sexta-feira, 30 de junho de 2017

EIS COMO O PT JUSTIFICA A PARTICIPAÇÃO NOS PODRES PODERES E A 'INFORMALIDADE' NO FINANCIAMENTO PARTIDÁRIO

Ao ler, por acaso, a notícia do site Dagobah, de que o PT publicara e depois retirara do ar uma das contribuições ao seu 6º congresso, fiquei interessado em conhecer o motivo de tão insólita autocensura.

Trata-se do artigo A esquerda e o processo eleitoral, o terceiro de uma série sobre A corrupção no Brasil, de autoria da Articulação de Minas/CNB. O Dagobah, utilizando um mecanismo de recuperação do Google, conseguiu acesso à página censurada. E exagerou a importância da dita cuja:
"...eles confessam que fizeram. Confessam que sabiam exatamente o que fizeram. Confessam que acham legítimo o que fizeram. Isso só pode levar a uma coisa: a extinção do registro do PT".
Menos, pessoal, menos. Se ao menos fosse uma nota oficial da direção nacional, poderíamos pensar em consequências legais. Mas, da forma como está, não serve para respaldar nenhuma medida drástica contra o partido.

Achei pitoresca, no entanto, a precisão com que o tal artigo resume a trajetória negativa percorrida pelo PT, começando pela superestimação desmedida e desmedidamente oportunista da democracia burguesa, para culminar na defesa do vale tudo arrecadatório para poder disputar eleições em pé de igualdade com os "partidos neoliberais".  

Eis a síntese por mim montada, cortando o muito que havia de supérfluo. Sobrou uma sequência de trechos que deveria ser reproduzida em todo e qualquer manual do que partidos e organizações de esquerda não devem pregar nem fazer:
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"Para aqueles que almejam construir outra esfera institucional como espaço de poder para o conjunto da sociedade brasileira, tal como conselhos populares, representações sindicais, naturalmente, a disputa do parlamento ou do executivo do Estado brasileiro poderia ser secundarizada. Nessa abordagem, se busca destruir o 'aparelho estatal burguês' e erigir em seu lugar os organismos de poder do proletariado. No entanto, para a lógica amplamente aceita pela maioria do Partido dos Trabalhadores, ao contrário, a disputa das instituições de Estado é fundamental. 

... O que o Partido dos Trabalhadores tem por meta é permitir que o movimento popular ocupe o seu justo espaço nessa construção democrática, o que já observamos ser um imenso desafio histórico para o Brasil. Então, o principal espaço de interseção com as múltiplas classes sociais, setores profissionais e partidos políticos são justamente as instituições de Estado, tal qual o parlamento e o poder executivo.

...A disputa eleitoral é estratégica para o Partido dos Trabalhadores e não a menos importante. O projeto que o PT defende para o país será ampliado na sociedade e no Estado e terá mais visibilidade social através de suas vitórias eleitorais e de sua atuação no Estado.

Sob essa lógica, vale resgatar uma das leis da guerra. O contendor que se dispõe a investir mais fortemente contra o seu adversário será quem determinará o ritmo do combate. Em outras palavras, se o adversário se dispõe a utilizar armas ainda mais pesadas, cabe igualar as condições deste ou se retirar do conflito.

Na situação exposta acima, como o PT poderia disputar eleições sem recursos enquanto todos os partidos neoliberais o tinham de sobra e de várias fontes? Seria impossível disputar com chances de vitória sem os instrumentos necessários. É perfeitamente lógico que o Partido dos Trabalhadores, apresentando um projeto ao país, disputando um novo rumo para a nação, tenha buscado se financiar para tal. [Já] Para aqueles cujo objetivo é a subversão das instituições vigentes é perfeitamente plausível ignorar as necessidades da disputa ou para outros, apenas repassar a terceiros a tarefa, fingido-se de que nada tem haver com isso".

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