O que Pedro Collor foi para o irmão Fernando, Paulo Marinho será para seu ex-aliado Jair Bolsonaro: o homem-bomba que vai completar o quebra-cabeças do impeachment, acrescentando a peça que faltava.
O pior presidente da República do Brasil em todos os tempos vai finalmente deixar de destruir o país e maximizar o número de óbitos causados pela pandemia da coronavírus. Xeque-mate!
Para que os leitores possam ter uma noção do beco-sem-saída em que ora se encontra o palhaço sinistro, reproduzirei abaixo parte de um correto relato do Reinaldo Azevedo.
Mas, o resumo da ópera é meu. Restaram quatro opções para o Bolsonaro:
— resistir ao impeachment inevitável até o mais amargo fim, como a Dilma;
— tentar o autogolpe com o qual sonha desde o primeiro dia e fracassar miseravelmente, sendo expulso pelos militares pela segunda vez (a primeira foi do quartel, desta será do palácio);
— meter uma bala no coração, como o Getúlio Vargas (mas, será que ele tem mesmo um coração?); e
— renunciar de uma vez por todas, provavelmente em troca da promessa de impunidade para si e para os filhos.
Pouco se me dá a escolha que ele fizer, desde que vaze depressa. O Brasil não tem mais tempo para desperdiçar com esse medonho acidente da História.
Segue trecho do artigo do Reinaldo Azevedo, publicado no UOL: Bomba 1: Ex-aliado diz que PF avisou a Flávio que Queiroz seria investigado.
Há agora uma bomba armada no caminho do presidente. E o potencial de estrago é gigantesco. Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro e ex-aliado do presidente — sua casa serviu de QG da campanha —, faz uma revelação em entrevista à Folha de S. Paulo que terá de ser necessariamente incorporada ao inquérito que investiga se Bolsonaro fez intervenções na Polícia Federal para proteger familiares e amigos seus. E se abre um novo território de investigação. O que conta Marinho?
Segundo o empresário, Flávio lhe revelou, na presença de três outras pessoas, que, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições de 2018, recebeu um aviso de que a Polícia Federal iria deflagrar uma operação e de que um dos alvos era Fabrício Queiroz.
Pior 1: o alerta foi feito pessoalmente por um delegado da PF, simpatizante da candidatura de Bolsonaro.
Pior 2: a operação estava pronta para ser deflagrada, mas foi adiada para não prejudicar a candidatura do Mito.
O que isso tem a ver com o inquérito do STF? Apenas tudo! O que mesmo se investiga lá? Entre outras coisas, se Bolsonaro interveio na Polícia Federal do Rio e na direção-geral do órgão para proteger interesses de sua família e de amigos.
Segundo Marinho, o então candidato Jair Bolsonaro foi avisado. A ser assim, a gravidade aumenta:
1. No dia 12 de dezembro de 2018, Marinho recebeu uma ligação de Flávio, que estava transtornado. A Operação Furna da Onça, deflagrada no dia 8 de novembro, trouxera a público o extrato da conta de Fabrício Queiroz;
2. Marinho liga para o advogado Antônio Pitombo, que indica para o caso o também advogado Christiano Fragoso;
3. no dia seguinte, 13 de dezembro, às 8h30, reunião na casa de Marinho para tratar do assunto junta Flávio, os advogados Fragoso e Victor Alves — que trabalhava do gabinete do filho de Bolsonaro — e o proprietário da casa;
4. Flávio conta, então, que, uma semana depois do primeiro turno, em outubro, o coronel a se encontrar com o tal delegado;
5. Braga dá o aviso a Flávio, que autoriza o coronel a se encontrar com o tal delegado;
6. o encontro se deu na calçada da Superintendência da PF no Rio. Falaram com o delegado o próprio Braga, o advogado Victor Alves e Val Meliga, pessoa da confiança de Flávio e irmã de dois milicianos presos na Operação Quatro Elementos;
Recordar é viver... |
7. segundo Marinho, Flávio contou aos presentes que o delegado teria dito então a Braga, Alves e Val o seguinte: "Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz, e a outra é a filha do Queiroz [Nathalia], que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro, em Brasília";
8. o delegado teria sugerido que os Bolsonaros se livrassem de pai e filha;
8. o delegado teria sugerido que os Bolsonaros se livrassem de pai e filha;
9. de fato, no dia 15 de outubro, entre o primeiro e o segundo turnos e antes de ser deflagrada a Operação Furna da Onça, Queiroz pai foi exonerado do gabinete do Bolsonaro filho, e a Queiroz filha foi exonerada do gabinete do Bolsonaro pai;
10. Flávio conta, sempre segundo Marinho, que mantinha, sim, contato com Queiroz, que estava sumido nesse período, por intermédio do advogado Victor Alves;
11. Fragoso indica o advogado Ralph Hage Vianna para cuidar do amigão da família. Naquela mesma quinta, Queiroz se encontra com Vianna e leva junto o onipresente Alves;
12. Marinho vai para São Paulo e se reúne com os advogados Pitombo, Alves (o contato de Flávio com Fabrício), Hage (então possível defensor do ex-faz-tudo da família) e Gustavo Bebianno;
13. A reunião ocorreu no Hotel Emiliano, às 14h30 do dia 14;
14. No dia 18, sexta-feira, Flávio se encontra com Marinho na churrascaria Esplanada Grill, em Ipanema, às 13h30, e diz que o próprio Bolsonaro havia optado por "outro esquema jurídico".
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