quarta-feira, 13 de julho de 2022

QUANDO É QUE PEGAREMOS O TOURO CAPITALISTA PELOS CHIFRES? – 2

 (continuação deste post)
Q
uem visitou a Argentina há 30 anos se surpreende com a decadência atual, após três décadas de inflação alta; e se o visitante o fez 60 anos atrás, decerto ficará profundamente entristecido. 

O Brasil de Boçalnaro, o ignaro, com seu apego desesperado ao poder, segue na mesma direção, tanto que o genocida não tem nenhum pejo em promover a distribuição eleitoreira de esmolas que serão bastante prejudiciais num futuro bem próximo (no capitalismo não há almoço grátis).  

O maior problema do capitalismo hoje é o desemprego estrutural. Máquinas não produzem valor, ao contrário de que muitos pensam (até mesmo os capitalistas, que ganham dinheiro com a inserção das ditas cujas na produção de mercadorias). 

Só o trabalho abstrato e sua extração de mais-valia nos setores primário e secundário da economia produz valor, e sem valor o capitalismo colapsa.  Daí os números do desemprego estrutural mundial serem hoje tão alarmantes. 

Para termos uma ideia da tragédia humana em curso (no capitalismo só come quem trabalha), basta olharmos as taxas de desemprego de regiões populosas do planeta, como a China, a Índia e a África, que juntas somam aproximadamente 3,5 bilhões de habitantes (cerca de 40% da população mundial):
— China e Índia, 6,1%; cada;
— África, 9,8%.  

Isto representa cerca de 1,3 bilhão de desempregados, que forçam os que ainda não estão na rua da amargura a aceitarem salários de fome em nome de uma sobrevivência miserável.

Não esqueçamos que, além do desemprego estrutural, o regime de concorrência de mercado força a redução de salários e direitos trabalhistas em nome de uma retomada do desenvolvimento econômico pretendido pela direita e pela esquerda institucional e que a cada dia fica mais quimérico. 

Mas não é apenas na periferia que tal fenômeno está cruelmente ocorrendo, mas também, agora, nos países economicamente hegemônicos.

Os Estados Unidos estão enfrentando a maior taxa de desemprego nos últimos anos, algo em torno de 6% de sua população economicamente ativa; a União Europeia, 6,2%; e o Brasil, país mais populoso da América latina, 10%. (!). 

São bilhões de pessoas desesperadas. Portanto,, diferentemente do que disse Paulo Guedes na campanha presidencial de 2018, o capitalismo não resgatou da miséria ancestral a população mundial (que antes do capitalismo, sob o feudalismo ou outras formas comunitárias, vivia na miséria mais por ignorância científica), mas está a lhe impor uma realidade social igualmente miserável, até que a guerra elimine os humanos supérfluos para o capital. 

Corremos riscos inimagináveis de extinção graças a conjunção de fatores como letalidade armamentista nuclear e miséria social capitalista irrenunciável pelos gestores político-econômicos do capital.  

O mundo está há um passo de uma recessão mundial, circunstância que tornará o que já era ruim em insuportável. 
Não é a recessão que causa o desemprego estrutural, mas é o desemprego estrutural que causa a recessão, num processo de retroalimentação socialmente pernicioso. 

Aliás, foi Karl Marx quem disse que a substituição gradativa de trabalho vivo (trabalho abstrato, porque salariado em valor abstrato, como capital variável) pelo trabalho das máquinas (trabalho morto, sem salário, como capital fixo), faria voar pelos ares toda a lógica capitalista. 

Ele assim o fez e disse graças à análise da essência da forma-valor. Então, ao invés de incensá-la como o faziam (e fazem) os economistas burgueses, ele criticou-a logicamente, tendo por isso sido contestado pelos donos do capital e seus adeptos nestes últimos 150 anos, além de ser considerado morto e sepultado. Agora, contudo, ressurge das cinzas, tal qual uma Fênix revolucionária.  

O capitalismo é irracional caso se queira atribuir a ele algum sentido de equidade, e isto não apenas por força de um deliberado interesse de classe escravista: trata-se do único sistema de relações socais no qual produzir mais por meio de equipamentos tecnológicos (as máquinas) significa sua derrocada.

Esta é uma evidência gritante de sua irracionalidade. (por Dalton Rosado – continua neste post)
Gomes Brasil interpreta outra composição do Dalton

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