É que o eleitor acredita piamente que os problemas sociais sob a ordem capitalista possam ser resolvidos a partir de uma administração pública eficiente e sem corrupção, uma vez que a grande mídia inculcou nas mentes populares que a miséria social decorre desses dois fatores.
Assim, os candidatos fingem ter solução para tudo, prometendo um Brasil próspero, sem corrupção e menos desigual... mas, apenas até o momento em que assumem a responsabilidade de governar o ingovernável! Aí começam as justificativas para o fracasso de curto, médio ou longo prazos.
Esmiuçaremos nesta série de artigos as propostas específicas de cada um dos 13 candidatos, mas antes convém fazermos uma ligeira análise do ideário e da doutrina (ou falta delas) dos partidos que disputarão o poder presidencial em outubro.
No Brasil os partidos políticos costumam contrariar nas suas práticas aquilo que dizem ser nas suas mensagens programáticas e nas suas simbologias, senão vejamos:
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— o PTB da Ivete Vargas e, hoje, de Roberto Jefferson (o que dispensa comentários), é patronal e de direita, embora se diga (sem sê-lo) sucessor do trabalhismo nacionalista de Getúlio Vargas, o qual, por sua vez, era baseado na fascista Carta del Lavoro italiana;
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— o PSDB, cuja própria sigla o identifica como sendo social-democrata, é, na verdade, de centro-direita e neoliberal;
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— o DEM, ou Democratas, equivale ao Partido Republicano dos EUA, ou seja, é conservador de direita;
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— O PSC e o Patriota, partidos de aluguel pelos quais concorrem Jair Bolsonaro e o cabo Daciolo, não representam seus programas, até porque nem sequer os têm (reduzem-se a um amálgama de ideias confusas, de um nacionalismo ultrapassado ou fundamentalista), enquanto seus respectivos candidatos não passam de caricaturas de ditadores energúmenos sonhando com um regime ditatorial de direita no qual os partidos sejam banidos;
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— o PDT tem como candidato Ciro Ferreira Gomes, que foi cesista no governo do coronel César Cals; adautista no governo do coronel Adauto Bezerra; virgilista no governo do coronel Virgílio Távora; gonzaguista no governo de Gonzaga Mota; tassista no governo do outrora peemedebista Tasso Jereisssati (que o tirou da inexpressiva condição de personagem político do interior do Ceará para catapultá-lo a prefeito, governador, ministro e pretendente à Presidência da República).
Após passar por tantas siglas partidárias, Ciro demonstra pertencer mesmo ao Partido dos Ferreiras Gomes, não tendo nada a ver com o PDT fundado por Leonel Brizola, cujo DNA era trabalhista e nacionalista ultrapassado (o governador cirista do Ceará é filiado ao PT, para se ter uma ideia barafunda...);
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— o MDB, que voltou ao nome antigo, foi um partido criado pela ditadura de 1964/85 para servir como um simulacro de oposição. Assim, sempre foi uma linha auxiliar do sistema, ainda que as suas hostes tenham abrigado membros da esquerda que queriam um espaço político e foram perseguidos.
De tanto usar o cachimbo a boca ficou torta, acostumando-se a ser um partido de auxilio político a qualquer governo (ou de oposição, quando isto lhe for mais conveniente em termos de conquista e acumulação de poder).
Tem na sua história o opróbrio de haver traído as diretas-já para favorecer Tancredo Neves, que queria o colégio eleitoral para se eleger. Deu no que deu: José Sarney, antes presidente do PDS, partido oficial da ditadura, terminou presidente após a queda desta última.
Termina hoje com um candidato ligado ao mundo financeiro internacional, Henrique Meireles, que tenta a todo custo se desvencilhar da imagem do Presidente Temerário. A trajetória do MDB dá bem uma mostra do que são os partidos políticos no Brasil.
— o Podemos tem como candidato Álvaro Dias e segue a mesma trilha da inconsistência programática, ou seja, é candidato dele mesmo e por puro oportunismo eleitoral, servindo apenas para viabilizar a sua candidatura desde há muito programada, depois que não conseguiu fazê-lo pelo PV;
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— o Psol é o PT de outrora, mas já laçado pela gravata do poder, e caminha para a domesticação parlamentar e governamental quando assumir o poder estatal burguês em qualquer esfera do Executivo;
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— o PC do B, supostamente Partido Comunista do Brasil, é na verdade anticomunista, pois defende o desenvolvimento econômico capitalista a qualquer custo, não hesitando em firmar alianças políticas as mais pragmáticas e fisiológicas, dentro do conceito stalinista de que os fins justificam os meios;
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— o partido da Rede é ecologista comportado, ou seja, sustenta que a questão ecológica possa ser resolvida em pleno capitalista, sendo, portanto, mal definido ideologicamente;
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— o PV, com seu discurso de ecologia cosmética, é apenas fisiológico e oportunista, entoando, piorada, a mesma cantilena da Rede;
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— o PT é, verdadeiramente, social-democrata... e, ademais, no mau sentido! Ou seja, não passa de um misto de trabalhismo de resultados (que nem trabalhista sério chega a ser) com reformismo (sendo mesmo defensor do capitalismo na sua essência fisiológica governamental). Cameleônico, mostra-se estatizante ou neoliberal conforme seus interesses de momento, quase sempre relacionados ao apego ao poder e à busca das benesses do aparelhamento do Estado;
Para começar, o PT desconhece que o trabalhador e o trabalho são categorias capitalistas; portanto, desde o seu nome é um partido inserido na lógica capitalista, a despeito do seu pretenso viés socialista. O PT no governo encara as depressões capitalistas como suas depressões, ao invés de denunciá-las.
Os demais partidos são apenas siglas de aluguel que servem à eleição de parlamentares de baixa votação e venda de tempo na propaganda eleitoral.
Feita esta análise programática superficial das siglas, vamos às propostas e ao perfil de cada um dos 13 candidatos, torcendo para que o número de mau agouro seja mera coincidência... (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
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