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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

AGORA VAI: ATÉ OS DONOS DO PIB ESTÃO VAZANDO DO TREM FANTASMA DO BOZO

vinicius torres freire
PACOTE ELEITORAL DE BOLSONARO  CORRE MAIS RISCO DE IR PARA O RALO
J
air Bolsonaro enfim conseguiu arrumar um turumbamba com boa parte da elite econômica. Seu pacote eleitoral e popular corre mais risco de ir para o ralo, ainda que, com pacote e com tudo, o povo vá passar mal por muito tempo. 

Por exemplo, nos últimos três anos, a inflação da comida aumentou quase 31%; o salário médio, 14,3% (o dos mais pobres, menos ainda). A poucos dias da pororoca golpista armada para o 7 de Setembro, vários caldos azedam.

A Fiesp soltou nota contra a reforma do Imposto de Renda, essa mixórdia tosca aprovada pela Câmara, aliás com apoio da esquerda. A Fiesp de Paulo Skaf quer apenas umas reduções de impostos, mas esse lobby pode dificultar ainda mais a aprovação dessa barafunda tributária no Senado.

Sabe-se lá o que vai sair do Senado, se é que vai, mas essa reforma do IR inclui um item do pacote eleitoral de Bolsonaro, a redução do dito cujo para parte menor da classe média. 

De resto, pode ser que mexidas adicionais diminuam a receita de impostos, ajudando a piorar as perspectivas para a dívida pública, o que leva os donos do dinheiro, credores do governo, a cobrar mais caro pelos empréstimos, elevando os juros na praça em geral.

A Febraban soltou nota a favor do
manifesto das associações empresariais, aquele avacalhado pela Fiesp e atacado pelo governo, em particular pelos seus sequazes na economia, Paulo Guedes e Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e pelo premiê colaboracionista, Arthur Lira, presidente da Câmara. 

De passagem, a nota da Febraban dá umas caneladas na Fiesp e diz que respeita, mas na prática ignora, as ameaças de Caixa e Banco do Brasil deixarem a associação. Deram uma banana para o governo. Os bancos, note-se de passagem, não gostaram nada da reforma do IR.

Mesmo divididas pelos ataques do governo, pelo governismo das decrépitas federações estaduais da indústria e pela colaboração da Fiesp quinta-coluna, as associações empresariais ajudam a azedar o caldo bolsonariano.

A mudança no IR causa revolta desde que apareceu. O manifesto das associações empresariais acabou indo para a rua, ainda que de modo desordenado. Além disso, empresários mineiros graúdos, vários deles bolsonaristas até ontem (ou talvez até hoje), assinaram um manifesto meio parnasiano e adoidado, mas que pinga mais um limão no caldo do governo e confronta a Federação das Indústrias de Minas, que atacava o Supremo, colaborando com Bolsonaro.

O agronegócio racional soltou um manifesto por conta própria quando viu a desordem nas hostes empresariais, que não sabiam o que fazer com seu
manifesto quando Skaf lhes dava uma rasteira e o governo fazia ameaças. Bateram bem no governismo. Até o agro ogro corre o risco de rachar.

A aprovação da mudança no IR ajudou a derrubar a Bolsa. São os donos do dinheiro votando com os pés, vendendo ativos, ações, no caso. A reforma afeta rendimentos do capital e os bancos.

Na 4ª feira (1º), o Senado derrubou a reforma trabalhista picareta e outros desejos de Guedes.

Em resumo, o salseiro aumenta. Se criar ainda mais caso com o Supremo, Bolsonaro pode perder a mãozinha estendida por Luiz Fux, presidente do STF, que tentava ajudar o governo a dar um calote provisório nos precatórios (coisinha de R$ 50 bilhões). Essa moratória arrumaria dinheiro para Bolsonaro engordar o Bolsa Família e pagar o aluguel dos parlamentares do centrão.

Convém não esquecer: ainda morrem 20 mil pessoas por mês, de Covid. Enquanto isso, Bolsonaro nem mais finge que governa, ocupado em organizar um putsch. (por Vinicius Torres Freire)

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A VIDA OU MORTE DOS BRASILEIROS É DECIDIDA POR CHILIQUES DE VALENTÃO PROVINCIANO OU SÍNDICO MANÍACO

vinícius torres freire
NÃO SE ESQUEÇA DE TOMAR SEU ANTIBIÓTICO DA CHINA
D
a longa lista de produtos que importa da China, plataforma de petróleo é aquele em que o Brasil gasta mais. 

Depois, vêm telefones celulares. E em 2019 gastamos também US$ 70 milhões em edredons, almofadas, pufes e travesseiros chineses.

Qual o maior fornecedor estrangeiro de antibióticos para o Brasil? A China, que aliás aparece em terceiro lugar nas vendas de produtos de beleza, por exemplo.

Não dá problema, por ora, já que basicamente quase ninguém sabe alguma coisa de comércio internacional, porque um governador desafeto de Jair Bolsonaro não disse que vai importar antibióticos ou pufes e porque a milícia digital bolsonarista não se ocupou do assunto.

Até o ano passado, o Brasil comprava pouca vacina e produtos imunológicos prontos da China. As importações maiores tradicionalmente vinham de Alemanha, Suíça, Estados Unidos e Bélgica, com Irlanda, Itália, Reino Unido e França logo atrás. Neste ano, a China começou a aparecer entre os quatro maiores.

Mas nada disso importa no nosso ambiente de selvageria lunática. Além do mais, o Brasil fabrica o grosso de suas vacinas, por vezes com matérias primas importadas de vários países, como, aliás, é o caso de tantas outras mercadorias. Até de um simples lápis de grafite.

Bolsonaro sabia o que Eduardo Pazuello andava fazendo com a
vacina chinesa. Mas a reação dos milicianos digitais, os discursos vitoriosos de João Doria e a baixa vaidade presidencial, de valentão provinciano ou síndico maníaco, provocaram o chilique (eu é que mando!). 

O general-chefe do almoxarifado da Saúde é menos que um ajudante de ordens do capitão, é um ordenança.

Já vimos esse show ruim antes, essa stand up tragedy. Os problemas maiores e também já muito sabidos são outros: um desastre diplomático, perigoso para a segurança e economia nacionais, e alguma demagogia destrutiva em geral, como uma decisão econômica tresloucada.

Bolsonaro tem mostrado bom instinto de autopreservação. Tem conseguido jogar para sua plateia desvairada e, pelo menos, não tem tomado decisões que afastem de modo terminal os donos do dinheiro grosso ou a média do eleitorado, até agora. Na prática, a destruição das instituições é homeopática, por enquanto, para o que a maioria não dá a mínima. 

Quanto tentou um veneno em dose cavalar, com os comícios golpistas, foi travado pelo risco de que sua capivara tivesse consequências imediatas. A ficha corrida de parentes e amigos por enquanto contém o projeto de golpe.

Mas não temos como saber se assim será e se, depois de um envenenamento contínuo, o país, sua democracia e as instituições chegarão a uma desgraça irreversível.

Não sabemos até onde pode ir o conflito com a China, por enquanto mais voçoroca de redes insociáveis e propaganda do que embate concreto. 

Não sabemos o que Bolsonaro pode aprontar com os vizinhos. Que tal um tiroteio na fronteira, perto de uma eleição?

A China é paciente e pragmática. Quatro ou oito anos de um governo adversário de país fornecedor de matérias primas podem ser suportáveis. 

Por ora, de resto, Brasil e China dependem um do outro, embora um dia os chineses possam dar um basta e começar a, sei lá, a financiar plantações de soja em alguma savana da África.

O alerta, que já deveria estar ligado faz muito tempo, desde 2018, é que Bolsonaro não tem limite algum. Os bobalhões que louvaram sua adesão às reformas mal começaram a prestar atenção. Daqui a pouco, o capitão pode dar um tiro no teto de gastos que abriga essa gente mercadista. (por Vinicius Torres Freire)

terça-feira, 29 de setembro de 2020

O CIRCO DO BOZO PREPARA NOVA ATRAÇÃO: PEDALADAS DUPLAS COM MONOCICLO

vinicius torres freire
PEDALADA DE BOLSONARO
E GUEDES BOTA FOGO
NOS MERCADOS DO
BRASIL DOS INCÊNDIOS
A gente esperava que o governo inventasse uma gambiarra a fim de arrumar dinheiro para o Renda Cidadã. Isto é, uma malandragem qualquer para furar o teto de gastos e tentar fingir que não aconteceu nada. 

Mas a cara de pau foi grande. O governo quer fazer uns R$ 40 bilhões de dívida extra, 0,5% do PIB, fingindo que não é pedalada fiscalA esperteza é que Jair Bolsonaro quer pôr essa mutreta na conta do Congresso. 

Não quis cortar o abono salarial ou congelar os benefícios do INSS, necessário para fazer o Renda Cidadã e manter o teto de gastos.

Também não teve coragem e capacidade de propor uma reforma séria do teto. O que sugere então? Calote e mão grande.

Quase todo mundo percebeu a picaretagem, principalmente os colegas de profissão de Paulo Guedes, negociantes de dinheiro. Com o anúncio do novo plano infalível, as taxas de juros de longo prazo foram às alturas do pânico da pandemia, em abril. O povo do mercado fugiu da Bolsa e comprou dólar. Enfim, do que se trata?

O governo pretende deixar de pagar R$ 39,4 bilhões dos R$ 55,2 bilhões de precatórios e sentenças judiciais devidos e previstos no pré-Orçamento de 2021.

É dinheiro que o governo deve, por decisão da Justiça, para gente que recebe do INSS (43% do total dessas dívidas), para servidores (19% do total) e débitos diversos.

Com esse calote, quer pagar os benefícios de um Bolsa Família encorpado, o Renda Cidadã. Nos planos vagos do governo, o programa chegaria a 24,3 milhões de famílias, que receberiam R$ 260 por mês (ante R$ 191 do Bolsa Família de antes da pandemia).

Na prática, o governo quer fazer uma dívida extra sem dizer que é dívida extra: fazer dívida escondida para bancar gastos além do permitido pelo teto. O dinheiro viria dos precatórios que deixam de ser pagos. 

Essa é a gambiarra: esse empréstimo forçado, arrancado de quem tem dinheiro a receber do governo por sentença judicial. É moratória ou reestruturação forçada de dívida.

Para o Renda Cidadã, o governo também vai pegar parte do dinheiro que é obrigado a transferir para estados e municípios gastarem em educação. Quer tomar 5% do Fundeb, o que dá mais R$ 980 milhões, em 2021. O gasto no Fundeb não está sob o limite do teto. O governo vai, pois, gastar um dinheiro em despesas que estão sob o teto (como o Bolsa Família), mas fingindo que não está fazendo tal coisa. É pedalada.

Tecnicamente, o governo quer se limitar a pagar precatórios no valor equivalente a 2% da receita corrente líquida da União, o que dá R$ 16,09 bilhões em 2021. O restante dos precatórios devidos fica para ser pago um dia, a perder de vista. Vira mais dívida.

Como lembra Josué Pellegrini, diretor da Instituição Fiscal Independente, precatórios não pagos são contados na dívida consolidada, diz a Lei de Responsabilidade Fiscal.

A IFI é um órgão independente de acompanhamento e avaliação das contas públicas, ligado formalmente ao Senado. Felipe Salto, diretor-executivo da instituição, observa ainda que tirar dinheiro do Fundeb é tentativa de driblar o teto de gastos e que o governo se furtou a cortar gastos para arrumar fundos para o Renda Cidadã.

É legítimo querer mudar o teto constitucional de gastos. Dada a situação do governo e do país, no entanto, fazer tal mudança exige grande capacidade técnica e política de modo que a emenda não saia pior do que o soneto. Exige um acordo nacional. Bolsonaro está propondo apenas maracutaia fiscal. Para os donos do dinheiro, é um sintoma de que o governo pode aprontar inclusive para cima deles.

A pressão da sociedade e o Congresso criaram o auxílio emergencial de R$ 600, o que evitou fome, convulsão social e recessão ainda maior. Foi um presente para Bolsonaro. O que ele faz agora? Tumulto picareta, que dá em tensão financeira, que prejudica uma retomada econômica que já seria difícil.

Queima a Amazônia, queima o Pantanal, queima a educação, tem morticínio, tem insulto de humilhados e ofendidos. Agora queima também o mercado. Isto é o Brasil de Bolsonaro.​ (por Vinicius Torres Freire) 
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T
OQUE DO EDITOR 
– Por que é mesmo que a Dilma foi impichada em 2016?

Ah, sim, foi por dar
pedaladas fiscais. Aquilo que, segundo a Constituição, é mesmo motivo suficiente para impeachment presidencial, mas até então não passara de letra morta.

Aberto o precedente, não há mais desculpa para deixarmos de impichar qualquer presidente que incida na mesma prática. 

E, convenhamos, a pedalada da Dilma para esconder dos eleitores o estado crítico em que se encontravam as finanças públicas foi bem menos grave do que esse plano infalível do Bozo e do mercador de ilusões para tungar credores da União e desviar para outra finalidade recursos destinados à Educação Básica.  

Pior do que isto, só mesmo o confisco da poupança perpetrado por Fernando Collor em 1990. Collor que, aliás, foi merecidamente expelido da presidência da República, destino que o Bolsonaro há muito faz também por merecer. (por Celso Lungaretti)
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