quinta-feira, 23 de março de 2023

CRISE CAPITALISTA SE ACELERA. É PRECISO UMA AÇÃO REVOLUCIONÁRIA A NÍVEL MUNDIAL!

         


     
O cenário econômico-financeiro mundial é de paralisia com inflação e juros altos. Parece-se com aqueles anos que se sucederam à primeira e à segunda guerras mundiais.

A guerra localizada entre a Rússia e a Ucrânia tem grave repercussão numa economia globalizada já em depressão mesmo antes da covid 19, vem se agudizando com este evento bélico genocida, fazendo os agentes da disputa por hegemonia econômica capitalista de blocos ficarem sem saber se interveem, e transformam tudo numa terceira guerra mundial nuclear, ou se são capazes de promover a paz numa situação de terra arrasada na qual o lado invasor não aceita desocupar as áreas invadidas. 

O capitalismo é assim: uma eterna guerra concorrencial de mercado que não raro resvala para uma guerra bélica irracional, pois irracional é a sua lógica predatória da sociedade e da ecologia, principalmente neste momento de destrutibilidade da sua própria forma.

Há uma urgente necessidade de convergência mundial dos segmentos desatrelados à ordem jurídico-constitucional capitalista - a da política estatal dependente de dinheiro -, movimentos sociais e pensadores críticos da economia política no sentido de criar uma urgente convenção mundial que se contraponha a este fenômeno nunca antes vivido, justamente porque conjumina depressão econômica com o ecocídio do aquecimento global devastador.

Vi, ainda ontem, no Brasil, a discussão estéril entre políticos e jornalistas sobre baixar ou manter a alta dos juros Selic pelo Banco Central. Neste debate, todos os lados têm alguma razão e todos estão completamente desfocados das causas e da realidade subjacentes ao problema, tanto quanto estão equivocados.

Em economia tudo tem efeito colateral e quando o remédio é apenas paliativo, sem extirpar a infecção metastizada, qualquer medida objetivando conter o problema é ineficaz; tudo tem efeito colateral justamente porque os remédios funcionam apenas como antitérmicos para conter a febre no organismo, sem extirpar a infecção, traduzida como descompasso entre a circulação da moeda, produção de mercadorias e capacidade de consumo.

Se se baixa os juros para reanimar a economia, tal medida pode acelerar ainda mais a inflação -que é o maior confisco social de salário - por conta do aumento do consumo - graças à mercadológica lei da oferta e da procura -, numa situação sustentada artificialmente por dinheiro sem valor emitido para suprir a circulação monetária, falência estatal e a quebradeira bancária.


Se se mantém a alta taxa de juros como a do Brasil, de 13,75% ao ano, que vem sendo considerada a mais alta do mundo, com ganho real entre 6,5% a 8%, após descontada a inflação, paralisa-se a economia por conta de juros insuportáveis para o crédito empresarial e popular, e se promove a alegria dos rentistas, aqueles que ganham dinheiro com aplicações bancárias enquanto dormem em suas confortáveis casas. Sem se falar no aumento da dívida pública, no nosso caso com uma incidência de juros extorsiva.

Os Estados Unidos têm inflação de 6,5% em 2022, e a União Europeia de 8,6% em janeiro, sendo pela primeira vez na história maior que a brasileira, situada em 0,5% no mesmo mês.

Tal realidade deriva do fato de que desde 2008/2009, com a crise da bolha imobiliária estadunidense do subprime, repercutida no mundo ocidental financeiro de forma devastadora, convive-se com o binômio depressão econômica e altas taxas de endividamento público e privado sem existir extração de mais valia e lucro capazes de pagar os juros - chamados educadamente de serviço da dívida - e sem perspectivas de se saldar a própria dívida.

Os rentistas, que vivem a delícia de juros altos, num futuro próximo ver-se-ão privados não somente de suas rendas mensais ou anuais, mas do próprio capital investido e este momento será o dia do juízo final capitalista.

Não é demais explicar que a bolha imobiliária estadunidense foi criada simplesmente pelo fato do capital desempregado precisar se reproduzir na produção de mercadorias - valor válido, dentro de tal raciocínio -, e assim estimulou-se a construção civil com créditos bancários de financiamento popular para a aquisição da moradias, provocando a alta de preços de mercado destas unidades habitacionais até o dia em que se constatou a completa nulidade das garantias reais que davam sustentação aos créditos ofertados e celebrados pelos bancos diante de uma inadimplência generalizada, pois tais garantias tinham base em valores irreais e preços de mercado artificialmente elevados.

Dissemos, quando do anúncio da falência do Silicon Valley Bank que aquilo era apenas o prenuncio de algo maior.

Dito e feito, veio a quebra do tradicional banco Credit Suisse, comprado pelo banco UBS e que assim ficou com um ativo de US$ 1,7 trilhões, correspondente a valores duas vezes maiores do que a produção econômica da Suíça, dando bem a dimensão do que representa para o capitalismo o mundo financeiro bancário como detentor de valores concentrados e o risco de um colapso caso haja graves turbulências, de resto previsíveis e muito prováveis.

Nos Estados Unidos, vários bancos menores tiveram o mesmo desfecho de falências, como o First Republic Bank e outros que foram possíveis de serem cobertas por bancos maiores como o JPMorgan Chase, Bank of América, Citigroup, entre outros, provocando o mesmo fenômeno suíço de perigosa concentração bancária.

Mas se isto tomar uma proporção que envolva valores destes grandes bancos, como se prevê, como ficará a credibilidade das moedas ditas fortes que correspondem aos seus patrimônios monetários?

No Brasil, o quadro social é dantesco. Vivemos uma onda de ações e ameaças pelo crime organizado, o qual planeja assassinatos de autoridades e amedronta estados, como no caso do Rio Grande do Norte, onde mais de trezentos ataques vêm sendo perpetrados, inclusive com atentados ao abastecimento de água da empresa CAERN, se constituindo em possibilidade de genocídio.

O estado paralelo do crime se contrapõe com força ao estado oficial opressor decomposto e basta isto para constatarmos a falência da ordem capitalista a nível local como forma social capaz de satisfazer necessidades coletivas de consumo e estabelecer conceitos morais e éticos virtuosos.

Pari passu, a população precisa conviver com descompassos sociais como greves de transportes urbanos, como foi o caso vivido neste dia 23 de março em São Paulo.

Não é catastrofismo o que denunciamos, mas apenas sintoma visível e perceptível de uma sociedade doente, pois sua base de sustentação socioeconômica e jurídica, além de opressora e escravista, tornou-se completamente obsoleta e inviável.

Se você quiser comprovar o que dizemos, não precisa sair às ruas - até porque você pode não voltar ou ter que voltar à pé: basta ligar a televisão.

Por uma convenção transnacional revolucionária anticapitalista e antiestatal! (por Dalton Rosado

3 comentários:

SF disse...

***
A coisa é sistêmica.
Espera-se que um banco alemão quebre logo logo.
Talvez este final de semana.
***
Se a forma-valor já não tinha substância, mas ainda era acreditada, agora some no ar como todas as ilusões.
***
É um evento disruptivo.
O que não consigo acreditar é que seja aleatório.
Os caras são muito inteligentes para dar mancadas.
Para mim, é óbvio que o ataque é ao estado-nação e suas moedas fiduciárias, cujas consequências eu imagino... porém não digo.
***
Em pindorama a situação se agravará mais e mais.
Aqui já existe uma tradição de calote.
Quando acabou a escravidão oficialmente não se falou em reparações e resgates.
Nasceram as favelas.
***
Agora o operariado desnecessário será largado a própria sorte.
Com todos os vícios do comodismo a que foi condicionado.
***
Os mais fortes já foram e os mais inteligentes irão para os novos quilombos.
Enquanto os demais nem favelas terão.
Serão dizimados.
***
Parece que já passamos do ponto de não mais retorno.
***
O mundo que conhecíamos desapareceu.
***
De perene temos os valores básicos da natureza humana, que só nós temos neste planeta inteiro.
A possibilidade de ser bom. A apreciação da beleza e harmonia. E a busca da verdade.
O humano animalizado, tal como as feras, não aprecia e nem atina para este valores.
Atordoado busca a mera satisfação de apetites egocentrados.
***
Os gregos ilustraram isto com a figura do minotauro. Um corpo humano dominado por uma cabeça animal.
Ele, o minotauro, estava no centro do labirinto (o id) e exigia o sacrifício da juventude para se manter vivo.
***
Alimentem o minotauro!
Desprezem os valores humanos.
E acreditem que o monstro é o outro e não a fera que habita no íntimo de cada um.
Enquanto não se superar este estágio bestial do humano não importa o regime político, o tipo de estado, ou qualquer tentativa mais ampla de progresso social.
***
É preciso arcar com a responsabilidade pelas escolhas e entender que temos o privilégio ontológico do sentido do ser.
Isso é muita coisa, mas é diáfana.
É assustadora porque nos leva ao valor mais precioso do ser humano: a verdade.
Quem estará apto a reconhecer a verdade da vida humana?
E consciente do que é, passar a agir com bondade, harmonia e justiça.
*
Si hortum in bibliotheca habes deerit nihil.
Já dizia o grão-de-bico Cícero.
Ainda é o melhor que podemos fazer da vida.
*

David Emanuel disse...

SF, vai abaixo a resposta do Dalton:
"Caro SF, O ser humano é uma animal racional em evolução, mesmo que aculturado numasociedade negacionista da vida como o capitalismo, que inverte o sendo da virtude demodo generalizado. Ainda estamos num estágio inferior, e temos muito que evoluir.Mas no capital, mesmo na sua negação intrínseca da virtude, nem sempre tudoconverge para um desfecho desfavorável (a menos que sejamos exntos comoespécie), e como disse Marx, ele cava a sua própria sepultura. Exemplo disso é o fato de que o saber tecnológico adquirido pela humanidade,esmulado em grande parte pela guerra concorrencial de mercado e até pelas guerrasbélicas tão comuns na esteira do seu desenvolvimento é capaz de promover mudançasde forma e conteúdo. Não esqueçamos que o radar é -lho da necessidade durante aguerra, por exemplo.Assim, a tecnologia que dispensa o trabalho abstrato criador de valor (a escravidãoindireta) em maior parte de modo progressivo, decreta a sua morte cerebral. Acredito que numa nova ordem de produção social e valores morais e jurídicos (odireito como direito, como tradução verdadeira de jusça) decorrentes desse modo derelação social, retomaremos o caminho da elevação de ser como espécie no sendo desuas verdadeiras virtudes. Não acredito em verdade absoluta, mas a verdade relava pode se aproximar davitória, também relava, da virtude humana.Acredito, também, que mesmo aos trancos e barrancos caminhamos para um futuromelhor, e as gerações futuras rirão de nossa irracionalidade atual; será um tempo noqual teremos mais tempo e comodidade para lermos na biblioteca virtual e nos jardins0oridos de uma sociedade que conviva com a natureza de modo sustentável. Estava senndo falta dos seus escritos sempre curiosos. Um abraço, Dalton Rosado."

Anônimo disse...

Curioso!?
É delirante que fala :).
SF

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