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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

SOB AS ORDENS DO CAPITAL

 


C
omo terminamos o primeiro ano do Lula 3, que poderia ser considerado PT 5, se considerarmos os dois períodos de Dilma Rousseff, um deles incompleto, mesmo considerando a diferenciação que deve existir entre os dois gestores? 

Quando se tem como parâmetro o liberalismo clássico de Paulo Guedes aliado ao inconsequente presidente Boçalnaro, o ignaro, e se retira o bode da sala, há uma dificuldade de avaliação e comparação corretas por conta de que os indicadores econômicos e sociais anteriores foram extremamente ruins.  

O liberalismo clássico do Paulo Guedes num país da periferia do capitalismo como o Brasil é ineficaz justamente porque não se pode concorrer economicamente com critérios que envolvem os países pobres em relação aos que detêm hegemonia econômica e tudo o que se lhes incorpora. 

Os países ricos têm privilégios como emissão de moedas sem lastro e que são recepcionadas na economia mundial como se válidas fossem, além de:

- juros baixos para a dívida pública e privada com prorrogações a longos prazos, contínuas e  ilimitadas;  

- desenvolvimento tecnológico industrial e suas patentes,  

- e demais benefícios que o capital pode proporcionar para quem o detém em detrimento dos demais que sejam dele carentes. 

O governo recém destituído pelo voto fracassou na economia - com PIB pífio - e nos indicadores sociais, mesmo se se considerar a devastação da crise sanitária na economia mundial e brasileira.  

Mas serve como referência do descaso social governamental anterior o fato de que o Brasil foi o campeão mundial per capita no número de mortes por covid por conta da desídia deliberada de um governo genocida que deixou de comprar vacinas a tempo e deixou até faltar oxigênio na Amazônia para atender às vítimas que poderiam ter sido ser salvas - hoje o Estado está sendo condenado pela justiça a pagar indenização para as famílias das vítimas. 

Aliás, o Javier Gerardo Milei quer, também, aplicar na Argentina o antigo liberalismo clássico como algo novo; são remédios ineficazes para doenças que afligem a periferia do capitalismo em fim de feira, e como se servissem para toda e qualquer crise do capital. Ainda que consiga debelar a inflação de lá, e conseguir apoio no médio prazo, os argentinos correm o risco de sofrer de modo agradecido e iludido. 

Assim, parâmetros estabelecidos, o lulopetismo se jacta das melhorias havidas e afirmam que “o amor venceu o ódio”.  

Entretanto, persistem ou se agudizam no Brasil, desde há muito: 

- a violência do crime organizado atingindo níveis de verdadeiro estado paralelo;  

- a ênfase na perspectiva de extração de petróleo de novas jazidas brasileira que devem ajudar a aquecer a economia brasileira e matar o povo por aquecimento insuportável da temperatura;  

- a manutenção do pagamento de juros sobre a dívida em torno de 10% ao ano, que representa um sacrifício insuportável para o povo brasileiro - as agências de rating atuam como antenas a serviço do capital, e fracassaram em prever a crise do subprime, por omissão facciosa;  

- o salário mínimo de R$ 1.412,00, que não chega a representar o valor de duas cestas básicas (R$ 1.476,26); 

- o Serviço Único de Saúde - SUS -, uma elogiável intenção de proporcionar atendimento médico hospitalar gratuito a todos os brasileiros, continua carente de recursos por conta da meta de déficit zero nas contas públicas estatais; 

- uma negociação civilizada com o centrão e a correspondente concessão à esse detestável segmento parlamentar de verbas em sua pecaminosa LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias. Até a Caixa, que é importante nas políticas habitacionais e financiamentos sociais, passou às mãos corruptas dessa turma;  

- a volta de predação ecológica na Amazônia com o retorno do garimpo e do tráfico de drogas e madeira, após os criminosos verificarem que o Estado não tem braços para contê-los - aliás nem na periferia das grandes cidade o Estado pode conter o avanço das facções criminosas, que dirá nos confins da Amazônia; 

- índice alto de desemprego para pessoas economicamente ativas, num total de 8,3 milhões de pessoas -mesmo que em queda para de 8,1% (Pnad) para 7,7% da Agência Brasil -, pari passu à queda no padrão médio de salário; 

- enchentes e ventanias no sul;  

- seca no norte e nordeste, com áreas já desertificadas; 

- e por aí vai... 

 Diante de tudo isso, o que se anuncia para 2024 é uma queda no PIB e medidas de aumento de impostos pelo Ministro Fernando Haddad em três itens, que sempre terminam por serem repassados aos ombros de quem realmente paga impostos: o povo. 

O governo Lula, para se manter vivo, e às ordens da cartilha do capital, como sempre fez, acende uma vela a Deus e outra ao diabo. 

Como um bem-comportado socialdemocrata, tenta ajustar o déficit fiscal à arrecadação e aumenta impostos para o setor de eventos, de serviços, que emprega muita gente, e vai ficar prejudicado. 

A tentativa de aumentar a arrecadação via impostos, que serão repassados ao povo, e tudo como forma de obter dinheiro para o equilíbrio das contas do Estado, adiciona ainda mais sofrimento à tradicional, exploração capitalista de mercado pela extração de mais valia. 

Tudo converge para a viabilização do equilíbrio das contas públicas e principalmente para o pagamento da extorsão dos juros pelo grande capital que faz ameaças de retaliações para uma eventual tentativa de moratória.  

Para se ter uma ideia do que significa o pagamento de juros de nossa dívida pública, basta dizer que cada criança pobre e velhinho pauperizado, e todos os brasileiros, pagam de juros por ano um valor individual aproximado de R$ 3.000,00, que para uma família de cinco membros corresponde a R$ 15.000,00.  

É assim que nós, e todos os países pobres do capitalismo, sustentamos o sistema de crédito bancário mundial em rota falimentar e todos rentistas.  

O capitalismo é sustentado à custa da fome e miséria sociais da grande maioria dos povos mundo afora, e as obedientes medidas de bom comportamento administrativo financeiro do estado burguês que recebem os aplausos do mundo capitalista desenvolvido e civilizado têm alto custo social.  

Sobre a polêmica questão da reoneração gradativa da folha de pagamentos às 17 empresas de setores que recebem subsídios estatais, que significa maior arrecadação fiscal perante tais empresas, o que seria medida compreensível em face de que a desoneração representa uma anomalia que fere o princípio da isonomia fiscal, tem um lado negativo como acontece em tudo na economia: o repasse de tais tributos aos preços das mercadorias ao consumidor e possível aumento do desemprego.  

Reonerar dá força fiscal ao estado, mas reabre a possibilidade de sonegação fiscal, sacrifício inflacionário e possível desemprego. Manter a desoneração significa concessão de privilégio empresarial injustificável. No capitalismo é assim, qualquer medida tomada tem efeitos colaterais que sempre sobram para o povo. 

Além disso, tem a tal da decisão judicial que concedeu a devolução pelo Estado, por meio de compensações tributárias, de impostos pagos anteriormente pelas empresas e que agora foram considerados como cobrança indevida, e que representa um tsunami nas contas públicas: precatórios compensatórios no valor de R$ 80 bilhões, denominada pelo Ministro Hadad como a tese do século.  

Conclusão: para zerar o déficit fiscal do Estado e pagar os juros, há que se cobrar impostos, que não podem vir de outra fonte que não seja o exaurido povo brasileiro.  

Quando você vir pedintes na sua esquina mais próxima; alguém assaltando à mão armada; uma fila enorme na oferta de um emprego com salários baixos; ou comendo o lixo nos sacos deixados para coleta regular nos bairros ricos de uma cidade cindida pela exclusão social, pense que para o amor vencer o ódio se faz necessário incluir justiça social, somente possível de existir sob uma relação social justa, avessa à lógica autofágica e segregacionista do capital.  

Pense fora da caixa, porque esta que temos é irremediavelmente inconsertável.  

Feliz ano velho! (por Dalton Rosado) 

quarta-feira, 19 de julho de 2023

FERNANDO HADDAD E A IDIOTICE TECNOCRATA

 
Sempre que vejo a cara de Fernando Haddad passa em mim um misto de sono e ódio. Sono porque ainda deverá surgir sujeito mais sonífero na política nacional e raiva porque ele realmente acredita nas inutilidades que fala e faz, como se estivesse fazendo de fato alguma diferença no mundo. 

O pior tipo de indivíduo é o crédulo, aquele fielmente crente em estar fazendo alguma diferença, quando na realidade é apenas mais um impotente à serviço de forças cujo entendimento ele não domina. Tal como o personagem Cândido, de Voltaire, essa figura segue firme a filosofia de seu Pangloss e acredita estar no caminho certo para melhorar o mundo enquanto tudo apenas desaba ao seu redor. Haddad é um desses tipos, alguém que se leva à sério quando é apenas mais um inútil peão do capitalismo. 

Assim, não poderia ser surpresa o rasgado elogio de um burguês ao Ministro: "O empresariado está em total apoio a Haddad. Tinha uma preocupação antes, quando foi escolhido, mas isso deixou de ter. De zero a 10, é 10. Tudo o que ele tem feito é com coerência, inteligência, persistência". Com um elogio rasgado desses de um capitalista - o mesmo que até poucos meses atrás jurava amor eterno a Bolsonaro - é possível acreditar em Haddad, ou mais propriamente, no governo Lula para mudar minimamente a situação deplorável do Brasil? Não mesmo!

Mas o ex-prefeito deve acreditar piamente estar trilhando um caminho revolucionário. Possivelmente se olha no espelho toda noite e enxerga não um pequeno intelectual, mas uma espécie de cruzamento entre Bismark e Keynes, a capacidade política do primeiro e a perspicácia econômica do segundo. De fato, contudo, é apenas um Guedes com diploma e piorado. 

O ministro do ex-presidente fujão, pelo menos, tinha noção de sua inutilidade. Sabia que o capitalismo brasileiro é irremediável e que tudo o que se pode fazer é partilhar do saque generalizado. Não tentava se fingir de intelectual, se orgulhava de sua ignorância sistemática e falava abertamente o programa da burguesia nacional de espoliar o país. Em resumo, sabia viver no fim dos tempos e que o importante era se dar o melhor possível, bem ao espírito bolsonarista. 

Já Haddad acredita que Reforma Tributária e calculozinhos aqui e ali vão fazer efeito e reverter o quadro bárbaro em que o Brasil está. Ele acredita na racionalidade econômica e na  capacidade estatal de intervir no curso dos acontecimentos, sendo sua patética seriedade originada daí. Nisso, se assemelha a um padre cuja insistência na realidade da transubstanciação só pode ser patética diante da generalizada incredualidade dos fiéis há muito céticos sobre aquela doutrina. 

Em época de Cracolândias, Milícias, Desemprego Crônico, Fome generalizada e Guerra Mundial, soa abertamente ridículo o discurso empolado e tecnicista de Haddad. O ministro muitas vezes se parece mais a um alienígena caído na Terra e totalmente ignorante da vida dos comuns terráqueos. 

Por isso, Haddad é um ministro muito pior que Guedes. Mas a crua sinceridade bolsonarista em certa medida é mais necessária que a enganação lulopetista. Seja como for, caminhamos para dias difíceis e a candidez do ministro de Lula só serve para alimentar ainda mais a voracidade das contradições do capitalismo brasileiro nesta quadra do século. (por David Emanuel Coelho) 

quinta-feira, 13 de abril de 2023

GOVERNO LULA A SERVIÇO DO VEIO DA HAVAN

 


Tão logo Lula assumiu, Luciano Hang, conhecido pelo apelido de Veio da Havan, inaugurou nova fase de sua vida política. Aposentou a roupa de papagaio, verde e amarela, e fez contundente discurso aceitando o resultado das urnas e desejando boa sorte para o novo governo. 

Muito diferente de seus discursos anteriores, quando chegou a ameaçar o fechamento de suas lojas caso o atual presidente saísse vencedor nas eleições. Inesquecível também foi seu importante papel de disseminador de fake news e teorias conspiratórias a respeito da urna eletrônica, tendo entrado, inclusive na rota de investigações. No auge da Pandemia, conforme revelado pela CPI, chegou a rifar a própria mãe em experimentos heterodoxos, tudo para suportar as teses médicas de Jair Bolsonaro. 

Porém, Hang não cumpriu sua palavra de fechar suas lojas. Sequer a cumpriu quando milhares de pequenos comerciantes do interior brasileiro - das regiões do agro, sobretudo - fechavam suas portas e iam para as rodovias protestar contra a derrota de Bolsonaro. O Veio não fechou suas portas por um minuto sequer, afinal quem perde dinheiro só pode ser mané

A explicação de suas ações veio agora, com a decisão do governo Lula, na pessoa de seu patético ministro da Fazenda, Haddad, em acabar com as isenções para compras internacionais abaixo de US$50,00. Ocorre que tal isenção tem sido usada pelas plataformas asiáticas de venda - Shein, Aliexpress, Shopee, etc. - para o comércio de produtos de seus vendedores, os quais enviam produtos da China para os consumidores brasileiros como se fossem pessoas físicas, se eximindo de pagar tributos de importação. 

De apoiador número 1 do Bozismo, Hang
virou torcedor de Lula. O $$ explica. 
Esse tipo de ação tem ferido profundamente os negócios dos grandes varejistas nacionais, incluindo aí o senhor Luciano Hang, motivo porque eles se uniram já há alguns anos para pressionar o governo em prol de extinguir tal isenção de compras e, deste modo, frear o crescimento das plataformas asiáticas. Primeiro, foram atrás de Paulo Guedes, que aceitou de imediato a ideia. No entanto, seu chefe, o ex-presidente fujão, mais perspicaz, sacou logo a impopularidade de tal medida e barrou a ideia. 

Assim, a bomba viria a explodir no colo de Lula, cuja prepotência só não é maior que sua certeza da burrice do povo. Buscando ficar bem junto a um setor hostil a seu partido e a ele mesmo, seu governo aceitou o lobby dos varejistas e irá extinguir a isenção, aumentando em pelo menos 60% do valor dos produtos comprados nas plataformas.

Na prática, essa medida é o fim de uma medida de isenção fiscal, nesse caso voltada às classes médias e populares. É interessante, portanto, que a primeira medida de isenção a ser sustada não seja uma dirigida ao grande capital, mas aos trabalhadores comuns, incidindo diretamente em sua capacidade de consumo e encarecendo seu custo de vida, em momento já de escalada inflacionária. 

Um governo que prometeu taxar os ricos e fazer uma reforma tributária justa e progressiva, sintomaticamente inicia seu mandato ampliando o arrocho tributário sobre as classes trabalhadoras, tudo para agradar um dos setores mais reacionários e ignóbeis do capitalismo brasileiro. 

Agora estou mais tranquilo: se Haddad explicou
é porque é um erro mesmo. 
É também esclarecedor do que é o Estado no capitalismo, pois os mesmos empresários que supostamente reclamavam do peso da máquina estatal na sociedade foram até o governo exigir mais tributação para torpedear seus competidores. Não é novidade, pois ao longo da história capitalista, taxas e medidas alfandegárias foram usadas a torto e direito pelas burguesias ao redor do planeta para impedir ou dificultar a entrada de competidores estrangeiros ou melhorar as vantagens competitivas de seus próprios produtos em mercados externos. Estado mínimo apenas para lucros máximos.

De qualquer forma, o veio da Havan agradece esse grande presente concedido por Lula. (por David Emanuel Coelho


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

TAMBÉM NO PT PREVALECE O "UM MANDA, OUTRO OBEDECE"

eliane cantanhêde
HADDAD É MUITÍSSIMO DIFERENTE DE GUEDES,
MAS TAMBÉM PRONTO  A ENGOLIR SAPOS
Cansamos de zoar o Pazuello em 2020. Agora não
podemos agir diferente com os genéricos e similares
E
m discursos, Lula fez o esperado apelo à alma nacional contra fome e desigualdade. 

Assim como a defesa da responsabilidade fiscal não é exclusividade do mercado, a defesa dos miseráveis e da diversidade e dos milhões de famílias na rua da amargura, sem emprego, casa e comida, não é exclusividade de Lula. Mas ninguém com mais autoridade do que ele para verbalizá-la.

O complicado é equilibrar o justo combate à injustiça social e o correto equilíbrio das contas públicas. 

É bem mais fácil falar da miséria com compaixão do que convencer que quem paga o pato de promessas e gastos a rodo são os miseráveis. Um dilema ainda mais velho que Lula e o PT é o conflito nos governos entre o que é popular (político/populista) e o que é preciso (pragmático/técnico).

Ao assumir, Haddad fez um discurso morno, cuidadoso, avisando que não seria um posto Ipiranga e teria vários postos. Veio à mente o seu antecessor, Paulo Guedes, que começou como superministro e perdeu, uma a uma, as grandes guerras com centrão, generais e filhos de Bolsonaro.

Em 2018, Guedes foi conveniente para dar falsos ares de liberalismo e abertura econômica a um capitão insubordinado, corporativista e nacionalista a la anos 1950. Já Haddad pensa igual e joga o mesmo jogo de Lula. 

Em comum nas duas duplas é que Haddad, como Guedes, está pronto para engolir sapos. Aliás, começou já no dia da posse, desautorizado na desoneração dos combustíveis.
Haddad já se habituou à deglutição de batráquios

Haddad nem faz questão de fingir que não veio para fazer tudo que seu mestre mandar. O quê? O que está nos discursos de posse, quando Lula acusou o teto de gastos de estupidez, não falou em nova âncora fiscal, mirou a reforma trabalhista e já atirou nas privatizações. 

Revogaço na política de armas e na segurança, saúde, educação, ambiente, cultura, política externa... é saudável, um alívio. Mas na economia, sem consenso em medidas desde Michel Temer 

Como na canção, foi bonita a festa, pá, mas é preciso navegar, navegar... (por Eliane Cantanhêde, n'O Estado de S. Paulo)
Toque do editor – Aproveito para acrescentar que Lula também conserva uma visão econômica característica do século passado e insustentável nos dias atuais. E, se os liberais o atacam pelo flanco direito, há fortes motivos para eu, o Dalton e o David o fazermos a partir de nossos valores de esquerda.

A discussão é longa demais, então destaco o principal: a estatização da economia é uma postura eminentemente stalinista, que acaba respaldando governos autoritários ou totalitários. 

Concordo totalmente com o Lênin de O Estado e a revolução, livro no qual ele definiu a missão do Estado, no socialismo, como sendo a de preparar a sua própria extinção por obsolescência, até porque, fiéis aos nossos ideais igualitários, somos avessos às nomenklaturas com poderes discricionários sobre os trabalhadores comuns. 
"Nosso" de quem, cara-pálida? 

Lembro, ainda, o modelo iuguslavo de autogestão, opção muito melhor que a dos elefantes brancos estatais, pois estes acabam sendo um convite à corrupção por parte de militantes de direita, centro e esquerda, igualados na caça sôfrega às boquinhas.

De resto, com a visão anacrônica que Lula tem da Petrobrás, comete o absurdo de defender os combustíveis fósseis num mundo em que a espécie humana poderá ser por eles destruída. 

Um divisor de águas entre a esquerda do século passado e a atual é exatamente combustíveis fósseis x energia limpa. (CL)

terça-feira, 29 de novembro de 2022

MOURÃO NÃO AGUENTA ZOAÇÃO? 'PAQUITA DA DITADURA' VIRARÁ APELIDO!

S
e o general Hamilton Mourão pretende tocar adiante o projeto de tornar-se o novo líder da extrema-direita seduzida e abandonada (na chuva!) pelo Bozo, precisa decorar uma lição que as pessoas normais aprendem já na meninice.

É a seguinte: quem deixa os outros perceberem sua irritação ao ser alvo de uma zombaria, apenas maximiza o prejuízo, geralmente vendo-a tornar-se apelido.

Assim foi em 2019, quando Zeca Dirceu colou no traseiro do Paulo Guedes a etiqueta de tchutchuca do centrão.

E Mourão acaba de repetir o erro ao bloquear um usuário do Twitter que o qualificou de paquita da ditadura.  Os irreverentes das redes sociais deitaram e rolaram.

Desde os idos do Pasquim, o humor tem sido a arma mais eficaz para desmoralizarmos os energúmenos empoderados que fazem cara de brabos para nos tentarem amedrontar.

Isto para não citarmos a genial sequência em que Charlie Chaplin detonou o grande ditador da época... (por Celso Lungaretti)

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

SE O BOZO REELEGER-SE COM FAKE NEWS, GOVERNARÁ COM ENGANA-TROUXAS

leonardo sakamoto
PARA CUMPRIR PROMESSA, BOLSONARO ESTUDA TIRAR 
DE POBRES PARA DAR A POBRES (trechos principais)
P
ara cumprir promessas eleitorais de Jair Bolsonaro, como garantir Auxílio Brasil de R$ 600 e 13º do benefício às mulheres, sua equipe estuda parar de corrigir salário-mínimo, aposentadorias pela inflação e seguro-desemprego pela inflação registrada no ano anterior. 

Se isso acontecer, o presidente vai tirar de pobres para dar aos mais pobres ainda, reforçando sua imagem como um Robin Hood às avessas

Essas medidas fazem parte de um plano do ministro da Economia Paulo Guedes para refundar a legislação sobre as contas públicas do país num segundo mandato de Jair. O problema é que essas fundações vão ser estruturadas na base do aperto do cinto dos que já não têm.

Proposta obtida pela Folha de S. Paulo aponta que tanto o salário-mínimo (hoje, em nababescos R$ 1.212) quanto os benefícios previdenciários "deixam de ser vinculados à inflação passada". Eles continuariam a ser reajustados, mas isso teria como base a meta da inflação, que pode ser menor que a inflação real. 

A diferença entre ambos pode significar menos leite, pão e carne na mesa dos brasileiros. O que garantiria que a carestia provocada pela inflação alta da gestão Bolsonaro deixasse uma lembrancinha para os anos seguintes. 

Será a segunda pancada em quem recebe salário-mínimo sob o atual governo, que matou o seu reajuste real sob a justificativa de arrumar as contas públicas...

...o fim do reajuste pela inflação registrada pode dificultar ainda mais o cumprimento do artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal. Segundo o texto, o salário mínimo deveria ser "capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim"

Para se ter uma ideia, se isso fosse respeitado, o mínimo teria que ser de R$ 6.306,97, segundo cálculos do Dieese para setembro. 

Dizem que o presidente da República não gosta de ser chamado de Robin Hood às avessas, sempre propondo tirar dos pobres. Mas é ele mesmo quem alimenta a alcunha. (por Leonardo Sakamoto)

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

O GUEDES ERA DE VIDRO E SE QUEBROU, SEU LIBERALISMO ERA POUCO E SE ACABOU – 2

 (continuação deste post)
A
revolta popular de junho de 2013 em São Paulo foi encabeçada pela esquerda mais consequente e aproveitada de modo oportunista pela direita mais conservadora  (embandeirada de verde-amarelo).

Foi uma consequência da debacle capitalista exatamente onde o capitalismo é mais desenvolvido, fazendo sentir do modo mais rápido e cruel os impasses de sua decadência; e já prenunciava o anseio popular por mudanças.

Foi o então candidato Jair Bolsonaro (e sua fakeada) quem melhor soube aproveitar eleitoralmente a insatisfação popular, com seu discurso:
— conservador nos costumes;
— falsamente liberal na economia;
— mentiroso quanto ao seu passado, pois ele fez os desinformados acreditarem que se tratava de um outsider na política, embora acumulasse três décadas de mandatos legislativos fisiológicos;
— mentiroso quanto ao seu futuro se eleito, pois fingiu que combateria a corrupção (tida erradamente como o grande empecilho ao progresso brasileiro) e acabou torpedeando a Operação Lava-Jato e favorecendo sua extinção.

É fácil de se comprovar que já havia naquelas eleições de 2018 uma contradição ideológica inconciliável do militarismo nacionalista com o liberalismo clássico apregoado por Paulo Guedes e endossado de modo oportunista pelo então candidato Bolsonaro.

O que se viu depois foi: 
— o descumprimento da promessa de campanha de privatização das estatais (aliás, uma bandeira que em nada resolve os problemas sociais, posto que o patrão estado e o patrão privado obedecem à mesma lógica de extração da mais-valia e acúmulo do capital para fazer face à guerra concorrencial de mercado);
— o aparelhamento do estado com militares de pijama ou da ativa em cargos estratégicos e até de terceiro escalão;
— o aumento da dívida pública, o pagamento de juros escorchantes aos nossos credores e o descontrole fiscal;
— a redução de direitos trabalhistas e previdenciários;
— o aumento da inflação;
— a corrupção nos ricos ministérios da Saúde e da Educação (sem falar na descoberta de rachadinhas anteriores) e com a compra de dezenas mansões em Brasília, com dinheiro vivo, por parte de integrantes da famiglia presidencial;
— o aumento do analfabetismo, que tanto favorece o coronelismo eleitoral nos rincões do Brasil profundo;
— a completa submissão aos parlamentares do centrão, com Bolsonaro retirando descaradamente a máscara de outsider e voltando a esse seu berço político que não passa de um cancro histórico em nosso país;
— a continuação das década perdidas (2000, 2010) neste início da de 2020, com registros pífios de crescimento do nosso Produto Interno Bruto;
— o desmatamento criminoso da Amazônia (comprovado pelos órgãos oficiais e cinicamente reconhecida numa reunião ministerial por quem deveria proteger o maio ambiente, mas agia mesmo é para facilitar a passagem da boiada do agronegócio e da extração mineral e vegetal indevida);
— a política externa desastrosa que tornou o Brasil um pária no mundo civilizado e atingiu o auge do ridículo com a convocação de embaixadores estrangeiros para ouvirem as mentiras presidenciais sobre as urnas eleitorais e com a tentativa frustrada de fazer de Eduardo Bolsonaro nosso embaixador nos EUA;
— a 
reinserção do Brasil no mapa da fome da FAO, organismo da ONU; e
— a administração criminosa da crise sanitária da covid, colocando-nos como campeões mundiais da relação mortes por habitantes (supostos 700 mil, embora o total não maquilado superasse 1 milhão, para uma população de 210 milhões de habitantes), fato que se configura como genocídio tendo em vista a recusa governamental em comprar vacinas num primeiro momento, optando pela aquisição e distribuição (sem concorrência pública) de remédios comprovadamente ineficazes.

Vamos ficar por aqui, ainda que pudéssemos citar muitos outros exemplos de desgoverno  .

Mas o pior é que o capitalismo continuará indo ao encontro do seu amargo fim, com o Brasil sendo particularmente atingido pela crise que já é um fenômeno mundial;  os remédios anunciados alhures como eficazes nada mais são do que mais do mesmo, ainda que provavelmente sem a idiossincrasia de um governo esclerosado no tempo.

O risco é que a volta da insatisfação popular nos faça retroceder aos comportamentos anticivilizatórios hoje tão incensados por energúmenos desavisados que insistem em olhar com simpatia a vida social pelo retrovisor, ao invés de fazerem a roda da história acelerar para a frente!

Por que insistirmos num modelo de mediação social caduco, que nos coloca sob o risco de sucumbirmos à nossa própria insensatez??? (por Dalton Rosado)

terça-feira, 13 de setembro de 2022

O GUEDES ERA DE VIDRO E SE QUEBROU, SEU LIBERALISMO ERA POUCO E SE ACABOU – 1

dalton rosado
AS CONTRADIÇÕES QUE SE EXPLICITARAM (2019/2022)
"
Por mais Brasil e menos Brasília"
(Paulo Guedes, ministro da Justiça)
Durante a campanha de 2018 criei este debate hipotético entre o pensamento da esquerda mais consequente e o do economista liberal Paulo Guedes, então anunciado ministro da Economia do candidato Boçalnaro, o ignaro, tendo como base uma entrevista dada pelo primeiro à hoje deputada federal Joice Hasselmann.

O projeto do Guedes era a quintessência do liberalismo clássico que não dá mais certo nem nos países que outrora detiveram hegemonia econômica mundial (neles, o capital está transmutando seus meios de produção de mercadorias para outras paragens, em busca de sobrevida com trabalho abstrato mais barato, para fazer frente à brutal guerra da concorrência de mercado que Karl Marx já previa em meados do século retrasado).

Os dois últimos personagens, que desfrutavam então de algum prestígio no cenário político-eleitoral, hoje o perderam.

O ministro se restringe a engolir em silencio, e por mero apego ao cargo, a contradita governamental a todas as teses que ele defendia, enquanto a jornalista foi defenestrada pelo clã bolsonarista, que não aceita concorrência político-administrativa (foram muitos os correligionários de primeira hora atirados ao limbo, como Gustavo Bebianno e até o vice-presidente Hamilton Mourão, olimpicamente ignorado).
Frase do mercador de ilusões na depois
vazada reunião ministerial de 22/04/2020
 

Mas, quero falar na contradição que já na origem representava o nacionalismo militarista histórico do então candidato em relação ao pensamento liberal clássico de Guedes, um dos Chicago-boys de Milton Friedman, inspirados na crença do laissez faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar) do republicanismo burguês originário da transição do escravismo feudal para o escravismo capitalista.

O ainda candidato Boçalnaro tinha currículo e biografia escrita (como disse certa vez Jânio Quadros, já no ocaso da sua histriônica e falaciosa vida política), que correspondia ao corolário tradicional da doutrina militar. 

[Isto malgrado Boçalnaro fosse ele próprio um mau militar, conforme sentenciou um dos generais ditadores do período de arbítrio, Ernesto Geisel.]

Ele e seus colegas de farda que exerceram um poder usurpado eram todos:
— estatizantes capitalistas (os governos militares de 1964/1985 estatizaram mais do que pretendia o governo João Goulart);
 intervencionistas na condução política do Estado, por serem autoritários a ponto de eclipsarem as instituições republicanas do estado democrático burguês;
 conservadores nos costumes; e
— defensores de uma disciplina rígida na base de que ordens não se discutem, cumprem-se (o que o general da logística emperrada da vacina, Eduardo Pazuello, disse com outras palavras, uns mandam, outros obedecem).

Ora, como conciliar tal comportamento militar com o pensamento ultraliberal do Guedes (antes apelidado de posto Ipiranga por ter, aparentemente, solução capitalista para tudo)? Assim, p. ex., mesmo sendo ferrenho defensor do ajuste fiscal do orçamento da nação, o mercador de ilusões acabou tendo de coonestar a mais descarada distribuição de esmolas eleitoreiras de nossa história republicana!

Eu, que  em novembro de 2018 combatia a política liberal clássica do então assessor Guedes, por entender que o tempo histórico da capitalismo liberal ficara para trás por força da dialética do movimento social e das contradições dos fundamentos capitalistas que se tinham exacerbado (o limite interno da expansão capitalista e consequências adicionais do limite externo representado pelo aquecimento global), com muito mais ênfase posso agora fazer a crítica da política estatizante e ditatorial de compadrio empresarial do governo boçalnarista.

O Brasil não merecia e não merece um presidente do quilate do Boçalnaro, um indivíduo que: 
— tal como Hitler, tem origem militar de baixa patente (não passava de um tenente insubordinado que, ao ser obrigado a dar baixa do Exército, ascendeu a capitão, como determinam as regras militares);
— é nacionalista, tal qual o führer de triste memória genocida;
— quer colocar o poder judiciário aos seus pés, igualzinho ao que fez o seu similar nazista do século passado;
— é adorado por empresários golpistas, como aconteceu na Alemanha da década de 1930;
— é racista como aquele que matou 6 milhões de judeus pelo simples fato de pertencerem determinada etnia (chegou ao cúmulo de colocar um negro racista à frente da instituição incumbida da preservação histórica da memória da luta contra a escravatura e da promoção da igualdade racial);
— é machista e misógino, demonstrando-o sem nenhum pejo na festa cívica em que revelou a sua preferência por princesas mais jovens, além de elogiar com termos chulos a sua proclamada virilidade (não era diferente, em essência, o juízo que os nazistas faziam das mulheres dos países ocupados); 
 é homofóbico, não só exaltando sem parar a masculinidade que afirma ter, como se referindo aos homossexuais como se fossem portadores de degeneração sexual (já aquele frustrado pintor austríaco pôde ir mais longe, exterminando inclusive os homossexuais da SA, milícia que tanto o havia ajudado na sua marcha para o poder);
— é xenófobo quando exalta o sentimento patriótico excludente que admite tudo para o seu país, mesmo que isto custe a degradação dos seus semelhantes estrangeiros, nisto seus sentimentos se assemelhando aos que aquele ariano celta nutria com relação aos eslavos comunistas. (por Dalton Rosado – continua)
A Graça Santos interpretando composição do Dalton 

sábado, 30 de julho de 2022

PALHAÇO À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS QUER TROCAR GOLPE POR PIZZA

O texto abaixo está publicado na coluna da Mônica Bergamo (uma das mais bem
 informadas sobre os bastidores dos podres Poderes) deste sábado, 30, com o
título de Paulo Guedes cita 'psicologia do pânico' para explicar
Bolsonaro, e governo quer acordo para o futuro:
O
governo de Jair Bolsonaro voltou a buscar autoridades do Judiciário e do Congresso para um acordo que dê garantias ao presidente de que não sofrerá o que seus interlocutores definem como perseguição no futuro, caso perca as eleições. 

Em troca, ele não esticaria ainda mais a corda e amenizaria o tom de suas críticas ao sistema eleitoral. Os militares alinhados ao governo seguiriam na mesma linha, aliviando a pressão que têm feito ao Tribunal Superior Eleitoral.

As eleições presidenciais serão determinantes para o destino jurídico de Bolsonaro. Caso seja derrotado e deixe a Presidência, ele poderá ser julgado pela Justiça comum, o que eleva as possibilidades de responsabilização penal. 

O presidente é alvo de centenas de denúncias, em especial por sua conduta durante a epidemia da Covid-19 e pelos ataques ao sistema eleitoral.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já afirmou a interlocutores de outros poderes que é preciso buscar um entendimento maior para tranquilizar o país. E tem dito que a psicologia do desespero pode levar Bolsonaro a esticar a corda, como autodefesa. O que levaria a novas reações da Justiça, numa escalada sem limites. Procurado, Guedes não retornou à coluna até a conclusão deste texto.

O manifesto pela democracia assinado por banqueiros, empresários, advogados, procuradores, juristas, artistas e personalidades de diversas áreas escancarou o isolamento do presidente na tentativa de desqualificar as eleições –e aumentou a tensão no governo.

O diálogo entre o governo e outras autoridades, no entanto, é difícil: Bolsonaro já descumpriu outros acordos em que se comprometia a não mais insistir nos ataques às urnas eletrônicas, p. ex. 

Uma das ideias já colocadas em andamento, e que levaria a um acordão, é a aprovação de uma emenda constitucional que cria o cargo de senador vitalício para ex-presidentes. 

Além de garantir foro privilegiado e estrutura política a Bolsonaro, ela incluiria todos os ex-presidentes vivos José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff. 

Lula, no entanto, já declarou ser contra a proposta. (por Mônica Bergamo)
TOQUE DO EDITOR – Quando estava chegando o momento do aguardado duelo na rua principal, ele piscou. Ao incumbir acólitos de aferirem a receptividade de uma proposta para trocar os blefes histéricos pela impunidade, o Bozo confirmou o que muitos, inclusive eu, sempre dissemos: como golpista, ele não passa de um... palhaço! 

A partir deste último tiro pela culatra, só continuará inspirando paúra nos eternamente apavorados. (CL)   

quarta-feira, 13 de julho de 2022

QUANDO É QUE PEGAREMOS O TOURO CAPITALISTA PELOS CHIFRES? – 2

 (continuação deste post)
Q
uem visitou a Argentina há 30 anos se surpreende com a decadência atual, após três décadas de inflação alta; e se o visitante o fez 60 anos atrás, decerto ficará profundamente entristecido. 

O Brasil de Boçalnaro, o ignaro, com seu apego desesperado ao poder, segue na mesma direção, tanto que o genocida não tem nenhum pejo em promover a distribuição eleitoreira de esmolas que serão bastante prejudiciais num futuro bem próximo (no capitalismo não há almoço grátis).  

O maior problema do capitalismo hoje é o desemprego estrutural. Máquinas não produzem valor, ao contrário de que muitos pensam (até mesmo os capitalistas, que ganham dinheiro com a inserção das ditas cujas na produção de mercadorias). 

Só o trabalho abstrato e sua extração de mais-valia nos setores primário e secundário da economia produz valor, e sem valor o capitalismo colapsa.  Daí os números do desemprego estrutural mundial serem hoje tão alarmantes. 

Para termos uma ideia da tragédia humana em curso (no capitalismo só come quem trabalha), basta olharmos as taxas de desemprego de regiões populosas do planeta, como a China, a Índia e a África, que juntas somam aproximadamente 3,5 bilhões de habitantes (cerca de 40% da população mundial):
— China e Índia, 6,1%; cada;
— África, 9,8%.  

Isto representa cerca de 1,3 bilhão de desempregados, que forçam os que ainda não estão na rua da amargura a aceitarem salários de fome em nome de uma sobrevivência miserável.

Não esqueçamos que, além do desemprego estrutural, o regime de concorrência de mercado força a redução de salários e direitos trabalhistas em nome de uma retomada do desenvolvimento econômico pretendido pela direita e pela esquerda institucional e que a cada dia fica mais quimérico. 

Mas não é apenas na periferia que tal fenômeno está cruelmente ocorrendo, mas também, agora, nos países economicamente hegemônicos.

Os Estados Unidos estão enfrentando a maior taxa de desemprego nos últimos anos, algo em torno de 6% de sua população economicamente ativa; a União Europeia, 6,2%; e o Brasil, país mais populoso da América latina, 10%. (!). 

São bilhões de pessoas desesperadas. Portanto,, diferentemente do que disse Paulo Guedes na campanha presidencial de 2018, o capitalismo não resgatou da miséria ancestral a população mundial (que antes do capitalismo, sob o feudalismo ou outras formas comunitárias, vivia na miséria mais por ignorância científica), mas está a lhe impor uma realidade social igualmente miserável, até que a guerra elimine os humanos supérfluos para o capital. 

Corremos riscos inimagináveis de extinção graças a conjunção de fatores como letalidade armamentista nuclear e miséria social capitalista irrenunciável pelos gestores político-econômicos do capital.  

O mundo está há um passo de uma recessão mundial, circunstância que tornará o que já era ruim em insuportável. 
Não é a recessão que causa o desemprego estrutural, mas é o desemprego estrutural que causa a recessão, num processo de retroalimentação socialmente pernicioso. 

Aliás, foi Karl Marx quem disse que a substituição gradativa de trabalho vivo (trabalho abstrato, porque salariado em valor abstrato, como capital variável) pelo trabalho das máquinas (trabalho morto, sem salário, como capital fixo), faria voar pelos ares toda a lógica capitalista. 

Ele assim o fez e disse graças à análise da essência da forma-valor. Então, ao invés de incensá-la como o faziam (e fazem) os economistas burgueses, ele criticou-a logicamente, tendo por isso sido contestado pelos donos do capital e seus adeptos nestes últimos 150 anos, além de ser considerado morto e sepultado. Agora, contudo, ressurge das cinzas, tal qual uma Fênix revolucionária.  

O capitalismo é irracional caso se queira atribuir a ele algum sentido de equidade, e isto não apenas por força de um deliberado interesse de classe escravista: trata-se do único sistema de relações socais no qual produzir mais por meio de equipamentos tecnológicos (as máquinas) significa sua derrocada.

Esta é uma evidência gritante de sua irracionalidade. (por Dalton Rosado – continua neste post)
Gomes Brasil interpreta outra composição do Dalton
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