PGRs que só servem para blindar altas autoridades são inaceitáveis hoje em dia |
Daí eu ter considerado ridículo o chororô petista quando a gerentona trapalhona foi impichada, não exatamente em razão de obscuras pedaladas fiscais, mas por ir além de suas prerrogativas constitucionais para evitar que o eleitorado tomasse conhecimento da situação crítica a que ela havia reduzido as contas públicas. O nome do motivo real do impeachment é estelionato eleitoral.
E ela perdeu qualquer autoridade moral para chiar porque, mal acabava de tomar posse no seu segundo mandato, nomeou o neoliberal Joaquim Levy como ministro da Fazenda, depois de haver jurado várias vezes de pés juntos que o eleitorado se salvaria das reformas neoliberais exigidas pelo grande empresariado se votasse nela.
Este último estelionato foi muitíssimo mais grave do que a maquilagem das contas públicas, mas seria difícil para os donos do Brasil obterem seu afastamento sob tal alegação. Já as tais pedaladas permitiam que ela fosse defenestrada sem ferir a letra da Constituição.
Na época, ressaltei que, formalmente, não havia motivo para o PT abrir tamanho berreiro contra o encaminhamento dado àquele impeachment, mas todos os motivos para lembrar que já haviam ocorrido várias situações similares no passado, só que com presidentes de direita e sem que as coisas tivessem sido levadas a tal extremo.
Lula, quando trombeteava que, graças a ele, a pasta dos Esportes deixara de ser moeda de troca de vis barganhas |
Mas, claro, o PT jamais quis ir pelo caminho correto porque tal argumento evidenciaria, mais uma vez, que a democracia burguesa sempre foi um jogo de cartas marcadas, o que coloca os partidos de esquerda que submetem-se à sua institucionalidade, desistindo de fazer a revolução, na ignominiosa posição de estarem iludindo seus eleitores, ao fazê-los crer na lorota de que a classe operária chegará ao paraíso pela via eleitoral.
Então, como na década passada, é uma justiça tendenciosa que agora impõe penas exorbitantes à boiada bolsonarista, que Jesus Cristo decerto não consideraria tão culpada assim ("Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem").
Mas, sendo o STF uma instância política como é, devemos atentar para o fato de que no próximo dia 26 termina o mandato do pior procurador geral da República que este país já teve, principal responsável pela impunidade de que desfrutava o pior presidente idem, causador da morte de centenas de milhares de brasileiros com sua sabotagem alucinada ao combate científico da pandemia.
Então, vários meses atrás já se sabia que parlamentares participantes da CPI da Covid esperariam até o Brasil voltar a ter um PGR de verdade para submeter-lhe as conclusões daquele colegiado, que apontavam diretamente para a abertura de processo contra o genocida-mor da Nação.
Ele fez por merecer uma pena de 30 anos... e nem um ano a menos! |
Então, como escreveu uma colega da grande imprensa, era importante fixar o patamar de 17 anos de prisão, porque tende a ser não o teto, mas sim o piso para as penas dos maiores culpados (aqueles que sabiam muito bem o que estavam fazendo!).
E, embora tudo nos leve a recordar o julgamento de Nuremberg, desta vez o desfecho poderá ser mais alentador, pois o pior de todos os psicopatas empoderados não se suicidou, nem se suicidará, já que coragem pessoal para tanto ela cansou de comprovar que não tem..
Portanto, tudo indica que teremos a oportunidade de ver o nosso Hitler trancafiado numa masmorra por 30 anos (o máximo que a justiça brasileira admite), tantas deverão ser as condenações que ele sofrerá nos vários processos aos quais vai responder doravante. As penas tenderão a somar centenas de anos, dificultando as iniciativas para liberá-lo antes do tempo.
Servirá de pequeno consolo para a infinidade de brasileiros que perderam seus entes queridos graças à insensibilidade extrema daquele ser abominável. E, de certa forma, será a tardia justiça que tanto buscamos, em vão, no caso dos torturadores da ditadura militar.
Um governo deste tipo jamais pode ter a cumplicidade da esquerda brasileira |
Devemos, contudo, ficar alertas: no segundo mandato, Lula proibiu seus ministros mais combativos de alinharem-se ao clamor por uma revisão da anistia de 1979, que igualara os torturados e/ou covardemente executados aos seus verdugos, com isto, na prática, inviabilizando a última possibilidade de eles serem punidos por seus crimes hediondos.
Como várias vezes o Lula já se demonstrou algo condescendente com Jair Bolsonaro, enquanto não perde chance para dizer cobras e lagartos do Sérgio Moro, é importante nos posicionarmos firmemente para que, ao escolher o próximo PGR, ele não saque da manga outro Zanin.
Estão bem vivas nas nossas lembranças as terríveis decepções que Lula causou:
— ao indicar para o STF um defensor das posições políticas do PT, mas adepto da pauta conservadora na área de costumes, como se fosse outro ministro "estupidamente evangélico"; e
— ao sacar a valorosa e respeitadíssima Ana Moser do ministério dos Esportes para empesteá-lo com a nulidade que o centrão designou para recolher parte substancial da grana preta que advirá da liberação dos cassinos on line.
Então, que não ouse Lula optar por outro Aras. caso contrário terá de buscar sustentação política com as viúvas do Bolsonaro, pois, para todo esquerdista autêntico, será a gota d'água.
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