terça-feira, 21 de abril de 2020

O BOLSONARO NÃO MANDA MAIS NADA. VIROU UM ESTORVO. O QUE FAZER COM ELE?

A tosse foi a melhor parte do discurso
Da ala militar do Planalto ao STF, do Congresso aos governadores, ganhou força esta semana uma pergunta que ninguém consegue responder no momento: o que fazer com Bolsonaro? 

Se ainda havia dúvida de que ele já não tem mais a menor condição de governar o país, agora não resta mais nenhuma, depois da grotesca micareta golpista de domingo (19), em frente ao QG do Exército. 

Bolsonaro virou apenas um estorvo, que não governa mais o país. Hoje (21), ele já não deu nem a tradicional paradinha no portão do Alvorada para mostrar que ainda é o presidente. 

O melhor retrato do fim de feira do seu governo foram duas fotos publicadas pela própria família no fim de semana. 

Numa delas aparece Bolsonaro, ao lado do seu estado-maior, o 01, o 02 e o 03, comendo espigas de milho numa mesa sem toalha, antes de Bolsonaro ir para o QG apoiar a manifestação de seus devotos, que pediam intervenção militar, a volta do AI-5 e o fechamento do Congresso e do STF. 

As faixas eram todas estranhamente iguais, confeccionadas no mesmo bunker que a PGR agora quer investigar. 

Na caçamba de uma camionete, o ainda presidente fez um discurso de dois minutos, sem pé nem cabeça, interrompido por um acesso de tosse. 

Os coveiros agradeceram aliviados
Na outra foto, depois do ato contra a democracia, Bolsonaro está no sofá no Alvorada, de camiseta, calção e chinelos, assistindo a uma live do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que já chefiou a tropa de choque de Fernando Collor, nos derradeiros dias de seu governo, pouco antes antes do impeachment. Mau sinal, má lembrança. 

Jefferson foi o único líder político que saiu em defesa do presidente, o que dá uma ideia do seu isolamento, após quase 16 meses de mandato. 

Na mesma noite de domingo, o filho Carluxo divulgou o vídeo de um grupo de seguidores de Bolsonaro num estande de tiro, disparando uma fuzilaria de balas e gritando Mito!

A milícia digital do 02, que mobiliza um exército de robôs para convocar carreatas e atos de apoio ao presidente, é hoje a principal base de sustentação do presidente, que ainda tem o apoio de um terço do eleitorado, segundo as pesquisas. 

Esse é o principal entrave para responder à pergunta sobre o que fazer com Bolsonaro, já que a maioria da população está em suas casas de quarentena, com medo da pandemia do coronavírus que se alastra pelo país. 

O coronavírus acabou, ironicamente, dando uma sobrevida ao governo, que já estava em frangalhos antes de a pandemia chegar ao Brasil. 

Só nesta 3ª feira (21), lideranças do PT, reunidas por vídeo conferência com Lula, decidiram aderir ao movimento do Fora, Bolsonaro, que por enquanto só existe nas bolhas das redes sociais, em que o bolsonarismo é imbatível.
A fala do 1º esqueleto alude a estarmos chegando a 3 mil mortos
Alternando a cada dia papéis de carrasco e de vítima, de apoiador do golpismo e de defensor da democracia, como mostrou a genial cartunista Laerte, o presidente improvável segue criando cortinas de fumaça e muita confusão para alimentar seu gado fiel e tentar manter o controle de um poder que já perdeu, mas não entrega. 

É tudo tão bem planejado que isso não pode ter saído só da cabeça dele e dos três filhos reunidos em torno das espigas de milho. 

Bolsonaro já não sabe mais o que fazer para o Brasil descobrir logo o que fazer com Bolsonaro. 

Eu não sou coveiro, respondeu, quando um repórter lhe perguntou sobre a confusão no número de mortos pela Covid-19 divulgada pelo Ministério da Saúde. 

É agora apenas um golpista que mia, como o definiu, com muita precisão, o editorial da Folha de S. Paulo nesta 3ª feira.

Até quando, meu Deus?

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

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