ricardo kotscho
JAIR JIM JONES VOLTA A PREGAR O SUICÍDIO COLETIVO
Farinha do mesmo saco: o presidente Jair Bolsonaro... |
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Se vocês soubessem o que está adiante de vocês... se soubessem do que está diante de vocês, ficariam felizes de estarem partindo nesta noite" (palavras do pregador estadunidense Jim Jones, na noite de 18 de novembro de 1978, em que levou ao suicídio coletivo 909 fiéis da sua comunidade religiosa na Guiana).
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"Faço um apelo aos governadores. É minha opinião, não estou dizendo que está certa ou errada. A política de fechar tudo e ficar em casa não deu certo. O povo brasileiro é forte. O povo brasileiro não tem medo do perigo", pregou nesta 5ª feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro em discurso feito na cidade sergipana de Propriá, durante a inauguração de uma ponte).
Era mais uma crítica ao isolamento social, na contramão do que vem sendo adotado pela maior parte dos governadores do país e do mundo, no auge da segunda onda desta pandemia que já deixou mais de 220 mil mortos e mais de 9 milhões de contaminados no Brasil.
A comparação de Bolsonaro com Jim Jones não é criação minha, mas faz sentido. Foi feita pelo articulista David Nemer, na revista americana Salon, em abril último, quando escreveu:
"Da mesma forma como Jones convenceu seus seguidores a tomarem uma bebida envenenada com cianeto, Bolsonaro leva seus apoiadores ao mesmo caminho ao incentivá-los a usar cloroquina como solução contra o coronavírus, assim como criticar o isolamento social em meio à pandemia.
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Embora essa história de Jim Jones possa parecer incomum, ela representa a materialização de como as pessoas podem ser manipuladas quando alguém tira proveito de seus medos e vulnerabilidades".
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Isso foi antes de nosso JJJ dizer para as pessoas tomarem cuidado com a vacina chinesa do Doria porque poderiam virar jacarés, os homens começarem a falar fino e a barba crescer em mulheres.
Bolsonaro não perde uma chance de negar a gravidade da doença –apenas uma gripezinha, que já está no finalzinho– protestar contra o uso de máscaras e o isolamento social, provocando aglomerações por onde passa, atacar os governadores que zelam pela saúde das suas populações e pregar a reabertura total do comércio.
Pois foi exatamente isso que provocou a grande tragédia do Amazonas, onde no final do ano passado o governador irresponsável cedeu à pressão de comerciantes e de políticos, entre eles os filhos do presidente, superlotando os hospitais que ficaram sem oxigênio.
"Se eu fosse um dos muitos de vocês, obrigados a ficar em casa, ver a esposa com três, quatro filhos, e eu não ter, como chefe do lar, como levar comida para a casa eu me envergonharia. E eu sempre disse lá atrás que a economia anda de mãos dadas com a vida. A vida sem recursos, sem emprego, torna-se muito difícil", pontificou em Propriá, com um discurso cada vez mais demagógico e populista, sem mencionar os 14 milhões de trabalhadores que não conseguem arrumar emprego.
É preciso lembrar ao presidente que, com a morte, a vida se torna impossível. A seguirem seus conselhos, os devotos de Propriá poderão fazer da cidade uma nova Manaus.
Em certos momentos, o presidente delira e mente ao afirmar que, desde setembro do ano passado, "fizemos compromisso com vários laboratórios e as vacinas começaram a chegar. E vão chegar para toda a população num curto espaço de tempo".
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Que compromissos? Com quais laboratórios? De que tamanho é o curto espaço de tempo?
Em setembro, Bolosonaro ainda fazia campanha contra as vacinas; seu Ministério da Saúde só se mexeu em dezembro quando o governador de São Paulo, João Doria, anunciou o início da vacinação para janeiro, com a Coronavac do Instituto Butantan, que o presidente perjurava.
Relatório divulgado nesta 5ª feira pelo Lowy Institute, centro de estudos de Sydney, na Austrália, revelou que o país teve a pior gestão pública durante a pandemia. Entre 98 governos avaliados, o Brasil ficou em último lugar.
Se dependesse só da iniciativa de Bolsonaro & Pazuello, o seu general da Saúde, a vacinação só começaria em março, como ele previa, com o Brasil registrando mais de mil mortos por dia.
Exilado desde sábado em Manaus, em sua segunda viagem ao Amazonas, não se sabe o que Pazuello fez lá até agora. A crise na saúde continua do mesmo tamanho.
Na primeira viagem, antes do colapso dos hospitais no Estado, Pazuello ainda levou 120 mil comprimidos de cloroquina para tratar a população, quando já se sabia que faltaria oxigênio nas UTIs.
Na volta a Brasília, Eduardo Pazuello poderá ser o primeiro general da ativa a prestar depoimento na Polícia Federal, a pedido do Supremo Tribunal Federal, que abriu uma investigação sobre a atuação dele no combate à pandemia.
Graças ao amigo procurador-geral Augusto Aras, JJJ, o chefe e mentor de Pazuello, não será investigado, mas agora cada vez mais devotos, segundo as pesquisas, estão descobrindo quem é o principal responsável pelo Brasil ficar em 98º lugar no ranking dos países na gestão da pandemia, e estão pulando fora do barco bolsonarista.
A seguir nesta toada, logo o Brasil alcançará o 1º lugar no número de óbitos e de casos, hoje ocupado pelos Estados Unidos, mas logo isso pode mudar com a determinação do governo Joe Biden de vacinar um milhão de pessoas por dia.
Previsão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que foi manchete do Globo: Mutação do coronavírus achado em Manaus deve se espalhar e causar megapandemia.
No Brasil de JJJ, o que já é assustador sempre pode piorar.
O que vai acabar antes: o coronavírus ou o governo Bolsonaro? Agora um está nas mãos do outro. Há controvérsias...
Se a onda do impeachment, que vem crescendo, pegar de vez, não haverá Arthur Lira, nem general ou Centrão que segure.
Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)
Filme dirigido em 1980 por William A. Graham sobre a Tragédia da
Guiana, com o pastor Jim Jones induzindo ao suicídio quase
mil fiéis. Era um amador. O Bozo fez o mesmo com
dezenas de milhares de brasileiros...
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