terça-feira, 10 de outubro de 2023

COMO A HISTÓRIA SE REPETE, VALE A PENA LER DE NOVO: "ISRAEL É O 4º REICH".

Os judeus criaram os kibutzim.

Para os jovens, explico: tratou-se da experiência temporariamente mais bem sucedida, em todos os tempos, de comunidades coletivas voluntárias, praticantes do igualitarismo – na linha do que Marx e Engels classificaram como socialismo utópico.

O verbete da Wikipedia, neste caso, é rigorosamente correto:
"Combinando o socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista, os kibutzim são uma experiência única israelita e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. 
Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo. 
Enquanto que os kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópicas, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa.  
Hoje, em alguns kibutzim há uma comunidade comunitária e são adicionalmente contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal".
O primeiro kibutz surgiu na década de 1880
O BUND E A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA
– Os judeus também desempenharam papel bem significativo no movimento socialista, principalmente por meio do Bund, que existiu entre as décadas de 1890 e 1930 na Europa.

Vale a pena lembrarmos como eles contribuíram para a revolução soviética, aproveitando um excelente artigo de Saul Kirschbaum, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas da USP :
"A crescente urbanização e proletarização dos judeus, que deixavam para trás suas aldeias empobrecidas em busca de novas perspectivas de vida, fez emergir o movimento socialista judaico na segunda metade da década de 1870. 
Nos dez anos que se seguiram, desenvolveu-se a luta organizada dos trabalhadores pela melhoria de suas condições. Associações de operários organizaram greves em várias cidades da região de assentamento judaico. Representantes da intelligentsia, em sua maioria estudantes, começaram a formar círculos de trabalhadores para a disseminação de ideias socialistas. 
Aglutinando todos esses esforços, a ideia de que os judeus em geral e os trabalhadores judeus em particular tinham seus próprios interesses, e por isso precisavam de uma organização própria para atingir seus propósitos, disseminou-se rapidamente entre os ativistas. 
E
Esquerda judaica repudiava o sionismo
Por fim, representantes dos círculos socialistas reuniram-se em Vilna em outubro de 1897 para fundar a União Geral dos Trabalhadores Judeus na Lituânia, Polônia e Rússia, conhecida em ídiche como Der Bund. 
O Bund não se via somente como uma organização política, e devotou grande parte de sua atividade à luta sindical. Seu programa, formulado no primeiro encontro, via como objetivo principal a guerra contra a autocracia czarista. 
O Bund também não se considerava um partido separado, mas parte da socialdemocracia russa, que existia na forma de grupos e associações dispersos. Por causa de sua força, o Bund teve papel decisivo na criação, em março de 1898, do Partido Social Democrata de toda a Rússia, que viria a tornar-se o Partido Comunista. 
As atividades do Bund cresceram e sua influência sobre o público judeu aumentou depois que começou a organizar unidades de autodefesa no período dos pogroms de 1903 a 1907. Desempenhou papel ativo na revolução de 1905, quando tinha atingido 35 mil membros. 
Mas o Bund não foi o único partido a atuar entre as massas judaicas. A extensa atividade política que se seguiu à fracassada revolução de 1905 permitiu a ação de outros três partidos judaicos: o Partido Sionista Socialista dos Trabalhadores, (...) o Partido Judaico Socialista dos Trabalhadores (...) e finalmente o Partido Social Democrata dos Trabalhadores. 
Trotsky (de óculos, ao lado de Lênin) era um de vários líderes da revolução soviética de 1917
que tinham ascendência judaica. Isto seria utilizado mais tarde contra ele pelos stalinistas
.

A revolução que irrompeu na Rússia no início de 1917 pôs fim ao regime czarista e implantou uma república chefiada por um governo provisório. O novo governo aboliu as discriminações e outorgou aos judeus plena igualdade de direitos. 

Os partidos judeus, que tinham restringido ou mesmo totalmente suspendido suas atividades durante o período reacionário que se seguiu a 1907, despertaram para grande atividade. Após a proibição imposta durante os anos de guerra sobre todas as publicações em caracteres hebraicos, as editoras em hebraico e ídiche retomaram suas atividades, e surgiram dúzias de periódicos e jornais. 
...a revolução soviética provou ser possível uma abordagem nova e bem-sucedida para os conflitos nacionais, por meio da criação de um estado multinacional – uma nova forma de diferentes povos conviverem num mesmo território sobre uma base de igualdade nacional. 
Abordagem que, na época em que vivemos, parece ter sido esquecida e negligenciada em toda parte".
No Gueto de Varsóvia, sob a mira dos nazistas
DE MÉDICO A MONSTRO
  Durante longo tempo, a propaganda reacionária apresentou o movimento socialista internacional como uma conspiração judaica para dominar o mundo.

Na segunda metade do século passado, entretanto, Israel viveu sua transição de Dr. Jekill para Mr. Hyde. Virou ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, responsável por genocídios e atrocidades que lhe valeram dezenas de condenações inócuas da ONU.

Até chegar ao que é hoje: um estado militarizado, mero bunker, a desempenhar o melancólico papel de vanguarda do retrocesso e do obscurantismo.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, acaba de determinar ao seu gabinete que estude a possibilidade de propor alterações à legislação de guerra internacional a fim de adaptá-la à necessidade de conter a expansão do terrorismo no mundo.

Uma tese que conhecemos muito bem, pois martelada dia e noite nos sites e correntes de e-mails das viúvas da ditadura: a de que o combate ao terrorismo justifica violações dos direitos humanos. Eufemismos à parte, esta é a essência da proposta do premiê israelense.

E, se os totalitários daqui tudo fazem para salvar de punições aqueles que cometeram crimes em seu nome, os de lá não ficam atrás: Netanyahu determinou também a criação de uma comissão para defender as autoridades de Israel das acusações de crimes de guerra que lhes possam ser feitas por tribunais internacionais.
Na Faixa de Gaza, sob as bombas israelenses
Ou seja, face ao repúdio universal dos massacres que perpetrou em Gaza na última virada de ano, Israel se prepara para radicalizar sua posição: defenderá genocidas, ao invés de os punir, como qualquer nação civilizada faria; e quer mudar as leis da guerra, para que passem a considerar lícitas e justificadas campanhas em que morrem 1.400 de um lado e 13 do outro.

Israel não tem mais nada a ver com os ideais que inspiraram os kibutzim e o Bund.

Está mais para um IV Reich. Nazista, como o anterior. (por Celso Lungaretti, em 29/03/2011)
TOQUE DO AUTOR – Este foi meu artigo mais retaliado de todos os tempos, inclusive por um grande jornalista de origem judaica que, pelo papel que havia desempenhado na resistência da imprensa à ditadura militar, eu supunha ser capaz de colocar o pensamento crítico acima do ranço chauvinista. 

No entanto, a bestial retaliação do país Israel ao movimento Hamas, vitimando civis palestinos de forma indiscriminada, serve como confirmação de que eu estava certíssimo 12 anos atrás. Não retiro uma vírgula sequer  do que escrevi então.

É um assombro os descendentes das vítimas do Gueto de Varsóvia terem a cara de pau de repetirem praticamente o mesmo tratamento contra as vítimas da Faixa de Gaza, chegando ao cúmulo de qualificarem os combatentes do Hamas de terroristas, quando terrorismo muito mais condenável (porque partido de uma nação) é aquele no qual Israel está incidindo!

Repudio firmemente a estratégia imoral do Hamas, ao atrair massacres contra o povo palestino, pois até as pedras das ruas sabiam que Israel reagiria com desumanidade extremada.

Mas, o vilão maior da História é e sempre será Israel, enquanto insistir em impor sua belicosa presença numa região onde não passa de corpo estranho. 

Só fanáticos obtusos confundem milenares textos religiosos com  registros de terras em cartório. Os judeus merecem, sim, ter um país para chamar de seu, mas não onde são uma minoria que mantém aquela região em estado de guerra há mais de sete décadas. (CL) 

3 comentários:

SF disse...

***
"Se avexe não", já dizia Santana, o cantador nordestino.
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Todo mundo já sacou que o ataque do Hamas serviu a Nataniel.
A estratégia de comover o público com imagens chocantes, desde a guerra do Vietnã, já não chocam mais.
Filmes gore e mal dirigidos, games realistas e ultra-violentos, música monocórdia, slogans e clichês, a banalização do mal (já dizia outra Ana),fizeram seu trabalho. Entorpeceram de tal modo o sentido de beleza inerente a condição humana que ninguém tá nem aí.
***
Soube que um fundo de ações despejou milhares de TASA (Taurus) ontem.
Não há quem acredite naquelas guerras anacrônicas.
Já foi.
Teve sua era.
***
Outra coisa difícil de acreditar é que não sabiam do ataque.
Os caras são ponta de lança em I.A. e espionagem.
***
"Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada"... que é o mais provável.
***
"A lição sabemos de cor... só nos resta aprender".
***

Tulius disse...

Olá, Celso
E eles têm a mídia venal a seu favor.
Usam e abusam da semântica, "os soldados judeus não matam, mas sim neutralizam os terroristas"...e o terrorismo de Estado virou "autodefesa".

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2022/09/14/o-horror-de-sabra-e-chatila-ainda-vivo-entre-os-sobreviventes-do-massacre-no-libano.htm

celsolungaretti disse...

Afora as mortes causadas pelos maciços bombardeios israelenses, o bloqueio total da Faixa de Gaza (incluindo alimentos, eletricidade e combustível) caracteriza crime contra a humanidade. A tendenciosidade da imprensa canalha nunca ficou tão evidenciada quanto no episódio atual.

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