terça-feira, 15 de setembro de 2020

PETISTA, VOCÊ VOTARÁ NO BOZO EM 2022 SE ELE ESTIVER SENDO APOIADO PELO LULA?

A hipótese mais provável, evidentemente, é a de que Jair Bolsonaro seja expelido da presidência da República ao longo de 2021, em meio à pior depressão econômica da História brasileira, que ele certamente administrará de forma tão errática e calamitosa como administrou a crise do coronavírus.

Mas, e se Deus tiver mesmo desistido do Brasil e o palhaço sinistro chegar ao término do mandato (que, aliás, jamais verdadeiramente exerceu, pois lhe falta capacitação intelectual e equilíbrio mental para tanto)?

Aí, o eleitorado brasileiro poderá ter de optar entre o Nhô Ruim (Moro) e o Nhô Pior (Bolsonaro) no 2º turno de eleição presidencial, com o decadente Lula, como terceiro colocado, ficando na condição de fiel da balança. A quem ele tentaria transferir seus votos?

Não tenho a mais remota dúvida: ao Bolsonaro.

Até porque, entrevistado ao vivo pelo Diário do Centro do Mundo nesta 3ª feira (15), o Lula  voltou a defender o sagrado direito de o Bozo trocar o diretor-geral da Polícia Federal para influenciar as investigações sobre a rachadinha do filho Flávio, além de haver escancarado seu ódio pessoal ao Moro, a ponto de qualificá-lo de "medíocre" e "desequilibrado".

Nenhuma novidade: em todas as ocasiões nas quais comparou tais exterminadores do futuro (veja uma delas, de janeiro último, no vídeo abaixo), o revanchismo com relação ao juiz que o condenou prevaleceu sobre uma análise realmente política dos riscos inerentes a cada um. 
Sempre afirmei que o principal responsável pela vitória do Bozo em 2018 foi o Lula, não só por haver torpedeado a obrigatória união da esquerda para enfrentar o discípulo do Brilhante Ustra, como por ter aumentado ainda mais a confusão no nosso campo ao insistir na famigerada
candidatura fantasma que, todos estávamos carecas de saber, jamais seria homologada pela Justiça Eleitoral.

Por que ele agiu assim? Simplesmente porque dava mais importância a obter uma espécie de desagravo por suas condenações judiciais do que a evitar que o Brasil caísse nas garras da extrema-direita. Subestimou as chances do Bolsonaro e, quando finalmente se dedicou a tentar eleger Fernando carisma zero Haddad, era tarde demais. O tempo desperdiçado com sua ego trip acabou nos sendo fatal. 

Teimoso como a besta muar que rima com o apelido que ele incorporou a seu nome, nada indica que vá mudar de ideia caso se consume tal pesadelo. Explicita ou implicitamente, ele se colocará ao lado do bufão contra o marreco.

Será que, até numa eventualidade dessas, os petistas continuariam ajudando-o a destruir nossa esquerda e a propiciar a transformação do Brasil numa terra arrasada? (por Celso Lungaretti)

5 comentários:

Henrique Nascimento disse...

Ou o Bozo apoiar o Lula contra o marreco. Política é podre. Os religosos petistas não vão tá nem aí - para eles o importante é ver o ser supremo na presidência.

Anônimo disse...

Análise reducionista, caro Celso. Buscando individualizar uma situação catastrófica de grande complexidade, concebida, gestada e parida por inúmeros atores de um grande arco. Não sou lulista nem petista -- o que, também, seria um autorreducionismo rsrsrs --, todavia, parece que nutres profundo revanchismo, mesmo que inconscientemente, pois recôndito, pelo PT. (Alex de Paula Xavier Pereira)

celsolungaretti disse...

Prezado Alex,

que motivos eu teria para revanchismo com relação ao PT?

O de que, desde a década de 1980, trocou qualquer hipótese de transformação em profundidade da sociedade brasileira pelas meras disputas eleitorais da democracia burguesa (jogo de cartas marcadas em que os revolucionários sempre perdem, pois os poderosos viram a mesa sempre que estejamos atrapalhando seus planos, como se viu em 1964 e 2016)?

O de que, desde a mesma década, tenha discriminado e perseguido as tendências de esquerda que ajudaram a fundá-lo e afirmá-lo, fritando-as como o Bozo frita seus ministros?

O de que inviabilizou qualquer hipótese de punição real dos criminosos da ditadura militar, quando o Lula amarelou diante de um posicionamento insubmisso do Alto Comando do Exército e, ao invés de exonerar os insubmissos como qualquer presidente da República de verdade faria, preferiu ordenar a seus ministros que desistissem de pregar a revogação da anistia que igualara torturados a seus torturadores e nos apontassem o caminho dos tribunais, pois o Governo Federal permaneceria com os braços eternamente cruzados?

O de ter desperdiçado a melhor década da economia brasileira (a passada) apenas tentando tornar os explorados um tiquinho menos explorados, a fim de que pudessem ter acesso às maravilhas da sociedade de consumo?

Por ter abandonado os manifestantes de esquerda de 2013 à sanha dos governadores e judiciários estaduais, o que foi fundamental para a extrema-direita reconquistar as ruas, enquanto nós as perdíamos?

Por sua reação totalmente pífia ao impeachment da Dilma e à prisão do Lula, dando uma constrangedora demonstração de fraqueza?

Por ter cometido erros crassos e desastrosos na campanha presidencial de 2018, praticamente pavimentando o caminho para a eleição do nosso maior inimigo?

Por nada de realmente significativo ter feito desde então para combater a escalada neofascistas, a ponto de, no quesito "resistência", ficar atrás até dos secundaristas e dos torcedores de futebol?

Por não ter feito até agora a autocrítica que se tornou obrigatória após o desastre de 2016, pois seria o ponto de partida para o povo voltar a acreditar na esquerda, não a vendo como farinha do mesmo saco de corruptos da política convencional?

Porque, depois de mais de meio século travando o bom combate, de ter quase morrido e ficado permanentemente lesionado em 1970, de perder duas dezenas de companheiros estimados (até um amigo de infância) que foram assassinados pela repressão nos anos de chumbo, vejo que as políticas conciliadoras, reformistas e populistas do PT nos fizeram retroceder a situação imensamente pior àquela em que estávamos em 1985, quando saímos da ditadura com aura de heróis e mártires?

Se quisesse, eu poderia apontar também motivos PESSOAIS para minha insatisfação com o PT, que sempre tratou os revolucionários à sua esquerda como INIMIGOS, enquanto mantinha repulsiva promiscuidade com os Sarneys, Collors, Renans, ACMs, Malufs, Odebrechts e que tais.

Mas, motivos POLÍTICOS há tantos que não relatarei os sucessivos episódios em que fui retaliado pelo PT apenas por ter mantido minhas convicções revolucionárias e praticado a solidariedade revolucionária mesmo quando isso incomodava a burguesia que o partido fazia tanta questão de tranquilizar.

Desculpe o desabafo, Alex, mas estou cansado dessas tentativas de desqualificarem críticas políticas como revanchismo pessoal.

Se for para discutir nesses termos, o pior revanchista pessoal que eu conheço é o Lula, que está até hoje com o Moro atravessado na garganta e, em todas as situações nas quais o marreco se choca com o palhaço, faz questão de favorecer o bufão, quando não temos motivo nenhum para optar por um ou por outro e todos os motivos para querer que se destruam mutuamente.

Anônimo disse...

Celso, concordo com várias de tuas pontuações e senãos, somados, também, ao beija-mão petista aos próceres das lojas neopentecostais e quejandos; todavia, creio que, no momento, o fogo deve ser centrado no outro lado da trincheira. Lembras do célebre Esquerdismo, doença infantil do comunismo? Pois é! A correlação de forças é favorável para um rompimento brusco? Enquanto a mudança de ventos não vier dos países do centro do capital para os satélites do capital, uma guinada brasileira nesse sentidos seria utópica. Esse país, seu povo, possui, parece-me, uma vocação suicida e, permita-me dizer, covarde para a conciliação. E isso, sabemos, é o mesmo que andarmos sem sair do lugar. (Alex de Paula Xavier Pereira)










celsolungaretti disse...

Alex,

mas, de que lado da trincheira exatamente está o PT?

Eu diria que ele nasceu de uma união entre sindicalistas do ABC, esquerda católica na linha da Teologia da Libertação e remanescentes da luta armada e hoje não representa nada disso, e sim políticos profissionais com um projeto de poder de esquerda desfigurada e acovardada.

E o papel que está cumprindo neste instante, lamentavelmente, é o de força auxiliar do capitalismo.

Então, exceção feita ao Tarso Genro, ao Suplicy e a mais uns poucos que representam seu passado ilustre, o PT de hoje nem mesmo social-democrata chega a ser. É menos ainda.

Um abração!

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