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sexta-feira, 30 de julho de 2021

NOS QUASE 30 ANOS DE ATUAÇÃO MEDÍOCRE NA CÂMARA, O GENOCIDA SÓ APRENDEU A MENTIR, A CORROMPER E A MAMAR

ruy castro
POR TRÁS DA BOÇALIDADE
Você já viu pelo menos um pronunciamento oficial de Jair Bolsonaro. Ele fala sentado a uma mesa numa sala, tendo ao fundo uma indefesa bandeira nacional e uma simulação de biblioteca. Os livros, comprados pelas cores das lombadas, estão ali para sugerir compostura e reflexão. 

Inútil, porque o que sai pela boca do orador, em forma, conteúdo, expressão, timbre e dicção, revela um analfabeto funcional –aquele que, tecnicamente alfabetizado, capaz de reconhecer as letras, despreza o pensamento abstrato, por não lhe servir para nada. Segundo pesquisas, o brasileiro médio lê 4,96 livros por ano. Já é pouco, mas Bolsonaro deve levar 4,96 anos por livro.

Nesses pronunciamentos, Bolsonaro se faz acompanhar de um dois de paus, que não abre a boca, e de um tradutor ou tradutora de libras, cuja função é levar os palavrões e grosserias de Bolsonaro aos deficientes. 

Há dias, quando ele evacuou sua imortal declaração "Caguei! Caguei pra CPI!", a intérprete de libras era uma patusca senhora de óculos. Conhecendo Bolsonaro, e pelo desembaraço com que traduziu o desaforo –nem sombra de titubeio–, já deve ter um estoque de porras, não f.... e PQPs em seu vocabulário. 

A não ser que emita uma tradução asséptica, caso em que merecerá um sonoro esporro por desfigurar o estilo do patrão.

Não quer dizer que Bolsonaro seja um ignorante. Seus poucos e inglórios anos de Exército só lhe serviram para aprender a lavar cavalos, pintar postes e atirar, mas os quase 30 de Câmara dos Deputados, mesmo na Terceira Divisão, o ensinaram a mentir, corromper e mamar.

Ensinaram-lhe também a se cercar de ideólogos que, estes, sim, leitores atentos, lhe sopram o que fazer para invadir legalmente as instituições e dominá-las por dentro –os instrumentos da democracia que permitem trabalhar contra ela própria.

O Bolsonaro boçal é só uma frente. O perigo está no que isso esconde. (por Ruy Castro)

sexta-feira, 25 de junho de 2021

SEGUNDO RUY CASTRO, O BOZO FEZ DE NÓS UM PAÍS "DE MERDA" (OU, COMO DIZ O DITO CUJO, "DE MARICAS, IDIOTAS E OTÁRIOS")

ruy castro
A TERRA TREME SOB BOLSONARO
Um dia, quando se escrever a história do Brasil à luz da macheza de alguns presidentes, será instrutivo ler a respeito de, entre outros, Floriano Peixoto, Arthur Bernardes, Getulio Vargas, João Batista Figueiredo, Fernando Collor e Jair Bolsonaro:
— alguns, como Floriano, Figueiredo e Collor, eram grosseiros, cafajestes;
— outros, como Bernardes e Getulio, falavam macio para esconder a crueldade;
— todos, um dia, bateram o pau na mesa presidencial; e
— todos ficaram mal na história.

Mas nenhum tão primário, estúpido e cruel quanto Bolsonaro. 

Seu estilo de governar às bofetadas, inspirado em Átila, Vlad Dracul e Mussolini, já é um marco na história da boçalidade:
— n
inguém, em tão pouco tempo, desrespeitou tanto uma nação e seu governo, suas instituições e sua dignidade;
— ninguém nos reduziu tão bem a um país de merda –ou, segundo o próprio Bolsonaro, de maricas, idiotas e otários;
— ninguém rebaixou tanto o Brasil aos olhos internacionais;
— ninguém tornou tão difícil ser brasileiro em terras estrangeiras, por ter de responder por um país que não reconhecemos nem é mais nosso;
— ninguém nos tornou tão irreconhecíveis aos nossos próprios olhos –a cada dia que o deixamos no poder, nos acanalhamos como povo; e
— ninguém levou tantos de nós à morte, de maneira tão consciente e premeditada, contando com a nossa omissão e insensibilidade.

Jair Bolsonaro faz tudo isto cercando-se de capangas de bíceps e pescoços ameaçadores, peritos em armas de fogo, oriundos dos quartéis, academias e esgotos, muitos cavalgando motocicletas. 

Ele próprio é um centauro a motor, metade cavalo e a outra metade também. Se alguém o desafia, os políticos a seu soldo se juntam e partem para a intimidação. 

Mas a terra treme sob ele a uma palavra –corrupção.

É a hora. A partir de agora, diante das denúncias que começam a vir à tona, é que saberemos o seu quociente de macheza. (por Ruy Castro)

quarta-feira, 26 de maio de 2021

O HOMENZINHO CHAMADO PAZUELLO PAGOU CARO POR TER PACTUADO COM JAIR MEFISTÓFELES: PERDEU TAMBÉM A HONRA .

josias de souza
NOME DO PROBLEMA É BOLSONARO, NÃO PAZUELLO
Quando um general da ativa participa de um comício, ignorando o Estatuto Militar e o Regulamento Disciplinar do Exército, que proíbem a participação de oficiais em atos políticos, fica evidente que o Estado tem um problema. 

Esse problema tem nome e sobrenome. Muitos o chamam de Eduardo Pazuello. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastaria o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, divulgar uma nota oficial para distanciar os quarteis da política e informar que a transgressão não ficaria sem uma resposta adequada. 

Após ouvir os membros do Alto Comando do Exército, o comandante Paulo Sérgio abriu procedimento disciplinar contra Pazuello. Pretendia divulgar uma manifestação escrita sobre a participação do general no comício de Bolsonaro no domingo (23/05), no Rio de Janeiro. Chegou a se entender com o ministro da Defesa, o também general Braga Neto. De repente, deu meia-volta. 

Estrela do comício que transformou Pazuello num transgressor, Bolsonaro vetou a divulgação da nota, impondo o silêncio ao Exército. Ficou no ar uma dúvida sobre a autonomia do Exército para impor uma punição adequada a Pazuello —vai de mera advertência à suspensão, passando pela prisão por até 30 dias.

O vice-presidente Hamilton Mourão entendeu rapidamente a natureza do problema. Já na 2ª feira (24/05), Mourão declarou que Pazuello sabia que cometera um erro e já havia inclusive colocado a cabeça no cutelo, à espera de uma punição. 

Mourão sabe como essas coisas funcionam. Em 2014, quando comandava a prestigiosa tropa do Sul, o agora vice-presidente meteu-se numa polêmica política. 

Perdeu o comando. E resignou-se, conforme disse na época:
"Andei extrapolando o tamanho da minha cadeira. E a autoridade do comandante não pode deixar de ser exercida"
Bolsonaro também não desconhece esse tipo de problema. De cadete a capitão, Bolsonaro foi militar por 14 dos seus 66 anos de vida, tendo sido expurgado da carreira por indisciplina e amargado 15 dias de prisão. 

Na presidência, inaugurou um governo civil em que ninguém sabe o nome do ministro da Educação. Mas todos conhecem os nomes dos generais. Há o Mourão, o Heleno, o Braga Netto, o Ramos... 

Há também o Pazuello, que se aventurou no Ministério da Saúde sem passar para a reserva. E agora se comporta como se fosse um deputado em ano pré-eleitoral. 

Militar de pijama em cargo civil pode ser visto como solução. General da ativa na política produz anarquia. E o país precisa de outras coisas —vacinas, empregos e serenidade, por exemplo. (por Josias de Souza). 
Toque do editor – Eu até seria caridoso com o general Eduardo Pazuello noutras circunstâncias, mas Mefistófeles, o demônio tentador, ferrou com a vida dele, tomando-lhe não só a alma, mas também a honra.

Embora não passe de um patético vacilão, o homenzinho se tornou coadjuvante de genocidio, algo que jamais poderei perdoar!

Vi muitos como Pazuello nas turminhas de rua da minha infância: gordinhos desajeitados, lentos de raciocínio, que eram tratados como inferiores pelos outros, servindo de palhaços para muitos e sendo poupados por uns poucos que deles se compadeciam.

Fez uma boa escolha de carreira, porque oficial do Exército, mesmo que não saiba se fazer respeitar, tem os galões para fazerem isso por ele. E acabou designado para a Arma para a qual vão os que não são nem brilhantes, nem têm personalidade forte: a Intendência. Para, zombou o Rui Castro, administrar o estoque de cuecas do quartel.

E seguiria até o fim da carreira como personagem burocrático e apagado, se o toque de Sadim do Bozo não o tornasse um inverossímil ministro da Saúde. Tal escolha provavelmente se deveu a:
  1. não haver à mão outro oficial tão ingênuo a ponto de entrar nessa roubada, depois que os episódios de Mandetta e Teich comprovaram que não havia espaço naquela Pasta para ministros, mas sim para fantoches;
  2. ser o personagem ideal para Bolsonaro poder avacalhar as normas e procedimentos do Exército, como vingança por ter sido corretamente avaliado como indigno da farda. 
Deu no que deu: Pazuello tão servil e trapalhão se mostrou e tão rudemente foi exposto à opinião pública que cedeu a outra tentação fatal: a de tentar parecer firme, participando da micareta dominical do genocida.

Será pelo menos humilhado com uma advertência, como aluno traquinas que é colocado de castigo no canto da sala com chapéu de burro

Quanto ao aprendiz de Mefistófeles, deve estar dando gargalhadas por ter botado Pazuello e o Exército nessa saia justa, mas quem prega tais peças no Exército dificilmente se dá bem. 

E quem faz de todos seus inimigos se descobre sozinho na hora da desgraça. Que, no caso, está cada vez mais próxima. Quem viver, verá. 
(por Celso Lungaretti

quinta-feira, 14 de julho de 2016

RUI CASTRO GARANTE: NINGUÉM SUPERA DILMA NA ARTE DE DIZER SANDICES...

Rui Castro: "deliciosamente inepta".
DILMA NA NUVEM
Vamos sentir saudades dela. Onde encontraremos outra tão deliciosamente inepta, magnificamente irresponsável e esplendidamente à vontade no seu sesquipedal despreparo? 

Ninguém se lhe compara na firmeza com que exerce seu desconhecimento sobre a lógica ou a aritmética mais simples. Ninguém a supera na arte de dizer sandices e, ao corrigir-se, dobrar a meta e dizer mais sandices. E ninguém faz isto num português tão tosco, singelo e de quinta. Refiro-me, claro, à ex-presidente Dilma Rousseff.

Depois de nos brindar com enunciados inesquecíveis sobre a mandioca, o vento estocado, a mulher sapiens, as pastas de dente que insistem em escapar do dentifrício e o meio ambiente como uma ameaça ao desenvolvimento sustentável, temia-se que seu afastamento nos privasse de novas contribuições ao nonsense. Mas Dilma não falha — é só colocar-se ao alcance de um microfone.
A meta do besteirol ela dobrou mesmo!

Sua última façanha está na internet e é facilmente acessível basta digitar Dilma e nuvem. Ao saber outro dia que as acusações contra ela estão na nuvem — uma nova forma de armazenamento incorpóreo e universal de arquivos –, soltou os cachorros em entrevista a um canal de televisão.

"Pois bem", rugiu. "Inventam uma história fantástica. Que tá na nuvem. É. Tá na nuvem. Sei lá que nuvem. Sabe, eu não entendi muito bem essa história de nuvem. Tô aqui tentando apurar direitinho. Como é que uma coisa pode estar na nuvem? É muito simples estar na nuvem, não tem de provar. Que nuvem? Onde está a prova?"

A Dilma tá certa. Essa história de nuvem é mais uma tentativa de golpe contra uma mulher honesta, que fez o diabo para se eleger, digo, sofreu o diabo na ditadura. Quero ver provar. Mas o José Eduardo Cardozo [seu ministro de estimação, advogado e porta-voz] já está vendo isso. Ele vai desmoralizar essa nuvem. (por Rui Castro)
.
O blogue relembra as chanchadas dos 
anos 50 e homenageia Dercy Gonçalves

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR

Leio diariamente a Folha de S. Paulo, porque tive a sorte de contratar o provedor UOL no comecinho, quando o livre acesso à Folha e à veja fazia parte do pacote.

A Folha saiu fora desta jogada há muito tempo, mas continuou honrando o compromisso assumido: quem tinha adquirido o direito, o manteve.

A veja o desonrou, passando a dar acesso gratuito à edição de um sábado apenas a partir da 6ª feira seguinte. Até nisto se tornou uma revista picareta, para quem o solenemente pactuado entre duas partes não vale nada.

Às vezes vou também no portal do Estadão, da IstoÉ e da Época, geralmente atrás de uma informação específica. E, claro, acompanho o noticiário do UOL.

Fiz esta introdução porque, nesta 4ª feira, a Folha traz um bom número de textos que dão o que pensar. Vale a pena dar uma refletida em cima deles.

ELEIÇÕES: QUADRO ESTABILIZADO.

Sobre as eleições, a nova pesquisa do Ibope mostra um quadro estabilizado: Dilma, 38%; Marina, 29%; e Aécio, 19%. Apesar do wishful thinking dos internautas-torcedores e dos blogueiros amestrados, o cenário é desfavorável a Dilma, que não leva jeito nenhum de liquidar a fatura no 1º turno nem tem motivos para sonhar com uma virada de Aécio que tire Marina do 2º. 

O mais provável é mesmo que a disputa final seja entre Dilma e Marina, quando a acriana terá tempo igual no horário gratuito e vai se beneficiar da rejeição ao PT (que, aliás, é acentuada a ponto de até uma vitória sobre o Aécio ser incerta, conforme alertei; ao mover uma verdadeira guerra de extermínio contra Marina, uma candidata do campo da esquerda, o PT assumiu o insensato risco de devolver o governo à direita).

LATA D'ÁGUA NA CABEÇA

Em editorial, a Folha adverte que o (des)governador Geraldo Alckmin brinca com fogo e os paulistas poderão se queimar. O posicionamento é inatacável, desta vez assino embaixo de cada palavra:
"... a crise de abastecimento [de água] é grave. Reconheça-se que se abate sobre a Grande São Paulo a maior estiagem em 84 anos --e, segundo especialistas, o panorama só deve melhorar a partir de meados de outubro.
Diante desse cenário excepcional, seria de esperar respostas também excepcionais, mas o governo paulista parece orientar-se mais pelo cronograma eleitoral do que pelo calendário das chuvas.
...Num ano eleitoral, opta-se pela solução menos desgastante para a imagem da administração estadual: o uso do volume morto.
 ...uma segunda parte dessa reserva (...) acrescentará 10,7 pontos percentuais à capacidade das represas.
 Dado o ritmo de queda do Cantareira, o volume atual se esgotará em dois meses. Com a nova cota, o sistema ganhará sobrevida até fevereiro; o governador sustenta que as águas alcançarão março.
Que seja. Mesmo que as expectativas oficiais se confirmem, estará desenhado um quadro hídrico alarmante para o próximo ano.
...Ou seja, a não ser que as chuvas deste verão sejam abundantes, o sistema chegará ao início do próximo período de estiagem já num nível bastante crítico.
Como se vê, não se trata simplesmente de garantir o abastecimento até março de 2015. Mesmo que isso esteja assegurado, convém perguntar: e depois?"
EMISSÃO DE GASES ESTUFA 

Ainda na linha dos efeitos futuros das nossas omissões atuais no trato das questões ambientais, Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra, faz um alerta veemente (que dificilmente será ouvido, como sempre):
"A atual conjuntura climática é inédita: os 13 anos deste século estão entre os 14 mais quentes desde que se mede a temperatura de forma sistemática. Da Califórnia, nos EUA, ao Brasil, estiagens inusitadas geram escassez no abastecimento de água, queda na produção agrícola, picos nos preços na energia.
...No Brasil, em plena campanha eleitoral, seria importante os candidatos à Presidência explicarem como pretendem enfrentar um tema que já deixou de ser ameaça e se tornou realidade.
 ...Na perspectiva econômica, a única maneira de enfrentar a mudança climática é a de precificar o carbono, como agora reconhecem alguns importantes formadores de opinião. Ao precificar o carbono, seja por meio de impostos ou de alocação de cotas, promove-se a inovação e a eficiência.
Essa medida é essencial no Brasil, pois há dois indicadores preocupantes de perda de competitividade. O primeiro é que no último decênio piorou nossa quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de PIB, isto é, nossa intensidade energética. O segundo é a piora de nossa intensidade de carbono, ou seja, a emissão de gases estufa por unidade de PIB.
...é sinal de que precisamos reverter a atual tendência. Corretamente, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que ao reduzir emissões nos tornamos mais produtivos. Mas as atuais políticas públicas não captam esse conceito [o grifo é meu]".
"CONFUSÃO DANADA" OU GAFE?

Rui Castro faz fina ironia com a declaração de Dilma sobre o papel da imprensa (adiante corrigida, como vocês podem verificar aqui):
"Na sexta passada (19), a presidente Dilma afirmou que 'o papel da imprensa não é de investigar, e sim de divulgar informações'. A imprensa tomou nota e obedeceu. Ouviu a fala da presidente, dispensou-se de investigá-la e divulgou sua declaração.
Aliás, nem haveria o que investigar, já que foi uma declaração para vários jornalistas ao mesmo tempo, e no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Como todos os jornais publicaram a mesma frase, supõe-se que foi exatamente o que a presidente falou e disse.
Dois dias depois, no entanto, Dilma acusou a imprensa de ter feito 'uma confusão danada' com a sua declaração. Disse que não disse o que disse, mas que, ao contrário, a imprensa deve investigar, sim, 'para informar e até para fornecer prova'. E foi além: 'O jornalismo investigativo pode até fornecer elementos. Agora, quem faz a prova é a investigação oficial. Sem ela, você não consegue condenar ninguém'.
É verdade. Se, mesmo com a investigação oficial, não se consegue condenar ninguém, imagine sem. Mas foi refrescante ouvir de Dilma que ela autoriza a imprensa a investigar --até para evitar outras 'confusões danadas' quando se trata de divulgar o que ela diz e, ao ser alertada para as gafes que comete, desdiz. Como isso é frequente, o aconselhável seria que a imprensa, ao ouvir suas declarações, fosse logo investigar para saber se ela declarou ou não o que declarou"
A REPRODUÇÃO DA MEDIOCRIDADE

Moralmente, Delfim Netto carregará até a morte o estigma de ter sido um dos signatários do AI-5, acumpliciando-se com a abertura dos portões do inferno.

Como economista, sempre foi e dificilmente deixará algum dia de ser um defensor empedernido da perversidade e da desigualdade capitalistas --o que foi relevado, p. ex., por Lula, ao acolhê-lo como uma espécie de eminência parda dos seus governos, o grande guru macroeconômico de mediocridades como Antonio Palocci.

Mas, claro, é um homem sofisticado, capaz de nos oferecer observações e argumentações inteligentes. Então, como não sou nenhum fanático religioso, recuso-me a considerá-lo um demônio do qual só se podem esperar diabruras. Prefiro ler seus textos com espírito crítico, descartando muita coisa e aproveitando alguma.

Na sua coluna desta 4ª feira, p. ex., estes trechos são simplesmente irrespondíveis:
"Uma das mais graves consequências da submissão das campanhas eleitorais ao domínio irresponsável dos 'marqueteiros' é a deseducação do honesto cidadão e a vacina contra a ética que transmitem à sociedade.
Não tem o menor constrangimento de afirmar o 'fisicamente impossível' ou mentir descaradamente, confiados na ingenuidade que é própria daqueles aos quais os sucessivos poderes incumbentes negaram, pela falta de educação, o espírito crítico. Trata-se de um processo de reprodução da mediocridade.
...Para o "marqueteiro" tudo isso não interessa. Se vendeu ou não o seu 'sabonete', embolsa a grana da sua genialidade e vai descansar até a próxima eleição. Para o candidato eleito não!
As falsidades que o elegeram são as mesmas que lhes serão cobradas no exercício do governo".
De duas aberrantes falsidades propagadas pelo PT, uma é que Marina, ao defender corretamente a atualização da ultrapassadíssima CLT, pretenda tornar mais selvagem ainda a terceirização (o que, convenhamos, seria simplesmente impossível!). A outra, que eu também tenho apontado, o Delfim detona com a maior facilidade;
"Afirmar que um Banco Central independente 'rouba a comida da boca do pobre' é uma ignomínia.
Independente de quem, se sua diretoria é escolhida pelo presidente que lhe fixa os objetivos e aprovada pelo Senado, ao qual presta contas regularmente?"
Bota ignomínia nisto! Ignóbil não é apenas a mentira em questão, como também o recurso desmedido às práticas nazistas e stalinistas de manipulação da opinião pública, por parte de quem jamais deveria espelhar-se em exemplos tão execráveis.
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