberto, manifesta pesar por MC Reaça e desdém pelo falecimento desnecessário e criminoso de 100 mil? 

Careta, quem é você?Que não sentiu o suingue de Henry SalvadorQue não seguiu o Olodum balançando o PelôE que não riu a risada de Andy WarholQue não, que não. Que não, que não, que não, que não. Imbecis. Assassinos. Burros. Coragem é poder dizer sim

Assisto à live do Caetano como se fosse o Sermão da Montanha. Aguardo um norte. Uma revelação. 

Mas quando ele canta as incompetências da América católica (ou neopentecostal), onde cada paisano e cada capataz, que com sua burrice fará jorrar sangue demais e sempre precisará de ridículos tiranos, dói. 

E quando canta as maravilhas do que já aspiramos a ser, do que já pudemos e poderíamos ser —os hermetismos pascoais, os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais — dói ainda mais.

Hermeto tocando chaleira. Garrincha driblando os Joões. Os jardins do Burle Marx. A utopia da miscigenação. Nelson Rodrigues. Pixinguinha. Drummond. Grupo Corpo. Machado de Assis. Luiz Gonzaga. Floresta. Água. Sol. Mar. Peixe. Fruta. A Semana de 22. A Tropicália. Tom e Vinícius. Elis. O recuo da bateria na Marquês de Sapucaí. 
Tudo isso parece ter sido eclipsado por um vespertino policialesco do SBT. Chacrinha perdeu pro Sílvio Santos. Pegou fogo no museu.

Cem mil mortos anteontem. Cem mil mortos e seguimos contando os corpos que não podemos velar. Mais de mil por dia. Dez vezes cem, da manhã à noite. Cem vezes mil, de março a agosto. 

Caetano canta Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dorEspero que esteja certo. Que possamos sonhar novamente com Alto astral, altas transas, lindas canções/ Afoxés, astronaves, aves, cordões/ Avançando através dos grossos portões

Um minuto de silêncio aos que se foram. Amor e coragem aos que ficam. (por Antonio Prata)
Assista aqui, legendado em português, ao filme O sétimo selo
de Ingmar Bergman (1957), que inspirou a charge do topo
do post. Para saber mais sobre ele, clique aqui

domingo, 9 de agosto de 2020

GENOCIDAS TÊM DE SER PUNIDOS: A RESPONSABILIZAÇÃO PELA TRAGÉDIA HUMANA DA COVID-19 É OBRIGATÓRIA!

PERDEMOS 100 MIL VIDAS
Movidos por compaixão, declaramos nossa proximidade com todas as famílias enlutadas no país, reverentes que somos aos 100 mil mortos vitimados pela atual pandemia e suas consequências.

Não se trata de uma fatalidade, mas de uma tragédia humana que poderia ter sido evitada.

Em 7 de abril deste ano, Dia Mundial da Saúde, as entidades que hoje assinam este artigo juntaram suas vozes para lançar o Pacto pela Vida e Pelo Brasil, um alerta à sociedade brasileira sobre a crise que avançava no país —crise não apenas sanitária, mas social, econômica e política. O Brasil contabilizava, então, 14.049 pessoas infectadas e 688 mortos pelo novo coronavírus.

Passados quatro meses, essa crise humanitária ganhou patamar bem mais elevado: com cerca de 3 milhões de infectados, hoje o país se curva diante da triste marca de mais de 100 mil mortos pela Covid-19, sem ações articuladas e alinhadas à altura de mudar este cenário preocupante.

Sabia-se que a pandemia poderia assumir proporções importantes no Brasil, um país com imensa desigualdade regional e social, concentração de renda, altas taxas de desemprego, economia em decadência, atendimento público à saúde fragilizado e um vergonhoso índice de saneamento básico.
Sabia-se, também, que o enfrentamento daquele vírus até então pouco conhecido, de contágio fácil e efeitos devastadores, oferecia um importante rumo a seguir: o isolamento social, para quebrar a cadeia de transmissão e dar tempo para a organização do sistema de saúde diante do esperado aumento de casos. Foi exatamente isso o que preconizou a Organização Mundial da Saúde, em consonância com os melhores centros de pesquisa em saúde do mundo.

No entanto, o Brasil trilhou o caminho da insensatez. Ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde defendia que o país seguisse as normas da OMS —inclusive com base no que ocorrera em outros países—, autoridades faziam, publicamente, afirmações que negavam a evidência científica, como a de comparar a Covid-19 a uma gripezinha e a de propagandear um medicamento não certificado por diferentes fontes científicas, além de estimular aglomerações e o contato físico com pessoas desprotegidas.

Desde a divulgação do Pacto pela Vida e pelo Brasil, foram 120 dias de turbulências políticas e de ausência de um plano nacional coerente para combate à pandemia.
As medidas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19, especialmente no que diz respeito às populações mais vulneráveis, deixam muito a desejar. 

A renda emergencial colocada à disposição dos mais pobres, embora seja uma resposta imediata, está longe de sanar as necessidades básicas de cerca de 50 milhões de brasileiros. 

A transferência de recursos a estados e municípios para o enfrentamento da pandemia, aprovada pelo Congresso, ainda não chegou ao patamar de 35%.

A lei 14.021/20, estabelecendo ações emergenciais de saúde em comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, foi sancionada com vetos a serem urgentemente derrubados –entre eles, vetos à obrigatoriedade de acesso à água potável, a serviços de saúde de média e alta complexidade, à oferta emergencial de leitos hospitalares e UTIs e à disponibilização de ventiladores e outros equipamentos médicos.

A responsabilização por esta tragédia humana não pode deixar de ser feita. 

É evidente que o Brasil tem sido abalado pela força da própria pandemia, mas também tem sido duramente castigado pela incapacidade do governo federal em unir o país numa hora tão difícil, atuar de forma republicana em articulação com governadores, prefeitos e Poder Legislativo, e levar em consideração as orientações da ciência, das organizações de saúde, das entidades médicas e de saúde pública.

Deixamos registrada nossa solidariedade aos profissionais da saúde e aos trabalhadores de serviços essenciais que têm estado na linha de frente da batalha contra o novo coronavírus, muitas vezes em condições precárias e de alto risco.

Em memória das vítimas da Covid-19, exortamos a todos, brasileiras e brasileiros, mulheres e homens de boa vontade, a se juntarem neste momento de luto e reflexão. Certamente, a melhor forma de homenagear os que partiram será a nossa união para exigir respeito à vida e responsabilidade com o destino de 210 milhões de brasileiros, no exercício de práticas cidadãs que construam um novo tempo para o Brasil.

(assinam os presidentes da ABC, Luiz Davidovich; da ABI, Paulo Jeronimo de Souza; da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo; da Comissão Arns, José Carlos Dias; da OAB, Felipe Santa Cruz; e da SBPC, Ildeu de Castro Moreira)

segunda-feira, 27 de julho de 2020

A 'GRIPEZINHA' DO BOLSONARO É A PIOR EMERGÊNCIA DE SAÚDE GLOBAL DESDE 1948

A Covid-19 é a pior emergência sanitária decretada pela Organização Mundial de Saúde em seus 72 anos de existência.

A afirmação foi feita hoje (2ª feira, 27) pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Segundo ele, as cinco anteriores ficaram muito aquém em termos de gravidade.

Tedros lembrou que, quando tal status foi atribuído ao novo coronavírus, seis meses atrás, havia apenas 100 casos da doença fora da China e nenhuma morte. Hoje são 16 milhões de contaminações no mundo inteiro e 640 mil óbitos. 

As medidas de combate recomendadas continuam sendo as mesmas até hoje
— detectar os casos;
— isolar os suspeitos e confirmados;
— cuidar dos enfermos; 
— manter distância entre as pessoas, evitando aglomerações e locais fechados;
— higienizar as mãos;
— usar máscaras. 

O diretor do programa de emergências da entidade, Michael Ryan, complementou:
"Onde essas medidas são seguidas, os casos caem. Onde elas não são, os casos sobem. 
E se você diminuir as medidas, o vírus volta. Então, trata-se de quão depressa os governos agem quando essas concentrações pequenas de novos casos aparecem".
E a pergunta que não quer calar continua a mesma: até quando nos acumpliciaremos com o extermínio de dezenas de milhares de brasileiros que ainda tinham anos de vida pela frente e foram vítimas da sabotagem premeditada de um presidente desequilibrado e incapaz, que primeiramente negou a gravidade da pandemia e depois induziu seus fanáticos e imbecilizados seguidores a apostarem numa panaceia fajuta?

Quantos mais morrerão inutilmente porque os poderosos não cumprem seu dever de afastá-lo: 
— seja pelo rosário de crimes de responsabilidade que ele cometeu e continuará cometendo até ser impedido;
— seja pelos crimes eleitorais aos quais ele deve o mandato que desonra e achincalha incessantemente;
— seja pelas gravíssimas suspeitas de crimes comuns que pesam sobre ele e sua prole;
— seja pelos eloquentes indícios de que ele não está mentalmente capacitado para o exercício do cargo?

Quando, inquirido a respeito dos números assustadores da contagem de cadáveres, ele respondeu com o emblemático E daí?, disse também que não era coveiro.

Estava certo, pois o valoroso coveiro enterra os mortos, não os produz. Então, a qualificação correta para Bolsonaro é mesmo aquela que está na boca do povo: genocida.

E aqueles que têm poder para deter o genocídio mas preferem fechar os olhos às evidência gritantes de que, por força da pandemia e da depressão econômica, este país explodirá muito antes da eleição presidencial de 2022, queiram ou não, não passam de cúmplices de genocídio(por Celso Lungaretti)

quinta-feira, 9 de julho de 2020

A MESMA ESGOTOSFERA QUE O ELEGEU PODE DERRUBAR BOLSONARO

Nas voltas que a vida dá, o mesmo esquema criminoso montado pelos Bolsonaros nos subterrâneos da internet, desde a campanha eleitoral, e levado para o Palácio do Planalto, que foi escrachado pelo Facebook na 4ª feira (8), agora pode levar à derrocada final do governo. 

Foi o maior golpe sofrido pelo presidente e seus filhos desde a prisão de Queiroz, que pode ser solto a qualquer momento pelo STJ. 
Mas nem vai dar tempo para comemorar. 

As graves revelações feitas pelo Facebook sobre a armação e o funcionamento da fábrica de fake news, dando nomes aos bois, todos eles ligados à rede montada pelo filho Carluxo, o 02, no gabinete do ódio instalado no 3º andar do Planalto, ao lado do gabinete presidencial, devem imediatamente ser requisitadas pelo STF e pelo TSE para subsidiar os processos em andamento. 

Também a CPMI das Fake News, onde Carlos e Eduardo Bolsonaro já são investigados, poderá se abastecer das provas contidas nas 73 contas ligadas ao clã presidencial e aliados, já removidas pelo Facebook, por manipular o uso da plataforma, antes e durante o mandato do capitão. O grande problema é o antes, que pode levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão pelo TSE. 

Certos da impunidade, os Bolsonaros e aliados deram um verdadeiro passeio pelo Código Penal.

A chamada ala ideológica, que costumava tomar café da manhã com o presidente no Alvorada e agora quer indicar um novo ministro da Educação, cuidava de orientar e alimentar a extensa rede da milícia digital, que operava com robôs, nomes falsos e codinomes, que podem inclusive ser encontrados na área de comentários do meu blog. . 

Sob a liderança de um certo Tércio Arnaud Tomaz, de 31 anos, que Bolsonaro pai descobriu na Paraíba e levou para Brasília, depois de abrigá-lo no gabinete do filho Carluxo, na Câmara Municipal do Rio, os integrantes dessa organização criminosa estavam na folha de pagamentos do Palácio do Planalto ou dos gabinetes de parlamentares aliados, todos com crachá, carro oficial e motorista. 

Ou seja, todos eram pagos com dinheiro público para atacar, no horário de trabalho, adversários políticos, instituições e veículos de mídia. 

Os disparos em massa feitos por essa rede atingiam cerca de 2 milhões de pessoas, os bolsonaristas de raiz, que por sua vez compartilhavam o conteúdo por outros tantos voluntários arrebanhados durante a campanha eleitoral. 
Numa entrevista coletiva global, Nathaniel Gleicher, diretor de cibersegurança do Facebook, diz que "em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar e é com base nessa violação de política que estamos agindo". 

As milícias de fake news, importadas da campanha de Donald Trump, podem eleger, mas também derrubar presidentes. 

O Facebook, que não pode ser chamado de comunista, nos fez esse favor: escancarou as entranhas da esgotosfera que elegeu Bolsonaro, com seus kits gay e mamadeiras de piroca. 

Confinado no Alvorada, depois de contrair o coronavírus, o presidente Bolsonaro ainda não havia se manifestado sobre essa denúncia até o momento em que comecei a escrever esta coluna. 

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

domingo, 28 de junho de 2020

A CRIATURA AGONIZA, MAS A LUTA CONTRA QUEM CRIOU O MONSTRO VAI PROSSEGUIR

A notícia do momento é a pesquisa do Datafolha na qual 75% dos 2.016 entrevistados na terça (23) e quarta-feira (24)  passadas apontam a democracia como o regime mais adequado e apenas 10% consideram uma ditadura aceitável em algumas situações. O placar anterior, em dezembro último, tinha sido de 62% contra 12%.

Desde 1989, quando o instituto começou a pesquisar tal questão, é o maior índice de aprovação obtido pela democracia.

Para evidenciar ainda mais o fracasso das pregações totalitárias de Jair Bolsonaro, 78% veem o regime militar por ele idolatrado e relativizado como a ditadura que realmente foi e só 13% discordam.

Ou seja, um ano e meio de mandato foram suficientes para Bolsonaro desacreditar de forma acachapante os valores ultradireitistas que ele professa, daí sua vexatória situação atual, de depender basicamente do velho e execrado fisiologismo para tentar (inutilmente) salvar seu mandato. 

Mas,  como ele saberia se não tivesse passado três décadas de parasitismo legislativo ocupando-se de miudezas, o centrão nunca salva quem está despencando: vende caro seu apoio durante a fase agônica e o retira quando o desfecho é iminente, para compor-se com os vencedores.

Este blog vinha cantando a bola de há muito e reiterou seus prognósticos na última 5ª feira (25): O Trump e o Bozo deverão comemorar o réveilloon como ex-presidentes, para alívio e regozijo da humanidade. Os acontecimentos continuam se encaminhando exatamente em tal direção: 
— o palhaço estadunidense vê a Covid-19 voltar a crescer exatamente nos estados que lhe seriam eleitoralmente mais favoráveis, enquanto Joe Biden coloca 10 pontos de vantagem sobre ele nas pesquisas mais recentes;
— o palhaço brasileiro se mostra cada vez mais errático, caindo em profunda prostração com as más notícias, exagerando a importância das que lhe parecem boas (a decisão estapafúrdia que livrou Flávio Bolsonaro de um juiz de verdade tem fôlego curto e será derrubada adiante) e tentando agora projetar uma imagem de paz e amor que só serve para mostrar quão cínico ele pode ser e quão desesperada é sua situação.

Enfim, enquanto a Folha de S. Paulo faz uma edição dominical com a flagrante intenção de surfar na onda da derrocada do bolsonarismo, esforçando-se para aparentar estar reeditando seu papel nas diretas-já e, assim, poder colher o máximo de louros quando o Bozo for removido do poder, este blog vai noutra direção: passará a discutir o que virá depois e qual deve ser a nossa postura diante do novo quadro que já se esboça.

Não nos interessa colher louros de vitórias parciais, mesmo quando tão necessárias quanto a que se avizinha (Bolsonaro se mostrou de tal forma pernicioso e destrutivo que seu afastamento se tornou a prioridade máxima e mais urgente da esquerda, à medida que cada dia de permanência no poder agrava a tragédia humanitária da Covid-19, maximizando as mortes evitáveis). 

Mas, a retirada do bode da sala é só um passo do caminho que precisamos percorrer para resgatarmos o Brasil da desigualdade social e do autoritarismo político que nele sempre prevaleceram, ora escancarados, ora camuflados como o vêm sendo neste século pelo consumismo e pelas ilusões democrático-burguesas. 
Bolsonaro logo será uma (deprimente) página virada da História, mas a luta contra o verdadeiro inimigo vai continuar. Seu nome é capitalismo. 
(por Celso Lungaretti)

sexta-feira, 19 de junho de 2020

O PT MANTÉM A SOBERBA: NÃO FOI ÀS RUA CONTRA BOLSONARO, MAS QUER DEFINIR COMO DEVEMOS DAR FIM A SEU GOVERNO

Em artigo mais do mesmo publicado na Folha de S. Paulo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann desperdiçou quase todo o espaço com elogios em boca própria e lamúrias de quem deveria, isto sim, estar fazendo a autocrítica dos erros crassos cometidos. 

Deixou para o parágrafo final a única coisa que importava: 
"O Brasil não suportará uma saída por cima, para manter a agenda de Guedes com ou sem Bolsonaro. Nem voltará à normalidade sem reparar a injustiça e restaurar os direitos do ex-presidente Lula. 
Mais que o impeachment, o PT defende novas eleições com participação de todas as forças políticas. Ou enfrentamos a crise com o povo ou ela só vai se aprofundar".
Ora, depois de ter respeitado rigorosamente o isolamento social, entrando nele antes mesmo de sua adoção (escondeu-se nalguma caverna logo após o período natalino e só acordou da hibernação para impugnar as iniciativas daqueles que começavam a resistir pra valer a Bolsonaro), eis que agora fixa condições para a retirada do bode da sala.

Com que direito, após ter evitado cuidadosamente os riscos da empreitada, enquanto os ministros do Supremo e os Gaviões da Fiel lhe davam exemplos de destemor diante do inimigo fascista?!

E lá é hora de propor metas que retardarão, ao invés de estimular, a união do máximo de forças políticas para dar um fim ao pesadelo o quanto antes, salvando a vida de brasileiros que estão sofrendo mortes evitáveis em função de Bolsonaro sabotar conscientemente o combate à pandemia?! Quantos milhares precisarão morrer para o PT se dar conta do imperativo de uma solução urgente?!
O objetivo que une os melhores brasileiros é a remoção de Bolsonaro. Temos de somar, não dividir!
A ortodoxia neoliberal do Guedes ficou no passado, a Covid-19 já se incumbiu de mandá-la pelos ares. Qualquer presidente que substitua o catastrófico Bolsonaro, deverá tomar medidas pragmáticas como a montagem de algum tipo de governo de salvação nacional para minimizar o sofrimento dos brasileiros por força do vírus e da depressão econômica. É o óbvio ululante.

Então, a retomada da agenda do mercador de ilusões só poderia entrar em pauta lá por 2022 ou ainda depois. Tanta água passará debaixo da ponte que é ocioso nos ocuparmos disto desde já.

Quanto à restauração dos direitos do Lula, trata-se de piada de mau gosto tocar-se neste assunto agora. Um desrespeito aos que estão morrendo ou sendo levados à penúria e ao desespero por causa dos desmandos do presidente miliciano.  

Tratemos primeiramente de salvar os coitadezas (as vítimas preferenciais de sempre!) e deixemos para quando houver um novo governo a discussão de uma anistia para o Lula; seria a melhor forma de virarmos essa página da História, mas há problemas muito mais urgentes para resolvermos antes. 
Ou alguém duvida de que isto jamais ocorrerá no atual governo? Então, um mínimo de bom senso manda primeiramente efetuarmos a transição e depois colocarmos tal anistia em pauta. 

Quanto a novas eleições após o impeachment, é uma proposta totalmente irresponsável, em primeiro lugar pela demora dos trâmites: a perda definitiva do mandato do Bozo jamais ocorreria em 2020 e, do primeiro dia de 2021 em diante, quem assume é o vice e ponto final.

Nova eleição presidencial somente ocorrerá se a chapa for cassada pela Justiça Eleitoral ainda em 2020. Mas, isto já está para ser concedido ou negado pelo TSE no próximo semestre, independentemente das exigências do PT.

Então, o melhor que o partido tem a fazer é participar humildemente das iniciativas da sociedade civil e das mobilizações dos jovens que, com muito brio, retomaram o controle das ruas (perdido pelos petistas em 2016).

Até porque o protagonismo a que o PT aspira, além de não se justificar pela prática por ele desenvolvida nos últimos anos, serviria como uma possível boia para o governo Bolsonaro agarrar-se no instante em que afunda. 

A rejeição ao PT é uma de suas últimas esperanças para evitar o defenestramento, daí a importância de, como em 1984 nas diretas-já,  haver um amplo leque de forças participando em pé de igualdade, unidas para despachar o governo genocida à lixeira da História. (por Celso Lungaretti)

quarta-feira, 17 de junho de 2020

MARCELO COELHO BOTA O DEDO NA FERIDA: "POR QUE LULA E O PT FAZEM TANTO CORPO MOLE NA RESISTÊNCIA A BOLSONARO?"

marcelo coelho
UM DIA DE BOLSONARO JUSTIFICA 5
 IMPEACHMENTS E 20 PROCESSOS CRIMINAIS
Começam, felizmente, as reações contra a escalada bolsonarista. A prisão de alguns defensores do golpe militar, como a doida do acampamento armado, chega em boa hora, se é que não veio com atraso.

O presidente do STF, Dias Toffoli, respirou fundo e criou alguma coragem para repudiar os sistemáticos ataques que se fazem à corte. Gilmar Mendes tem sido duríssimo, Luiz Fux deu uma interpretação decisiva sobre o papel das Forças Armadas e Alexandre de Moraes vai em frente.

Evitando confrontos inúteis, as torcidas organizadas mostram a importância de um mínimo de manifestação contra a demência da direita.

Ainda assim, uma grande parcela de opositores a Bolsonaro parece intimidada; ainda há quem vacile diante da tese do impeachment.

Fico pensando quais seriam as causas para tanta hesitação.
Claro que existem fatores objetivos —a correlação de forças no Congresso, os 30% que apoiam o governo nas pesquisas de opinião, a presença de um general como vice.

Discuti esses pontos em artigo na semana passada: para mim, nada disso seria um obstáculo muito forte.

Mas também há componentes subjetivos, psicológicos em jogo.

Começo com um caso específico. Por que Lula e o PT fazem tanto corpo mole na resistência a Bolsonaro?

É possível, em primeiro lugar, que a ideia de um impeachment tenha traumatizado demais a companheirada. No convencimento de que a destituição de Dilma foi um golpe (concordo em boa parte), o lulismo fica temeroso de ser chamado de golpista.

Mas os incontáveis crimes de responsabilidade de Bolsonaro só reforçam, na verdade, a percepção de que as pedaladas de Dilma foram uma insignificância, um pretexto, uma lorota.

Não: o medo de encarar Bolsonaro tem raízes mais profundas.

É como se a esquerda ainda não acreditasse que ele foi eleito. A ascensão desse grupo de psicopatas foi tão rápida que continuamos a esfregar os olhos, pensando estar num pesadelo.

Um dia de governo Bolsonaro seria suficiente para cinco impeachments e 20 processos criminais. Como a realidade parece incrível em qualquer detalhe, há uma espécie de resistência a admitir o conjunto dos fatos.

É a teoria do não é assim, não pode ser: eles não estão preparando um golpe, a fala sobre armar a população é só uma fala, eles não vão conseguir, ora essa, o país é uma democracia.

Cria-se um sofisma. Como estamos numa democracia, os atos antidemocráticos não são para valer. Como os direitistas deliram, eles não passam de ilusão.

Parte da oposição se deixa levar por uma espécie de fascínio hipnótico. A cada barbaridade, parece que estamos esperando um pouco mais.

Quem sabe, no próximo absurdo, diminui em um ponto percentual o apoio ao governo...

Quem sabe, com umas dez mortes a mais pela Covid, um pouquinho mais de pessoas desiste de Bolsonaro...

Vive-se então uma esperança passiva, um pessimismo cor-de-rosa. Deixa piorar, que acaba. Há uma parcela de raiva também. É a atitude do eu não disse?.

Tudo o que Bolsonaro faz de detestável termina servindo como uma espécie de lista numa argumentação imaginária. Quanto mais ele continuar, mais ficará provado que nós, oposicionistas, tínhamos razão.
O anti-intelectualismo brutal de Bolsonaro parece encontrar uma espécie de hiperintelectualismo em muitos de seus adversários.

Nunca vi tanta sofisticação de raciocínio para provar que não é o momento de lutar pelo impeachment, ou que manifestações contra o governo são exatamente o que Bolsonaro deseja.

Manifestantes de máscara, preocupadíssimos em evitar quebra-quebra, são criticados por entrar em contradição.

Mas uma coisa é a extrema-direita negar o perigo do coronavírus e usar máscara ao mesmo tempo. Isso é contradição. Ainda por cima, aplaudem o presidente que não usa.

Outra coisa é se manifestar contra Bolsonaro, usando máscara, e tentando (verdade que isso não foi respeitado) manter a distância de dois metros.

A contradição é outra. Está em manter uma aceitação horrorizada; é a crença na cloroquina política do uma hora cai, não é preciso fazer nada. É a oposição pelo uso do álcool em gel.

Basta continuar dizendo que Bolsonaro é um horror e se congratular por não ter votado nele. Bárbaros, ignorantes! Que asco.

Sei do que estou falando; vejo em mim esse elitismo.

O povão que apoiou Bolsonaro? Bem-feito. Quanto aos gaviões e porcos que protestam, mon Dieu! Quelle exagération. (por Marcelo Coelho)

NO CREPÚSCULO DO SEU (DES)GOVERNO, BOLSONARO VESTE A PELE DE CORDEIRO E TENTA DESPERTAR COMPAIXÃO. PATÉTICO!

Quando acreditava possuir poder suficiente para impor sua vontade à nação, Jair Bolsonaro rugia: "Eu sou a Constituição". 

Quando os adversários de seu projeto absolutista o acuam nas cordas, ele se lamuria de forma tão hipócrita que, ao invés de atrair comiseração, provoca risos: 
"Não houve, até agora, nenhuma medida que demonstre qualquer tipo de apreço nosso ao autoritarismo, muito pelo contrário".
Percebendo que a contagem regressiva para o final do seu (des)governo ganha velocidade a cada momento, Bolsonaro acaba de divulgar nas redes sociais uma carta tão longa quanto piegas, concebida por alguém com uma mínima capacidade de escrever coisa com coisa (o que, evidentemente, não é o caso do próprio Bozo).
Dou meus parabéns ao ghost writer: ele tirou leite de pedra! O diabo é que passado e  presente do suposto autor daquelas linhas as torna totalmente inverossímeis. 

Nunca a expressão lobo em pele de cordeiro foi tão apropriada. 

Se Bolsonaro tivesse capacidade para escrever tal carta e se fossem  essas as suas convicções sinceras, não haveria tamanha urgência no seu afastamento do poder como condição sine qua non para evitarmos que o povo brasileiro venha a sofrer sua pior tragédia humanitária e amargar a depressão econômica mais rigorosa em todos os tempos.

Como a credibilidade de quem assina a carta é zero, considero absoluta perda de tempo expor as mentiras cabeludas e as forçações de barra a que o coitado do ghost writer teve de recorrer quando descascava o abacaxi, ou seja, ao tentar defender o indefensável.

Para quem quiser ler uma desconstrução parágrafo por parágrafo dessa peça de propaganda enganosa, sugiro que acesse a coluna do Reinaldo Azevedo no UOL. Ele é mais minucioso e bate em bêbado com maior prazer do que eu...    

Só para dar uma ideia, eis como o RA respondeu ao trecho da carta acima citado (o ghost writer levantou a bola para quem quisesse marcar o ponto e ele o fez de forma devastadora):
"Não é verdade nem nos valores que vocaliza nem nos atos que pratica:
 — prestigia manifestações em defesa do fechamento do Congresso e do Supremo;
— ameaça a política com a intervenção das Forças Armadas; 
— apoia grupos que discriminam minorias e incentivam a intolerância; 
— deu início ao desmonte de políticas ambientais sensatas sob o pretexto de combater exageros, o que prejudica a economia brasileira; 
— incentiva a invasão de terras indígenas; 
— agride bens protegidos pela Constituição com uma política e um discurso verdadeiramente homicidas para enfrentar a pandemia;
— confessa que está facilitando o armamento da população com vistas à guerra civil. 
É o suficiente para começar a conversa?".
.
Eu avalio como suficiente para encerrar a conversa. Em se tratando de uma carta assinada por alguém que realmente fez tudo isso de que o RA o acusa, que necessidade temos de conhecer as demais lágrimas de crocodilo que o dito cujo derrama quando sente o laço apertar-lhe o pescoço?! (por Celso Lungaretti)    
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