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terça-feira, 10 de novembro de 2020

A VITÓRIA DE BIDEN SELOU O REFLUXO DA ONDA NEOFASCISTA E O INÍCIO DA VOLTA À CIVILIZAÇÃO. ISTO LÁ É POUCA COISA?!

rui martins
QUANDO NOSSA ESQUERDA FALA COMO BOLSONARO
Estávamos perto da reta da chegada das eleições estadunidenses. A CNN ia juntando, ao vivo, o total dos votos dos grandes eleitores para Trump e Biden, à medida que avançavam as apurações. Faltando ainda contar os votos em seis Estados, percebia-se, pouco a pouco, que aumentava a vantagem de Biden, tornando impossível a Trump recuperar a diferença. Já se via a vitória de Biden, embora ainda faltassem as viradas ocorridas na apuração dos votos da Georgia e Pensilvânia.

Foi nesse momento que recebi pelo WhatsApp uma curta mensagem coletiva, de um conhecido grupo de esquerda, dizendo para ninguém se entusiasmar com a próxima vitória do Biden, porque (para não usar o linguajar chulo) tanto Biden quanto Trump eram farinha do mesmo saco. E a mensagem vinha seguido de um tweet #ForaBiden. No dia seguinte, num WhatsApp, alguém queria me explicar porque Biden e Trump eram a mesma m…, ou farinha do mesmo saco.

Minha primeira impressão foi de desolação por constatar que nossa esquerda falava quase como Bolsonaro, num discurso populista sem profundidade, sem inteligência, destinado a alimentar o fanatismo de seguidores desprovidos de qualquer visão de política internacional. Esse recurso à repetição de chavões me lembra mesmo a descrição do totalitarismo na distopia 1984, de George Orwell, com seus minutos de ódio. Tudo muito elementar. Um populismo delirante.

Bolsonaro não queria a vitória de Joe Biden e continua não querendo, tanto que até agora não reconheceu a vitória do democrata, assim como os dirigentes russos e chineses. Por quê? Porque sua desastrosa política até agora aplicada no Brasil copiava a do desastroso Donald Trump. 

Como um cachorrinho amestrado, vinha imitando seu dono e já via o Brasil participando de um grupo de países conservadores, reacionários e retrógrados europeus, liderados pelos Estados Unidos de Trump.

Não é à-toa que a catástrofe do coronavírus no Brasil se assemelha à dos Estados Unidos. Trump ria das máscaras e Bolsonaro mandava seu gado tomar cloroquina para se curar da gripezinha. Tanto um como o outro são responsáveis pelo grande número de mortos registrado nos EUA e no Brasil e pelo abandono da Organização Mundial da Saúde. 

Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles queriam prosseguir, com a benção de Trump, devastando a Amazônia e mostrando o dedo do meio para quem falasse em aquecimento global e necessidade de se salvar o planeta com a aplicação do Acordo de Paris sobre o Clima. Bolsonaro seguia Trump por sentir-se livre de qualquer inibição ao mandar às favas os direitos humanos.

E o que significa para nós a vitória de Biden? A necessidade de o Brasil levar a sério as recomendações da OMS de proteção à população e de combate ao coronavírus. Ou existe um nacionalismo verde-amarelo contra a OMS, em favor da cloroquina e de um recorde mundial em número de mortes? Será antipatriótico apagar-se o fogo na Amazônia sob pressão estadunidense?

Nossos coleguinhas dessa esquerda delirante queriam mesmo a derrota do Trump ou acreditam que, quanto pior é o inimigo, é melhor para quem quer fazer a revolução? 

Sentem-se agora decepcionados com a perspectiva de terem um inimigo diferente, com propostas aceitáveis, capazes de comprometer o impacto das campanhas anti-imperialistas, esquecendo-se de que vivemos todos numa comunidade global, onde cada avanço, em cada país, contribui para o avanço em todo o planeta? 

Enquanto escrevia, me chegavam por WhatsApp acusações, distribuídas por setores da esquerda, também contra a vice-presidente Kamala Harris, dando as razões pelas quais nos devemos opor a ela. Daqui a pouco, vai circular outro tweet #ForaKamalaHarris ou será o filho do Bolsonaro quem está atacando Biden e Kamala, na esperança de um vitória tardia de Trump?

Fora das repercussões no Brasil, no que o governo de Biden será diferente do dirigido até agora pelo Trump? 

Ele pretende engajar toda força dos EUA na defesa do clima e dotar o país de geradores eólicos de eletricidade, limpos e sem combustíveis, acionados pelo vento. Isso é ruim ou bom para o socialismo? 

E manterá os EUA no Acordo de Paris, uma medida criará centenas de milhares de empregos, diminuirá a poluição atmosférica e será mais saudável para quem vive nos centros urbanos. Serão ações contra-revolucionárias?
Biden pretende baixar os impostos para a classe média e aumentar para os mais ricos e para as grandes empresas. Com isto também poderá aumentar em 200 dólares o salário-mínimo federal.

Outro setor visado por Biden é o da saúde. Existem nos EUA 21 milhões de pessoas sem seguro de saúde e, por isso, sem médico e sem hospital. Os EUA, mesmo com o
Obamacare, não têm um seguro de saúde para todos como nosso SUS, que o Bolsonaro queria destruir.

Nos EUA, é necessária a participação em convênios de saúde, ao qual a camada mais pobre não tem acesso. Biden pretende aplicar milhões de dólares numa expansão do Obamacare, ao qual se terá acesso pagando-se 8,5% do salário. Se aplicada como está no programa de governo, esta medida revolucionará o setor da saúde nos EUA. Biden não é contra o aborto, como os evangélicos, conservadores e a extrema-direita de Trump.

Ele também preconiza um governo sem preferências raciais ou de gênero. A prova é ter feito parceria com Kamala Harris de origem indiana e jamaicana, ampliando o caminho da representação das mulheres brancas ou negras na política. Biden não pretende anular tudo quanto foi feito por Trump, assim será mantido o recente acordo multilateral assinado com Israel e países árabes.

Biden não é um presidente de esquerda, não fará a revolução socialista nos EUA, nem fará jogo mole com o Brasil no comércio internacional, nem usará de ameaças nas relações com a China. Mas, para o povo estadunidense, deverá ser bem melhor que Trump. E as eleições, apesar de todas ameaças e tentativas de pressões de Trump, confirmaram a democracia existente no país. 

É nesse quadro que nossa esquerda deve propor, com inteligência e sem o uso do populismo e do fanatismo, suas reformas. E preparar-se para os shows, comédias e ameaças que Bolsonaro fará dentro de dois anos, quando, por certo, não será reeleito.
(por Rui Martins)
TOQUE DO EDITOR – Está certíssimo o amigo Rui quanto a ser totalmente equivocada a posição desses sectários que igualam Biden a Trump. É coisa de scholars que elucubram no mundo etéreo de suas fantasias, sem a mais remota noção de como se travam as batalhas políticas no mundo real. 

Espanta-me o pouquíssimo apreço que mostram ter pela vida humana, pois simplesmente parecem ter esquecido o adicional de dezenas de milhares de mortes evitáveis que os desastrosos Trump e Bolsonaro acrescentaram à já terrível tragédia da pandemia; ou do enorme risco que a humanidade está correndo de ser varrida da face da Terra pelas catástrofes que o desprezo pelo clima por parte desses dois genocidas está incubando.

Há óbvias diferenças entre os interesses capitalistas selvagens representados pelo Partido Republicano e os interesses capitalistas mais civilizados representados pelo Partido Democrata. Daí os primeiros quererem voltar para o tempo em que a cegueira nacionalista causava guerras mundiais e os segundos serem globalistas.

E a mudança de guarda na Casa Branca facilitará imensamente a faxina no Palácio do Planalto. 
As chances agora de que o Bozo caia em 2021 devem estar na casa de uns 99%, pois país pobre não consegue atravessar uma depressão econômica devastadora como a que sofreremos no ano que vem sem o apoio de uma nação poderosa.

Só que o bloco europeu não quer ver o Bozo nem pintado de anjo, a China se move apenas por interesses negociais e a Rússia é indiferente ao Brasil. Então, o poder econômico dará um jeito de remover o Bozo simplesmente por ele estar ferrando nossa economia com seus disparates insanos.

E, a julgar pela quase nenhuma combatividade da nossa esquerda ao longo de 2020, a ponto de depender de secundaristas e dos Gaviões da Fiel para a reconquista das ruas, precisaremos mesmo que outros façam o serviço por nós. 

É vergonhoso ao extremo que não tenhamos expelido o genocida até agora! (CL)

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

COM A DÉCADA INFERNAL A 2 MESES DO FIM, A REMOÇÃO DOS REBOTALHOS PARA A LIXEIRA DA HISTÓRIA COMEÇA PELO TRUMP.

celso rocha de barros
O GRANDE PORRE MUNDIAL DOS ANOS 2010 ESTÁ PASSANDO?
A
o que tudo indica, nesta 3ª feira (3) Donald Trump se tornará um presidente de um mandato só. As pesquisas são favoráveis a Biden, e, se elas errarem só o que erraram em 2016, Biden ainda ganha. 

O site 538, do estatístico norte-americano Nate Silver, dá a Trump pouco mais de 10% de chance de vencer a eleição. Não é zero. É o risco de morte de quem faz roleta-russa com uma arma de dez tiros. Mas é pouco.

É possível que Trump não aceite a derrota e tente ganhar no tapetão. Grande parte da votação já ocorreu por correspondência, por causa da pandemia. Trump pode sair em vantagem no início da contagem, quando os votos por correspondência ainda não tiverem sido totalmente contados.

No cenário golpista, declararia vitória enquanto estivesse na frente e montaria uma ofensiva jurídica para interromper contagens estaduais por um motivo ou outro. Para isso contaria com sua recém-adquirida maioria na Suprema Corte e com os juízes federais que nomeou nos últimos anos. 

Temendo conflitos de rua em caso de impasse, a rede de supermercados Walmart interrompeu a venda de armas até a confusão passar.

Não é o cenário mais provável, até porque há uma chance razoável de Biden vencer por margem incontestável. Mas o fato de que uma eleição possa terminar em conflito civil generalizado mostra o tamanho do dano que Donald Trump já causou ao ambiente cívico estadunidense. 

Se a roleta-russa der errado e Trump vencer nesse clima de radicalização, o dano pode ser ainda maior.

A vitória de Trump em 2016 foi um marco decisivo da onda populista reacionária que já havia começado antes, em lugares como a Hungria e a Polônia, mas que chegou ao centro do capitalismo internacional com o brexit.

As negociações do brexit vão mal. E, sem o Reino Unido, deve crescer a pressão por uma federação europeia mais centralizada, o que não é boa notícia para os radicais poloneses e húngaros.

A maré está virando? O grande porre mundial da década de dez está passando?

Mesmo se virar, nenhum dos problemas que criaram a onda populista terá sido resolvido. A desigualdade continua alta. A desindustrialização de áreas inteiras do mundo desenvolvido (e do Brasil) continuará difícil de reverter. Como as crises da pandemia deixaram claro, a desconfiança com relação aos especialistas não vai embora da noite para o dia.

As notícias falsas, a política difícil das redes sociais, tudo isso ainda continuará existindo. A tensão entre Estados-nação e capitalismo global não desapareceu, muito pelo contrário.

Por outro lado, é possível ter esperança, ao menos alguma esperança, de que certas soluções idiotas para esses problemas serão descartadas:
— Não, não foi o encanador polonês que tirou o emprego do mineiro britânico;
— Não, Trump não tinha uma alternativa ao Obamacare que preservasse tudo que o programa tinha de popular e descartasse tudo que tinha de impopular;
— Não, Bolsonaro não era inimigo da corrupção (nem a corrupção era a causa da crise econômica brasileira), etc.

De qualquer maneira, ao que tudo indica, amanhã a democracia estadunidense vai para  
rehab [clínica de reabilitação]. Nos EUA os grandes partidos sobreviveram, a volta ao normal deve ser mais fácil. 

Nós, que decidimos não derrubar Bolsonaro em 2020, seguimos fincando pé na cracolândia por mais dois anos, agora como párias internacionais. (por Celso Rocha de Barros)
Está mesmo faltando um. Mas, expelido o Trump, tudo leva a crer 
que seu fiel mas tosco vassalo será varrido pela depressão econômica
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