O péssimo exemplo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, começa a dar seus frutos azedos.
Já que a suprema corte do País está consentindo em que ele promova um verdadeiro festival de arbitrariedades no afã de derrubar no grito o presidente da República, os figurões do PT devem ter concluído que esse é o caminho das pedras: imporem, também no grito, a absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Assim, às vésperas de o juiz Sérgio Moro anunciar a sentença do primeiro processo finalizado do Lula, o presidente do PT de Patópolis... ôps, quer dizer, do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, como um Donald Duck destrambelhado, grasnou:
"Queremos, a partir do Rio de Janeiro, dizer em alto e bom som: condenar Lula sem provas é acabar de vez com a democracia! Se fizerem isso, se preparem! Não haverá mais respeito a nenhuma instituição e esse será o caminho para o confronto popular aberto nas ruas do Rio e do Brasil!".
Poderíamos pensar que se tratasse apenas de um tico-tico (talvez seja mais apropriado dizer patinho) da política metendo os pés pelas asas. Afinal, quando era prefeito de Maricá (atualmente está inelegível devido a uma condenação por abuso de poder político) o tal Quaquá já chamava a atenção por, nas redes sociais, incitar seus seguidores a darem porrada nos adversários
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Quaquá imitando carcará: pega, mata e come! |
Mas, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, também insinuou uma ameaça:
"Nossa militância segue atenta e mobilizada para, junto com outros setores da sociedade brasileira, dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja a absolvição completa e irrestrita de Lula".
Se o Quaquá e a Hoffmann têm a intenção oculta de se verem livres do Lula por um bom tempo, fizeram o certo: tal bravata ridícula poderá, isto sim, fazer o julgador pagar pra ver. Parafraseando os versos de uma ópera-rock sobre Cristo, isto é o que se esperaria de qualquer superstar...
O mais sensato, evidentemente, seria Lula manter a questão no terreno jurídico, sem blefes inverossímeis nem estardalhaço pueril, pois há um longo caminho entre a condenação em primeira instância e o cumprimento de uma pena de prisão. Se agir com tirocínio e sutileza, ele jamais verá o sol nascer quadrado.
Mas, como eu já disse noutras ocasiões, se evitar as grades, no caso dele, seria relativamente fácil, difícil mesmo será o PT ter um desempenho satisfatório nas eleições de 2018 caso o Lula não concorra.
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E se o Moro pagar pra ver? |
A péssima performance nas eleições municipais de 2016 deve estar tirando o sono dos dirigentes petistas. Então, o empenho deles será no sentido de preservar a possibilidade de Lula disputar o pleito presidencial, mesmo estando carecas de saberem que pesquisas eleitorais realizadas 15 meses antes da ida às urnas são ilusórias.
Mas, ainda que não se eleja (a possibilidade mais plausível, numa análise desapaixonada), Lula poderá fazer a diferença como puxador de votos, evitando um novo e acentuado encolhimento do partido.
Este é o xis da questão: terceiro mandato fora, não faria sentido nenhum Lula e seus apoiadores cutucarem a onça com vara curta, pois a cana é dura para septuagenários.
Já para o partido, será melhor se ele correr todos os riscos, mesmo que prejudicando suas chances de não ter de cumprir pena de prisão.
E para o povo brasileiro? Aí a coisa pega: numa situação tão explosiva como a atual, estimular a militância petista a não acatar sentenças da Justiça, confrontando-a, poderá ter consequências terríveis.
É uma briga que a esquerda não pode ganhar neste instante, então deveria fazer de tudo para a evitar. Quando os podres Poderes já estão mais do que desmascarados como meros biombos da dominação capitalista, perspectiva eleitoral nenhuma compensa o risco de, acendendo um fósforo no momento errado, botarmos fogo no circo, precipitando o advento de uma nova ditadura.