quinta-feira, 31 de outubro de 2019

BOLSONARO PODE NÃO TER ENVOLVIMENTO CRIMINAL COM A MORTE DE MARIELLE, MAS A RESPONSABILIDADE MORAL É INDISCUTÍVEL!

Afinal, o que foi esse imbróglio sobre a menção ao presidente Jair Bolsonaro no curso das investigações sobre a bestial execução da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes?

O que passou para o distinto público foi que o porteiro do edifício por algum motivo se equivocou, uma possibilidade já descartada pelas autoridades vazou e a TV Globo, tomando conhecimento de que Bolsonaro poderia ter algum papel no episódio, correu a noticiar isto, lastreada unicamente no testemunho do tal porteiro.

O próprio Bolsonaro descarta que tenha havido má intenção por parte do funcionário e aponta como alvos para seus militantes tresloucados o governador Wilson Witzel, cuja polícia estaria forçando a barra para colocá-lo na berlinda, e a Globo.

Mas, será isto mesmo que aconteceu? Como termos certeza?

Temo que só adiante saberemos se há algo mais além dessa narrativa tão conveniente para a auto-vitimização do velho e combalido leão... ôps, quer dizer, do presidente. Fiquei um pouco confuso ao ver tantas hienas ao seu redor, pelo menos até perceber que boa parte das hienas eram comadres dele e não inimigas.
Assim como até hoje não me convence o atentado tão conveniente (decidiu a eleição!) que teria sido cometido contra Bolsonaro. Afinal, mais inverossímil ainda é a lorota estadunidense de que o fogo cruzado que matou John Kennedy teria sido proveniente de um único atirador, e mais de meio século depois essa patranha ainda é mantida como a verdade oficial nas bandas de lá. 

Abusa-se demais de teorias da conspiração hoje em dia e yo no creo en la mayor parte, mas já tive muitas comprovações de que hay las brujas. Sem dúvida, las hay...

Então, pelo que aprendi nos três anos e meio de atuação profissional na Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes, é igualmente possível que 1) Bolsonaro estivesse inteirado do atentado contra Marielle; ou que 2) não tivesse a mais remota noção do que se planejava. 

No segundo caso, seríamos obrigados a concluir que o alardeado profissionalismo da Globo não passa de lenda, pois não se levanta uma lebre dessas no noticioso de maior repercussão sem ter algo além do testemunho de um porteiro.

No primeiro caso, de uma operação abafa bem sucedida, teríamos de indagar: qual haveria sido a moeda de troca capaz de fazer a Globo recuar de forma tão humilhante? 

Pois, no melindroso assunto milícias, verdadeiro calcanhar de Aquiles do clã Bolsonaro, havia munição de sobra para uma emissora poderosa como a Globo dar a volta por cima.

Desde o primeiro momento escrevi (botei no título!) que não dá pra dizer que Bolsonaro esteja envolvido, mas completei com uma indagação fundamental: pode um parça de milicianos presidir o Brasil?.

Ou seja, não se deveria reduzir o assunto a uma mera novela policial, mas sim colocar em questão as ligações perigosas do presidente da República do Brasil com uma organização criminosa responsável por um sem-número de crimes hediondos, que foi criada com o pretexto de eliminar bandidos, mas, na verdade, apenas substituiu aqueles que exterminava e acabou tomando conta do mercado.

Eu já disse e repito, Pablo Escobar chegou até a ser deputado, mas nem a Colômbia aguentou por muito tempo a humilhação mundial de manter um notório narcotraficante no seu Legislativo.

E o senador italiano Giulio Andreotti esperneou um bocado, mas seu passado ilustre e sua idade avançada não impediram que sua carreira política fosse destruída quando ficou comprovado seu envolvimento com a Máfia.

Toda a promiscuidade pregressa (escancarada!) dos Bolsonaros com as milícias do Rio de Janeiro os tornaria inelegíveis para mandatos executivos e legislativos em qualquer país que se desse ao respeito.

Mas este, claro, não é o caso do Brasil. (por Celso Lungaretti)

"SE O LEGISLATIVO NÃO CASSAR O MANDATO DE EDUARDO BOLSONARO, CONCLUIREMOS QUE ELE ESTÁ COMPLETAMENTE DOIDO"

Ele é a favor de um novo AI-5, mas... isto surpreende alguém?!
josias de souza
ZERO TRÊS VIROU CASO DE CASSAÇÃO DE MANDATO
A loucura tem razões que a sensatez desconhece. 

Jair Bolsonaro é um ex-capitão que deixou a tropa depois de um episódio de indisciplina. Chegou ao Planalto com mais de 57 milhões de votos, numa ascensão meteórica que coroou 28 anos de vida parlamentar. 

E seu filho querido, Eduardo Bolsonaro, eleito deputado com a maior votação do país, achou que seria uma boa ideia defender numa entrevista a volta do AI-5, o mais draconiano ato institucional da ditadura militar que mergulhou o Brasil nas trevas. 

Impossível contemporizar. Se isso não acabar no plenário da Câmara  na forma de um processo de cassação por quebra do decoro parlamentar, ficará entendido não que Eduardo Bolsonaro está meio maluco, mas que o Legislativo está completamente doido. 

Como alternativa para combater uma hipotética radicalização de esquerda, o príncipe herdeiro sugere uma legislação repressora qualquer, "aprovada através de um plebiscito". 
"uma maluquice dentro de outra"

O plebiscito é uma forma de expressão da vontade do povo. Está previsto na Constituição. Entretanto, a defesa de plebiscitos nos lábios do filho de um presidente que acaba de ser eleito é uma ideia golpista destinada a emparedar o Congresso, à moda de Hugo Chávez. 

É uma maluquice dentro da outra. A pretexto de se contrapor a um inexistente levante esquerdista de rua, o filho do monarca sugere a adoção do veneno como antídoto. 

Esse penúltimo despautério produzido no seio da primeira-família chega dias depois da estupidez anterior, que foi a veiculação do vídeo em que o presidente-leão estava cercado por hienas-rivais. 

Bolsonaro desculpou-se pelo post que, contudo, Carlos Bolsonaro, o príncipe Zero Dois, disse que ele mesmo (Jair) havia divulgado. 

Desculpas já não resolvem. Pode-se apagar um vídeo do Twitter. Mas é impossível deletar os pendores autoritários do DNA dos Bolsonaro. 

Por sorte, a democracia tem remédios contra esse tipo de patologia. (por Josias de Souza)

TENTAM INTIMIDAR-NOS? ENTÃO, TEMOS MAIS É DE PAGAR PRA VER!!!

igor gielow
ESCALADA AUTORITÁRIA DOS BOLSONAROS É BLEFE, MAS PODE SAIR DO CONTROLE
O mais recente volume puxado da prateleira de provocações institucionais por um membro da família Bolsonaro está na praça: a sugestão feita pelo deputado federal Eduardo, de reeditar o Ato Institucional número 5 caso a esquerda promova protestos radicais.

Inicialmente, seria preciso apontar onde estão tais manifestações. Um fenômeno notável que acompanhou a debacle do PT no poder federal foi a substituição de forças esquerdistas por movimentos à direita como dínamos principais de protestos de rua no país. Dilma Rousseff caiu, também, por isso.

Desde o começo dos protestos contra o governo de centro-direita de Sebastián Piñera no Chile, Eduardo, seu irmão Carlos e outros expoentes do bolsonarismo de grande valentia na frente de teclados vêm apontando uma suposta trama continental esquerdista que logo chegaria ao Brasil.

Entraram na conta da suposta conspiração balbúrdia nas ruas do Equador e até o petróleo que emporcalha a costa nordestina. 

Ato contínuo, o pai da turma, Jair Bolsonaro, corroborou as hipóteses de forma genérica e invocou a possibilidade de chamar as Forças Armadas por meio do artigo 142 da Constituição.

Generais se entreolharam calados, dado que temem ser usados como bucha de canhão de uma luta quixotesca —muitos devem se perguntar se estavam certos no seu entusiasmo com o governo do capitão reformado. Na cúpula da ativa, é minoritário o apoio ao chamado olavismo.

Na 3 ª feira (29), Eduardo insinuou que poderia haver uma solução repressiva por aqui se o Chile contaminasse as ruas brasileiras. Hoje (31), deu nome aos bois.

Há algumas variáveis a considerar. Primeiro, de DNA. O bolsonarismo dito raiz, personificado pelos filhos do presidente, pelo chanceler Ernesto Araújo, pelo ministro Abraham Weintraub, pelo assessor palaciano Filipe Martins e outros seguidores do escritor Olavo de Carvalho, sempre pregou uma delirante solução de força para os problemas do país.

Em 22 de março, o antes obscuro Martins escreveu sem o recato que se supõe de um funcionário do Planalto que o povo deveria mostrar aos políticos e ao Judiciário “quem manda no país”. E recorrente, entre os aderentes da seita olavista, a ideia de que são capazes de mobilizar a nação em torno do dito mito.
Pinçar declarações flagrantemente antidemocráticas do presidente é um esporte sem emoções, de tão facilmente jogado. Assim como a dos filhos, o loquaz Carlos à frente.

Assim, é bem provável que Eduardo, o mesmo que havia sugerido o fechamento do Supremo Tribunal Federal com mínimo aparato militar, acredite mesmo que um AI-5 seria necessário. O fato de não haver nenhum distúrbio nas ruas brasileiras hoje é um mero detalhe de realidade.

Obviamente, não se trata de tratar a esquerda como um cordeiro inocente. É também do DNA daquele campo a radicalização.

Mas a violência associada a manifestações do passado recente, e junho de 2013 é a régua, têm menos a ver com o PT e mais com a degeneração promovida por black blocs e afins —apoiados, ideologicamente, por franjas da esquerda urbana.

Outro ponto central é a considerar é o contexto. Toda essa agitação bolsonarista acompanha o adensamento das notícias negativas que vêm das investigações sobre o passado do clã no Rio de Janeiro. Os recados de Fabrício Queiroz a Flávio Bolsonaro, novas apurações acerca de Carlos, o atabalhoado e mal-explicado episódio da citação falsa ao presidente no caso Marielle Franco.

É um padrão. Sempre que a família está sob pressão, surgem essas hipérboles por parte do entorno presidencial —quando não do próprio mandatário máximo. É uma tática retirada do livro Donald Trump de tergiversação política via Twitter, e tem funcionado a contento ao ser macaqueado cá nos trópicos. Quando fica feio demais, pede-se desculpas e bola para frente.

Trata-se de uma versão 4.0, ou algo assim, dos velhos tomos conspiratórios forjados para justificar repressões no passado. Estão aí para contar história os Protocolos dos Sábios do Sião, peça antissemita do Império Russo que teve utilidade estendida até o nazismo dos anos 1930 ao inventar uma trama judaica para dominar o mundo, e o brasileiríssimo Plano Cohen, falsificação integralista sobre um golpe comunista que ajudou Getúlio Vargas a virar ditador em 1937.,

O problema é que, de factoide em factoide, os limites podem chegar a pontos de ruptura. Uma provocação aceita aqui, um erro de cálculo ali, e algo sério pode acontecer —esse é o risco da escalada autoritária do clã Bolsonaro. 

O teste de fogo será a eventual libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como até os mármores do Supremo sabem. (por Igor Gielow)

Ó PÁTRIA DESALMADA, IDIOTIZADA, SALVE, SALVE! (...NO MAIS, SALVE-SE QUEM PUDER!)

dalton rosado
O QUE É MESMO O BRASIL?
Se é verdade que vivemos em meio a uma depressão econômica internacional e num dos mais graves momentos da nossa História recente do ponto de vista da sua gestão esquizofrênica (cuja imagem corresponde a de uma viagem num carro sem manutenção, dirigido por uma motorista sem habilitação e numa estrada esburacada), devemos considerar a nossa importância estratégica nessa conjuntura mundial.

Nossa importância estratégica deriva do fato de que somos um país-continente com imensas potencialidades materiais, expressas sob várias formas, como:
— maior manancial hídrico e maior floresta tropical,  em termos mundiais; 
— solo fértil em grande parte de sua extensão territorial; 
— riquezas minerais abundantes (muitas ainda desconhecidas); 
— população de mais de 200 milhões de habitantes; e
— riqueza cultural mundialmente reconhecida (na música, nos esportes, na literatura, etc.), apesar do nível de analfabetismo ultrajante.

Definitivamente, não somos uma republiqueta das bananas, como dizem os depreciadores embora estejamos vivendo tempos estranhos, nos quais não temos o direito de afirmar sem provas que o assassinato de uma vereadora, ativista da crítica da dissociação de gênero, haja sido favorecido pelo clã do presidente da República (afinal, podemos conjeturar que quem gostaria que a ditadura militar tivesse assassinado 30 mil dissidentes, não veria com maus olhos o assassinato de um dos membros destacados dessa dissidência).  

Esse introito serve para avisar aos energúmenos que o golpe de estado ditatorial por eles pretendido não é coisa simples de se concretizar, pois corresponderia a uma turbulência cujos resultados catastróficos seriam ainda mais cruéis do que a nossa triste realidade.  

Temos a faculdade da autossuficiência material, o que nos capacitaria à auto-sustentação para o caso de um colapso da economia mundial

Então, diante das incertezas do futuro, devemos considerar as perspectivas emancipatórias da sociedade e não o retrocesso para tentativas totalitárias de sustentação pela força das armas daquilo que é verdadeiramente insustentável.

Se é verdade que as instituições da democracia burguesa demonstram a sua incapacidade de estabilização social em face da depressão econômica que a sustenta, isto não deve significar que posturas ditatoriais, muitas delas adotadas em nome da sustentação da própria democracia burguesa, devam ser a solução dos problemas sociais que a cada dia se avolumam.

Então, faz-se necessário que:
— nos debrucemos sobre as causas primárias da crise do capital, ao invés de focarmos na questão gerencial da sociedade regida sob a forma-valor em fase de seu limite interno existencial;
— exijamos dos órgãos de comunicação de massa (agora açulados pelo uso manipulado da internet), do segmento político e das academias (que deveriam ser os locais das discussões estratégicas) a análise profunda das razões de base dos nossos infortúnios.

Aliás, quanto às academias, devemos dizer que, ao invés de as públicas viverem de pires nas mãos pelas verbas do Estado falido que as sustenta, e de as privadas travarem uma briga de foice no escuro pelas mensalidades dos potenciais clientes (transformando a educação num grande negócio), deveria, isto sim, ser desenvolvida uma discussão igualmente profunda sobre o papel da educação emancipatória da sociedade.

Ou isso seria querer demais?  Sim, é óbvio que, dentro das atuais estruturas, não se pode esperar que os dirigentes das academias empresariais discutam a superação do próprio empresariado do qual são partes indissociáveis. Contudo, o seu corpo discente pode e deve fazê-lo.  

É utópico esperar do segmento político (aí incluídos os partidos de direita e de esquerda) que ele discuta a sua própria superação, pois tal universo depende dos impostos cobrados (mercadoria dinheiro) para a sua existência. Mas eleitores (inclusive negando o voto) podem e devem fazê-lo.

Aliás, é necessário que se entenda a indignação de muitos diante das verbas partidárias bilionárias que financiam o processo eleitoral, as quais são pagas pelo contribuinte exaurido (leia-se o povo). É esse mesmo povo espoliado quem sustenta o processo eleitoral que o oprime em nome de uma pretensa livre escolha, na verdade dominada pelo poder econômico e pelo coronelismo interiorano que a viciam inexoravelmente. 

O exemplo da briga pelo dinheiro dentro do partido de aluguel que elegeu o presidente, o PSL (Partido do Laranjal), é repulsivamente emblemático. 

Faz sentido pretendermos que as empresas de comunicação, que vivem das verbas publicitárias e merchandising comercial, renunciem à lógica que as sustenta e discutam verdadeiramente as causas de debacle capitalista na sua essência mais recôndita? 

É sensato esperarmos que a população culturalmente educada para positivar as categorias capitalistas (nas escolas se aprende que o trabalho dignifica o homem, como se a necessária e ontológica interação metabólica do ser humano com a natureza na busca do seu sustento fosse o mesmo que a categoria trabalho, célula primária da formação do valor e do capital) venha a compreender que se faz necessária a própria superação dessas mesmas categorias? 

É difícil, admito. Mas, é este o objetivo para o qual temos de direcionar nossos esforços de conscientização do homem comum: abrir-lhe os olhos para o que deixa de ver devido à manipulação incessante da indústria cultural.  

Para o trabalhador (hoje em grande parte desempregado ou temeroso de ser incluído nas listas de dispensa, o que lhe impossibilita qualquer barganha na venda da única mercadoria que possui, a força de trabalho) o horizonte que o sistema lhe oferece é a quimera da retomada do impossível desenvolvimento econômico sustentável, que lhe permitiria continuar a ser explorado pelo trabalho pretensamente salvador. 

Até os sindicatos estão presos nessa armadilha de ferro que os obriga a preferirem o menos ruim (a permanência no emprego com salários reduzidos) do que a superação e emancipação do próprio trabalho. 

É justamente pela falta de perspectivas dentro da (des)ordem estabelecida que devemos nos insurgir contra ela, apresentando alternativas emancipatórias e suasórias do ponto de vista social e humano.  

Não. O antônimo da cada vez mais insatisfatória democracia burguesa não é a ditadura burguesa das armas e de seus conceitos anti-civilizatórios nefastos, pois ambas são formas políticas de uma mesma substância: o capital.

O antônimo disso tudo é uma organização social horizontalizada e construída a partir de um modo de produção voltado para a satisfação das necessidades de consumo, e de forma sustentável e planejada. (por Dalton Rosado)

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O 'PROJETO DEPOSIÇÃO' ESTÁ EM CURSO E O REGIME BOLSONARISTA CADA VEZ MAIS SE APROXIMA DE SUA HORA DA VERDADE

david emanuel de souza coelho
BOLSONARO, MILÍCIAS E O PASSO ADIANTE
Quem acompanha regularmente este blog não deve ter ficado espantado com a recente ofensiva da Globo contra Bolsonaro. Este escriba mesmo ressaltou, na última semana (vide aqui), que a tendência seria o início da derrocada do presidente, uma vez terminado o processo de aprovação da reforma da Previdência. 

Fato é que o pilar neoliberal do governo Bolsonaro já cumpriu sua missão e hoje lhe resta bem pouco para oferecer. 

Guedes, um economista da quarta divisão, não tem ideia do que fazer para reavivar o defunto chamado economia brasileira, limitando-se suas ambições a tão somente faturar o máximo possível com o desmonte do Estado. 

Para além disto, já está mais do que claro não ser o projeto Bolsonaro de longa sustentação, por mais que analistas tentem defender um suposto apoio firme ao presidente, sabe-se lá onde.  A questão, portanto, fica em saber como será o day after, o que será colocado no lugar. 

O maior medo da plutocracia nacional é uma argentinização ou chilenização do Brasil. Controlar desde já a substituição do presidente bunda suja será algo vital para o futuro. 

As ligações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro não são novidade para ninguém. Quem já conhecia as figuras tinha pleno conhecimento do quão criminoso e podre é o clã do presidente da República. 

Quando o regime militar acabava, os porões da ditadura se rebelaram e Bolsonaro estava junto na rebelião. O fim das prisões e torturas significava a perda de arrecadação financeira e enfraquecimento das atividades ilegais, não mais cobertas pelo manto do autoritarismo. Expulso do Exército, Bolsonaro encontrou na política o caminho certo para viver no luxo.

A base de sustentação do futuro presidente seria justamente a banda podre das forças policiais e militares. A atuação parlamentar do político neofascista se resumiu em defesas corporativistas dos fardados e o apoio a ações ilegais dos integrantes das forças de segurança, muitas vezes às claras, com os discursos em favor do crime policial organizado e homenagens a bandidos da caserna. 

Esta atuação foi herdada pelos filhotes, que deram sequência à atuação em defesa do banditismo policial, tendo Flávio Bolsonaro chegado até mesmo a propor a legalização das milícias. 

Cercado por vizinhos milicianos, tendo a casa de alguns deles sido visitada por seu filho caçula, Bolsonaro nunca desconfiou do agora acusados de matar a vereador Marielle Franco. 

Seu faro foi capaz de apreender o Zeitgeist político e leva-lo ao palácio do Planalto, mas não lhe caiu a ficha de quão suspeitas eram as atividades de gente com a qual ele convivia! Pobre Jair!

O que a Globo faz agora é apenas o seu velho modus operandi, com décadas de know how acumulado: assassinato de reputação. Neste caso, no entanto, o trabalho deverá ser mais fácil, ainda mais fácil do que foi com Collor. O alvo não apenas é um pária social, sem sustentação popular alguma, mas também é francamente enrolado em todo tipo de maracutaia. O pato perfeito para ser assado. 
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GOLPE? QUE GOLPE?  Bebbiano deu a senha do que todo mundo já tinha noção. Bolsonaro pode, sim, tentar uma saída autoritária (vide aqui). Se antes tal saída já era imaginável, imagine agora, com o acosso vindo sobre ele e o projeto deposição sendo colocado em marcha. 

No entanto, a grande questão é: quem daria o golpe? 

É pouco provável que o alto generalato nacional se aventure a colocar os tanques nas ruas em favor do Bolsonaro, ainda mais sendo o vice um general de verdade e ainda com certa ascendência no meio militar. 

No entanto, observa-se um certo descolamento das baixas patentes com relação à alta cúpula, descolamento ainda mais acentuado agora com a proposta de reforma das carreiras das Forças Armadas, pois os oficiais superiores levaram um naco suculento de vantagens e o baixo clero ficou a ver navios. 
O fato de Bolsonaro haver tido participação fundamental nessa operação pode atenuar o ímpeto da tropa em marchar em seu favor, ao menos em hipótese. Mas, como consciência política não é o forte do Brasil (e, muito menos, dos membros das Forças Armadas), não é possível cravar com certeza nada. 

O risco mais evidente provém dos grupos para os quais quase ninguém olha: milicianos, policiais e paramilitares rurais. Estes grupos são ardorosamente bolsonaristas e possuem armamento capaz de bater de frente com agrupamentos militares oficiais. 

Poderiam eles vir a constituir uma espécie de SS de Bolsonaro? Ainda difícil dizer, sobretudo porque não existe uma organização centralizada e nem uma ideologia política clara e unitária, estando tais agrupamentos pulverizados e se movendo muito mais por interesses mercantis particularistas. 

Porém, não se deve baixar a guarda e considerar impossível tais grupos furarem as bolhas em que estão e se unirem em defesa de seu Capo. Mesmo a máfia costuma se unir para defender interesses supremos. 

A recente notícia de que mais de um milhão de pessoas ganharam autorização para possuírem armas neste ano é algo para se atentar. Quantos desses estariam dispostos a agir em prol de Bolsonaro caso fossem chamados à ação?

O certo é que estamos chegando na hora da verdade do regime bolsonarista. (por David Emanuel de Souza Coelho)

TODO CIDADÃO BRASILEIRO PERGUNTOU A MESMÍSSIMA COISA: O QUE É QUE EU FIZ DE ERRADO PRA NÃO ESTAR ENTRE AS HIENAS?

gregorio duvivier
TÁ DIFÍCIL SER PRESIDENTE NO BRASIL
A vida não está fácil pra Bolsonaro, esse leão cercado por hienas de todo lado. O pobre felino está sozinho contra um exército de carniceiros, dentre os quais a ONU, o STF e a Jovem Pan. Seu único amigo, um leão de nome Conservador Patriota (que nome pra um leão), parece ter se esquecido dele. 

É assim que o presidente está se sentindo —ou pelo menos é assim que ele diz no Twitter que está se sentindo, o que dá mais ou menos no mesmo. Ou não. Talvez seja assim que o seu filho acha que ele tá se sentindo, o que dá mais ou menos no mesmo, porque deve ter sido ele que disse pro  filho que se sentia assim. 
Desde que Bolsonaro postou esse vídeo, todo cidadão brasileiro se perguntou a mesma coisa: o que foi que eu fiz de errado pra não estar entre as hienas? 

Gosto de tudo no vídeo. Gostei de descobrir que ele acha que está sendo perseguido pela Jovem Pan, de que ele acha que a ONU quer comer sua carniça, de que ele vê o eleitor patriota e conservador como um leão macho e imponente que há de surgir no horizonte.

O sujeito está no cargo mais alto do país, goza de cartão corporativo infinito e foro privilegiado, e ainda assim vê a si mesmo como um pobre felino em extinção, abandonado por todos. Peço que faça um esforço pra imaginar como se sente Natália, do Piauí, medalhista da Olimpíada de Matemática, que ganha R$ 100 por mês do MEC e deve ter sua bolsa cortada.

A única palavra que me vem à cabeça é um conceito caro ao presidente: vitimismo. Nada mais adequado pra classificar sua estratégia do que essa palavra que o próprio costuma usar contra o movimento negro, feminista ou LGBT. 

Afinal a mulher que denuncia o marido está sendo vitimista. O negro que quer reparação histórica pela escravidão tá fazendo mimimi. Quem reclama de homofobia num dos países que mais mata homossexuais tá sendo coitadista. Só quem sofre mesmo, ao que parece, é o homem branco, hétero, rico, idoso e amigo de miliciano. 

Ninguém conhece a dor de não poder indicar o filho para uma embaixada, ninguém entende o sofrimento da sua esposa que não pode nem receber R$ 40 mil do motorista sem levantar suspeita, ninguém imagina o sofrimento de ter o vizinho de condomínio preso sob acusação de assassinato de uma vereadora, que por acaso era sua inimiga política. 

Se tá difícil ser cidadão no Brasil, imagina ser presidente. Não dá tempo de postar foto de biquíni. (por Gregorio Duvivier)
"E quando menos você espera / O leão fugiu da jaula /
Mas, calma minha gente, que o leão é sem dente"

NÃO DÁ PARA DIZER QUE O BOLSONARO ESTEJA ENVOLVIDO. MAS, PODE UM AMIGO DE MILICIANOS PRESIDIR O BRASIL?! – 2

O que há de concreto, no atual estágio das investigações policiais, é o seguinte: um dos envolvidos no bestial extermínio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes tinha algo muito urgente para tratar com o provável carrasco e, precisando entrar no condomínio onde também mora o hoje presidente da República, apontou-o como sendo aquele a quem visitaria. 

O porteiro fez a consulta de praxe e afirma ter recebido do apartamento em questão a autorização para franquear-lhe o ingresso.

Há muito a ser esclarecido, antes de podermos chegar a qualquer conclusão sólida. P. ex., já que o Bolsonaro estava viajando, não terá a pessoa que respondeu no interfone simplesmente entendido mal? Como não pertencemos à força-tarefa da Lava Jato, devemos respeitar a presunção de inocência...

Mas há, desde já, uma conclusão inescapável: tal criatura do submundo sabia muito bem que Bolsonaro morava lá, tinha o número do apartamento e motivo para crer que o deixariam entrar.

Se não podemos ainda falar em conhecimento, cumplicidade ou participação nos homicídios, a promiscuidade com a escória do submundo do RJ fica mais do que evidenciada.

O que são as milícias, afinal, se não uma organização criminosa que, a pretexto de proteger a comunidade contra bandidos, na verdade os elimina para tomar-lhes o mercado, contando para tanto com a proteção da polícia e de políticos como os Bolsonaros?

Lembrem-se: Pablo Escobar chegou até a ser deputado, mas nem a Colômbia aguentou por muito tempo a humilhação mundial de manter um notório narcotraficante no seu Legislativo.

E o Brasil, até quando aguentará ter um parça de milicianos como presidente? (por Celso Lungaretti)

Atualização  Escrevi o post acima antevendo que nada de mais grave seria provado contra Bolsonaro, ou seja, nada capaz de pôr seu mandato em risco. Então, preferi apenas colocar em questão sua proximidade com uma brutal organização criminosa..

Até aí, acertei em tudo. Errei, no entanto, ao acreditar que o jornalismo da Globo ainda mantivesse um padrão mínimo de qualidade. E o corvo disse: nunca mais!

Se o depoimento do porteiro não era totalmente confiável, uma matéria como aquela não tinha nenhuma justificativa para ser levada ao ar, pois, como disse alguém, não passaria de um factoide.

Depois dessa demonstração de quão errático anda o jornalismo da Globo, candidato-me ao cargo do Ali Kamel: aos 69 anos ainda ganho de goleada de quem aparentemente queria detonar o Bolsonaro mas acabou, isto sim, propiciando-lhe uma buffonata de auto-vitimização. (CL)

NÃO DÁ PARA DIZER QUE O BOLSONARO ESTEJA ENVOLVIDO. MAS, PODE UM AMIGO DE MILICIANOS PRESIDIR O BRASIL?! – 1

Promiscuidade de outrora com as milícias é pedra no seu sapato 
josias de souza
FATOS INTIMAM BOLSONARO
A ACENDER A
LUZ DE CASA
A vinculação do nome de Jair Bolsonaro ao assassinato de Marielle Franco é, por ora, apenas um asterisco em meio a um inquérito crivado de pontos de interrogação. 

A despeito disso, ganhou ares de crise a notícia divulgada pelo Jornal Nacional de que o nome do presidente da República consta do processo sobre a execução da vereadora do PSOL. 

Deve-se o fenômeno às relações perigosas da família Bolsonaro com milicianos. Para evitar que uma dificuldade aparentemente pequena se torne crítica e passe a influenciar o rumo do governo, Bolsonaro precisaria acender a luz de casa. Mas ele não parece disposto a fazê-lo. 

Eis o que foi ao ar em horário nobre:
— no dia do assassinato de Marielle, um suspeito de participar do crime entrou num condomínio para visitar um comparsa, agora acusado de puxar o gatilho; 
—  alegou na portaria que iria à casa de Bolsonaro, localizada no mesmo conjunto habitacional;
— em depoimento à polícia, o porteiro disse ter obtido pelo interfone autorização do seu Jair para a entrada do visitante. 
"Flávio Bolsonaro percorre os corredores do Senado como se nada tivesse sido descoberto sobre ele"
O livro de controle de acessos anota o nome do suspeito, a placa do carro e o número da casa de Bolsonaro: 58. Naquele dia, esclareceu a reportagem, Bolsonaro estava em Brasília. Registrou presença na Câmara. Divulgou vídeos nas redes sociais. 

A guarita do condomínio dispõe de equipamento que grava as comunicações feitas via interfone. A polícia tenta recuperar o áudio, para descobrir com quem, afinal, o porteiro conversou na casa de Bolsonaro. 

A situação exige claridade e serenidade. Mas Bolsonaro, numa transmissão ao vivo pelas redes sociais, ficou fora de si. 

Com isso, tornou-se mais fácil enxergar o que o capitão tem por dentro: muita raiva e um enorme apreço pelo breu. A irritação compromete o discernimento de Bolsonaro, impedindo-o de perceber que o nome da crise não é imprensa, mas família Bolsonaro.  

"Toda crise tem um custo"
A novidade chega num instante em que Fabrício Queiroz, um policial militar que trabalhou com os Bolsonaro, envia pelo WhatsApp sinais de que se considera abandonado. 

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, Queiroz ainda não forneceu ao Ministério Público do Rio uma explicação que fique em pé sobre suas movimentações financeiras. 

Amigo de Queiroz, o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, da PM do Rio, teve a mãe e a mulher pendurados na folha salarial do gabinete de Flávio Bolsonaro. Apelidado de Caveira, o oficial Adriano foi expulso da corporação. Comandava uma milícia em Rio das Pedras. Está foragido.

É contra esse pano de fundo que a polícia civil do Rio encosta na biografia de Bolsonaro um letreiro de neon com o nome de Marielle. A novidade mistura-se aos passivos que não saem das manchetes. 

Acusado de peculato e lavagem de dinheiro, Flávio Bolsonaro percorre os corredores do Senado como se nada tivesse sido descoberto sobre ele. 

Superblindado por duas liminares do Supremo —uma de Dias Toffoli, outra de Gilmar Mendes, o primogênito toma distância de Queiroz: "Não falo com ele há quase um ano". Bolsonaro ecoa o filho. 

Afora os crimes de peculato e lavagem de dinheiro atribuídos a Flávio e a rachadinha administrada por Queiroz, o Ministério Público do Rio esquadrinha a folha do gabinete de Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, na Câmara Municipal do Rio. Recolheram-se indícios de que funcionava ali outro ninho de ilegalidades funcionais. 

"como capitão de navio que reclama da existência do mar"
Num ambiente assim, presidente que se queixa da imprensa soa como capitão de navio que reclama da existência do mar. 

Só Bolsonaro sabe o tamanho real do buraco em que ele e sua família estão metidos. Toda crise tem um custo. O presidente precisa decidir quanto deseja pagar. A fatura vai aumentando com o tempo. 

Em tese, Bolsonaro ainda dispõe de três anos e dois meses de governo. Não há blindagem que dure tanto tempo. Melhor acender a luz, nem que seja num dos cômodos: o quarto das crianças. (por Josias de Souza, no seu blog)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

GUSTAVO BEBBIANO ADVERTE QUE ENTORNO DO BOLSONARO O PRESSIONA PARA QUE TENTE DAR UM GOLPE DE ESTADO

Celso Lungaretti
A possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro, face ao fracasso acachapante de sua gestão, tentar dar um golpe de Estado foi o assunto mais importante abordado na longa entrevista ao Congresso em Foco do advogado Gustavo Bebianno, que presidia o PSL quando da campanha presidencial de 2018 e chegou a comandar a Secretaria-Geral da Presidência no novo governo, sendo exonerado já em fevereiro.

Ele foi entrevistado por Edson Sardinha neste momento em que ingressa no PSDB para trabalhar na campanha de João Dória Jr. em 2022.
Edson Sardinha

Por motivo de espaço, publicamos abaixo apenas suas respostas, que foram, ademais, condensadas, com a supressão de trechos repetitivos e de informações menos relevantes para os leitores deste blog.

Às palavras de Bebbiano, pois!
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"O governo do presidente Jair Bolsonaro é uma decepção para todos os brasileiros que pensam, raciocinam e que querem não uma dinastia, um sistema ditatorial, personalíssimo, baseado numa entidade suprema, num mito.

O Brasil precisa de um gestor. De um presidente que saiba exercer as suas funções em benefício do país. Infelizmente as promessas de campanha foram todas deixadas de lado, seja para proteger e favorecer os próprios filhos, seja porque infelizmente ele só olha para as eleições de 2022. 

Bebianno (esq.) teme haver ajudado a fabricar um monstro
É com muita perplexidade que eu e a maioria dos brasileiros assistimos a esse show de palhaçadas promovido principalmente por Carlos Bolsonaro. 

De uma maneira inconcebível, ele tem acesso exclusivo às redes sociais do presidente. Faz publicações cotidianas de forma infantiloide e irresponsável. Está destruindo o governo do pai. 

Não vejo como o governo dele possa chegar ao final de uma maneira normal, pacífica, porque ele e os filhos alimentam essa beligerância. Veja agora o episódio com o PSL e o vídeo do leão e das hienas. É um negócio tão beligerante e personalista, mesquinho, egoísta e tão burro, sem estratégia, sem nada. 

Se não fossem os presidentes Paulo Guedes e Sergio Moro – pode botar ipsis litteris –, o Brasil já estaria mais no fundo do poço que já está. Vejo a gestão Jair Bolsonaro como irresponsável e desgovernada. Se pegar a agenda presidencial, você vai ver que não tem trabalho nenhum em benefício do Brasil, zero. Por conta desse quadro muito preocupante, não vejo como ele possa chegar ao fim de maneira pacífica.

É impossível se manter mais três anos nesse ritmo. Ele entrou numa maratona de 40 e tantos quilômetros e está correndo como se fossem 100 metros rasos. Ninguém aguenta isso. 
"show de palhaçadas do Carlos Bolsonaro"

A primeira coisa [que Bolsonaro deveria fazer] é afastar os filhos. Em seguindo lugar, mudar o núcleo duro todo. Tem de afastar esse Filipe Martins [assessor especial da Presidência], trocar o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo], cortar relações com o Olavo de Carvalho, tem de ouvir pessoas normais. E não loucos. 

Ou ele muda radicalmente seu comportamento, afasta os filhos e passa a ouvir pessoas racionais e adultas, ou ele não vai terminar bem. Ou vai renunciar (dar uma de Jânio Quadros), ou vai sofrer impeachment ou ele próprio vai tentar ruptura institucional.

As pessoas vinculadas diretamente a ele [Bolsonaro] falam isso [em ruptura institucional]. Ele não diz o contrário. Esse Filipe Martins fala em ruptura institucional. O Olavo fala em ruptura. O Eduardo e o Carlos falam em ruptura institucional. O presidente em algum momento desdisse? Deu alguma manifestação contrária a isso? Não, ele silencia. 

O Brasil está caminhando para um lugar muito pantanoso, escuro e perigoso. Do jeito que esse núcleo duro do presidente se manifesta, vão fazer uma guerra civil? Olavo diz que tem de eliminar toda a oposição. O que significa eliminar a oposição? Diz que tem de fechar os partidos de esquerda. Como seria no mundo prático a operação disso? 

Naquela época [em que Bebianno apoiou a pretensão presidencial de Bolsonaro] os filhos dele pouco participavam. Eram contatos esporádicos.

"não precisava nem de jipe para fechar o Supremo"
Depois que ele chegou ao poder, os filhos Eduardo e Carlos grudaram de modo que não sobra espaço para nenhuma cabeça mais preparada, racional, ninguém mais, influenciar o presidente. O Brasil hoje é governado de fato por Carlos e Eduardo Bolsonaro. 

Quem votou em Jair esperava outra coisa. O poder acabou subindo à cabeça dele, que começou a mostrar um perfil muito autoritário. Eu esperava uma coisa completamente diferente, esperava que depois da vitória ele tivesse uma postura mais nobre, mais conciliadora e apaziguadora. 

Metade do Brasil tem uma cabeça diferente da dele. Faz o que com essas pessoas? Elimina? Mata? Joga dentro do mar? Não é assim, não é com agressão, briga e hostilidade que o Brasil vai ser unido. O Brasil é de todos, tem lugar para todo mundo. Precisamos de um movimento de conciliação. 

[Sobre o eventual apoio das Forças Armadas a uma tentativa golpista de Bolsonaro] É difícil dizer. Houve ali uma quebra de confiança no início da gestão. O que é até bom. Por conta desses mesmos filhos, o general Mourão foi muito agredido, o general Santos Cruz e o general Eduardo Villas-Boas também. As Forças Armadas olham com muita desconfiança para ele. 

"dar uma de Jânio Quadros"
Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real. É difícil precisar o momento, mas que essa hipótese é cogitada na cabeça dos filhos, dele, do entorno, isso é.

[Sobre se o vídeo em que o STF e outras instituições são tratados como hienas que atacam um leão, seria ele um indício da dita predisposição golpista] Sim, é um indicativo, assim como a fala do Olavo e do Filipe Martins sugerindo um novo AI-5, o extermínio de partidos de oposição. 

Isso tudo claramente. O Eduardo disse que bastava um cabo e um soldado, não precisava nem de jipe, para fechar o Supremo. Outro dia o Carlos disse que as coisas são muito lentas na democracia. Não são sinais que precisam ser traduzidos. As falas deles são explícitas"
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