quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O TORPOR SOCIAL TENDE A DISSIPAR-SE À MEDIDA QUE A DIREITA NÃO DÊ RESPOSTAS DURADOURAS A PROBLEMAS CRUCIAIS – 3

(continuação deste post)
Está em A ideologia alemã (1846), que Marx escreveu com a idade de apenas 28 anos: "O trabalho é livre em todos os países civilizados, não se tratando, portanto, de libertar o trabalho, mas de suprimi-lo". 

Como se vê, o ensinamento do velho barbudo é bem diferente daquilo que foi praticado por seus adeptos russos, chineses e tantos outros, que sempre extraíram e extraem mais-valia dos trabalhadores pretensamente em nome desses mesmos trabalhadores. 

A esquerda jamais compreendeu a natureza autotélica do capital, seja ele privado ou estatal, e sua incapacidade funcional e lógica de justa distribuição. 

O Movimento dos Trabalhadores sem Terra, p. ex., quer ver a terra dividida, desde que continue como mercadoria capaz de produzir mercadorias; ou seja, quer repartir parte da riqueza abstrata (a mercadoria terra) para produzir riqueza abstrata, que é o que escraviza os trabalhadores.

O MST não compreende que a pequena propriedade não pode produzir mercadorias na mesma escala da grande propriedade mecanizada, estando, assim, fadada ao abandono por falta de competitividade no mercado, com a consequente volta da concentração da propriedade.
Puerilidade populista: "Espelho, espelho meu, a minha boina...

Enquanto isto, a direita, representada por seu mico, quer dizer, por seu mito (desculpem o ato falho) Boçalnaro, o ignaro, usa verde-oliva. Ele afirmou perante os seus: “Se Lula colocou o boné do MST, eu posso colocar um quepe militar dos nossos”. Ou seja, vê no MST, cuja base postulatória é equivocada, um dos inimigos a serem combatidos.

Numa discussão informal de Natal, quando disse que esquerda e direita têm a mesma base fundamental (estava me referindo ao modo de produção social), divergindo apenas politicamente, fui alvo de retaliação agressiva dos mais conservadores.

Isto ocorre porque a direita precisa colocar nos ombros da esquerda (da qual sou crítico) a falência sistêmica, pois é assim que, no Brasil e em grande parte do mundo, vem justificando o retrocesso sócio-político-comportamental.       

Como a mídia tem martelado na cabeça dos brasileiros a lengalenga da corrupção como mal fundamental e maior causa de nossa penúria (bem como a de que a violência e barbárie urbana adviriam da inépcia do aparelho policial), grassa um ódio generalizado que sepultou a outrora decantada cordialidade brasileira. Um estado militarista e armado está na pauta do dia.   
...é ou não é mais bonita do que o quepe dele?"

Diante dos nosso alarmantes índices de criminalidade e de corrupção endêmica (cadê o Queiroz?), que supera até o de países em guerra, a culpa é de tudo que está aí, como se o novo governo eleito não fosse fiel expressão desse tudo

A mistura de uma boa (ou má) dose de fundamentalismo religioso, de astrologia exotérica, de foco nas denúncias de corrupção (a qual nem de longe esgota os motivos dos déficits públicos e falta de atendimento das demandas sociais), patrocinada por uma mídia de comunicação que (até por motivos econômicos) se recusa a abordar cientificamente as causas dos problemas sociais que se agravam mundialmente, somados à ignorância e a inconsciência social, têm como resultantes a intolerância quaisquer argumentos contrários e o ódio cego. 

Mas, esse torpor social tende a dissipar-se à medida que a direita não dê respostas duradouras aos problemas cruciais. 

Entretanto, a continuar a mesma estrutura democrático-burguesa institucional e de produção social, não haverá uma ruptura com as causas do mal, mas apenas a volta ao ponto de origem do pêndulo da ineficácia: cumprido o ciclo do desgaste, um nova onda de discursos políticos surgirá travestindo o velho de novo, ainda que esteja sendo rebocado como um sepulcro caiado.
"o ódio como regra de convivência social"

Até quando teremos que viver sob o ciclo nefasto das alternâncias políticas dentro de uma mesma base de modo de produção e relação social, expresso na forma-valor?

Quando compreenderemos que a questão habitacional, p. ex., não deve significar um incremento na indústria da construção civil, que emprega grande volume de mão-de-obra analfabeta, mas apenas uma forma de proporcionar habitação digna a todos os que fazem a produção social, aí incluída a própria construção civil? 

Quando os trabalhadores engajados na construção dos edifícios suntuosos poderão habitá-los como todos os moradores bem aquinhoados da cidade? Ou tal pretensão é um absurdo social?

Até quando teremos de suportar o ódio aos divergentes como regra de convivência social neste país que outrora foi símbolo de cordialidade?

Que a consciência sobre as causas dos nossos problemas possa sobrevir à desilusão advinda do fracasso governamental inevitável no longo prazo, cujo ciclo de quatro anos terminará apenas em 1922 (se algo diferente não acontecer até lá, como é praxe no Brasil).

Boa sorte, se possível, para todos, e feliz ano velho! (por Dalton Rosado) 
Obs: o Dalton recomenda, no espírito do
artigo acima, que os leitores ouçam esta música por ele composta, na interpretação do cantor Gomes Brasil.

3 comentários:

Henrique Nascimento disse...

1922 foi proposital? Realmente vivemos na época de Lênin em que absolutamente nada mudou, apenas umas tecnologias a mais.

ninguem disse...

Um dos erros mais graves da esquerda é pensar que os Socialistas Fabianos (PSDB) são de Direita.
O socialismo Fabiano pertence a loja negra da maçonaria, foi uma uma forma de infiltração do vaticano dentro da sociedade teosófica de Helena Petrovna Blavatsky. Quando madame Blavatsky morreu em 1891 quem assumiu o controle da sociedade teosófica foi a socialista fabiana Annie Besant. Besant não só assumiu o controle da sociedade teosófica mas ela também assumiu o controle de vários ritos da maçonaria, da igreja católica liberal, da Le Droit Humain e fez uma aliança com um padre jesuita pedófilo chamado Charles Leadbeater, na tentativa obscura de criar um falso Messias, a nova vinda de Alcyone (Cristo) encarnada numa criança indiana chamada Krishnamurty.
Aleister Crowley, (que Raul Seixas seguia aqui no Brasil) era o maior inimigo dessa gente.
Crowley era um patriota, um nacionalista Ingles, um alpinista, poeta, magista enxadrista, e um agente secreto a serviço do MI5.
Quando começou a primeira Guerra mundial em 1914, Crowley viajou para os EUA com o objetivo de mudar a opinião publica norte americana em favor da Inglaterra.
Crowley então viajou para Nova York, chamou alguns jornalistas diante da estatua da Liberdade e rasgou seu passaporte Britânico, fingindo que apoiava a alemanha.
Então ele conseguiu se infiltrar num jornal alemão (The Fatherland) que era a maquina de propaganda Alemã dentro dos EUA e começõu a escrever artigos anti-britânicos. (Na verdade ele queria fazer com que os alemães afundassem navios americanos). Então Crowley começou a escrever sobre o " futuro do submarino" e pedindo uma guerra irrestrita Submarina, convencendo os Alem~es que eles deveriam afundar qualquer navio estrangeiro que viajasse a Inglaterra.
Então em 1915 Crowley combinou com o serviço secreto Ingles para eles colocarem munições no compartimento de cargas do navio Lusitaânia, e passou estas informações aos Alemães.
O governo Alemão chegou a publicar em vários jornais que o Lusitânia seria afundado se viajasse a Inglaterra, mas o MI5 nem se importou.
Então no dia 7 de maio de 1915 um uboat alemão afundou o Lusitânia matando mais de 2000 passageiros e causando uma imensa comoção nos EUA, e foi assim que o Mago Aleister Crowley mudou o curso da guerra em favor da Inglaterra.

celsolungaretti disse...

Caro Henrique Nascimento,

foi mesmo erro de digitação (1922 ao invés de 2022) no último parágrafo. Mas terá sido ato falho denunciador da mesmice, como você sugere? Pode até ser.

Um abração e grato pela observação e leitura. (Dalton Rosado)

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