segunda-feira, 18 de maio de 2020

"O PRESIDENTE PERDEU A CONDIÇÃO DE GOVERNAR", AFIRMAM SEIS EX-MINISTROS DE FHC E LULA. ERRADO: ELE NUNCA A TEVE!

"O momento é grave. É hora de dar um basta ao desgoverno. Hoje é preciso falar ao conjunto dos brasileiros, nossa população multiétnica, multirracial, com diversidade cultural e distintas visões políticas, 210 milhões de cidadãs e cidadãos. Hora de falar ao povo, detentor e destinatário dos rumos do país.

Assistimos em 2019 ao desmanche de instituições e estruturas de Estado, em nome de alinhamentos ideológicos e guerras culturais. A partir de fevereiro último, com a chegada da pandemia em nosso território, ao grande desmanche somaram-se ataques à ordem constitucional, à democracia, ao Estado de Direito. Não podem ser banalizados, muito menos naturalizados.

Como alertaram os cientistas, a Covid-19 encontraria no Brasil campo fértil para o seu alastramento: 
— um país-continente com enorme desigualdade social e concentração de renda;
 sistema de saúde fragilizado por cortes e tetos orçamentários;
 saneamento básico precário;
 milhões de brasileiros vivendo em bairros, comunidades e distritos sem infraestrutura;
 sucateamento da educação pública;
 desemprego na casa das 13 milhões de pessoas; e
 uma economia estagnada. 

Acrescentem-se a esse quadro as características próprias da atual pandemia —um vírus com alta velocidade de transmissão e sintomatologia grave, para o qual ainda não há remédio ou vacina eficazes. 

Talvez não imune ao vírus, mas com toda certeza imune ao sofrimento humano, o presidente da República Jair Bolsonaro tem manifestado notória falta de preocupação:
— com os brasileiros;
 com o risco das aglomerações que estimula;
 com a volta prematura ao trabalho;
 com um sistema de saúde que colapsa aos olhos de todos; e
 até com o número de óbitos pela Covid-19, que totalizam, hoje, muitos milhares de casos (sobre os quais, aliás, já se permitiu fazer ironias grosseiras e cruéis).

Mas a sanha do presidente não para por aí. Enquanto o país vive um calvário, Jair Bolsonaro:
— insufla crises entre os Poderes;
 baixa atos administrativos para inibir investigações envolvendo a sua família;
 participa de manifestações pelo fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal; e
 manipula a opinião pública e até as Forças Armadas, propagando a ideia de um apoio incondicional dos militares, como blindagem para os seus desatinos. 

Enfim, o presidente deixa de governar para se dedicar à exibição diária de sua triste figura, em pantomimas familiares e ensaios golpistas.

Preocupado com o amanhã e sob o peso do luto, o Brasil precisa contar com um governo que coordene esforços para a superação da crise, começando por ouvir a voz que vem das casas, das pessoas que sofrem, em todas as partes. 

Não há como aceitar um governante que ouve apenas radicais fanáticos, ressentidos e manipuladores, obcecado que está em exercer o poder de forma ilimitada, em regime miliciano-militar que viola as regras democráticas e até mesmo o sentido básico da decência.

Só resta sublinhar o que já ficou evidente: Jair Bolsonaro perdeu todas as condições para o exercício legítimo da Presidência da República, por sua incapacidade, vocação autoritária e pela ameaça que representa à democracia. Ao semear a intranquilidade, a insegurança, a desinformação e, sobretudo, ao colocar em risco a vida dos brasileiros, seu afastamento do cargo se impõe.

A Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos entende que as forças democráticas devem buscar, com urgência, caminhos para que isso se faça dentro do Estado de Direito e em obediência à Constituição." (o documento é assinado pelo presidente da Comissão Arns, José Carlos Dias, mais cinco fundadores e representantes dessa entidade: Claudia CostinJosé GregoriLuiz Carlos Bresser PereiraPaulo Sérgio Pinheiro Paulo Vannuchi)

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