quarta-feira, 28 de junho de 2017

AVISO AOS INSENSATOS: BRAVATA TEM HORA. E NÃO É AGORA!

O péssimo exemplo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, começa a dar seus frutos azedos.

Já que a suprema corte do País está consentindo em que ele promova um verdadeiro festival de arbitrariedades  no afã de derrubar no grito o presidente da República, os figurões do PT devem ter concluído que esse é o caminho das pedras: imporem, também no grito, a absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, às vésperas de o juiz Sérgio Moro anunciar a sentença do primeiro processo finalizado do Lula, o presidente do PT de Patópolis... ôps, quer dizer, do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, como um Donald Duck destrambelhado, grasnou:
"Queremos, a partir do Rio de Janeiro, dizer em alto e bom som: condenar Lula sem provas é acabar de vez com a democracia! Se fizerem isso, se preparem! Não haverá mais respeito a nenhuma instituição e esse será o caminho para o confronto popular aberto nas ruas do Rio e do Brasil!"
Poderíamos pensar que se tratasse apenas de um tico-tico (talvez seja mais apropriado dizer patinho) da política metendo os pés pelas asas. Afinal, quando era prefeito de Maricá (atualmente está inelegível devido a uma condenação por abuso de poder político) o tal Quaquá já chamava a atenção por, nas redes sociais, incitar seus seguidores a darem porrada nos adversários 
Quaquá imitando carcará: pega, mata e come!

Mas, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, também insinuou uma ameaça: 
"Nossa militância segue atenta e mobilizada para, junto com outros setores da sociedade brasileira, dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja a absolvição completa e irrestrita de Lula".
Se o Quaquá e a Hoffmann têm a intenção oculta de se verem livres do Lula por um bom tempo, fizeram o certo: tal bravata ridícula poderá, isto sim, fazer o julgador pagar pra ver. Parafraseando os versos de uma ópera-rock sobre Cristo, isto é o que se esperaria de qualquer superstar...

O mais sensato, evidentemente, seria Lula manter a questão no terreno jurídico, sem blefes inverossímeis nem estardalhaço pueril, pois há um longo caminho entre a condenação em primeira instância e o cumprimento de uma pena de prisão. Se agir com tirocínio e sutileza, ele jamais verá o sol nascer quadrado.

Mas, como eu já disse noutras ocasiões, se evitar as grades, no caso dele, seria relativamente fácil, difícil mesmo será o PT ter um desempenho satisfatório nas eleições de 2018 caso o Lula não concorra. 
E se o Moro pagar pra ver?
A péssima performance nas eleições municipais de 2016 deve estar tirando o sono dos dirigentes petistas. Então, o empenho deles será no sentido de preservar a possibilidade de Lula disputar o pleito presidencial, mesmo estando carecas de saberem que pesquisas eleitorais realizadas 15 meses antes da ida às urnas são ilusórias. 

Mas, ainda que não se eleja (a possibilidade mais plausível, numa análise desapaixonada), Lula poderá fazer a diferença como puxador de votos, evitando um novo e acentuado encolhimento do partido.

Este é o xis da questão: terceiro mandato fora, não faria sentido nenhum Lula e seus apoiadores cutucarem a onça com vara curta, pois a cana é dura para septuagenários. 

Já para o partido, será melhor se ele correr todos os riscos, mesmo que prejudicando suas chances de não ter de cumprir pena de prisão.

E para o povo brasileiro? Aí a coisa pega: numa situação tão explosiva como a atual, estimular a militância petista a não acatar sentenças da Justiça, confrontando-a, poderá ter consequências terríveis. 

É uma briga que a esquerda não pode ganhar neste instante, então deveria fazer de tudo para a evitar. Quando os podres Poderes já estão mais do que desmascarados como meros biombos da dominação capitalista, perspectiva eleitoral nenhuma compensa o risco de, acendendo um fósforo no momento errado, botarmos fogo no circo, precipitando o advento de uma nova ditadura.

4 comentários:

Anônimo disse...

A veemência na defesa de Michel o transforma no paladino do devido processo legal. Isto desde que o acusado não seja petista. Duas notícias recentes, talvez, tendo em vista que em tempos de internet tornaram-se velhas:
- A absolvição do Vaccari pelo TRF-4, devido a sua condenação acontecido apenas com delações sem as devidas provas comprobatórias;
- A peça do ministério público federal pedindo a condenação do Lula com base apenas em delações, sem as devidas provas comprobatórias.
O septuagenário Lula deve baixar a bola para tentar evitar a cana dura, mesmo quando a fundamentação da acusação é uma delação premiada, apenas ela. Enquanto o quase octogenário Michel deve espernear para fugir da cana dura...
Não consigo ver diferenças, quando o assunto é a lava a jato, entre você, Reinaldo Azevedo e Gilmar Mendes. Vivendo e aprendendo.

celsolungaretti disse...

Explicando o óbvio:

1) A veemência é no ataque ao complô Janot-Globo, não em defesa desse anão político chamado Temer.

2) Também não acredito na Justiça burguesa, mas, já que somos obrigados a viver sob ela, acho uma palhaçada o que o Janot e o Fachin estão fazendo: um festival de arbitrariedades jurídicas e de manipulação da opinião pública. Já que pariram a ridícula Constituição Federal de 1988, que pelo menos o procurador-geral e os ministros do STF a levem a sério...

3) Nunca me posicionei sobre detalhes da Operação Lava-Jato porque sempre considerei que o combate à corrupção é história sem fim enquanto estivermos sob o jugo do capitalismo. Se você olhar cuidado, verá que meus artigos têm sido, o tempo todo, sobre aspectos laterais e não na linha "a acusação procede ou o réu é inocente?". E ultimamente tenho escrito mais sobre isso porque a coisa saiu do terreno jurídico-policial, passando a prevalecer uma nova prioridade: agora se trata de complô para derrubada de presidente.

4) O septuagenário Lula deve se restringir à batalha legal e nem pensar em desacatar a Justiça e insuflar reações nas ruas, como fizeram o Quaquá e a Gleisi, pois a esquerda não se preparou para travar este tipo de batalha e inevitavelmente a perderia. Foi isto que eu escrevi. Tudo de que não precisamos neste momento é de incendiários. Uma radicalização agora teria grande chance de desembocar numa nova ditadura. É o pior que nos poderia acontecer.

5) Só mesmo com muita má fé e total desonestidade intelectual alguém pode fazer as comparações que fez na última linha. Você precisa aprender a perder discussões sem apelar para golpes baixos.

Anônimo disse...

Votei no Lula em 1989, 1994, 1998 e 2002. Com o caso Waldomiro Diniz, logo no início do primeiro mandato, joguei a toalha. Depois disto não votei nele em 2006 e nem na Dilma, nas suas duas vitórias. Entre 2004 e 2013 quase fui abduzido pelo lado sombrio. Com os protestos sem causa de 2013 revi o posicionamento que havia adotado. Depois o modus operandi da farsa apenas confirmou a minha análise sobre o que estava ocorrendo.

Cursei Direito, mas desisti no quinto ano. Não tenho estômago para conviver com a casta togada. Não era mau aluno. Sempre gostei mais do penal, portanto estudava com maior prazer e dedicação as matérias da área. Mesmo com o pouco que aprendi vi (e reconheci) os abusos sendo cometidos em sequência, e a cada nova etapa da operação eles ressurgiam com ainda maior gravidade. Os direitos e garantias individuais foram considerados indesejáveis nesta cruzada dos fariseus. Não esquecendo o apoio dos que protestavam, mas não contra a corrupção, mas sim contra um grupo político que significava para eles uma ideologia que odeiam. Mesmo que ela existindo apenas nas próprias cabeças. ´

Se os governos da Dilma e do Lula deram seguimento ao jeito brasileiro de fazer política, além de privilegiarem a elevação do pobre a consumidor e não a cidadão, erraram. Porém, o espetáculo macabro protagonizado pelos heróis da classe mofada e rançosa não me permitiu manter a neutralidade. Tratar estes três anos de farsa como uma ação legítima e isenta foi impossível. Alguns estão acordando com as flores já pisoteadas e o cão acuado.

P.S. Desculpe-me se o ofendi com as comparações.

celsolungaretti disse...

Tudo depende de onde se quer chegar. Você quer um capitalismo menos predador e uma democracia burguesa que siga seus próprios valores. Eu sei que o capitalismo será sempre iníquo, já que é um edifício erguido sobre a exploração do homem pelo homem. E sei que a democracia burguesa servirá sempre para coonestar tal exploração, vendendo ao cidadão comum a ilusão de que seja imparcial, quando está a serviço da classe dominante. Muitos dizem que os sonhos da esquerda ideológica (não confundir com a ralé atrás de boquinhas) são utópicos, mas o de alguém como você nem isto é. Está mais para improbabilidade absoluta. Há situações históricas em que os homens se unem por uma questão de sobrevivência e se organizam de forma racional, ou seja, colocando o bem comum como prioridade e não a ganância e os interesses mesquinhos. Mas, no atual estágio de decadência do capitalismo, não haverá mais nenhum "capitalismo com face humana". Doravante, será apenas ogro com cara de ogro.

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