Os 600 mil óbitos oficializados de brasileiros atingidos pela covid já são, em si, uma mortandade inconcebível e inaceitável, a segunda maior do planeta, ficando aquém apenas da dos EUA, com a diferença de que lá morrem 1,6% dos contaminados e aqui, 2,7% (vide este post).
O ataque atômico a Hiroshima em 1945, um dos maiores crimes contra a humanidade que a História registra, causou aproximadamente 140 mil mortes. O total admitido de vítimas no Brasil (embora o mundo científico não tenha a mais remota dúvida de que o número real seja bem maior, algo entre 800 mil e 1 milhão), equivaleu, portanto, a pelo menos quatro Hiroshimas.
Mais difícil ainda é calcularmos quantos brasileiros já morreram ou acabarão morrendo como consequência da penúria que nos castiga há quase uma década e atingiu o ápice no catastrófico governo do Bozo, quando a desumanidade capitalista passou a ser exercida sem freios e da maneira mais obtusa possível.
E o que preocupa, neste momento de gravidade extrema, a esquerda institucional?
Deveria estar movendo céus e terras para o afastamento do serial killer, seja pelos notórios crimes de responsabilidade que tem cometido aos montes, seja pela insanidade mental da qual dá mostras cada vez mais eloquentes.
Deveria, mas não o faz. Desperdiça tempo de que não dispomos e merece ser acusada de facilitadora de genocídio, pois o que está no centro de suas inquietações são mesquinhas disputas pelo poder, como estas relatadas na coluna deste sábado (9) da Mônica Bergamo:
"A informação de que o apoio do PSOL à candidatura presidencial de Lula ainda não está garantido e passa por questões programáticas e pelo eventual apoio do PT a candidaturas do partido nos estados, como a de Guilherme Boulos em SP, não foi bem recebida por lideranças petistas – em especial as paulistas.Elas dizem que a retirada de uma candidatura do PSOL a presidente, que tem 1% nas pesquisas, na linguagem figurada das lideranças petistas, não justificaria a contrapartida do nome de Fernando Haddad ao governo de São Paulo para apoiar Boulos.
...O PT de SP acredita que, pela primeira vez em 40 anos, tem chance de conquistar o governo paulista. Não faria sentido, portanto, ceder o lugar a Boulos".
Lula pode passar o resto da vida jurando que não boicotou os atos Fora Bolsonaro porque o Dentro Bolsonaro aumenta suas chances na eleição presidencial.
Isto só virá fortalecer a minha convicção de que, embora não chegue aos extremos do Bozo, ele é tão mentiroso quanto a maioria dos políticos profissionais. (por Celso Lungaretti)
5 comentários:
Caro Editor, outrora sua ídola Eliane Cantanhede cantou a pedra: Lula e JB sao faces da mesma moeda"... E nao metem, pois se expressam naturalmente como podemos verificar na tal carta ao povo brasileiro ja em 2002. Ali se decretava um novo PT, da coalizões, da corrupção, da boquinha escancarada na qual vimos a representatividade da classe trabalhadora jogada no lixo c a reforma da previdência e a perpetuação de políticas pró-mercado encampadas por FHC, em especial aquelas q se prestaram a isentar tributos de exportações de produtos primários em vigor ate hoje.
Enfim,testemunhamos o grande acordo nacional c STF c tudo, inclusive c Lula sendo exonerado de seus crimes contra o tesouro nacional na condição de nao atacar JB - C R I S T A L I N O
Para os ingleses verem
https://www.independent.co.uk/news/jair-bolsonaro-brazil-senate-sao-paulo-american-medical-association-b1935703.html
https://www.theguardian.com/global-development/2021/oct/11/bolsonaro-blocks-free-tampons-and-pads-for-disadvantaged-women-in-brazil
Nadja,
a Eliane foi minha companheira de redação no Estadão e eu a respeito como uma competente profissional um pouco mais nova do que eu; está longe, contudo, de ser "minha ídola".
Eu reproduzo alguns artigos dela aqui porque a considero a melhor fonte da grande imprensa sobre os bastidores militares. É importante sabermos o que anda pela cabeça pelo oficialato das três Armas e a Eliane é quem tem os melhores contatos lá dentro.
A escolha de textos alheios para este blog se baseia sempre na qualidade e novidade das análises que trazem. Abomino o ad hominem e prestigio avaliações que transcendam a mesmice predominante tanto na grande imprensa quanto nas redes sociais.
Você está pensando que eu sou um grumete em sua primeira viagem? Yo no soy marinero, soy capitán...
Caro, nao tendo sido apenas eu a cutucá-lo acerca da constante presenca da jornalista Cantanhede neste espaço, conheço sua opção por trazer artigos objetivos e q nos dêem maior clareza dos bastidores do governo- motivo, inclusive, de acompanhá-lo aqui. Me perdoe se fui invasiva - nao era a intenção. Enfim, te admiro por 'ousar' pautar o olhar feminino, tão pouco difundido no 'planeta'... abc fraterno.
Nadja,
não foi uma crítica pessoal, fique tranquila.
O que me incomoda muito é o tal modismo do "cancelamento" (que já existia antes, com o nome de "patrulha ideológica", mas agora está mais radicalizado ainda).
A mediocridade do nosso ambiente intelectual já é um assombro e, se ficarmos vetando pessoas capazes de propor enfoques diferenciados (como o William Waack e o Demétrio Magnoli), haverá menos vida inteligente ainda.
Devemos ler textos com os quais concordamos para aprofundar nossa visão a respeito do que eles colocam e também aqueles dos quais discordamos, para, inclusive, termos argumentos para rebatê-los.
O que muitos fazem hoje em dia é tentar colocá-los numa espécie de index, para que ninguém os leia. Isso é uma repetição do que a Igreja Católica fazia com os escritos que ela considerava heréticos.
Eu sou absolutamente contra todas as formas de autoritarismo. Inclusive essa.
E, como os "progressistas" atuais, em seus espaços, publicam apenas autores com os quais se identificam, há leitores deste blog que pensam, equivocadamente, o mesmo de mim.
Então, aproveito para esclarecer: eu trago para cá o que eu considero informação relevante para meu público, inclusive provinda de autores que eu não admiro nem um pouco como seres humanos.
Minha intenção é que aqui se discutam ideias, não pessoas.
Um abração, Nadja!
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