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Godin, autor do gol que deu o campeonato espanhol ao Atlético de Madri, hoje decidiu de novo. |
Pobre Itália! Tinha um selecionado bem promissor, mas não se preparou adequadamente para suportar a canícula do Norte e Nordeste. Com um tiquinho de sorte no sorteio das chaves, provavelmente escaparia do vexame da eliminação precoce, que fez o simpático técnico Cesare Prandelli entregar o cargo.
O craque Pirlo, aos 35 anos, ditou o ritmo contra a Inglaterra, mas não teve forças para conduzir seu selecionado à reação nos dois jogos seguintes, quando foi o adversário quem abriu o placar. E Mario Balotelli volta com o prestígio abalado por haver sido a decepção das duas derrotas fatais, diante da Costa Rica e Uruguai: perdeu um gol incrível contra a primeira e hoje teve de ser substituído no intervalo porque, descontrolado, cavava a própria expulsão.
Foi morno o 1º tempo em Natal, com as duas seleções reservando suas energias para a etapa decisiva. A melhor chance pertenceu ao Uruguai: o veterano Buffon fez duas magníficas defesas consecutivas.
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Não terá sido a 1ª mordida de Suarez, mas... |
Uma violenta solada de Marchisio mudou a história da partida. Foi merecidamente expulso no início do 2º tempo e à Itália só restou montar um ferrolho para tentar segurar o empate e classificar-se pelo saldo de gols. Aí o jogo virou uma guerra, com muita pancadaria, catimba o tempo todo e péssima arbitragem.
Mesmo com o juiz mexicano não marcando pênalti claríssimo em Cavani (agarrado e derrubado na área italiana) e Buffon operando um milagre em arremate perfeito de Suárez, o castigo acabou vindo: numa cobrança de escanteio aos 35', o zagueiro Godin subiu muito e cabeceou de costas (!), para decidir.
De resto, a TV mostrou o que pareceu ser uma cabeçada de Suárez em Chiellini e o revide com uma cotovelada, motivos suficientes para a expulsão de ambos, caso o árbitro tivesse peito para isto. Depois, o zagueiro alegou ter sido mordido, mostrando uma marca no pescoço (que pode ser antiga...). O lance está sob análise da Fifa e talvez redunde num gancho para Suárez.
Particularmente, eu detestarei se, com o Brasil passando pelo Chile e o Uruguai pela Colômbia, pegarmos a celeste desfalcada de Suárez, nas quartas. Ao contrário dos Galvões da vida -os quais, microfone em punho, torcem vergonhosamente por contusões e cartões dos adversários seguintes-, eu sempre preferi que minha seleção detonasse rivais com força máxima.
Mais ainda no caso dos uruguaios: vai ser outra oportunidade de nos vingarmos do maracanazo, depois de já os termos mandado para casa em 1970, com uma maiúscula vitória por 3x1 na semifinal. O tira-teima perderá a graça se o melhor atacante deles não estiver em campo.
A esta altura, já está garantida a presença nas oitavas de cinco campeões mundiais (Alemanha, Argentina, Brasil, França e Uruguai), enquanto os outros três (Espanha, Inglaterra e Itália) soçobraram melancolicamente.
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...se houve mesmo, não foi tão nítida como a de Tyson em Holifield. |
Como nenhum foi garfado, não têm do que reclamar, salvo do azar de haverem caído em chaves com rivais fortes e/ou calor excessivo. Mas, sem dúvida, a Copa ficaria bem mais atrativa com os três no lugar, p. ex., da Costa Rica, Grécia e Nigéria ou Irã (que decidem vaga do grupo F).
Nas outras partidas de hoje, a Costa Rica continuou apostando em retranca e contra-ataques, desta vez contra a Inglaterra, que mereceu vencer mas concluiu muito mal as boas oportunidades por ela criadas. Um 0x0 injusto. O jogo entre Costa Rica e Grécia leva jeito de que será o pior das oitavas.
Grécia que só despachou a Costa do Marfim, por 2x1, graças a um pênalti inventado pelo juiz equatoriano aos 47' do 2º tempo. Seu forte são os chutes de média e longa distâncias.
E a Colômbia, mesmo poupando oito titulares, goleou o Japão por 4x1, igualando-se à Holanda como seleção com 100% de aproveitamento. A diferença é só ter enfrentado sparrings, não adversários de verdade. Contra o Uruguai veremos se ela é tudo isso.
Não descarto a possibilidade de que seja e desta vez se consagre. Mas, o meu palpite é de que acabará atropelada pelos guerreiros que, com corazón, garra y sangre charrúa, conseguiram sobreviver ao grupo da morte.