Nestor Kirchner foi presidente argentino entre 2003 e 2007. De centro-esquerda, foi um destacado membro do chamado movimento peronista, tendo sido eleito após a debacle econômica do país em 2001. Um dos maiores feitos de Kirchner não está na economia, contudo, mas em ter retomado os julgamentos e condenações dos ditadores e militares envolvidos na ditadura da Argentina.
Não muito lembrado, nossos vizinhos tiveram um processo tortuoso para enquadrar os milicos assassinos e torturadores. No fim da ditadura, eles seguiram o modelo brasileiro e também colocaram uma autoanistia, isentando a si mesmos de seus crimes. O primeiro presidente civil pós-regime militar, Raul Alfonsín, sustou a anistia e pôs todos no banco dos réus.
Alfonsin sustou a autoanisita dos militares argentinos. Pressionado, colocou fim aos julgamentos dos criminos. |
Foi Nestor Kirchner quem restabeleceu todos os processos criminais contra os militares e demais criminosos da ditadura, anulando a anistia de Menem e abrindo caminho para a justiça reiniciar os julgamentos.
Contudo, o fato mais simbólico aconteceria no dia 24 de março de 2004, há 19 anos, portanto. A data não poderia ser mais simbólica, pois marcava o aniversário do golpe militar de 1976. Kirchner pessoalmente participou de uma cerimônia na escola militar de El Palomar, antigo centro de inteligência e tortura da ditadura. Ali, o presidente ordenou aos Generais que retirassem de suas paredes os quadros dos ditadores Rafael Videla e Reynaldo Bignone, ato imediatamente cumprido diante de toda a imprensa e da tropa reunida.
Na mesma época, Lula, aqui no Brasil, de tudo fez para torpedear o projeto de revisão da lei de anistia, como já foi lembrado várias vezes pelo Celso (aqui e aqui, por exemplo). Mais recentemente, teve de se submeter à humilhação de negociar com os militares a despolitização das Forças Armadas, fato que deveria ser uma ordem, pois por lei os militares não devem se envolver em questões civis.
Mas é aquilo, mesmo um político comum igual Nestor Kirchner consegue estar anos-luz de distância da nossa esquerda. (por David Emanuel Coelho)
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