quinta-feira, 25 de março de 2021

OS DONOS DO PIB ESTÃO DANDO UMA ENQUADRADA NO GENOCIDA DESVAIRADO/1

dalton rosado
A VOZ PRAGMÁTICA (E UTILITÁRIA) DA ECONOMIA
"
Onde há grande propriedade, há grande desigualdade.
 Para um muito rico há, no mínimo, 500 pobres, e a
 riqueza de poucos presume a indigência
de muitos"(Adam Smith)
Também eu tenho algo a dizer sobre a chamada carta dos economistas, já analisada nos artigos do David Emanuel Coelho (este) e do William Waack (este).

É claro que o combate à pandemia é urgente em razão do seu significado humano e da incrivelmente negativa condução dada a ela pelo governo atual, responsável por torná-la o maior desastre sanitário e administrativo do Brasil nas últimas décadas. Nisto temos opiniões convergentes.

Os donos do PIB já sentiram que o seu representante político no governo é incompetente em termos administrativos e ideologicamente contraditório; não sabe ser neoliberal e não tem competência administrativa para ser nacionalista estatizante. 

A trupe de ministros moldados ao seu feitio e por ele montada (os mais qualificados, ou foram demitidos ou se desencantaram como os rumos do governo e saíram) bem demonstra os critérios pelos quais foram escolhidos. 

O governo do capitão Boçalnaro, o ignaro, consegue ser muito pior do que os governos militares (por ele tão elogiados) que entregaram o Brasil com a economia estagnada e sem saberem mais o que fazer: dívida externa multiplicada, inflação altíssima, concentração de renda elitista e estatais deficitárias, etc. 

Isto sem falar no sistemático desrespeito aos direitos, civis conspurcados com prisões arbitrárias, assassinatos de presos políticos indefesos, demissões de funcionários públicos por meras suspeitas, nepotismo causador de privilégios indevidos, etc., etc., etc. 

Em relação aos militares de 1964/1985, ele tem o demérito de acrescentar, aos números pífios da economia, a condição de ecocida em termos ambientais e de genocida no trato da mais grave crise humanitária do pós-guerra. 

Os embandeirados verde-amarelos que se reuniam em torno do pato da Fiesp percebem agora quão equivocados estavam ao erigirem em mito um indivíduo de sanidade mental duvidosa, formação cultural medíocre e que, alçado ao poder numa eleição desfigurada pela avalanche de fake news disparada ilegalmente e pelo extremo abuso de poder econômico, acabou nele se destacando apenas nos quesitos incompetência crassa e total insensibilidade face ao sofrimento dos governados.

Mas o capital é pragmático, e quando a labareda começa a queimar-lhe os interesses, seus devotos são os primeiros a acionar os extintores de emergência. Defenestrar o Boçalnaro  já está na ordem do dia das elites, seja por interdição mental, pelo impeachment ou por um processo eleitoral que reintroduza alguém palatável e confiável como Lula (um pretenso socialista que, tendo já demonstrado sua docilidade diante dos que realmente mandam, pode servir-lhes de quebra-galho caso não encontrem nas próprias fileiras alguém mais do seu agrado).

A carta das elites econômicas e seus executivos, objeto deste artigo, é a certidão de abandono do 
Boçalnaro  por parte daqueles o apoiaram no período pós-Dilma Rousseff, diante do descalabro administrativo que agora salta aos olhos e clama aos céus. 

A coisa chegou a tal ponto acintoso que eles se propõem a cuidar da questão sanitária primordialmente, como forma de salvar uma pretendida recuperação econômica. 

A preocupação não se dá por um repentino sentimento humanista, mas porque são as pessoas que movimentam a economia e não as máquinas (que não produzem valor, mas apenas reduzem custos e concentram lucros para alguns vitoriosos na fratricida corrida concorrencial de mercado). 

Defendem a vacinação em massa por constatarem que a propagação infecciosa e as mortes dela decorrentes são incompatíveis com a funcionalidade da vida mercantil que lhes dá sustentação segregacionista. Se só morressem os desempregados talvez eles não sentissem tanto, mas a ceifadora também atinge pessoas inseridas no processo produtivo de valor e até gente graúda das hostes desses poderosos. 

O vírus da covid19 não é seletivo como a vida social democrático-burguesa.  

Como o governo que aí está não compreendeu que o isolamento social é medida de combate à paralisia econômica menos prejudicial do que a chamada fuga para a frente das relações de produção de mercadorias e comercialização como se não houvesse a pandemia, eles tomaram a inciativa de chamar o feito à ordem, ou seja, estão dando uma enquadrada no genocida desvairado. (por Dalton Rosado) 
(continua neste post)

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