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segunda-feira, 23 de abril de 2018

FILHOS DE SCROOGE, OS BANQUEIROS NOS EXPLORAM CADA VEZ MAIS!

Scrooge, o agiota de Um conto de Natal, de Charles Dickens
"Se tivesse respondido à queda dos juros básicos e ao recuo da inadimplência como no passado, a taxa média dos empréstimos ao consumidor no Brasil seria hoje 37,6% ao ano, 20 pontos percentuais abaixo dos 57,7% efetivamente cobrados em média.

Segundo o banco UBS, o descolamento ocorre a partir de 2014, quando o país entrou em recessão. Daí em diante, as duas variáveis consideradas cruciais para entender a dinâmica do crédito à pessoa física —o nível de calotes nos empréstimos e as oscilações do juro básico— deixam de explicar o comportamento das taxas ao consumidor.

'É brutal a diferença entre o que o modelo indica o que deveria ser a taxa cobrada, se ela tivesse se comportado como no passado, e o que ela é efetivamente', diz Tony Volpon, economista-chefe do UBS e ex-diretor do Banco Central." (notícia publicada nesta 2ª feira, 23, pela Folha de S. Paulo, de autoria das repórteres Érica Fraga e Flávia Lima)

domingo, 13 de agosto de 2017

BANCO SABOTA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NO URUGUAI: QUER EVITAR CONCORRÊNCIA DE OUTRAS DROGAS.

Toque do editor
Reproduzo abaixo uma interessante notícia do comentarista internacional Clóvis Rossi sobre o programa de legalização da maconha no Uruguai.

Nunca fui um cruzado da maconha livre como o Fernando Gabeira, pois considerava mais relevantes as causas a que eu me dedicava. Mas, se tivesse de dar o meu voto num plebiscito, certamente cravaria o sim, concordando com a proposta de que sua produção e venda se deem às claras. Até agora ninguém me convenceu de que cause mais danos à nossa saúde do que os cigarros e a fumaceira espalhada pelos carros, p. ex.

Como quase todos os jovens rebeldes da minha geração, experimentei a maconha... mas não me entusiasmou. O efeito era deixar as pessoas com ataques de bobeira, dizendo qualquer coisa que lhes vinha à mente e achando imensa graça no que não tinha quase nenhuma. Ah, também parecia dar mais tesão, algo que não me fazia falta no vigor dos meus vinte e poucos anos. 

Então, como há pessoas que bebem socialmente, eu fumava maconha socialmente, sem entusiasmo. A única droga que realmente apreciei foi o LSD, até perceber que a viagem poderia me levar longe demais e eu não conseguir voltar. 

Depois que nossa comunidade alternativa se desagregou e fui obrigado a me encaixar de novo no sistema, nunca tive a mínima vontade de adquirir maconha. Quando via jovens dando bandeira pelas ruas da cidade, espalhando o odor característico da cannabis e não se preocupando muito em disfarçar o que estavam fazendo, dava-lhes um sorriso irônico. Lembrava de como a coisa era diferente na década de 1970, quando cheguei a ter um amigo que cumpriu pena de um ano na Casa de Detenção por mera posse de medicamentos colocados no index das otoridades.
Um cruzado da maconha livre: Fernando Gabeira.

Talvez por eu já ser idoso mas não repetir o comportamento careta da velharada, duas vezes a moçada simpatizou comigo e me ofereceu baseado. Embora tenha lido que a potência aumentou muito em comparação com a da década de 1970, não me causaram efeito nenhum. 

Sem pretender ostentar uma expertise que não tenho, a minha impressão é de que as drogas destroem quem quer se destruir; e, no chute, eu diria que a tão alardeada dependência química não passa de dependência psicológica, com a existência do ser humano sob o capitalismo tendo se tornado tão deprimente e sem sentido que muitos não a conseguem suportar, refugiando-se em paraísos artificiais.

A principal droga que precisamos eliminar, portanto, é o regime de exploração do homem pelo homem, para voltarmos a levar uma vida digna de ser vivida, tendo em cada ser humano um irmão e não um competidor; e trabalhando para dar nossa contribuição à felicidade de todos, não para garantir as muitas drogas (luxo, poder, status, quinquilharias de todo tipo, sexo vendido, etc.) que apenas mitigam a nossa insatisfação permanente.

Por último, aproveitando o gancho do texto do Clóvis Rossi: piores do que a mais nociva das drogas são os bancos, parasitas que sugam nosso sangue e compram nossa alma com o dinheiro que usurpam de nós mesmos. (CL).
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BANCOS SÃO INESPERADO OBSTÁCULO PARA
LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NO URUGUAI
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Por Clóvis Rossi
A pioneira iniciativa uruguaia de legalizar a maconha, naturalmente polêmica, está enfrentando obstáculos vindos de um agente inesperado, a banca. Ou, mais exatamente, do banco Santander.

O telejornal Telenoche informou que a farmácia Pitágoras de Malvín deixaria de vender cannabis porque o Santander cancelou sua conta por ser um dos estabelecimentos registrados para a comercialização da droga.

A orientação veio da matriz do banco na Espanha, segundo El Observador, e não da direção uruguaia do banco. A alegação é a de que as farmácias que vendem maconha podem ser eventualmente usadas para lavagem de dinheiro.

Outros bancos estão avaliando a situação, entre eles o brasileiro Itaú, e, se seguirem o Santander, estará em grave risco um modelo que merece uma chance de ser testado.

Canceladas as contas, inviabiliza-se o funcionamento das farmácias e, por extensão, todo o esquema de legalização da cannabis, em vigor desde 19 de julho —pouco mais de 20 dias, portanto.

A alegação do Santander, se for comprovada, atinge o coração do programa, que se apoia precisamente na premissa de que é preciso afastar o crime organizado da órbita das drogas.

Não sei se o projeto uruguaio é o caminho ideal, mas sei —e todos sabem— que fracassou redondamente o enfoque policial-militar adotado nos outros países, Brasil inclusive. O consumo só faz aumentar e, com ele, aumenta a criminalidade que gira em torno das drogas.

Logo, cabe monitorar de perto a experiência uruguaia para saber se é aplicável em outros países, quais os defeitos que eventualmente tem e como saná-los. O governo uruguaio nega que o defeito apontado pelo Santander seja real.

Milton Romani, que chefiou a Junta Nacional de Drogas até 2016 e, nessa condição, foi o grande arquiteto do programa de legalização que acaba de entrar em vigor, diz que, antes dela, houve outra regulamentação, exatamente sobre lavagem de dinheiro. Garante que foram fechados todos os canais que faziam do Uruguai, de fato, um paraíso para a lavagem de dinheiro.

A legalização da cannabis provocou um segundo efeito no crime: o Monitor Cannabis da Faculdade de Ciências Sociais calcula que, no estágio atual do programa, o narcotráfico perdeu 27% do mercado —número expressivo para apenas 20 dias.

Já o diretor da Polícia Nacional, Mario Layera, faz questão de lembrar que os 11.508 uruguaios devidamente registrados como compradores (até 7 de agosto) não estão precisando cometer um delito para conseguir a dose de consumo pessoal nem precisam frequentar lugares inseguros como as bocas de venda.

Ao número de registrados como consumidores cabe acrescentar 6.963 cultivadores. "Esse número (quase 20 mil no total) é de enorme importância", diz Romani.

Explica: "Demonstra a confiança dos usuários no sistema, na lei e no Estado. Se eles preferissem continuar comprando do narcotráfico, o modelo estava acabado".

É evidente que é cedo demais para que essas saudáveis constatações representem um atestado definitivo de êxito do modelo. Mas é obrigatório acompanhar a evolução do programa porque já sabemos no que dá o seu contrário. 

quinta-feira, 23 de julho de 2009

GOVERNO REDUZ TAXA SELIC, MAS BANCOS NÃO DIMINUEM O ÁGIO

O editorial de hoje da Folha de S. Paulo veio ao encontro de uma afirmação jocosa sobre o presidente Lula: a de que ele é o pai dos pobres e a mãe dos banqueiros.

Com seu eficiente serviço de pesquisas e acompanhamento dos indicadores da economia, o jornal permite-nos dimensionar bem a quantas anda o ágio bancário no Brasil.

Evidentemente, refere-se ao ágio pelo eufemismo de spread, definindo-o como "a diferença entre o que as instituições financeiras pagam aos depositantes pela captação de seus depósitos e as taxas que cobram em empréstimos".

Ora, desde os primórdios da humanidade aqueles que emprestam dinheiro com a condição de receberem de volta um valor maior são denominados agiotas.

Aliás, durante o feudalismo a Igreja Católica fazia sérias restrições à agiotagem. Depois, adequou-se ao espírito do tempo -- no caso, aos valores capitalistas.

Já que estou abrindo um parêntesis, aproveito para manifestar minha estranheza quanto a dois versos do "Pai Nosso" que, em algum momento das últimas décadas, foram alterados.

Quando aprendi a oração, em criança, pedia-se-Lhe que perdoasse "as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores". Era assim que se rezava e era assim que eu lia a oração nas cartilhas, livros, prospectos, etc.

Não me lembro o exato instante em que me dei conta de que se estava rezando de outro jeito: "perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido".

Afora a maneira antiga ter um certo viés anticapitalista (as dívidas que os outros têm conosco devem ser perdoadas, para que Deus perdoe as nossas, em sentido metafórico) e a atual inócua como placebo, a própria sonoridade piorou, a construção se tornou artificial; "nossos devedores" é muito mais direto e impactante do que "a quem nos tenha ofendido".

De uma coisa tenho certeza absoluta: se tudo que está na Bíblia realmente existe, o lugar dos banqueiros é no inferno, junto com os torturadores, traficantes e pedófilos.

Pois fazem o trabalho do diabo, tentando os homens para levá-los à perdição; arrancando até o último centavo dos pobres desesperados, independentemente do choro das crianças e do desamparo dos anciãos; exercendo um ofício que desperdiça esforços, desviando-os de finalidades socialmente úteis e nada de bom acrescentando à vida das pessoas, pois sua faina é tão parasitária como a de uma lombriga no corpo humano.

Parêntesis fechado, voltemos às informações do editorial da Folha:
  • o ágio bancário brasileiro, hoje em torno de 30 pontos percentuais, há anos vem sendo o mais alto do mundo(!);
  • é 11 vezes superior ao praticado nos países desenvolvidos;
  • é cinco vezes mais alto que o das nações em desenvolvimento.
Pisando em ovos, como é a postura habitual da imprensa quando alude aos grande agiotas, vulgo banqueiros, o editorial da Folha (ver aqui) aplaude a nova redução da taxa Selic, mas observa:
"O principal problema da política monetária nos últimos meses tem sido garantir que as quedas da taxa Selic se traduzam em reduções para os tomadores finais de empréstimos, de forma a criar um ambiente efetivamente favorável à retomada da atividade econômica."
Trocando em miúdos, o principal problema é que o governo está fazendo o que as grandes casas de agiotagem, vulgo bancos, sempre pediram: a redução dos juros básicos.

Mas, elas não fazem o que sempre prometeram que fariam: emprestar a mais gente e cobrar juros menores dos tomadores de empréstimos.

Há mais de um mês, no seu programa radiofônico semanal Café com o Presidente, Lula reclamava:
"...não basta taxa Selic cair. É importante que ela caia, mas é importante que o spread bancário diminua no Brasil. O spread ainda está muito alto, o spread ainda está seletivo..."
Então, só podemos concluir que a redução da taxa Selic, sem contrapartida dos sanguessugas, continuará servindo apenas para aumentar-lhes escandalosamente os lucros.

É o que eles vêm fazendo desde o ano passado, quando o Governo, tentando minorar os efeitos em nosso país da crise global do capitalismo, liberou R$ 100 milhões em depósito compulsório, começou a diminuir a Selic e reduziu os impostos sobre operações financeiras.

Como reagiram então os abutres? Aumentaram a oferta de crédito e o baratearam, para manter o nível da atividade econômica, evitando o agravamento da recessão?

Não, zelaram apenas pelos próprios interesses: preferiram engordar em quase 50% as provisões para créditos duvidosos, visando nada perderem durante a emergência nacional.

Depois de anunciarem, mês após mês, recordes obscenos de faturamento ao longo do Governo Lula, os usurários não abrem mão de um grama sequer da banha acumulada nos cinco anos e meio de vacas gordas.

Firme como geléia, o Governo Lula faz com que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal ofereçam juros mais baixos do que o mercado em seus empréstimos, na vã esperança de que os bancos privados ajam da mesma forma.

Ou seja, acredita em disciplinar os vampiros pela via da concorrência, como está nos manuais capitalistas.

Finge ignorar que, na prática, a teoria é outra: aqui no Brasil, os bancos só amenizam suas práticas predatórias quando governos que não sejam sejam seus serviçais (nem bananas...) os forçam a isto.

Às boas, nunca se conseguiu concessão nenhuma dos nossos Shylocks, mais implacáveis ainda que o mercador de Veneza.

Daqui a alguns meses, o nosso bom Lula virá reclamar de que, "surpreendentemente", as medidas de boa vontade do Governo não produziram os resultados esperados.

Me engana que eu gosto.
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