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terça-feira, 1 de novembro de 2022

QUE TAL APROVEITARMOS O FINADOS PARA O ENTERRO DO BOLSONARISMO?

C
omo editor deste blog, sempre preferi batizar os posts com títulos impactantes. 

O propósito, contudo, não é o de fazê-los sensacionalistas como os da imprensa marrom ou dos jornais de crimes. Jamais abro mão do rigor da informação. 

Busco, contudo, um ponto intermediário entre conteúdos sérios e opções técnicas para torná-los atraentes aos olhos de leitores porventura não muito interessados nos assuntos abordados.

Então, quando esta foi uma das primeiras páginas virtuais e noticiar e dar uma interpretação básica da vitória do Lula, optei pela manchete O brasil suspira aliviado: o bolsonarismo está morto! (vide aqui). E ilustrei com uma foto do Christopher Lee no papel de Drácula, debatendo-se com uma estaca cravada no peito.

Houve contestações, na linha de que a derrota do Bolsonaro não extinguiria o bolsonarismo. Mas, os fatos vieram imediatamente me dar razão.

Por que o chamamos de bolsonarismo, e não de ultradireitismo? Porque não é apenas a versão cabocla do extremismo de direita internacional, cujo principal teórico é Steve Bannon. Trata-se de uma avacalhação adicional do que, em si, já era tosco e avacalhado.

Jair Bolsonaro nem fascista de verdade chega a ser. Não passa de um indivíduo medíocre e cheio de problemas mentais que, depois de ser escorraçado das Forças Armadas por causa de suas maluquices (como o plano de explodir um reservatório de água no RJ), resolver levar vida mansa na política, vocalizando o ódio dos piores seres humanos e sendo representante legislativo de milicianos e dos escalões militares inferiores.

Misoginia, misantropia, racismo, homofobia, desprezo pelos indígenas, anticomunismo anacrônico, devoção pelos carrascos do terrorismo de Estado, todos esses ingredientes entraram na composição de um personagem odioso, mas que dava vazão à hostilidade reprimida de gente (?) suficiente para reelegê-lo até o fim da vida, oportunizando-lhe, ademais, a obtenção de ganhos extras com rachadinhas e outras ilegalidades.

Quando a presidência da República lhe caiu circunstancialmente no colo, fez o que os autoritários costumam fazer: negou-se a arquivar essas esquisitices de políticos bizarros e insignificantes, pois elas eram lembradas pela imprensa e o deslumbrado Bolsonaro passou a ver-se realmente como um mito. Insistiu em dar murros em ponta de faca porque, em seus delírios de anormal, era um mito de verdade. Pobre imbecil!

Mas, líderes da extrema-direita sem coragem de ir às últimas consequências têm vida curta no movimento. E o Bolsonaro se desmoralizou diante do núcleo duro de seus seguidores um sem-número de vezes, principalmente nos golpes que agendou para os dois últimos dias da Pátria, refugando vergonhosamente na Hora H (com o agravante de, em 2021, ter ido buscar socorro no colo do tio Temer, como um fedelho apavorado).

E chegamos às palhaçadas atuais, com a Polícia Rodoviária Federal primeiramente utilizada para atrapalhar e chegada dos eleitores aos locais de votação, depois para facilitar a obstrução de vias públicas por parte de caminhoneiros aloprados.

Fracassado o plano infalível nº 1, de tentar maximizar a abstenção na esperança de assim evitar a derrota nas urnas, acionou o nº 2, de criar um tamanho tumulto que as Forças Armadas fossem chamadas a intervir.

[Acreditava que o fariam em seu benefício, sem atentar para que jamais em nossa História os militares viraram a mesa em benefício de tenentes furrecos que ascenderam a capitães ao serem forçados a dar baixa. Eles só se envolvem em tais tramoias quando se trata de empossar generais.] 

Quis, para se preservar, parecer suficientemente distante do caos nas marginais e rodovias. Não vai adiantar: Deus e o mundo sabem de quem era a mão que balançava o berço.

E, ficando com um pé no golpe e outro pé na inocência fingida, não conseguiu atrair os apoios que pretendia para os caminhoneiros, enquanto Lula era reconhecido como presidente a todo vapor pelos poderosos daqui e do exterior. 
Depois de perder mais esta parada, Bolsonaro se tornou definitivamente uma figura desprezível para aqueles que cultuam a força, a imponência e o destemor. Na sua reaglutinação, é inevitável que a extrema-direita troque de líder, livrando-se desse campeão absoluto de rejeição em todos os tempos.

E a infestação brasileira dessa praga internacional deverá receber um nome derivado do de seu sucessor, a menos que a vaga seja preenchida pelo Carlos Bolsonaro. Embora pareça pouco provável, é uma possibilidade que não pode ser desde já descartada.

Caso contrário, o termo bolsonarismo deverá ser arquivado para sempre, pois evoca as idiossincrasias tóxicas do Jair, começando pelo ódio às mulheres, que deve remontar a alguma brochada do passado, mas se constitui na suprema estupidez para qualquer político.

Tratar a pontapés mais da metade do eleitorado é coisa de jerico! (por Celso Lungaretti)   

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

BOZO DESCE DE SUA CANOA FURADA COMO UM NAVIO QUE ABANDONA OS RATOS

josias de souza
BOLSONARO ACIONA O SEU 'PLANO A', DE APOCALÍPSE
Bem cedo, Bolsonaro percebeu que era muito tarde para salvar o seu projeto de reeleição. Já se sabia que preparava o caos. O que não se imaginava é que acionaria o seu Plano A, de Apocalipse, antes da abertura das urnas. 

No seu melhor estilo, Bolsonaro decidiu corresponder desde logo aos que não têm qualquer motivo para confiar nele. Faz o pior da melhor maneira possível. 

É como se o presidente desistisse de si mesmo e do voto, em benefício do caos. 

A poucas horas da eleição, Bolsonaro cavalga uma pseudoauditoria mequetrefe do PL para desqualificar o processo eleitoral. Encomendada por Bolsonaro e financiada com verba pública do fundo partidário, a peça sustenta que há um 
atraso no TSE.

Ecoando Bolsonaro, o PL grita
fraude antes da contagem do primeiro voto. É como se o partido do presidente confirmasse por escrito que Bolsonaro desistiu de si mesmo para favorecer o caos. 

Alexandre de Moraes chamou as alegações do PL de mentirosas. Como presidente Tribunal Superior Eleitoral, Moraes decidiu incluir o partido do presidente da República no inquérito sobre fake news que ele relata como ministro do Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro proporciona ao país cenas de raro ineditismo. Pela primeira vez na história, um candidato à reeleição desiste da própria candidatura sem apresentar um pedido de renúncia formal. 

Ao denunciar fraudes inexistentes, Bolsonaro se comporta como um candidato que desembarca de sua canoa furada fazendo uma pose de navio que abandona os ratos. 

É preciso verificar agora até que ponto a democracia brasileira está preparada para reagir às abjeções de um camundongo. (por Josias de Souza)  

sexta-feira, 8 de julho de 2022

E AGORA, JAIR? O MANDATO ACABOU, O GOLPE FLOPOU, O POVO SUMIU, A CASA CAIU

william waack
A 'PEC DO DESESPERO' DE BOLSONARO ESTÁ AJUDANDO LULA
Não há surpresa alguma na PEC do Desespero

Comprar votos é o que sempre fez a política como ela é. Vergonha na cara não existe nesse tipo de política (nem gratidão). É um traço aparentemente imutável da nossa cultura, goste-se ou não.

A questão é saber se a compra de votos vai funcionar. O universo de eleitores que vivem com renda familiar (atenção, familiar) de até 2 salários mínimos – o alvo da PEC do Desespero – é estimado em 60 milhões de pessoas. 

Esse número equivale à soma de colégios eleitorais como São Paulo, Minas e Bahia. É a formidável massa de eleitores da categoria mais pobres (40% do total). 

Nesse enorme segmento a vantagem de Lula sobre Bolsonaro tem sido ampla, constante e, ao que tudo indica, consolidada. Noutras palavras, com a PEC do Desespero a estratégia de Bolsonaro consiste em atacar seu adversário onde ele é mais forte.

Dar dinheiro na mão do eleitor muda voto? Em parte, funciona. Os profissionais em leitura de pesquisa constataram sem dificuldades uma correlação entre ajuda emergencial e melhora dos índices de popularidade de Bolsonaro, p. ex.

Mas, neste momento, dois fatores limitam consideravelmente a eficácia da desavergonhada compra de votos.

O primeiro é a deterioração da renda. 

Os eleitores mais pobres mencionam a economia como fundamental na formação do voto e consideram que R$ 600 de ajuda já não são R$ 600, grana que ainda por cima só será paga até o fim do ano. 

Ou seja, aos olhos do público-alvo a PEC do Desespero chega com pouco. Além de chegar tarde, o segundo fator limita sua eficácia eleitoral. 

Existe um reconhecido time lag entre a aprovação/efetivação de um benefício e a melhora da situação do candidato nas pesquisas. Fala-se de um processo que demanda em torno de meio ano – e faltam menos de três meses para o primeiro turno das eleições.

Para piorar a situação de Bolsonaro, ele está sendo vítima da famosa lei das consequências não intencionais.
Ao dedicar-se desesperado à compra de votos via benefícios sociais, paradoxalmente o presidente reforça a imagem de seu grande oponente – Lula é visto, pelos mais pobres e em termos de atributos, como aquele que melhor garantiria os benefícios para além do horizonte de dezembro estabelecido na PEC do Desespero.

Noutras palavras, a derradeira estratégia de Bolsonaro promete trazer pouquíssimo ganho político, obtido a um enorme custo financeiro e, principalmente, institucional ao País (algo que pouco importa para a política como ela é). 

Provavelmente o presidente nem percebe que foi engolido pelos fatos que pretendia mudar. (por William Waack)

terça-feira, 5 de julho de 2022

O BRASIL PROVA QUE NÃO PASSA DE UMA REPÚBLICA DAS BANANAS

E
timologicamente, autonomia significa dar-se a lei

Criar uma norma e não segui-la é tão ridículo quanto roubar na paciência, um jogo em que o sujeito disputa contra si mesmo. 

Mas é exatamente o que o Brasil está fazendo em relação ao arcabouço de dispositivos que emprestavam alguma credibilidade às contas públicas. 

Eram normas como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a regra de ouro, o teto de gastos, boas práticas orçamentárias e, principalmente, o preceito que proibia políticos de promover gastanças às vésperas de eleições.

Embora vários desses mecanismos tenham sofrido golpes ao longo dos anos, o sistema sobrevivia. Não mais. O Senado aprovou, e a Câmara deve acompanhar, um escandaloso pacote de cerca de R$ 40 bilhões de gastos eleitoreiros, que só terão vigência até dezembro. 

Ainda mais grotesco, a oposição aderiu em massa à farra, em vez de rejeitar a proposta ou pelo menos torná-la menos teratogênica.

Não se trata, por óbvio, de negar que haja uma questão social seriíssima a tratar. A inflação corrói os rendimentos das famílias e a fome, que vinha se tornando um problema cada vez mais restrito, voltou a crescer no país. 

Essa situação, contudo, vem se desenhando pelo menos desde meados do ano passado. Não há nada que tenha acontecido nas últimas semanas que marque o surgimento de uma emergência que inexistia antes.

Meu ponto é que, com um mínimo de planejamento e competência, teria sido possível criar colchões sociais sem sacrificar todo o sistema de controle de gastos. 

O fato de não terem feito isso cria dois problemas: 
1
. o mais imediato é uma bomba fiscal que começará a produzir efeitos em 2023, quando o mundo poderá estar vivendo uma recessão; 
2.  o mais estrutural é a dificuldade que será reconstruir um sistema minimamente crível de controle fiscal. 

Basicamente, nós provamos para o mundo que somos uma república de bananas, incapazes de exercer a autonomia. (por Hélio Schwartsman)

quinta-feira, 30 de junho de 2022

O BOZO PODE PERDER, LULA PODE PERDER, JÁ O CENTRÃO GANHA COM UM OU OUTRO

As charges são do Roque Sponholz
william waack
ESTA, SIM, É
UMA HERANÇA MALDITA
Tanto faz se o pacote para turbinar benefícios sociais é tratado por do desespero ou de emergência. O que ele traduz é apenas desesperada tentativa de Jair Bolsonaro de organizar uma virada nas eleições.

Essa atabalhoada operação política faz parte também do modo de fazer negócios do Congresso. Outros países, como a Alemanha, recorreram a subsídios para atenuar o impacto dos preços dos combustíveis. No Brasil se alteram a Constituição, as regras fiscais e as normas para ano de eleições.

O economista Marcos Mendes listou 95 medidas aprovadas pelo Congresso desde 2015 que ele considera bastante prejudiciais do ponto de vista fiscal – o atual pacote é apenas o exemplo mais recente. 

Não se trata apenas da concessão de benefícios a setores diversos (taxistas, usineiros, turismo). Nesse estado de emergência causado pelos preços de combustíveis o Congresso interferiu também na capacidade dos governadores de arrecadar.

Via decretos legislativos, altera medidas do Executivo para fixar tarifas de energia elétrica, p. ex. Pendura na privatização da Eletrobras dispositivos para favorecer interesses econômicos regionais. E parte para cima da Petrobras com a intenção explícita de controlar a estatal, sob o pretexto de ajudar os pobres.

É interessante notar como essas várias medidas recentes foram aprovadas com maiorias esmagadoras, isto é, direita e esquerda estão votando do mesmo jeito. Não há muita diferença entre esses polos quando se trata de interferir em preços ou arranjar uma forma de gastar mais. 

Cabe ressaltar aqui mais uma vez como o centrão está confortável com a vitória de Bolsonaro ou com a de Lula na eleição.

Bolsonaro não inventou nada disso aí, apenas a sua incompetência política tornou mais fácil o modo business (Marcos Mendes) do Congresso. Sem qualquer plano de governo a não ser continuar no governo, não tem ideia da armadilha que preparou caso se reeleja.

No momento o pacote de emergência serve apenas para tentar evitar perder já em 1º turno, na crença de que o antipetismo o leve à vitória no 2º. Ocorre que as fichas foram todas agora para um conjunto de bondades que, para trazer efeito desejado, precisaria de mais do que os três meses restantes até as eleições.

Para o País, criaram-se um cipoal de judicializações e um profundo descrédito na capacidade do sistema político de levar política fiscal a sério. Achando que o adversário está fazendo o serviço sujo (arrebentar com o teto de gastos), Lula não parece até aqui ter noção do que será – esta, sim – a herança maldita. (por William Waack)

quarta-feira, 29 de junho de 2022

AS LEIS ELEITORAIS EXIGEM QUE O BOZO TENHA A SUA CANDIDATURA ANULADA

EXPLÍCITA COMPRA DE VOTOS
O
presidente Jair Bolsonaro aparentemente não está satisfeito somente em legar ao País a destruição de políticas públicas consolidadas. O Executivo pretende agora ignorar as restrições legais e, às vésperas das eleições, criar um novo programa para ajudar caminhoneiros autônomos com o pagamento mensal de mil reais para a compra de diesel. 

O fato de não haver uma base de dados atualizada sobre o setor ou qualquer estudo sobre as dificuldades dos motoristas não será um empecilho. Como mostrou o Estadão, quem constar de um cadastro genérico e desatualizado da Agência Nacional de Transportes Terrestres estará apto a receber o benefício. 

Ou seja, não há preocupação nem com o foco do programa nem com eventuais fraudes. Para Bolsonaro, só interessa o potencial eleitoral da distribuição de dinheiro. A tentativa de compra de votos é tão explícita que será difícil, para a Justiça Eleitoral, encontrar argumentos para ignorar o crime que está para ser cometido.

Criado por lei em 2007 para servir como referência da estrutura logística do País, o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas  inclui caminhoneiros, mas também motoristas de furgões e de vans. Como a inserção de dados não exige revalidação, basta fazer o cadastro pela internet, o que pode ser realizado tanto pelo profissional quanto pelo sindicato que o representa. 

De acordo com a ANTT, haveria 872.320 transportadores autônomos de cargas no País em 2017, um cenário que sofreu mudanças drásticas após a greve de 2018, quando empresas passaram a operar com frota própria e a contratar transportadoras que formalizam motoristas como empregados.
A frouxidão do controle sobre os beneficiários de programas sociais é um padrão do governo Bolsonaro. Começou com o auxílio emergencial, quando o ministro Paulo Guedes alegou ter descoberto milhões de
invisíveis na pandemia de covid-19 em 2020, ignorando as informações reunidas em mais de 20 anos de existência do cadastro único dos programas sociais. 

À época, a União aceitou pagar R$ 600 para cada um que passasse pelos parcos controles do programa. Ao todo, 67,9 milhões de pessoas, quase um terço da população, foram beneficiadas – quem precisava e quem não precisava. Sabe-se que pelo menos 3,02 milhões de pessoas receberam indevidamente R$ 1,072 bilhão em recursos públicos, segundo relatório da Controladoria Geral da União.

Foi no período de vigência do auxílio emergencial que Bolsonaro registrou seus melhores índices de aprovação. Logo, no raciocínio oportunista que predomina hoje no Palácio do Planalto, a única maneira de impulsionar as chances eleitorais de Bolsonaro seria injetar dinheiro na veia do povo, como classificou em 2020, a propósito do auxílio emergencial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, outrora liberal e hoje completamente alinhado ao populismo ordinário do presidente.

Se o foco do governo estivesse no resgate das famílias mais vulneráveis, como deveria ser, o correto seria investir para zerar a fila de beneficiários do Auxílio Brasil, estimada em 2,78 milhões de famílias, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, e diminuir o longo tempo de espera para agendar um atendimento nos Centros de Referência da Assistência Social. Combater a fome será tarefa impossível sem socorrer os que mais precisam.

Mas a necropolítica bolsonarista não se importa se há brasileiros sem ter o que comer. Hoje, como sempre, Bolsonaro só usa a poderosa caneta presidencial para viabilizar o pagamento do bolsa-eleição

Com esse objetivo, o governo cogita até inventar um
estado de emergência para liberar gastos em ano eleitoral e fora do teto fiscal, algo escandalosamente ilegal. 

Ou seja, Bolsonaro dá de bandeja argumentos para a nulidade de sua candidatura, mas não parece preocupado com isso, pois talvez aposte na impunidade. 

Assim, roga-se que as autoridades eleitorais e judiciais do País não fiquem inertes diante de tal afronta às leis vigentes, especialmente as que determinam igualdade de condições entre os candidatos e as que impõem limites cristalinos aos gastos públicos. (editorial d'O Estado de S. Paulo de 29/06/2022)
 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

TRUMP TEM O TOQUE DE SADIM: APÓS MAXIMIZAR FRACASSOS E ÓBITOS, FEZ DA DERROTA ELEITORAL UM SUICÍDIO POLÍTICO

D
onald Trump tem, sem dúvida, o
toque de Sadim: transformou ouro em excrementos.

Sua derrota eleitoral foi a chamada caçapa cantada, pois:
.
— administrou pessimamente a crise da covid-19, maximizando os óbitos que poderiam ter sido evitados (infelizmente, o genocida junior daqui repetiu tintim por tintim as lambanças e sabotagens do genocida sênior de lá, daí EUA e Brasil serem dois países que não podem deixar de punir com todo o rigor da lei, e não apenas com o ostracismo, os criminosos contra a humanidade que os governaram em 2020;
.
— prometeu melhora econômica e não só fracassou redondamente, como deixa os EUA bem fragilizados para enfrentar a terrível depressão econômica que virá em 2021 (e, de novo, o Bozo não só embarcou em todas as suas canoas furadas, como demonstrou de forma cabal que não conseguirá segurar a onda por aqui, podendo até o número de mortes decorrentes da penúria anunciada superar o recorde brasileiro de letalidade que ele estabeleceu em 2020 com a covid). 
Vários analistas estadunidenses davam como certo que Trump sobreviveria politicamente à derrota, mantendo-se como a principal liderança republicana e com boas chances de voltar à Casa Branca em 2024, caso a performance de Joe Biden não viesse a corresponder às esperanças despertadas.

Ahora no más. A ridícula tentativa de Trump de reverter a derrota no tapetão e a evidência agora surgida de que ele pressionou descaradamente o secretário de Estado da Geórgia (o que, claro, não deve ser caso único, mas sim a ponta de um iceberg) equivaleu a um suicídio político. 

Assim como Richard Nixon não se reergueu após o escândalo de Watergate, Trump acaba de ser aposentado pelo mesmíssimo jornal, o Washington Post. Doravante, nem para comandar reality show será requisitado. 

De resto, tão logo ele perdeu a eleição os lambe-botas da imprensa tupiniquim se puseram a louvar a solidez das instituições estadunidenses, como se o Senado não houvesse falhado miseravelmente quando chamado a impichar Trump. 

Ficou provado que um dos pés do tripé da democracia burguesa de lá já se rompera. O voto para salvar o mandato de um indiscutível culpado foi partidário, de cabresto, já que existiam provas aos montes para abreviar-se seu caótico governo.

E, se lá foram as autoridades eleitorais e a Suprema Corte que bateram com a porta na cara do golpista Trump, aqui também o autogolpe sonhado pelo Bozo foi barrado principalmente pelo STF, enquanto a Câmara Federal se omitia (e continua até hoje se omitindo) de seu dever de autorizar a abertura de um processo de impeachment contra o pior e mais nefasto presidente brasileiro de todos os tempos. 

Nosso país confirma sua tradição de sempre perder o trem da História, tendo demorado uma eternidade para proclamar a Independência (que acabou sendo apenas uma troca da submissão política a Portugal pela submissão econômica à Inglaterra) e a República, dar fim à escravidão, mandar os militares de volta para os quartéis após os anos de chumbo, etc. 

Quantos meses ainda teremos de esperar que caia para os poderosos a ficha de que a onda ultradireitista morreu na praia e está em franco refluxo?

Ou para a esquerda sair às ruas fazer a parte que lhe cabe no processo histórico, ao invés de ficar escondida embaixo da cama, torcendo para 2022 chegar logo ou para que secundaristas, torcedores de futebol e até mesmo  os inimigos de classe retirem o bode da sala em seu lugar, desobrigando-a de sair da sua atual letargia?
 
(por Celso Lungaretti)

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O BOZO DEVERIA IR EM CANA POR CAUSA DO SEU CHILIQUE NAQUELE EPISÓDIO DO "ME SEGURA QUE EU VOU TER UM TROÇO"?

celso rocha de barros
BOLSONARO MERECE
 SER PRESO
A edição da revista piauí deste mês traz uma matéria, assinada por Monica Gugliano, com o título Vou Intervir!. Ela conta a história de uma reunião de 22 de maio, no Palácio do Planalto, em que Bolsonaro teria decidido mandar tropas para fechar o STF.

O plano seria substituir os 11 ministros por 11 puxa-sacos de Bolsonaro, por tempo indeterminado. Uma quartelada vagabunda raiz, nada dessas sutilezas de lenta corrosão democrática Steven Levitsky de que eu vivo falando. O presidente teria sido dissuadido pelo general Heleno, que, para apaziguá-lo, soltou uma nota ameaçando o STF.

A princípio, o governo poderia ter desmentido a matéria, que é baseada em depoimentos concedidos off the record. Nessa situação, cabe ao leitor decidir se confia na reputação da revista —que, no caso da piauí, é impecável.

Entretanto, entre os bolsonaristas a desconfiança com relação à imprensa é generalizada. Se o governo quisesse desmentir a matéria, poderia tê-lo feito e considerado o assunto encerrado dentro da bolha que o elegeu. Não desmentiu.

Houve quem interpretasse que o conteúdo da reunião vazou por interesse do governo, para avisar que o golpismo ainda está vivo. Se for, foi desnecessário: era só mandar o pessoal ler minha coluna, sempre digo isso.
Houve quem suspeitasse que o general Heleno vazou para parecer moderado. Houve ainda uma suspeita de que o governo teria vazado o conteúdo da reunião de propósito, para depois desmoralizar a imprensa com um desmentido (uma gravação, p. ex.). É triste viver num país em que essa suspeita não é absurda.

De qualquer forma, a revelação da piauí não teve repercussão política nenhuma. E a explicação é simples: em geral, só se admite em voz alta aquilo de cujas consequências práticas se está disposto a arcar.

Muito antes da matéria da piauí, todo mundo já tinha visto Bolsonaro tentar o autogolpe em 2020. Mas, se você disser em voz alta que Bolsonaro tentou um autogolpe, a solução é impeachment e cadeia. Se você não puder e/ou não quiser fazer impeachment e cadeia, é mais fácil não dizer em voz alta que Bolsonaro tentou um autogolpe.

Ainda não parece haver correlação de forças para impeachment e cadeia: o centrão está no bolso do governo, o auxílio emergencial ainda deve durar alguns meses. Enquanto for assim, a turma vai fingir que não viu o golpe, os 100 mil mortos, o aparelhamento na Polícia Federal.

Talvez essa correlação de forças não mude nunca. Nesse caso, a fraqueza natural humana fará com que muita gente racionalize que não foi tão ruim assim: 
"Olha só como ele era democrata, até comprou o Roberto Jefferson, todos nós aqui sempre dissemos que isso era a marca do democrata, ninguém aqui nunca reclamou de quem comprava o Roberto Jefferson".
Eu, aqui, não vou racionalizar isso, não.

O dia de trabalho de Bolsonaro durante a pandemia de 2020 se dividiu entre organizar um golpe de manhã, aparelhar a Polícia Federal de tarde e demitir o ministro da Saúde no telejornal da noite.

Se esses crimes ficarem impunes, prefiro viver com o incômodo dessa injustiça e esperar a maré virar. Se não virar, levo o incômodo comigo até o fim. 

Não tenho como fazer acontecer, mas deixo registrado para os leitores do futuro: em 2020, nós sabíamos que Bolsonaro merecia ser preso. Todos nós sabíamos. (por Celso Rocha de Barros)
TOQUE DO EDITOR — O meu xará está certo, claro, mas todos nós também já sabíamos que, numa democracia burguesa de verdade (!), o Bolsonaro sequer disputaria a eleição presidencial, pois estaria no xilindró por incitar o golpismo, negar as atrocidades da ditadura militar e prestar homenagens públicas a torturadores da caserna e a milicianos do crime organizado. 

E, se aqui não fosse uma república das bananas, o 2º turno do pleito jamais teria sido realizado sem que se apurassem as denúncias acachapantes de disparos em massa de fake news, financiados ilegalmente por apoiadores. 

Afora crimes de responsabilidade suficientes para ele ser impichado já terem ocorrido às dúzias antes do ridículo chilique presidencial de 22 de maio último.

Quanto àquele em particular (vide aqui), é óbvio que presidente nenhum pode sair gritando histericamente "Vou intervir!", "Vou intervir!", diante da cúpula do seu (des)governo. 

Mas, é-me difícil levar tal chanchada a sério. Quem realmente pretende dar golpes de Estado, como Pinochet, esconde até o último segundo sua intenção. Alguém que fica berrando para até a mulher do cafezinho escutar quer mesmo é parecer perigoso/poderoso e depois ser dissuadido.

Fiquei me lembrando do Jackson do Pandeiro interpretando (vide abaixo), numa velha chanchada da Atlântida, a marchinha carnavalesca que dizia "Me segura que eu vou ter um troço"... (por Celso Lungaretti

quinta-feira, 9 de julho de 2020

A MESMA ESGOTOSFERA QUE O ELEGEU PODE DERRUBAR BOLSONARO

Nas voltas que a vida dá, o mesmo esquema criminoso montado pelos Bolsonaros nos subterrâneos da internet, desde a campanha eleitoral, e levado para o Palácio do Planalto, que foi escrachado pelo Facebook na 4ª feira (8), agora pode levar à derrocada final do governo. 

Foi o maior golpe sofrido pelo presidente e seus filhos desde a prisão de Queiroz, que pode ser solto a qualquer momento pelo STJ. 
Mas nem vai dar tempo para comemorar. 

As graves revelações feitas pelo Facebook sobre a armação e o funcionamento da fábrica de fake news, dando nomes aos bois, todos eles ligados à rede montada pelo filho Carluxo, o 02, no gabinete do ódio instalado no 3º andar do Planalto, ao lado do gabinete presidencial, devem imediatamente ser requisitadas pelo STF e pelo TSE para subsidiar os processos em andamento. 

Também a CPMI das Fake News, onde Carlos e Eduardo Bolsonaro já são investigados, poderá se abastecer das provas contidas nas 73 contas ligadas ao clã presidencial e aliados, já removidas pelo Facebook, por manipular o uso da plataforma, antes e durante o mandato do capitão. O grande problema é o antes, que pode levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão pelo TSE. 

Certos da impunidade, os Bolsonaros e aliados deram um verdadeiro passeio pelo Código Penal.

A chamada ala ideológica, que costumava tomar café da manhã com o presidente no Alvorada e agora quer indicar um novo ministro da Educação, cuidava de orientar e alimentar a extensa rede da milícia digital, que operava com robôs, nomes falsos e codinomes, que podem inclusive ser encontrados na área de comentários do meu blog. . 

Sob a liderança de um certo Tércio Arnaud Tomaz, de 31 anos, que Bolsonaro pai descobriu na Paraíba e levou para Brasília, depois de abrigá-lo no gabinete do filho Carluxo, na Câmara Municipal do Rio, os integrantes dessa organização criminosa estavam na folha de pagamentos do Palácio do Planalto ou dos gabinetes de parlamentares aliados, todos com crachá, carro oficial e motorista. 

Ou seja, todos eram pagos com dinheiro público para atacar, no horário de trabalho, adversários políticos, instituições e veículos de mídia. 

Os disparos em massa feitos por essa rede atingiam cerca de 2 milhões de pessoas, os bolsonaristas de raiz, que por sua vez compartilhavam o conteúdo por outros tantos voluntários arrebanhados durante a campanha eleitoral. 
Numa entrevista coletiva global, Nathaniel Gleicher, diretor de cibersegurança do Facebook, diz que "em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar e é com base nessa violação de política que estamos agindo". 

As milícias de fake news, importadas da campanha de Donald Trump, podem eleger, mas também derrubar presidentes. 

O Facebook, que não pode ser chamado de comunista, nos fez esse favor: escancarou as entranhas da esgotosfera que elegeu Bolsonaro, com seus kits gay e mamadeiras de piroca. 

Confinado no Alvorada, depois de contrair o coronavírus, o presidente Bolsonaro ainda não havia se manifestado sobre essa denúncia até o momento em que comecei a escrever esta coluna. 

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

quarta-feira, 17 de junho de 2020

NO CREPÚSCULO DO SEU (DES)GOVERNO, BOLSONARO VESTE A PELE DE CORDEIRO E TENTA DESPERTAR COMPAIXÃO. PATÉTICO!

Quando acreditava possuir poder suficiente para impor sua vontade à nação, Jair Bolsonaro rugia: "Eu sou a Constituição". 

Quando os adversários de seu projeto absolutista o acuam nas cordas, ele se lamuria de forma tão hipócrita que, ao invés de atrair comiseração, provoca risos: 
"Não houve, até agora, nenhuma medida que demonstre qualquer tipo de apreço nosso ao autoritarismo, muito pelo contrário".
Percebendo que a contagem regressiva para o final do seu (des)governo ganha velocidade a cada momento, Bolsonaro acaba de divulgar nas redes sociais uma carta tão longa quanto piegas, concebida por alguém com uma mínima capacidade de escrever coisa com coisa (o que, evidentemente, não é o caso do próprio Bozo).
Dou meus parabéns ao ghost writer: ele tirou leite de pedra! O diabo é que passado e  presente do suposto autor daquelas linhas as torna totalmente inverossímeis. 

Nunca a expressão lobo em pele de cordeiro foi tão apropriada. 

Se Bolsonaro tivesse capacidade para escrever tal carta e se fossem  essas as suas convicções sinceras, não haveria tamanha urgência no seu afastamento do poder como condição sine qua non para evitarmos que o povo brasileiro venha a sofrer sua pior tragédia humanitária e amargar a depressão econômica mais rigorosa em todos os tempos.

Como a credibilidade de quem assina a carta é zero, considero absoluta perda de tempo expor as mentiras cabeludas e as forçações de barra a que o coitado do ghost writer teve de recorrer quando descascava o abacaxi, ou seja, ao tentar defender o indefensável.

Para quem quiser ler uma desconstrução parágrafo por parágrafo dessa peça de propaganda enganosa, sugiro que acesse a coluna do Reinaldo Azevedo no UOL. Ele é mais minucioso e bate em bêbado com maior prazer do que eu...    

Só para dar uma ideia, eis como o RA respondeu ao trecho da carta acima citado (o ghost writer levantou a bola para quem quisesse marcar o ponto e ele o fez de forma devastadora):
"Não é verdade nem nos valores que vocaliza nem nos atos que pratica:
 — prestigia manifestações em defesa do fechamento do Congresso e do Supremo;
— ameaça a política com a intervenção das Forças Armadas; 
— apoia grupos que discriminam minorias e incentivam a intolerância; 
— deu início ao desmonte de políticas ambientais sensatas sob o pretexto de combater exageros, o que prejudica a economia brasileira; 
— incentiva a invasão de terras indígenas; 
— agride bens protegidos pela Constituição com uma política e um discurso verdadeiramente homicidas para enfrentar a pandemia;
— confessa que está facilitando o armamento da população com vistas à guerra civil. 
É o suficiente para começar a conversa?".
.
Eu avalio como suficiente para encerrar a conversa. Em se tratando de uma carta assinada por alguém que realmente fez tudo isso de que o RA o acusa, que necessidade temos de conhecer as demais lágrimas de crocodilo que o dito cujo derrama quando sente o laço apertar-lhe o pescoço?! (por Celso Lungaretti)    
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