Toque do editor |
Um amigo virtual de longa data, o Ângelo Genovesi, insistiu muito para que eu postasse uma matéria sobre o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick ao comemorar-se o cinquentenário do episódio.
O diabo é que minha decepção com o apagão mental de 39% dos eleitores brasileiros em outubro último continua me tirando não só o sono, mas também o ânimo para escrever sobre a luta terrivelmente desigual que um dia travamos, convictos de que valia a pena sacrificarmos nossas vidas e nossa integridade física e psicológica para que o povo brasileiro não tivesse mais de rastejar sob as botas militares.
Não que nós, os que sobrevivemos e os que morreram, teríamos agido diferente se adivinhássemos que um dia tantos mitificariam os autoproclamados herdeiros do Brilhante Ustra.
Jamais! Nossa convicção era tão profunda que, se não tentássemos nos colocar à altura daquele desafio, seria nossa morte moral, bem pior do que a física.
Mas, relembro o entusiasmo ardente do Eremias Delizoicov, que eu conhecia desde o curso primário, e fico pensando em como conseguiria explicar-lhe tanta infâmia e tão chocante retrocesso. Creio que não conseguiria.
Enfim, registrarei a efeméride com um correto texto do Memorial da Democracia e abrindo uma janelinha para o documentário Hércules 56 (2006), do Silvio Da-Rin.
E, como nos nefandos tempos da ditadura militar, continuarei me guardando (e guardando meus melhores textos) pra quando o carnaval chegar. (por Celso Lungaretti)
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O OUSADO SEQUESTRO DO EMBAIXADOR
DOS EUA
Na mais espetacular ação da guerrilha urbana, um grupo formado por militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) captura o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, numa rua de Botafogo, no Rio.
Em troca do diplomata, as duas organizações passam a exigir a libertação de 15 presos políticos e a divulgação em rádio e TV de um manifesto revolucionário. O prazo fixado para resposta é de 48 horas.
O sequestro surpreendeu a Junta Militar, que havia assumido o poder poucos dias antes. Alguns oficiais das Forças Armadas foram contra a libertação dos presos, mas a pressão do governo dos EUA, fiador do golpe de 64 e da ditadura brasileira, falou mais alto. Washington exigiu que tudo fosse feito para resgatar com vida seu embaixador.
Durante três dias, o Rio foi tomado por um imenso aparato policial e militar, que vasculhou toda a cidade em busca dos sequestradores e do diplomata norte-americano.
A casa onde eles estavam, na rua Barão de Petrópolis, chegou a ser vigiada por agentes da Marinha, mas não foi invadida — seja porque os agentes da repressão não tinham certeza de que Elbrick se encontrava no local, seja porque as ordens eram claras para que a vida do embaixador não fosse colocada em risco.
Encurralada, a Junta cedeu às exigências, e os 15 presos foram enviados para o México, que aceitou recebê-los.
Foram é salvos. Os 15! |
Entre os libertados estavam os líderes estudantis Vladimir Palmeira, José Dirceu e Luiz Travassos, o dirigente histórico do PCB Gregório Bezerra, o jornalista Flavio Tavares e o líder da greve de Osasco, José Ibrahim.
Os demais eram membros de organizações revolucionárias, como a ALN, o MR-8 e a VPR. Para formalizar a libertação de presos, que nem sequer respondiam a processo, foi assinado às pressas o Ato Institucional n° 13, implantando o banimento do país.
O embarque dos banidos num Hércules da FAB e a viagem ao México foram cercados de tensão, devido ao temor de que o avião fosse atacado no solo ou em voo por militares descontentes com a libertação dos presos políticos.
Depois da chegada do grupo na Cidade do México, o embaixador Elbrick foi libertado pelo comando da ALN e do MR-8. Era um domingo, 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil e da maior humilhação até então imposta à ditadura.
Dois dias depois, foi baixado o AI-14, instituindo a pena de morte e a prisão perpétua em casos de “guerra revolucionária e subversiva”. Nos anos seguintes, em ações cada vez mais desgastantes e arriscadas, seriam sequestrados e trocados por presos políticos os embaixadores da Alemanha e da Suíça e o cônsul do Japão em São Paulo.
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Um comentário:
Celso, é um verdadeiro motivo de orgulho poder saber que o sequestro ao embaixador Charles Burke Elbrick foi muito bem sucedido. Pois isso serviu de lição aos completos idiotas dos militares na época.
Mesmo que depois daquele sequestro, os babacas dos militares na época, tenham preferido endurecer ainda mais.
Só acho uma pena que a guerrilha não tenha conseguido derrubar aquela porcaria de governo militar na época, pois teria sido uma lição ainda maior aquele bando de babacas covardes, que diziam protegerem famílias contra a "subversão".
Criminosos foram os próprios idiotas dos militares e suas bestas-feras, que preferiam matar pessoas sob torturas, violando vergonhosamente os direitos humanos naqueles tempos tão difíceis aos cidadãos brasileiros.
E o que me surpreende tristemente, é saber que há pessoas que gostariam que aqueles tempos voltassem em pleno século 21.
Os completos imbecis de direita que parecem não ter cérebro, sabe-se lá o que há dentro da cabeça dos completos imbecis que em pleno século 21, ainda defendem vergonhosamente aquela porcaria daquele decreto do AI-5 em 13 de dezembro de 1968 e que tronou-se um verdadeiro inferno na vida dos brasileiros durante anos.
Sei que o nosso atual governo Lula é também uma verdadeira porcaria, que se diz "democrática".
Se o Lula for burro suficiente para anistiar o psicopata Jair Bolsonaro, aí chegaremos a uma agonizante conclusão, de que não temos autoridades brasileiras, mas sim lixos brasileiros que se dizem autoridades, mas eles sequer tem a competência, sequer tem a menor capacidade de governar o Brasil em pé de igualdade a países realmente sérios, não esse lixo de governo brasileiro que temos atualmente.
Inclusive vale sempre lembrar que as autoridades brasileiras preferem continuar oferecendo regalias a criminosos que podem comprar as próprias porcarias das autoridades brasileiras, que preferem venderem suas almas, ao invés de prenderem todas as pessoas corruptas e todos os outros tipos de criminosos, que continuam fazendo o que querem em nosso território brasileiro.
O que me decepciona ainda mais, é pensar tristemente aos brasileiros ainda cordiais serem cada vez mais substituídos por brasileiros idiotas, que não tem um pingo de educação e só porque conseguem ter um diploma, ainda pensam que tem educação.
Concluindo: realmente parece que o Brasil está regredindo em pleno século 21, e os próprios responsáveis por isso, são os próprios brasileiros que tem sérios problemas mentais, que preferem enriquecer sem se esforçar para isso. Preferem roubar mesmo, dos outros cidadãos que trabalham de verdade e lamentavelmente não tem o MÍNIMO que já deveria ser um direito de décadas.
Realmente parece que a nossa constituição de 1988 só existirá eternamente no papel mesmo.
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