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sábado, 21 de setembro de 2024

BEM QUE GEORGE ORWELL NOS ALERTOU CONTRA A POLÍCIA DO PENSAMENTO: HOJE, OS PATRULHEIROS CRICRIS GERAM PÂNICO

Q
uase vomitei ao ver exposta na vitrine do UOL a seguinte chamada:
Narrador usa termo racista durante jogo do Cruzeiro; canal pede desculpas.

E não foi por se tratar de uma besteirinha que nunca deveria ter recebido de tal portal tamanho destaque, mas sim por revelar que jornalistas brasileiros, mesmo os de um canal do YouTube setorista de time de futebol, estão pisando em ovos quando exercem seu ofício, intimidados por uma repulsiva Polícia do Pensamento que mantém estreitamente vigiadas as artes e comunicações.

Assim, o narrador perguntou ao repórter de campo como se chamava o jogador coloured que fazia aquecimento para entrar na equipe mineira, em jogo da Copa Sul-Americana. Como o repórter mostrasse não ter entendido direito a pergunta, o narrador especificou: aquele escurinho.

Ou seja, ambos se enrolavam com os eufemismos utilizados para não usarem as palavras negro ou preto, pois há sempre chance de uma ou outra estar no index do Santo Ofício do século 21, que atende pelo nome de redes sociais.

Aí o dono do canal correu a intervir, pedindo desculpas aos telespectadores pelo ocorrido: "Isso foi um ato que a gente não tem que praticar, que é o racismo".

Não, um ato pior ainda para um comunicador é não enfrentar os reais problemas, preferindo saídas fáceis como a escolha hipócrita das palavras.

Faz lembrar a distopia
1984, de George Orwell, que mostra um país inteiro obrigado a cultuar a personalidade do seu dirigente máximo, a ponto de uma criança delatar seu pai às autoridades por ouvi-lo falar, durante o sono, "abaixo o Grande Irmão!".

Torno a repetir: censurarmos os termos com os quais nos referimos às coisas do mundo só acrescenta artificialidade à nossa comunicação, pois é preciso muito mais para eliminarmos realidades deploráveis como o racismo, o machismo, a xenofobia, o etarismo, etc. 

Temos, isto sim, de transformar esta sociedade na qual os privilégios de uma pequena minoria são mantidos à custa da manipulação da consciência da grande maioria, inclusive com a lavagem cerebral que a indústria cultural realiza o tempo todo, exacerbando ao máximo a competição insana entre iguais, para que eles jamais consigam unir-se a fim de extinguirem todas as formas de exploração e desigualdade entre os seres humanos. 

O termo a ser banido é outro, muito mais nefasto: capitalismo. Este sim precisa desaparecer de nossas falas e de nossas escritas por obsolescência, pois é o grande obstáculo à felicidade das gentes nestes tristes tempos presentes.

O teatro da revolução não substitui nem jamais substituirá a revolução ela mesma. (por Celso Lungaretti)

O verso inicial deste tributo a Martin Luther King é "Sim, sou
um negro de cor". Hoje os patrulheiros cricris chiariam...

quinta-feira, 20 de abril de 2023

NUNCA GOSTEI DO CUCA COMO PESSOA, NEM COMO TREINADOR. MAS, CAÇAS ÀS BRUXAS SÃO INADMISSÍVEIS!

Cuca como jogador do
Grêmio (1987/1990) e...
P
ara minha decepção, o Alexi Stival, conhecido como Cuca, acaba de tornar-se o novo técnico do Corinthians. 

Não simpatizo com ele, nem gostei do seu trabalho noutros clubes. Mas, indignou-me ver colunistas da grande imprensa, ditos de esquerda, incorrerem mais uma vez em práticas inquisitoriais, estimulando o linchamento moral de um cidadão como se fossem caçadores de bruxas da Idade Média ou macartistas estadunidenses da década de 1950.  

É simplesmente kafkiana a situação de um indivíduo sendo exposto ao opróbrio e sofrendo várias pressões que visam obstar-lhe o exercício de sua profissão, por conta de um ato repulsivo que cometeu... HÁ 35 ANOS!!! 

Um dos pilares da civilização é a prescrição dos crimes após um período que varia de acordo com sua gravidade. Estupros são covardes e infames, mas não a ponto de justificar uma via crucis tão prolongada, daí o acerto da Justiça brasileira ao fixar em 20 anos o prazo para sua prescrição. 

E é de um ridículo atroz infernizar até hoje um cidadão brasileiro por ter deixado de cumprir uma pena de 15 MESES DE PRISÃO que lhe foi imposta in absentia NO ANO DE 1989 por uma corte estrangeira!  

Vale, ainda, reiterar que, tanto de acordo com as leis suíças, quanto segundo os critérios da Justiça brasileira, A SENTENÇA DE 1989 ESTÁ PRESCRITA. É mero arquivo morto, não podendo ser utilizado para desqualificar Cuca na atualidade.   
...como novo treinador
do Corinthians (2023)

Quem discorda deveria civilizadamente tentar fazer com que a lei brasileira mudasse, não adotar uma forma alternativa de punição, usando o próprio teclado como malhete (também chamado de martelo) de juiz.  

Nada indica que o Cuca seria capaz de reincidir tanto tempo depois. Por que, então, infernizá-lo com esses rolos compressores midiáticos?! Por que apontar o dedo indicador para ele e incitar a turba virtual a apedrejá-lo?!

Seus algozes atuais, implicitamente, agem de acordo com a mentalidade (bandido bom é bandido morto!) daqueles que dizem combater. 

Aquele garotão de 24 anos hoje está a três meses de tornar-se sexagenário. A impiedosa perseguição movida contra ele não faz mais nenhum sentido. Não passa do arcaico e bárbaro conceito de castigar pessoas como exemplo para que outros não copiem seus atos. 

Enfim, não adianta alguém ser contra o bolsonarismo e, ao mesmo tempo, reproduzir a mentalidade autoritária de quem se arroga o direito de disciplinar ou retaliar aqueles cujo comportamento lhes desagrada. (por Celso Lungaretti)

sábado, 6 de março de 2021

LUGAR DE LOUCO É NO HOSPÍCIO: PDT PEDE AO STF A INTERDIÇÃO DO PRESIDE(ME)NTE

O anúncio foi feito pelo presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista, Carlos Lupi (que tem como vice Ciro Gomes): o PDT dará entrada no STF, 2ª feira que vem (8), ao pedido de interdição por insanidade mental do preside(me)nte Jair Bolsonaro. Por que demorou tanto?!

Luppi justificou a decisão com o óbvio ululante, que até as pedras das ruas sabem ser a absoluta verdade:
"O objetivo é o de impedir as ações negacionistas, que multiplicam as mortes por Covid-19. Temos inúmeras provas (entre elas as declarações Chega de frescura e de mimimi, Vão ficar chorando até quando? e Vai procurar vacina na casa da sua mãe). Eu acho que ele é louco e precisa ser interditado antes que mais brasileiros morram por sua loucura".

O conceito de loucura, na verdade, é impreciso e muitas vezes foi aplicado, ao longo da História, para punir e intimidar os indivíduos que não se adequavam a uma sociedade ela também (e talvez ainda mais) insana.  

Da mesma forma, nos séculos favoritos do genocida, mulheres que necessitavam dar vasão à sua sexualidade mas não tinham espírito suficientemente forte para suportar a rejeição social, escapavam pela tangente de acreditarem-se feiticeiras induzidas pelo demônio àquelas práticas que seus corpos exigiam. Melancólica consequência: inquisidores (que tinham afinidade bem maior com o capeta do que elas mesmas!) as condenavam por bruxaria.

Mas, no caso de Jair Bolsonaro, só há duas hipóteses, como ficou totalmente evidenciado na sua faina de 26 meses destruindo o Brasil:
— ou ele é um monstro insensível, capaz das ações mais execráveis quando seu ego é machucado seja lá pelo que for;
— ou ele é doido varrido mesmo, como o grande Ricardo Kotscho vem sustentando há quase um ano (vide aqui), sempre com meu apoio.

Assim, ao mesmo tempo em que Bolsonaro sabotava as medidas de combate à pandemia a pretexto de salvar a economia, causava perdas incomensuravelmente maiores com suas pirraças altamente lesivas aos negócios, com seus desvarios nas relações exteriores, com sua sanha devastadora na ecologia, etc.

Tantas fez que tornou o Brasil um pária entre as nações, o que agudizará a depressão econômica na qual já nos encontramos (a pior de nossa história) e que vai atingir o auge ao longo do presente ano.

E foi o grande responsável pelo colapso sanitário no qual nos debatemos agora, maximizando os óbitos evitáveis mas não evitados (estimei-os aqui em 40% do total de mortes causadas pela pandemia).
Tudo isto por quê? 
— por neurótica inveja do sucesso do ministro de Saúde que estava sabendo administrar essa crise e conquistara a confiança da população, Henrique Mandetta;
— por querer a todo custo provar que os remédios milagrosos por ele defendidos a reboque do Trump funcionavam, mesmo quando o mundo inteiro já concluíra que eram inócuos; 
— para dar ridículas demonstrações de machismo, como se estivesse transtornado até hoje (mais de um quarto de século depois!) com o ridículo papel que desempenhou como ex-militar que entregou docilmente arma e moto para a bandidagem do RJ, etc.  

Mas, suas ideias fixas, trapalhadas e lambanças invariavelmente o têm levado na direção contrária aos seus interesses, o que comprova a incapacidade de domar seus rancores sempre à flor da pele mediante o uso da razão. Surta dia sim, outro também, causando os piores estragos quando é controlado pela legião de demônios que carrega dentro de si.  

Que louco já matou uns 100 mil brasileiros (que será a mínima conta de chegada dos óbitos evitáveis mas não evitados da covid-19 em nosso país)? Ele consegue ser pior, mais nocivo e catastrófico, do que qualquer louco que já tenha infelicitado o Brasil.

Então, mesmo que ele seja apenas um monstro insensível, sem a mais ínfima empatia com o resto da humanidade e sempre pronto a causar mortes e mais mortes por causa dos disparates nos quais crê em função de sua crassa ignorância, estamos num momento dramático e decisivo da nossa história. 
Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a enormidade de tempo que levou o impeachment da Dilma, para só então começarmos a sair do buraco sem fundo no qual nos metemos; até lá, o Brasil vai estar em frangalhos e os coitadezas terão morrido como moscas.   

Pusilânimes extremados que fomos, deixamos a situação deteriorar até o atual estado de calamidade pública antes de nos compenetrarmos de que estamos nos dirigindo em marcha acelerada para o abismo. Teremos de levar isto em conta, se ainda pretendermos salvar o Brasil. (por Celso Lungaretti)
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