sábado, 1 de janeiro de 2022

O PRIMEIRO "FILME PARA VER NO BLOG" DE 2022 TEM UM TÍTULO BEM CONDIZENTE COM OS PRENÚNCIOS PARA O ANO: "DIAS DE IRA"

Giuliano Gemma, cujo nome real era este mesmo, 
foi o grande mocinho à antiga  do western italiano. 

Interpretava o bom rapaz, na contramão de Franco Nero, Clint Eastwood, Anthony Steffen, George Hilton, Tony Anthony, Gianni Garko e outros que personificavam  anti-heróis, geralmente caça-prêmios (até Terence Hill, antes de se consagrar em clave humorística como Trinity, fazia o gênero soturno).

A diferenciação até que favoreceu Gemma, pois ele pôde se projetar como contraponto ao niilismo e amoralidade dos spaghetti westerns –cuja característica mais marcante era a desmistificação dos congêneres estadunidenses, colocando a feia realidade histórica no lugar das fantasias edificantes e do maniqueísmo forçado. 

Neles não existiam vaqueiros rigorosamente escanhoados e respeitadores das pudicas moçoilas em quaisquer circunstâncias, nem o primado da  lei & ordem, mas, tão somente, indivíduos selvagens, dispostos a tudo para atingirem seus objetivos.  

Sua carreira de coadjuvante vinha desde 1958, mas foi em Os filhos do trovão (1962) que Gemma começou a decolar. Atlético e bem apessoado, levava jeito para os épicos da Cinecittà (atuou em 12 deles). 

Quando já estava a um passo do estrelato, nova porta se abriu para ele: os bangue-bangues, ciclo iniciado por Sergio Leone em 1964, com Por um punhado de dólares.

Utilizando nos seus três primeiros bangue-bangues um pseudônimo americanizado (Montgomery Wood), Gemma encontrou o caminho do sucesso em 1965, como o astro dos também americanizados Uma pistola para Ringo e O dólar furado. Na esteira faria outros 15 westerns, além de passar sem destaque por outros gêneros.

No Brasil, seu maior êxito foi O dólar furado, que permaneceu uma eternidade em cartaz... mas estava longe de ser um grande filme. 

Talvez seu maior atrativo haja sido o par romântico (outra raridade no filão) formado por Gemma e Ida Galli, além da inesquecível canção principal, "Se tu non fossi bella como sei".

Bem melhor é o abaixo disponibilizado Dias de Ira (1967), de Tonino Valerii, aplicado discípulo de Sergio Leone –o mestre até lhe permitiria ser creditado como único diretor de Meu nome é Ninguém (1973), embora o tivessem dirigido a quatro mãos.

A história é de um órfão, Scott (Gemma), que foi criado por prostitutas e faz os piores trabalhos, como o de recolher os baldes de excrementos de porta em porta. O pistoleiro Talby (Lee Van Cleef) chega à cidade e simpatiza com ele, mas não a ponto de aceitá-lo como discípulo.

Decidido a mudar de vida, deixando ser espezinhado pelos cidadãos respeitáveis, Scott persevera e, após salvar a vida de Talby, é finalmente admitido como seu aprendiz.  

Depois de assumirem juntos o controle da cidade, Talby passa, contudo, a ver Scott como uma futura ameaça e resolve se livrar dele antes disto.

Scott, que não conhecera o pai biológico, havia adotado como figura paterna um velho homem da lei (Walter Rilla), mas transferira sua devoção a Talby. 

É tangido, contudo, ao  confronto mortal com o pai substituto, quando utiliza apropriadamente os 10 mandamentos de um pistoleiro que dele aprendera(por Celso Lungaretti) 

2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, quanta coincidência!! Assisti este filme ( que tenho
junto com a trilogia Sartana, e muitos outros do gênero ),
semana passada!!
Um dos atrativos do blogue, está nas ótimas dicas de filmes.
Abraço do Hebert.

celsolungaretti disse...

Obrigado, Hebert.

Tenho encontrado coisas interessantes disponibilizadas no Youtube. O festival está com 7 filmes e ainda vou decidir se fecho com 12 ou levo até 15.

Tenho na fila "O vingador silencioso", "Django", "Réquiem para matar" e "Quando os brutos se defrontam". Garimpando bem talvez encontre mais 4.

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