Já dá para enxergarmos a luz no fim do túnel: a tentativa de imporem ao Brasil um retrocesso de séculos na marcha para a civilização esfarela a olhos vistos.
Não serão os mais predatórios dos capitalistas selvagens, os mercadores da fé que trocaram a Bíblia pelo Evangelho da Prosperidade, os obscurantistas que ecoam os disparates de um astrólogo picareta, os frutos tardios do tenentismo e do integralismo ou os milicianos homicidas que determinarão nosso futuro; somos nós, os decentes e civilizados, que o construiremos.
O quadro que se desenha é o seguinte: o Jair Bolsonaro, cuja total falta de condições psíquicas e intelectuais para o exercício do cargo que um destino insólito lhe jogou no colo está sendo escancarada pelas crises sanitária e econômica, vai se tornar cada vez mais errático, tempestuoso, destrutivo e autodestrutivo, até tornar imperativo o seu afastamento imediato.
Isto tende a acontecer ainda em 2020, ascendendo então ao governo uma composição de forças políticas de centro-esquerda, centro e centro-direita. O pacto dos governadores contra o presidente negacionista já é um embrião desse arco de forças centrista.
E será dessa composição que vai sair o próximo presidente eleito. Por enquanto, quem desponta com mais força são o Rodrigo Maia, o Flávio Dino, o João Dória e o Ciro Gomes.
Uma incógnita é se o Sergio Moro vai entrar nesse balaio ou se tornará o líder da direita intransigente.
Uma incógnita é se o Sergio Moro vai entrar nesse balaio ou se tornará o líder da direita intransigente.
Outra, se o Lula conseguirá manter o PT aferrado ao populismo de esquerda que caducou na atual década ou o Fernando Haddad o conduzirá para a composição centrista.
No primeiro caso, vai consumar sua trajetória para a irrelevância. No segundo, terá chance de sobreviver politicamente, mas não como força majoritária da esquerda; tal página da História já foi virada, embora a ficha demore a cair para alguns.
No primeiro caso, vai consumar sua trajetória para a irrelevância. No segundo, terá chance de sobreviver politicamente, mas não como força majoritária da esquerda; tal página da História já foi virada, embora a ficha demore a cair para alguns.
No cenário futuro que delineei, não vejo motivo para apoiar ninguém. Minhas simpatias pessoais iriam para o Flávio Dino e o Ciro Gomes. Mas, está claro para mim que não são os santos milagreiros capazes de tornar a democracia burguesa algo além do tapume que encobre a dominação exercida pelo poder econômico.
Nossa prioridade absoluta é a depuração e reconstrução da esquerda, que precisa libertar-se das ilusões democrático-burguesas e, pouco a pouco, ir resgatando sua credibilidade e combatividade.
O norte da esquerda tem de ser uma atuação em escala nacional na defesa dos interesses dos explorados, participando intensamente de suas lutas cotidianas, de forma a ir acumulando forças até voltar a ser capaz de apresentar-se como alternativa de poder.
Colocar seus representantes em posições de destaque no Executivo e Legislativo é secundário, pode no máximo ter utilidade tática, pois se trata do que a esquerda vem fazendo desde o advento da Nova República sem conseguir verdadeiramente mudar o Brasil, que continua sendo um dos países mais desiguais do planeta e sempre tendente ao autoritarismo.
As conquistas obtidas nos períodos em que os donos do PIB consentiram que a esquerda populista gerenciasse a dominação burguesa em troca de algumas migalhas do banquete dos poderosos não passaram de miragens: o poder de facto as revogou como quis e quando bem entendeu.
Então, seremos os piores cegos se continuarmos não querendo ver que nada de permanente obteremos em favor dos explorados atuando como coadjuvantes do reformismo e dos jogos de carta marcada eleitoreiros. Estaríamos apenas os coonestando.
Então, seremos os piores cegos se continuarmos não querendo ver que nada de permanente obteremos em favor dos explorados atuando como coadjuvantes do reformismo e dos jogos de carta marcada eleitoreiros. Estaríamos apenas os coonestando.
Temos de caminhar por nossas próprias pernas de novo, fixando como objetivo final a construção de uma sociedade que priorize o bem comum e a cooperação solidária entre os seres humanos para que todos obtenham seu quinhão das conquistas da civilização, podendo então usufruir da verdadeira liberdade (aquela que não é limitada pela insuficiência do necessário para uma sobrevivência digna).
Esta, claro, será uma longa caminhada. Mas, é melhor darmos logo o primeiro passo do que continuarmos patinando sem sair do lugar, como vimos fazendo desde 1985. (por Celso Lungaretti)
Um comentário:
Eleições não mudam nada. O sistema é o mesmo, do velho Estado. Troca-se os gerentes de turno, nada mais. Não permitem os "donos do poder", que uma foça que destruirá o sistema chegue ao poder.
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