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terça-feira, 11 de abril de 2023

CEM DIAS DE LULA 3, CEM DIAS DE VAZIO.

 


Nesta segunda-feira, 10/04, completaram-se 100 dias de governo Lula 3. Na realidade, caso anteriormente não tivéssemos tido um presidente canastrão e bandido igual Bolsonaro, seria impossível dizer com segurança existir no Brasil um novo governo, tamanha a mediocridade dos novos residentes de Brasília. 

Novos de forma relativa, bem entendido, pois é a quinta vez que o Palácio do Planalto é ocupado por um petista, terceira pelo próprio Luiz Inácio. Daí inclusive a falta de novidade, pois não é um governo inédito, mas continuação dos 13 anos anteriores. De fato, o lulopetismo insiste em fazer o que não deu certo, com uma política de conciliação de classes, cooptação partidária e limitadas medidas assistenciais. 

Muito pior agora, pois o lulopetismo é um zumbi, tendo morrido em Junho de 2013 e enterrado no Impeachment de 2016. O que vemos hoje é apenas um espectro fantasmagórico de uma alma penada que se recusa a desencarnar. A vitória de Lula nas últimas eleições se deu mais em função de seu adversário - e mesmo assim foi garantida na bacia das almas, com limitadíssima margem. Foi uma eleição do veto, com um lado e outro votando não em programas, inexistentes, mas para barrar quem não gostaria de ver sentado na cadeira de presidente. Ao fim, a rejeição ao Bozo foi maior e o atual presidente venceu por ter menos antipatia popular. 

Aliás, o programa petista e o bolsonarista se equivalem no essencial, pois são basicamente os mesmos de FHC e Temer, o neoliberalismo periférico, exportador de commodities e importador de bens industrializados. Nos últimos vinte e três anos o país viveu profundo processo de primarização econômica, com o setor agropecuário e mineral assumindo a dianteira da produção de valor. Lembremos aqui da lição de Marx, a produção de valor ocorre de dois modos, ou na indústria ou mediante a exploração da renda da terra, esta última assumindo aspecto de extrativismo, ao sugar riquezas do solo e da natureza em geral. 

O agro é pop
No Brasil, esta lógica extrativista atingiu seu clímax com Jair Bolsonaro e deve continuar se generalizando no futuro até nos transformarmos de vez em um grande deserto esburacado e enlameado. A recente viagem de Lula à China dá conta da força do setor extrativista: mais de 200 sanguessugas irão acompanhar o presidente a Pequim, quase todos representantes do agronegócio

Lula 3 assumiu em situação muito mais crítica e rebaixada em relação há vinte anos, inclusive com o passivo gigantesco de seu próprio passado de erros. Pego em meio a uma crise capitalista que se desenha catastrófica, com crescentes tensões mundiais entre potências militares, o novo governo possui muito menos margem de manobra e será cozido de forma muito mais acelerada pela ingovernabilidade derivada dos terremotos da economia de mercado em franca decadência. No entanto, diante do contexto adverso, o presidente e seus asseclas insistem em agir como se tudo ainda fosse igual, afundando-se em debates escolásticos para salvar o insalvável. 

Assim, o mais ignóbil dos ministros, Fernando Haddad, passou estes cem dias discutindo um novo Teto de Gastos com a seriedade típica com a qual os filósofos medievais estudavam o sexo dos anjos. Ao fim, sua engenhoca, digna de um professor Pardal, servirá apenas para desgastar ainda mais o lulopetismo junto às massas, as quais se afundam na fome, na miséria, na violência e no desemprego, alheias ao tecnicismo do tedioso professor. 

De resto, a proposta de Haddad configura claro estelionato eleitoral, pois durante anos o discurso lulopetista era de abolir o teto de gastos e não de substitui-lo por outro. No entanto, a Lula é mais cômodo repetir o servilismo aos capitalistas, os mesmos responsáveis por prende-lo na cadeia e também por tira-lo de lá. 

Nem os filósofos medievais perdiam tanto tempo com
debates ociosos. 

Outra prova do servilismo, e novo estelionato, é a continuação da deforma do Ensino Médio, medida autoritariamente imposta por Temer e cuja sustação fora prometida pelos lulistas. Agora, o discurso mudou e o próprio presidente garante a continuidade de sua implementação. A rigor, estranho seria se ele cumprisse a promessa, pois a reforma já vinha sendo urdida por Dilma e encontrava-se nas gavetas do MEC à época da posse do Drácula, apenas esperando uma mão de ferro para vir à luz do dia. Continuarão os alunos a terem aulas de RPG, Brigadeiro Caseiro e O que Rola por Aí, pois é esta a visão educacional para a juventude também compartilhada por Lula e sua gangue. 

O novo governo move-se por pura inércia, sem norte claro, apenas impulsionado pelo movimento da massa falida chamada Brasil. À deriva, não se deu conta que o chão começa a faltar debaixo de seus pés e não é mais possível agradar a deus e ao diabo. Dito de outro modo, não aprenderam nada sobre a realidade histórica atual. Enquanto almas penadas, repetem em looping o que já viveram. 

Em cem dias temos ideia de toda a falta de rumo de Lula 3. Aguardemos os próximos cem, pois ao que tudo indica, tudo só tende a piorar, para o governo e para nós. (por David Emanuel Coelho



 

quinta-feira, 6 de abril de 2023

LULA NÃO VAI REVOGAR A REFORMA DO ENSINO MÉDIO. DE ONDE MENOS SE ESPERA, DAÍ É QUE NÃO SAÍ NADA MESMO!

 

Para surpresa de zero pessoas, Lula reforçou nesta quinta-feira, 06/04, sua umbilical aliança com os grupos empresariais da educação e declarou que não irá fazer revogação do deletério Novo Ensino Médio. 

A decisão já era esperada, visto estar o MEC tomado por representantes dos grupos promotores da Reforma, além da oposição do próprio ministro da educação, Camilo Santana, notório pau mandado de tais grupos. Anúncios recentes de grupos de discussão e da suspensão temporária do processo para implementar as mudanças eram apenas protelatórias, buscando desmobilizar os estudantes.

Assim, continuará em frente o ensino em que alunos têm aulas de altíssima importância, como RPG, O que Rola por aí e Brigadeiro Caseiro. Isto, obviamente, com professores sem formação, bastando demonstrar seus conhecimentos pelo notório saber e seguir apostilas vendidas por grandes instituições acadêmicas, de imenso relevo educacional, iguais ao Ifood e ao Banco Itaú

O tempo vai passando e cada promessa e programa eleitoral do lulopetismo vai sendo jogado ao lixo, deixando para trás apenas discursos vazios e mediocridades. Mas, como já dizia o Barão de Itararé, de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. (por David Emanuel Coelho

sábado, 25 de março de 2023

FOLHA DE SÃO PAULO MOSTRA A FARSA DA ESCOLHA NO NOVO ENSINO MÉDIO

 


R
eportagem da Folha de hoje, 25 de março, dá ideia da farsa da Reforma do Ensino Médio. Seleciono abaixo os principais trechos com os comentários devidos. 

Mesmo seguindo a lei, as escolas não têm estrutura suficiente para atender a opção dos alunos. É o caso da escola estadual Adenilson Franco, em Franco da Rocha, que oferta quatro itinerários, mas não conseguiu garantir que a aluna Janet Baez, 17, fizesse o aprofundamento na área que desejava.

No 1º ano do ensino médio, a escola consultou os alunos sobre qual itinerário queriam seguir nos próximos dois anos. Janet, já decidida a ser arquiteta, escolheu a área de matemática. Mas, no ano seguinte, descobriu que havia sido matriculada na turma de ciências humanas.

"Disseram que não tinham como atender a vontade de todo mundo, que tinham que organizar as turmas pra ficarem todas com o mesmo tamanho."

"O pior é que, além de não ter estudado a área que eu queria, ainda diminuíram o tempo das aulas normais para ter os itinerários. Eu quase não estudei matemática, química e física", conta a estudante, que está no 3º ano e tem apenas uma aula por semana de matemática e de português.


Por lei, as escolas deveriam respeitar a escolha de cada aluno nos chamados itinerários formativos. É a ilusão neoliberal da escolha infinita se aplicando ao ensino. Contudo, os geniais gestores da reforma não se atentaram ao fato simples de que é fisicamente impossível fazer essa oferta aos alunos, seja por insuficiência de professores, seja por insuficiência de salas de aula. 

Resultado? Os alunos tiveram de aceitar itinerários que não haviam escolhido de modo algum, muitas vezes contando com a sorte para saber em qual iriam estudar. 

Professor de uma escola estadual de Arapiraca (AL), Lucas Costa conta que ele e os colegas montaram um plano de quais itinerários iriam ofertar e apresentaram as propostas para os alunos escolherem. Depois descobriram que teriam que seguir outros itinerários já determinados pela secretaria de Educação.

A escola então decidiu dividir os alunos por meio de um sorteio. "Chamaram os representantes de cada classe para acompanhar. Iam falando o nome dos alunos e sorteando para qual turma cada um iria."

Ou seja, a escolha do aluno, propagandeada pelos defensores da reforma, simplesmente é desconsiderada, restando a ele ou a ela se adequar às determinações da Secretaria de Educação. Nisto, qual a diferença com o antigo Ensino Médio e suas disciplinas pré-programadas? A diferença é que agora o aluno perde seu tempo com disciplinas sem valor formativo algum. 

Camila Oliveira, 17, também está em um itinerário que não escolheu. Como quer trabalhar na área de comunicação, ela optou pela área de linguagens, mas foi matriculada em um itinerário de sustentabilidade na escola estadual João Comenius, no Jabaquara, zona sul da capital.

"É uma bagunça porque nem os estudantes nem os professores têm opção de escolher nada. Eu estou fazendo uma disciplina que se chama luz e tecnologia, que envolve o conteúdo de física, mas quem está dando a aula é uma professora de português", conta.

"Essa disciplina não faz o menor sentido, só está tomando o tempo que eu poderia estar aprendendo português com a professora que está ali na sala tendo que dar aula de outra coisa."

Na realidade, nem no Ensino Superior, etapa onde a liberdade do estudante de escolher seu itinerário formativo é maior, existe tanta liberdade de escolha quanto a vendida pela reforma. Imaginar que escolas sucateadas, com professores insuficientes e espaço físico limitadíssimo serão locais capazes de provir qualquer caminho escolhido pelos alunos é simplesmente uma mentira

De fato, por trás de toda a promessa de liberdade do Novo Ensino Médio esconde-se apenas mais uma política de destruição do ensino público, abrindo caminho para a substituição dos professores por profissionais desqualificados - com notório saber de nada - e disciplinas cujo único fim é ensinar ao estudante a se virar na terra arrasada da economia brasileira. (por David Emanuel Coelho)  


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