quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

QUEM CONHECE, SABE A FORÇA FÍSICA QUE UM PSICÓTICO EM SURTO TEM. EM NÍVEL MACRO, É O QUE ESTÁ ACONTECENDO.

eny gonçalves de fraga
UM OLHAR DA PSICOLOGIA SOBRE O FENÔMENO COISO
Em 64, o inimigo se impôs. Agora, elegemos ele de boa vontade, espumando de ódio e rindo ao mesmo tempo, como uma psicose coletiva. A sombra se agigantou e invadiu a psique coletiva, sem freio de ego, sem freio de ética. 

Quem conhece, sabe a força física de um psicótico em surto. Precisam de várias pessoas para conter. É uma força absurda. Em nível macro, é o que está acontecendo.

Por que nenhum argumento quebra a idealização, a idolatria por Bolsonaro? Simples. Porque ele é literalmente o representante do povo. Ele deu voz ao povo. Ele é o ícone que botou a cara no sol e onde todos os bolsonaros puderam se ancorar e se sentir livres para quebrar as porteiras do freio social, da ética e do equilíbrio; colocando todos os seus monstros para fora, puderam sair do armário com legitimidade e segurança. E com muita força. Muita violência. 
"colocando todos os seus monstros para fora"
Assim como um psicótico em surto. O povo é Bolsonaro. Ele é o representante de tudo aquilo que essas pessoas são mas até então não podiam assumir. Agora, podem. Porque ele chegou e mostrou que com ele podem se sentir em casa. Ele só abriu a porteira.

O maior perigo desses tempos nem é o Bolsonaro em si. São os bolsonaros soltos pelas ruas, no trânsito, nos locais de trabalho, nas casas, nas vizinhanças, nas igrejas. 

São esses bolsonaros que vão exterminar os civis do sexo feminino, os civis não cristãos, os civis de baixa renda, os civis que não obedecem à heteronormatividade e os civis descendentes da escravidão. 

É uma ditadura às avessas. É uma ditadura que vem das ruas. Dessa vez não é de cima pra baixo. É de baixo pra cima. Os bolsonaros saíram à luz do dia para impor uma nova (antiga) ordem, elegendo o seu maior representante, que teve a audácia de colocar a cara no sol, porque sabia que estava em consonância com o coletivo. 

Ele apareceu com segurança e tranquilidade. Porque o trabalho e o esforço não é dele. É do povo. Ele não precisa sequer fazer discurso, debater, argumentar. Porque não é disso que se trata. Não é isso que determina a sua eleição.

Por isso, mesmo com todos os fatos apresentados, com todos os argumentos estatísticos e intelectuais, não haverá meios de mudar essa realidade em curso, que vai se concretizar.
Orson Welles provou: o delírio "anula" o senso de realidade 

Um dos critérios para se identificar delírio dentro de um quadro psicótico é a grande resistência aos dados de realidade. O delírio não cede à realidade. Ele permanece obstinado e na certeza da sua verdade. A pobreza de discurso, o rebaixamento da cognição também são sintomáticos.

O povo brasileiro é bolsonaro.

Segundo o budismo, tudo é impermanência. O que nos resta é acreditar nas forças do Universo e esperar passar esse período sombrio de ódio, falta de ética, de respeito, de corrupção e limitação das consciências. Tudo passa. Bolsonaros também passarão. 

A psiquiatria diz que uma psicose não se cura. Ela é controlada, contida. 

Eu ainda tenho esperanças que um dia surja uma saída mais criativa para a psicose, e que ela deixe de ser um atentado ao ego e à consciência, que se fragmentam fácil quando um Bolsonaro, p. ex., chega por trás, rasteiro, e se instala como patógeno psíquico ao longo dos anos, constelando todos os seus delírios de grandeza, suas paranoias e sua violência na sociedade. Porque isso não é de hoje. Essa é a história do Brasil.

Até lá, resistiremos, pois a psique, individual ou coletiva, sempre é autoajustável, sempre busca o equilíbrio. É da sua natureza. (por Eny Gonçalves de Fraga, psicóloga de orientação jungiana) 

8 comentários:

Anônimo disse...

Qual vai ser a estratégia da esquerda depois que todo esse discurso apocalíptico revelar-se um balão de ensaio? Cairão mais uma vez no ridículo.
A verdade é que a esquerda é autoritária, não consegue ver democracia senão em si mesma (como se não tivesse no passado e no presente uma série de governos totalitários nas costas), e chama qualquer coisa com a qual não se identifique de fascismo, nazismo, etc.

celsolungaretti disse...

Pô, anônimo, o discurso-padrão que vc repetiu aqui não tem ABSOLUTAMENTE NADA a ver com o post. O espaço dos comentários é para os leitores tecerem considerações sobre o texto em questão, não para recitarem esse eterno mais do mesmo da propaganda direitista.

Fico com a impressão de que a trabalheira para apresentar artigos novos e diferentes dia após dia é tempo jogado fora, já que o conteúdo deles é desprezado e os comentários não são comentários, não passam de reiteração das convicções dos autores.

Gilberto Bueno disse...

Em primeiro luga discordo totalmente que o povo elegeu, Bolsonaro, pois essa eleição foi fraudada e ele sabe disso.

Em segundo lugar esperar que esse regime, Bolsonaro, passe é muita bobagem, pois desde a queda de, Dilma, esse país é controlado por militares, por exemplo o militar que comanda o ministro, Dias Tofolli.

E, quanto tempo vai durar esse regime, alguém sabe ou pelo menos arrisca dizer? Concordo que precisa de muitas pessoas para conter um cidadão no triste surto!

Mas, Bolsonaro, agora é ditador imposto pelos militares travestido de presidente eleito democraticamente, assim como, precisa mobilização de várias pessoas para conter uma pessoa em surto psicótico, sugiro que, façamos uma mobilização de milhares a fim de derrubar essa ditadura.

Pois, nossos direitos trabalhistas e direitos humanos estão sendo desrespeitados. Nosso país está sendo entregue para os EUA e para à banca internacional, chega!

Já passou da hora de irmos para às ruas e fazer grandes protestos, pois os coletes amarelos já nos mostraram o caminho.

Vamos seguir o exemplo dos coletes amarelos?

celsolungaretti disse...

Menos, Gilberto, menos.

Como veterano da luta armada, senti na pele o que é lutar em situações nas quais a correlação de força é altamente desfavorável a nós. Fomos massacrados. Temos de aprender com os desastres.

Todo governo que entra desperta esperanças, ainda mais quando o povo está sofrendo tanto como agora. Vamos deixas que ele quebre a cara em primeiro lugar, depois poderemos, sim, seguir as suas sugestões.

Por muitos motivos, eu duvido que a gestão econômica dê certo e que haja uma onda de prosperidade. Pelo contrário, acredito que o desapontamento geral já será grande no 2º semestre.

Eis o artigo que divulguei na logo 2ª feira, um dia depois do "domingo maldito" (o do 2º turno), cujos principais pontos permanecem em pé: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2018/10/manual-de-sobrevivencia-em-terreno.html

Abs.

Anônimo disse...

Celso, aqui é o anônimo que fala. Puxa, pode dizer que meu discurso é repetitivo, padrão, pouco criativo, etc, não tem importância, mas não entendo porque considerou que minha resposta não tinha nada a ver com o que foi postado. Eu li e respondi.
Ora, o texto não pinta um cenário catastrofista? Sob Bolsonaro estaríamos em um surto psicótico coletivo, em que as pessoas seriam linchadas nas ruas, dentre outras barbaridades. Daí eu fiz uma indagação simples: e se isso não se concretizar? Bom, mudarão de discurso, não dirão que fizeram uma previsão equivocada, exagerada, é claro. Mas nesse processo, vão se isolando cada vez mais, pregando apenas para convertidos. Esse foi o tom do meu primeiro parágrafo. Como assim não tinha nada a ver com o artigo?
E no segundo parágrafo eu fui além e tentei compreender o porquê da esquerda ter uma visão tão alarmista sobre o novo governo: por seu germe autoritário, por só enxergar democracia em si mesma (o que demonstra incapacidade de admitir o dissenso). O outro é o demônio, o que decorre, inclusive, do maniqueísmo que está no cerne do discurso marxista.
Talvez a direita seja repetitiva mesmo, mas vocês também são e não percebem. Na verdade, o debate entre direita e esquerda é sempre o mesmo essencialmente, só muda a roupagem.
E continue a publicar sim, pode ter certeza que as pessoas leem e não é um esforço em vão.

celsolungaretti disse...

Anônimo que fala,

análises políticas sobre o novo governo existem aos montes, inclusive neste blog. A peculiaridade deste artigo era ser uma análise psicológica.

Algo muito pertinente, pois se trata de um governo incompreensível à luz da razão, uma volta ao pré-Iluminismo.

Na ordem natural das coisas, a humanidade avança para estágios superiores de civilização. Quando há um retrocesso de décadas ou de séculos, algo está muito errado. E a psicologia é que pode nos dar pistas sobre o motivo de um comportamento coletivo tão disparatado por parte dos eleitores.

Os velhos ataques à esquerda não resolvem nada, pois o Bolsonaro não representa só a anti-esquerda, representa o anti-centro, a anti-laicidade do Estado, a anti-defesa da vida, a anti-liberdade. Ele é o anti tudo que há de belo, nobre, digno, compassivo, solidário e livre na aventura humana.

Estamos diante de uma doença mental coletiva, não de uma escolha livre de cidadãos conscientes. Então, a psicóloga jungiana caiu como uma luva nessa discussão.

Ted Romero disse...

Celso
Que bom ler que você duvida "que a gestão econômica dê certo e que haja uma onda de prosperidade e que o desapontamento geral já será grande no 2º semestre."
Estou com 70 anos e, menos do que você, passei por tudo aquilo.
Anter de ler o seu comentário aqui, eu estava pensando: tô velho, quero que as coisas deem errado ou certo mais ou menos rápido...
Com relação às outras questões também tenho pressa. Nem faço quaisquer planos

celsolungaretti disse...

Romero,

espero que vc não tenha nenhum problema físico que o deixe assim pessimista. Sem doenças nossa idade não é tão desalentadora assim.

Estou com 68 e, por causa de uma sequência de injustiças que sofri, erros que cometi e azares que me perseguiram, vou ser obrigado a me reinventar mais uma vez.

Num primeiro momento fiquei arrasado, mas já estou acumulando ânimo para a nova jornada. É a história da minha vida adulta inteira, sempre alternando grandes momentos e péssimos momentos.

Passei décadas sonhando com um novo 1968 (o melhor ano da minha vida!). Hoje percebo que tão cedo não virá. Mas, tentarei viver o suficiente para ver o meu último sonho realizado.

Felizmente, essa coisa horrorosa que está aí não leva jeito de se aguentar por 21 anos, como da última vez. Aí, realmente, seria quase impossível eu estar vivo.

Hoje fui fazer o acompanhamento de rotina, após me livrar de um câncer de próstata com radioterapia há 10 meses. O médico fez uma piada mórbida: "Você vai ter de arrumar outro jeito de morrer, porque não vai ser disso, não".

Viver é um porre.

Um abração, companheiro!

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