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Hitler no tempo do putsch da cervejaria |
Se as coisas correm mal para ele, contudo, passa a funcionar no modo Tartaruga Touche (personagem dos desenhos de Hanna e Barbera que o tempo todo se lamuriava com a frase "Oh céus! Oh tempo! Oh azar!"), apelando para a mais repulsiva vitimização.
É o caso de agora, quando exibe sua tornozeleira aos jornalistas fazendo cara de coitadinho, enquanto o filho 01 engata um chororô patético porque o pobre papai está proibido de receber a visita de outros delinquentes.
O deprimente espetáculo tem o objetivo de abrir caminho para uma nova tentativa de virada de mesa institucional ou, ao menos, o de garantir ao Bolsonaro a continuação como chefão da extrema-direita (tal posição encontra-se fortemente ameaçada pelos concorrentes que não estão proibidos de disputar a eleição de 2026).
Difícil mesmo é encontrarmos justificativa para a pressão desvairada dos ratos de esgoto bolsonaristas, desde que passaram a apoiar-se nos músculos postiços que Donald Trump lhes forneceu, a favor de uma anistia ou indulto para o Hitler em miniatura que veneram.
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Bolsonaro na motociata, certo de estar agradando. Parecia membro do conjunto Velhinhos Transviados |
Então, o demencial tarifaço do Bolsonaro dos EUA, além de flagrantemente ilegal, é gratuito, porque o chantageado não tem como pagar o resgate cobrado pela bandidagem, qual seja a libertação do Trump do Brasil.
E, se houvesse como Lula atender aos chantagistas, seria justificável ceder a eles para evitar retaliações econômicas?
Muito politico sem noção e comentarista de internet sem caráter prega que se passe pano para Bolsonaro. Foi o que fez a Justiça de Munique com Hitler, preso como um dos líderes do putsch da cervejaria em novembro de 1923 e condenado a cinco anos de prisão.
Libertou-o, contudo, em dezembro de 1924, aparentemente por considerar que cerca de 2 mil fanáticos, tentando controlar uma única cidade pela força, estavam muito longe de poderem conquistar o poder em toda a Alemanha.
Da mesma forma, a defesa dos golpistas do 08.01 alega que a vandalização dos prédios dos Poderes num domingo não significaria o sucesso do autogolpe.
Ora, em ambos os casos havia um plano meticulosamente elaborado e executado, incluindo forte pressão sobre autoridades, expostas até a humilhações, na tentativa de fazer com que traíssem seus deveres e passassem a apoiar a intentona.
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Quantos milhares de brasileiros terão morrido por crerem que qualquer pajelança substituía vacina? |
O xis da questão, contudo, é que a generosidade da corte de Munique concedeu a Hitler quase quatro anos para ele liderar a mudança de estratégia dos nazistas, que desistiram de tomar o poder por levantes armados e passaram a nele infiltrar-se mediante mandatos conquistados nas urnas, distorcendo-o por dentro até subjugá-lo totalmente.
Nos 13 meses em que permaneceu preso sem muito rigor, Hitler criou o livro que norteou a mudança de estratégia, Mein Kampf.
E pôde em seguida, nos quase quatro anos em que deveria ter permanecido preso, adequar o Partido Nazista para o novo papel que desempenharia na década de 1930, quando não só se tornaria o führer da Alemanha, como conquistaria total ou parcialmente várias pequenas nações mediante blefes, intimidações e demonstrações de força, para depois, com a segunda guerra mundial já declarada, estender seu domínio até à França.
Tivesse ele cumprido pena integral, haveria outro líder que concebesse e concluísse com tamanho êxito tal metamorfose do Partido Nazista? Jamais saberemos.
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A conquista da França teria sido tão fácil se Hitler não fosse libertado após cumprir 1/5 de sua pena? |
Mesmo levando-se em conta algumas reduções de pena possíveis, dará para termos certeza de que, mesmo que venha a ser longevo, voltará às ruas como um idoso inofensivo.
Já Hitler voltou às ruas como um personagem crucial para que a humanidade sofresse os horrores da segunda guerra, na qual morreram entre 70 e 85 milhões de pessoas. (por Celso Lungaretti)
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