sexta-feira, 24 de março de 2023

HÁ 19 ANOS NESTOR KIRCHNER ORDENAVA AOS MILITARES QUE RETIRASSEM OS QUADROS DOS DITADORES ARGENTINOS

 


Nestor Kirchner foi presidente argentino entre 2003 e 2007. De centro-esquerda, foi um destacado membro do chamado movimento peronista, tendo sido eleito após a debacle econômica do país em 2001. Um dos maiores feitos de Kirchner não está na economia, contudo, mas em ter retomado os julgamentos e condenações dos ditadores e militares envolvidos na ditadura da Argentina. 

Não muito lembrado, nossos vizinhos tiveram um processo tortuoso para enquadrar os milicos assassinos e torturadores. No fim da ditadura, eles seguiram o modelo brasileiro e também colocaram uma autoanistia, isentando a si mesmos de seus crimes. O primeiro presidente civil pós-regime militar, Raul Alfonsín, sustou a anistia e pôs todos no banco dos réus. 

Alfonsin sustou a autoanisita
dos militares argentinos.
Pressionado, colocou fim 
aos julgamentos dos criminos.
Contudo, sobre pressão, o mesmo Alfonsín logo viria a colocar um freio nos julgamentos e investigações, instituindo as leis do ponto final e da obediência devida. Para completar, seu sucessor, Carlos Menem, restituiu as anistias, inclusive para os ditadores já condenados na década passada. 

Foi Nestor Kirchner quem restabeleceu todos os processos criminais contra os militares e demais criminosos da ditadura, anulando a anistia de Menem e abrindo caminho para a justiça reiniciar os julgamentos. 

Contudo, o fato mais simbólico aconteceria no dia 24 de março de 2004, há 19 anos, portanto. A data não poderia ser mais simbólica, pois marcava o aniversário do golpe militar de 1976. Kirchner pessoalmente participou de uma cerimônia na escola militar de El Palomar, antigo centro de inteligência e tortura da ditadura. Ali, o presidente ordenou aos Generais que retirassem de suas paredes os quadros dos ditadores Rafael Videla e Reynaldo Bignone, ato imediatamente cumprido diante de toda a imprensa e da tropa reunida. 

Na mesma época, Lula, aqui no Brasil, de tudo fez para torpedear o projeto de revisão da lei de anistia, como já foi lembrado várias vezes pelo Celso (aqui e aqui, por exemplo). Mais recentemente, teve de se submeter à humilhação de negociar com os militares a despolitização das Forças Armadas, fato que deveria ser uma ordem, pois por lei os militares não devem se envolver em questões civis. 

Mas é aquilo, mesmo um político comum igual Nestor Kirchner consegue estar anos-luz de distância da nossa esquerda. (por David Emanuel Coelho



Um comentário:

Anônimo disse...

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