quinta-feira, 7 de agosto de 2025

POUPADO DO CUMPRIMENTO DE SUA PENA INTEGRAL, HITLER INCENDIOU O MUNDO. REPETIREMOS O ERRO COM O BOLSONARO?

Hitler no tempo do putsch da cervejaria

Jair Bolsonaro gosta de projetar uma imagem truculenta, pregando o fuzilamento de um ex-presidente, agredindo um senador franzino, falando em estuprar deputada, confraternizando com motoqueiros. distribuindo medalhas de imbrochável, imorrível e incomível, etc.

Se as coisas correm mal para ele, contudo, passa a funcionar no modo Tartaruga Touche (personagem dos desenhos de Hanna e Barbera que o tempo todo se lamuriava com a frase "Oh céus! Oh tempo! Oh azar!"), apelando para a mais repulsiva vitimização.

É o caso de agora, quando exibe sua tornozeleira aos jornalistas fazendo cara de coitadinho, enquanto o filho 01 engata um chororô patético porque o pobre papai está proibido de receber a visita de outros delinquentes.

O deprimente espetáculo tem o objetivo de abrir caminho para uma nova tentativa de virada de mesa institucional ou, ao menos, o de garantir ao Bolsonaro a continuação como chefão da extrema-direita (tal posição encontra-se fortemente ameaçada pelos concorrentes que não estão proibidos de disputar a eleição de 2026).

Difícil mesmo é encontrarmos justificativa para a pressão desvairada dos ratos de esgoto bolsonaristas, desde que passaram a apoiar-se nos músculos postiços que Donald Trump lhes forneceu, a favor de uma anistia ou indulto para o Hitler em miniatura que veneram.

Primeiramente porque Bolsonaro está soterrado sob uma montanha de provas e depoimentos que não deixam qualquer dúvida quanto ao fato de que ele comandou uma tentativa de autogolpe para manter-se na presidência da República após a derrota nas urnas em 2022. 
Bolsonaro na motociata, certo de estar agradando.
Parecia membro do conjunto Velhinhos Transviados
Depois porque nosso Poder Executivo, que Trump quer porque quer forçar a uma rendição ultrajante, não tem brecha legal nenhuma para libertar Bolsonaro enquanto ele continuar réu primário apesar do rosário de crimes que cometeu. Anistia ou indulto só poderão ser utilizados para interromper o cumprimento da sua pena quando ele já tiver sido condenado.

Então, o demencial tarifaço do Bolsonaro dos EUA, além de flagrantemente ilegal, é gratuito, porque o chantageado não tem como pagar o resgate cobrado pela bandidagem, qual seja a libertação do Trump do Brasil.

E, se houvesse como Lula atender aos chantagistas, seria justificável ceder a eles para evitar retaliações econômicas?

Muito politico sem noção e comentarista de internet sem caráter prega que se passe pano para Bolsonaro. Foi o que fez a Justiça de Munique com Hitler, preso como um dos líderes do putsch da cervejaria em novembro de 1923 e condenado a cinco anos de prisão. 

Libertou-o, contudo, em dezembro de 1924, aparentemente por considerar que cerca de 2 mil fanáticos, tentando controlar uma única cidade pela força, estavam muito longe de poderem conquistar o poder em toda a Alemanha. 

Da mesma forma, a defesa dos golpistas do 08.01 alega que a vandalização dos prédios dos Poderes num domingo não significaria o sucesso do autogolpe. 

Ora, em ambos os casos havia um plano meticulosamente elaborado e executado, incluindo forte pressão sobre autoridades, expostas até a humilhações, na tentativa de fazer com que traíssem seus deveres e passassem a apoiar a intentona.

Em Munique, inclusive, travaram-se tiroteios, com a morte de 16 nazistas e 4 policiais.
Quantos milhares de brasileiros terão morrido por
crerem que qualquer pajelança substituía vacina?
 

O xis da questão, contudo, é que a generosidade da corte de Munique concedeu a Hitler quase quatro anos para ele liderar a mudança de estratégia dos nazistas, que desistiram de tomar o poder por levantes armados e passaram a nele infiltrar-se mediante mandatos conquistados nas urnas, distorcendo-o por dentro até subjugá-lo totalmente.

Nos 13 meses em que permaneceu preso sem muito rigor, Hitler criou o livro que norteou a mudança de estratégia, Mein Kampf.

E pôde em seguida, nos quase quatro anos em que deveria ter permanecido preso, adequar o Partido Nazista para o novo papel que desempenharia na década de 1930, quando não só se tornaria o führer da Alemanha, como conquistaria total ou parcialmente várias pequenas nações mediante blefes, intimidações e demonstrações de força, para depois, com a segunda guerra mundial já declarada, estender seu domínio até à França.

Tivesse ele cumprido pena integral, haveria outro líder que concebesse e concluísse com tamanho êxito tal metamorfose do Partido Nazista? Jamais saberemos.

Como não sabemos que consequências trará uma eventual magnanimidade com relação a Jair Bolsonaro, cujos crimes são mais do que suficientes para garantir sua condenação ao máximo que a lei brasileira permite: 30 anos de prisão. 
A conquista da França teria sido tão fácil se Hitler
não fosse libertado após cumprir 1/5 de sua pena?

Mesmo levando-se em conta algumas reduções de pena possíveis, dará para termos certeza de que, mesmo que venha a ser longevo, voltará às ruas como um idoso inofensivo.

Já Hitler voltou às ruas como um personagem crucial para que a humanidade sofresse os horrores da segunda guerra, na qual morreram entre 70 e 85 milhões de pessoas. (por Celso Lungaretti)

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