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sexta-feira, 18 de julho de 2025

O FILME DO DIA É PARA TRUMP FICAR SABENDO O QUE RESULTARÁ DE SEUS DESATINOS ATUAIS

O filme para ver no blog desta sexta-feira (18) tem tudo a ver com o acontecimento político do momento: os desatinos de Donald Trump que, ao tentar reverter a decadência do Império Estadunidense com decisões desastrosas, só faz acelerar sua queda.

A queda do império romano, épico de 1964 com três horas de duração, é uma superprodução dirigida por Anthony Mann com grandes atores da época como Sofia Loren, Alec Guinness, James Mason, Omar Sharif e Christopher Plummer. 

Trata-se de uma abordagem muito melhor da história recontada por Riddley Scott em Gladiador (este último foi quase um remake).
A fita do ano 2000 só foi mais feliz na escolha do astro, Russell Crowe, pois Stephen Boyd estava muito longe de possuir o carisma que o papel exigia (será que Charlton Heston não estava disponível?).

A epigrafe do filme, de Will Durant, foi premonitória, ao interpretar tão bem o que significa o caos instalado por Trump nas relações internacionais. O historiador disse que os impérios eram corroídos por dentro antes de serem destruídos por fora.

Quando uma grande potência é submetida aos rompantes de um megalomaníaco destrambelhado como o Trump, podemos ter certeza de que seu apogeu ficou para trás e a queda é iminente. (por Celso Lungaretti


sexta-feira, 24 de maio de 2019

BATTISTI MORRERÁ NUMA PRISÃO ITALIANA

Battisti curvou-se à vontade dos inquisidores...
A (in)Justiça Italiana acaba de confirmar a medonha pena de prisão perpétua para Cesare Battisti, baseada tão somente na palavra nada confiável de delatores premiados e numa confissão nada confiável do escritor que, colocado ante a alternativa de cumprir pena em masmorras fedorentas com as piores características medievais ou fazê-lo em condições mais amenas e civilizadas, cedeu. 

Com isto, limpou a barra dos que atropelaram as mais sagradas  normas do Direito em sua obsessão de destruírem um símbolo libertário, deixando bem claro que não hesitariam em destruir o homem que o encarnava caso não se vergasse aos seus odiosos propósitos.

O que eu tinha para dizer sobre um dos presos políticos mais famosos da atualidade (o outro é Julian Assange), já disse no artigo Battisti merece respeito,  do qual não mudo uma vírgula sequer. 
...para não acabar num buraco destes!
Quanto à confirmação de que a Itália definitivamente abdicou de seu legado humanista e se tornou um paisinho fascistizado a mais, também nada tenho a acrescentar ao artigo no qual, oito anos atrás, expressei todo meu desencanto com a terra dos meus ancestrais. 

Infelizmente, pode-se trocar de nome mas não de sobrenome, caso contrário eu o faria, pois hoje a Itália só me inspira repulsa. Como diziam os versos inesquecíveis de Paulo César Pinheiro numa canção dos anos 70, tudo o que mais nos uniu, separou

Eis, logo abaixo, a íntegra do artigo Reflexões sobre o ato de logo mais, diante do consulado italiano, de 28/01/2011, do qual também não mudo uma única vírgula (se o reescrevesse hoje, seria para torná-lo ainda mais contundente!):
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Como meu sobrenome deixa evidente, sou de ascendência italiana (por parte do avô paterno e do bisavô materno).

Mas, os dois ramos já haviam se dissociado desse passado quando eu começava a entender as coisas.

Uma lembrança remota da minha meninice foi a do meu pai e meu tio comentando a morte de um ancestral famoso: Angelo Longaretti (1). Circulava de mão em mão a notícia publicada no jornal italiano Corrieri della Sera.
Desembarque de imigrantes italianos em Santos (1907)

Atraído pelas promessas dos fazendeiros brasileiros, que mandavam recrutadores à Itália oferecendo viagem gratuita, Angelo veio trabalhar na lavoura cafeeira.

Raul Salles, filho do fazendeiro Diogo Eugênio Salles, assediou a irmã de Angelo. Este tentou transferir-se com a família para outra fazenda, mas Raul fez com que fossem rejeitados. E ainda persuadiu o delegado de Analândia a prender Angelo por embriaguez.

Quando o soltaram, no dia 3 de outubro de 1900, Diogo e Raul tentaram expulsar os Longaretti da fazenda, sem pagar-lhes os 2.000 réis a que faziam jus por seu trabalho. O velho Francisco, pai de Angelo, disse que não sairiam. Diogo agarrou-o, sacudiu-o e atirou-o no chão.

Angelo, vendo o pai desmaiado, supôs que estivesse morto. Foi buscar uma velha e enferrujada garrucha (2) e disparou contra Diogo, ferindo-o mortalmente.

Seguiu-se uma série de descalabros, como as intimidações policiais a habitantes de Analândia para que depusessem contra Angelo.
Outros italianos que vieram trabalhar na lavoura
Este evadira-se, mas acabou sendo detido em 18 de maio de 1901, delatado por um compatriota ávido pela recompensa por sua prisão.

No processo, não foi levada em conta a minoridade do réu (Angelo ainda não completara 21 anos) nem o juiz providenciou tradutor para ele e as testemunhas da defesa que não falavam bem o português. E foram relevadas várias contradições dos acusadores.

O falecido era irmão do presidente Campos Sales, que cogitou até a instauração da pena de morte, com efeito retroativo, para que pudesse ser aplicada nesse caso; mas, foi dissuadido pela Inglaterra.

O governo italiano, supondo tratar-se de mais um anarquista, não deu a mínima. Angelo foi, entretanto, fortemente apoiado pela colônia, que até se cotizou para pagar-lhe um advogado famoso. 

Isto não impediu sua condenação a 21 anos de reclusão. Depois, num segundo julgamento, a pena diminuiu para 10 anos.
Entrevista de Angelo Longaretti a um jornal italiano

Acabou cumprindo sete anos e meio da pena e sendo libertado por decisão do Supremo Tribunal Federal. Voltou à Itália, onde levou vida tranquila até a morte, em 1960.

Mas, esta história familiar não me interessou muito na época. Só fui lhe dar valor muito tempo depois, em função do rumo que minha própria vida tomou.

O que me predispôs mesmo a valorizar meu sangue latino foram os livros do primeiro autor que me fez a cabeça: Monteiro Lobato, com sua veneração pelo legado greco-romano.

Graças a ele, passei a identificar a Itália com o humanismo, o equilíbrio, a sensatez. Não com o fascismo que só a derrota na II Guerra Mundial conseguiu afastar do poder.

E foi ainda a arte que reforçou minha admiração pela Itália: desde os fundamentais escritores Dante Alighieri, Alberto Moravia e Italo Calvino até os maravilhosos filmes de Federico Fellini, Ettore Scola, Mario Monicelli e tantos outros.
Mastroianni e Sofia Loren eram como eu idealizava os italianos...
O AFETO QUE SE ENCERRA — Sem nunca ter podido conhecer a pátria dos meus antepassados, eu supunha que fosse um contraponto ao  american way of life, tão sôfrego e calculista. Idealizava cada italiano como um Marcello Mastroianni e cada italiana como uma Sofia Loren.

E, embora estivesse ciente dos excessos com que foram combatidos os militantes da ultraesquerda na década de 1980, não os imputava ao povo italiano. 

Para mim, a culpa toda era do PCI, que aliara-se ao partido da burguesia facinorosa (a Democracia Cristã) contra os verdadeiros revolucionários, tangendo-os ao desespero e a atitudes insensatas como a execução de Aldo Moro. 

Aí, pensava eu, aproveitando o emocionalismo do momento, os herdeiros de Mussolini e os traidores de Gramsci lançaram aquela extemporânea caça às bruxas.
...mas hoje os vejo com as carrancas de Mussolini, Berlusconi... 

O Caso Battisti desfez rudemente minhas ilusões: percebi que existem italianos comuns, a exemplo do que ocorria durante o fascismo, submetendo-se docilmente a lideranças demagógicas e rancorosas.

Assim como os brasileiros foram levados pela mídia a quase trucidarem os donos da escola-base, houve italianos que aderiram grotescamente à  vendetta  pregada por Berlusconi. Que decepção!

O aspirante a  Duce  me fez lembrar uma frase que andou em voga no final do patético governo do  arenoso   que herdou a primeira Presidência da Nova República, embora fosse um dos brasileiros que menos a merecesse: De hora em hora, Sarney piora.

Berlusconi também tem piorado de hora em hora: recorre a um estoque infinito de casuísmos, abusando do seu poder e contando com a cumplicidade de parlamentares ignóbeis, para driblar processos por crimes financeiros e corrupção, em que fatalmente seria condenado, persegue os imigrantes com furor e arbitrariedades que fazem lembrar o pesadelo hitlerista, protagoniza escândalos e deboches dignos  de um Calígula, etc.
...e Matteo Salvini, outro neofascista obcecado com armas.
Os companheiros que participarem da manifestação de protesto marcada para esta 6ª feira, diante do consulado italiano em São Paulo, deverão ter em mente, entretanto, que a imprensa golpista brasileira transmite uma visão distorcida, exageradíssima, da amplitude da rejeição a Cesare Battisti.

Da mesma forma como uma Veja cria a ilusão de insatisfação generalizada com nosso governo anterior e o atual, também o noticiário a respeito de Battisti dá erroneamente a entender que ele seja, ao menos, um personagem importante para a opinião pública italiana.

Na verdade, não o é.  Faz muito barulho a banda de música neofascista – e também a dos comunistas que outrora abdicaram de seus ideais para participar do governo, e hoje movem céus e terras para silenciar os que lhes cobram tal infâmia. 

Mas, falam por si, e não pelas grandes massas.. Estas têm outros interesses, preocupações e prioridades, bem mais prosaicas. Os direitistas assumidos e empedernidos não constituem, nem de longe, a maioria, melhor definida pelo título de uma obra-prima de Moravia: Os Indiferentes.
"a repetição da História como buffonata"

Ou, mais precisamente: os omissos. Não devemos isentar os demais italianos da culpa por tudo que faz em seu nome o inacreditável Berlusconi.  A sabedoria popular continua valendo: quem cala, consente.

Ainda assim, a nada nos levará antagonizar os trabalhadores e cidadãos comuns de outros países.

Devemos, isto sim, incentivá-los a reencontrarem a humanidade perdida, distanciando-se da herança mussolinesca e reassumindo os nobres valores dos quais seu passado também é pródigo. Como os da Renascença.

Nossa luta, em última análise, é contra o capitalismo -- e suas manifestações extremadas, como o fascismo que Berlusconi tenta pateticamente reviver, numa repetição da História como  buffonata

Enfim, não são um país e um povo nossos verdadeiros alvos -- mas sim o sistema que inspira os  pogroms contra imigrantes e a  vendetta  contra Battisti, entre tantas formas de intimidação a que o capital recorre para,  pelo arbítrio e o terror, perpetuar sua dominação.
Por Celso Lungaretti
1. o sobrenome familiar correto é Longaretti, mas Papai foi registrado equivocadamente como Lungaretti, já que o escrivão não entendeu direito o sotaque italiano do meu avô. E eu também acabei ficando Lungaretti. 
2. curiosamente, a arma lhe fora há tempos entregue pelo próprio Raul, como pagamento por um serviço prestado.

sábado, 10 de julho de 2010

BERLUSCONI RODA A BAIANA, COMO UM DUCE DE BUFFONATA

escrevi sobre como os anos Berlusconi deixaram em cacos a imagem que eu tinha da Itália: a de um país amadurecido, pleno de humanidade, compaixão e sabedoria.

Cinéfilo inveterado, queria crer que cada italiano tivesse um pouco de Marcello Mastroianni; e cada italiana, de Sofia Loren.
De repente, fiquei sabendo que a figura realmente emblemática da pátria do meu avô é outra, uma versão piorada de Benito Mussolini (a História se repetindo como farsa grotesca, buffonata de mafuá...).

E cada vez mais escândalos e delinquências foram vindo à tona: ligações perigosas com a Máfia, antecedentes neofascistas, fraudes, subornos, arbitrariedades, deboches.

Um rosário de ilegalidades, irregularidades e impropriedades, mais do que suficientes para derrubar o premiê de qualquer nação que se respeitasse.

A Itália, infelizmente, não se respeita.

Então, nela nada mais me surpreende.

Nem mesmo que esteja em gestação uma lei com o objetivo gritante de manietar a Justiça e censurar a imprensa, apenas para que não seja mostrada ao povo a nudez do rei.

É o que informa a notícia Itália para contra a "lei da mordaça", publicada neste sábado (10) pela Folha de S. Paulo, cujos principais trechos reproduzo em seguida:
"Os principais jornais italianos decidiram não circular ontem nem atualizar seus sites na internet. A maioria dos canais não exibiu telejornais, e foram poucas as notícias nas rádios. Também houve greve de transportes em cidades como Roma e Milão.

"Foi um protesto contra a 'lei da mordaça', como é conhecido o projeto que o premiê Silvio Berlusconi tenta aprovar no Congresso.

"O projeto já passou no Senado e deve ir à votação na Câmara no dia 29. Se virar lei, irá restringir o uso de grampos telefônicos em investigações e punir com multa os meios de comunicação que publicarem as transcrições.

"Aos jornalistas, estão previstas penas de prisão de até dois meses.

"Há também grande descontentamento entre juízes. A associação dos magistrados afirmou em nota que a nova lei irá tornar muito mais difícil o trabalho investigativo de policiais e juízes.

"...os críticos afirmam que ele [Berlusconi] tenta se proteger, evitando investigações sobre sua vida e sobre membros do governo. Em 2009, o vazamento de partes de investigações sobre corrupção atingiram o premiê.

"Foram divulgados pelos meios de comunicação fotos e detalhes de festas que o premiê dava em sua casa, para as quais eram contratadas garotas de programa.

"Há dois meses, Berlusconi foi obrigado a aceitar a renúncia de Claudio Scajola, seu então ministro da Indústria, após a mídia divulgar operações fraudulentas na compra de um apartamento".
O primeiro-ministro reagiu pedindo a ajuda de seus simpatizantes para dar fim à "mordaça imposta à verdade", por parte de uma mídia que "pisoteia sistematicamente no sagrado direito à privacidade dos cidadãos invocando a liberdade de imprensa como se fosse um direito absoluto".

Segundo o herdeiro espiritual do Duce, "na democracia não existem direitos absolutos".

Parece um papa discorrendo sobre sexo: fala sobre o que desconhece e nunca praticou. Não passa de figura tosca de um autoritarismo rançoso e odioso.

Enfim, serve como consolo a constatação de que, com enorme atraso, os italianos finalmente começam a despertar de sua letargia cúmplice.

Talvez nem tudo esteja perdido; aguardemos os próximos e emocionantes capítulos.
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