quarta-feira, 26 de maio de 2021

O HOMENZINHO CHAMADO PAZUELLO PAGOU CARO POR TER PACTUADO COM JAIR MEFISTÓFELES: PERDEU TAMBÉM A HONRA .

josias de souza
NOME DO PROBLEMA É BOLSONARO, NÃO PAZUELLO
Quando um general da ativa participa de um comício, ignorando o Estatuto Militar e o Regulamento Disciplinar do Exército, que proíbem a participação de oficiais em atos políticos, fica evidente que o Estado tem um problema. 

Esse problema tem nome e sobrenome. Muitos o chamam de Eduardo Pazuello. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastaria o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, divulgar uma nota oficial para distanciar os quarteis da política e informar que a transgressão não ficaria sem uma resposta adequada. 

Após ouvir os membros do Alto Comando do Exército, o comandante Paulo Sérgio abriu procedimento disciplinar contra Pazuello. Pretendia divulgar uma manifestação escrita sobre a participação do general no comício de Bolsonaro no domingo (23/05), no Rio de Janeiro. Chegou a se entender com o ministro da Defesa, o também general Braga Neto. De repente, deu meia-volta. 

Estrela do comício que transformou Pazuello num transgressor, Bolsonaro vetou a divulgação da nota, impondo o silêncio ao Exército. Ficou no ar uma dúvida sobre a autonomia do Exército para impor uma punição adequada a Pazuello —vai de mera advertência à suspensão, passando pela prisão por até 30 dias.

O vice-presidente Hamilton Mourão entendeu rapidamente a natureza do problema. Já na 2ª feira (24/05), Mourão declarou que Pazuello sabia que cometera um erro e já havia inclusive colocado a cabeça no cutelo, à espera de uma punição. 

Mourão sabe como essas coisas funcionam. Em 2014, quando comandava a prestigiosa tropa do Sul, o agora vice-presidente meteu-se numa polêmica política. 

Perdeu o comando. E resignou-se, conforme disse na época:
"Andei extrapolando o tamanho da minha cadeira. E a autoridade do comandante não pode deixar de ser exercida"
Bolsonaro também não desconhece esse tipo de problema. De cadete a capitão, Bolsonaro foi militar por 14 dos seus 66 anos de vida, tendo sido expurgado da carreira por indisciplina e amargado 15 dias de prisão. 

Na presidência, inaugurou um governo civil em que ninguém sabe o nome do ministro da Educação. Mas todos conhecem os nomes dos generais. Há o Mourão, o Heleno, o Braga Netto, o Ramos... 

Há também o Pazuello, que se aventurou no Ministério da Saúde sem passar para a reserva. E agora se comporta como se fosse um deputado em ano pré-eleitoral. 

Militar de pijama em cargo civil pode ser visto como solução. General da ativa na política produz anarquia. E o país precisa de outras coisas —vacinas, empregos e serenidade, por exemplo. (por Josias de Souza). 
Toque do editor – Eu até seria caridoso com o general Eduardo Pazuello noutras circunstâncias, mas Mefistófeles, o demônio tentador, ferrou com a vida dele, tomando-lhe não só a alma, mas também a honra.

Embora não passe de um patético vacilão, o homenzinho se tornou coadjuvante de genocidio, algo que jamais poderei perdoar!

Vi muitos como Pazuello nas turminhas de rua da minha infância: gordinhos desajeitados, lentos de raciocínio, que eram tratados como inferiores pelos outros, servindo de palhaços para muitos e sendo poupados por uns poucos que deles se compadeciam.

Fez uma boa escolha de carreira, porque oficial do Exército, mesmo que não saiba se fazer respeitar, tem os galões para fazerem isso por ele. E acabou designado para a Arma para a qual vão os que não são nem brilhantes, nem têm personalidade forte: a Intendência. Para, zombou o Rui Castro, administrar o estoque de cuecas do quartel.

E seguiria até o fim da carreira como personagem burocrático e apagado, se o toque de Sadim do Bozo não o tornasse um inverossímil ministro da Saúde. Tal escolha provavelmente se deveu a:
  1. não haver à mão outro oficial tão ingênuo a ponto de entrar nessa roubada, depois que os episódios de Mandetta e Teich comprovaram que não havia espaço naquela Pasta para ministros, mas sim para fantoches;
  2. ser o personagem ideal para Bolsonaro poder avacalhar as normas e procedimentos do Exército, como vingança por ter sido corretamente avaliado como indigno da farda. 
Deu no que deu: Pazuello tão servil e trapalhão se mostrou e tão rudemente foi exposto à opinião pública que cedeu a outra tentação fatal: a de tentar parecer firme, participando da micareta dominical do genocida.

Será pelo menos humilhado com uma advertência, como aluno traquinas que é colocado de castigo no canto da sala com chapéu de burro

Quanto ao aprendiz de Mefistófeles, deve estar dando gargalhadas por ter botado Pazuello e o Exército nessa saia justa, mas quem prega tais peças no Exército dificilmente se dá bem. 

E quem faz de todos seus inimigos se descobre sozinho na hora da desgraça. Que, no caso, está cada vez mais próxima. Quem viver, verá. 
(por Celso Lungaretti

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