Assim como na bela canção de Chico Buarque, Flor da idade, as relações entre os governantes também são um tanto incompreensíveis para quem as observa de fora:
— Vladimir Putin defende Nicolás Maduro, da Venezuela,
— Vladimir Putin defende Nicolás Maduro, da Venezuela,
— que é odiado por Donald Trump,
— que simpatiza com Recep Tayyip Erdogan, da Turquia,
— que recebe apoio de Vladimir Putin, da Rússia,
— que ajudou a eleger Trump,
— que ajudou a eleger Trump,
— que apoia Kim Jung Un, da Coreia do Norte,
— que também recebe apoio da XI Jinping, da China,
— que detesta Donald Trump,
— que se opõe tanto a Bashar Al Assad, da Síria,
— que se opõe tanto a Bashar Al Assad, da Síria,
— quanto a Evo Morales, que entregou Cesare Battisti para ser preso
— e agradar a Mateo Salvini, da Itália, que já caiu
— e que se alinhava com o entreguista liberal Jair Bolsonaro, do Brasil,
— e agradar a Mateo Salvini, da Itália, que já caiu
— e que se alinhava com o entreguista liberal Jair Bolsonaro, do Brasil,
— que puxa o saco de Donald Trump
— e que era amigo de Sebastian Piñera do Chile, que está pra cair,
— e que era amigo de Sebastian Piñera do Chile, que está pra cair,
— e que lamenta a derrota de Maurício Macri para Alberto Fernandes na Argentina
— e que aceita de bom grado o assassino Mohammed Bin Salman, da Arábia Saudita,
— e que aceita de bom grado o assassino Mohammed Bin Salman, da Arábia Saudita,
— que se opõe ao Irã de Hassan Rouhani...
O paralelismo com os versos só fica incompleto porque não creio existir algum ser humano no mundo (pelo menos fora dos hospícios) capaz de amar toda essa quadrilha.
O paralelismo com os versos só fica incompleto porque não creio existir algum ser humano no mundo (pelo menos fora dos hospícios) capaz de amar toda essa quadrilha.
Evo Morales: emporcalhou-se mas não evitou o pé na bunda |
A aparente irracionalidade e contradições nos apoios e oposições internacionais de governantes (com guerras genocidas pelo meio) tem uma lógica: o interesse circunstancial e efêmero ditado pelo exercício do poder político verticalizado do Estado e pelas pretensões de hegemonia econômica estatal em benefício do capital ou de boas relações comerciais na guerra da concorrência internacional de mercado sem escrúpulos.
Noutras palavras: pela irracionalidade racional de genocida do capital. Não é segredo para ninguém que somente produzindo e vendendo mercadorias (aliás, no longo prazo somente se produz o que se vende) é que se acumula riqueza abstrata, e tal mecânica social está na inversa proporção de quem apenas compra e não produz e não vende mercadorias no nível pretendido.
Produzir e vender: esta é a pretensão geral que esbarra numa equação matemática segundo a qual somente compra quem tem dinheiro para comprar, então como todos querem vender, estabelece-se o impasse da guerra comercial de mercado e a razão de ser de todas as guerras modernas e disputa de poder.
Como sorri o príncipe saudita que mandou matar o jornalista! |
"Para um muito rico há, no mínimo, 500 pobres, e a riqueza de poucos presume a indigência de muitos".
A briga pela obtenção do dinheiro é a razão de ser de todas as guerras, apoios e oposições da política, na medida que é a dita cuja a esfera subserviente protetora e regulamentadora das relações sociais mercantis.
Beija-se a mão inclusive daqueles por quem os sentimentos íntimos são de ódio, desde que isso favoreça a produção de riqueza abstrata e permita ao beijoqueiro fazer-se passar, aos olhos do povo que elege o governante (o nacionalismo mais não é do que Mateus, primeiro os teus) como provedor da sustentabilidade social a partir de tais relações.
Tudo nas relações mercantis é abstratamente reificado, fetichista (como disse Marx), pois o valor, medida abstrata, torna-se real e comanda negativamente a vida social, dando ordens insanas a todos os seus súditos, inclusive aos trabalhadores.
Serviçais por excelência do valor são aqueles que, na estrutura vertical do poder, têm a incumbência maior de obediência e preservação dessa norma social.
O poder político é tão fetichista quanto a ambição da riqueza abstrata, e é isso é que faz alguém suicidar-se na iminência de perdê-lo (como fez Getúlio Vargas), ou de mandar matar (como fez Josef Stalin da União Soviética com Leon Trotsky, bem como Mohammed Bin Salman da Arábia Saudita com o jornalista Jamal Khashoggi).
O Jair Bolsonaro da campanha eleitoral fez discurso nacionalista sobre a China, no qual chegou a afirmar pejorativamente que "os chineses estão comprando o Brasil". E foi além: "O próprio Brasil deveria desenvolver e explorar suas riquezas minerais, ao invés de deixar a empresa China Molyndenum comprar uma mina de nióbio por USS 1,7 bilhão em 2016".
O mesmo Jair Bolsonaro, eleito e exercendo o cargo de presidente da República, afirmou na reunião dos Brics da semana passada que “a China é cada vez mais o futuro do Brasil.”
O que dita tal mudança de postura em tão curto espaço de tempo é o interesse político e capitalista. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
4 comentários:
Incrível como mentes inteligentes como a sua, Dalton, percam tempo em estudar oa movimentos e palavras destes mesquinhos medíocres até a medula.
Já ouviu falar do Bóson de Higgs?
https://www.youtube.com/watch?v=-fXAsrZ-ePM
Compare os objetivos e posturas desse povo com a nossa classe dirigente.
Se não sentir um visceral asco ainsa não entendeu do que ae trata a real batalha que se teavano mundo.
Assim caminha a humanidade há 3 mil anos: dinheiro (valor abstrato), imperialismo (império Persa, 500 a.C.) e monoteísmo (zoroastrismo, cristianismo, islamismo).
O pior desse tripé é o monoteísmo, que é a fonte primária da intolerância.
Saravá!
PQP! Eu sei que não faz bem à alma, mas eu odeio profundamente esse índio safado, traidor. Não consigo ter pena dele, e não moveria uma palha para defendê-lo -- mesmo tendo consciência de que seu governo foi vitimado por um golpe da escumalha civil-militar. Posso estar errado, não creio. Deu Battisti de bandeja para os fachos italianos, e com sorriso nos lábios. Frouxo! Abandonou o povo boliviano sob o pretexto de evitar derramamento de sangue -- sangue indígena esse que abunda pela ruas bolivianas. Jamais será um Allende -- que só saiu morto da La Moneda. Allende, Allende, Allende no se vende! Já esse índio...
Há com escapar disso? Creio que não. Mesmo com a Revolução Industrial 4.0 jogando as camadas médias na miséria não creio que haverá reação da "tropa de choque" política dos capitalistas. Vão acreditar na tese neoliberal absurda do "homem-empresa", considerar que seu fracasso é de sua exclusiva culpa individual e que a brutal concentração de renda nas mãos dos banqueiros é resultado de seus méritos. O velho propagandista Joseph Goebbels já ensinava que o povo é imbecil. As massas são desumanizadas a cada dia pela imprensa corporativa. Na Austrália, os aborígenes voltaram a não serem contados como população. No Brasil, o próximo censo não contará os moradores de rua. A menos que tenham os meios (muitíssimas Kalashnikov) serão "exterminados como baratas", como já prometeu o miliciano.
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