domingo, 31 de dezembro de 2023

O DILEMA QUE A ESQUERDA TERÁ DE ENFRENTAR EM 2024 É O MESMO DE 1965: O DERRETIMENTO DE SUA FORÇA HEGEMÔNICA.

Já foi tarde o ano de 2023. E não exatamente por causa do futebol, apesar de toda vergonha que a CBF nos fez passar. Na política o desempenho foi pior ainda. 

Depois do pesadelo imposto ao Brasil durante o quadriênio do genocida alucinado, era óbvio que o Lula 3 marcaria pontos fáceis desfazendo algumas das abominações cometidas pelo antecessor. Moleza.

No entanto, até mesmo para quem não esperava quase nada do reformista fantasiado de esquerdista, seu desempenho na volta ao poder foi constrangedor. 

Deus e o mundo sabiam que seria difícil para o Lula governar com um Congresso que tem maioria reacionária, mas o inaceitável é ele não haver pensado em maneira nenhuma de obter a aprovação de suas propostas que não a de render-se incondicionalmente ao centrão

Na verdade, nem se pode chamá-lo seriamente de presidente: está muito mais para uma rainha da Inglaterra, que entregou às mãos mais crapulosas do país as grandes decisões do seu governo. Até a Caixa Econômica Federal passou ao controle dos Irmãos Metralha...

Suas indicações para a PGR e para o STF foram um acinte, com Ricardo Zanin chegando ao ponto de tentar detonar a revisão da vida toda, por meio do qual a União tem de ressarcir TRABALHADORES pelo que foi deles usurpado em governos do século passado.  

E um ano inteiro se passou sem que o pior assassino de brasileiros da nossa História começasse a responder na Justiça pelo rosário de crimes que cometeu, o que parece vir ao encontro do já comentado nos bastidores dos podres Poderes antes mesmo da posse do novo governo: que os poderosos haviam acordado que o palhaço assassino tivesse como única punição a inelegibilidade. 

Já pensaram se o Hitler houvesse sobrevivido à derrota nazista e os aliados se abstivessem de julgá-lo e executá-lo? É o mesmo em miniatura, com a única diferença que o Bozo não poderia receber a pena de morte porque ela não existe no Brasil. 

Mas, no caso dele, qualquer punição inferior a umas dez penas máximas (30 anos de prisão) acumuladas será um atestado de falência das instituições. 

Podemos esperar justiça do Paulo Gonet? Ou continuará correndo para não chegar, a exemplo do Augusto Aras (que tudo fazia para que o problema desaparecesse com o apito final da prescrição)?  

E a sandice nostálgica de mais uma vez o PT tentar exumar o neodesenvolvimentismo de meados do século passado? Foi assim que a Dilma Rousseff teve o pior desempenho econômico de todos os presidentes brasileiros desde a proclamação da República, abrindo caminho para o próprio impeachment, a prisão de Lula e a eleição do fanfarrão amarelão.

E o ultrajante oba-oba com uma pequena elevação do PIB que apenas escancarou a estratosférica desigualdade brasileira, pois a agora nona economia mundial ocupa um vergonhoso 87º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano?  

E a ridícula pretensão de Lula, que insiste em mediar guerras e grandes problemas mundiais com o que William Waack apropriadamente qualificou de raciocínio de botequim?

Acima de tudo,  está a escancarada direitização do Lula no terceiro mandato, dando até a impressão de que ao longo do atual governo (se conseguir levá-lo até o fim, o que é no mínimo uma incógnita), descartará de vez o PT para abrigar-se sob algum guarda-chuva de direita...

Se a esquerda não quiser tornar-se irrelevante no Brasil, tem de começar em 2024 a dissociar-se de um presidente que visivelmente não a representa e emite contínuos sinais de que tem por ela verdadeira ojeriza. 

Em 1965, passada a estupefação com a facilidade encontrada pela direita para aplicar seu golpe de estado, a esquerda iniciou um profundo processo de crítica e autocrítica, ao cabo do qual o PCB tinha merecidamente sido desalojado de sua condição de força hegemônica. 

Em 2024 terá de agir da mesmíssima maneira com o PT... ou há de avacalhar-se em definitivo. Não existe meio termo possível. (por Celso Lungaretti)

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