Mostrando postagens com marcador ultradireitismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ultradireitismo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de novembro de 2022

SE LULA FOR COMUNISTA, HITLER É DEMOCRATA! – 1

(Jô Soares)
O problema do capitalismo atual não é a ameaça do comunismo, mas é o próprio capitalismo.

Na falta de uma autocrítica sobre a degringola do capitalismo mundo afora (após ter sido incapaz de promover a prosperidade linear, o regime da exploração do homem pelo homem está agora, no seu ocaso, aprofundando a miséria linear), os recalcitrantes reacionários conservadores de direita e ultradireita clamam pela força bruta para conter a incontrolável revolta eleitoral dos deserdados e despossuídos.

Assim, para eles, mas não apenas para eles, comunista virou sinônimo de delinquente social.

Quem não adere ao conservadorismo irracional que prega o retrocesso civilizatório como forma de preservação da moral retrógrada e dos pretensos bons costumes é taxado de comunista.

Contudo, a pedra no sapato dessa horda de fanáticos embandeirados de verde-amarelo é que o capitalismo está a se decompor por dentro.

Não é uma ação revolucionária externa que, de fora pra dentro e dirigida pelos trabalhadores unidos num partido revolucionário, está a colocar o capitalismo em xeque; o que está a decompor o capitalismo é a desintegração dos trabalhadores atingidos pelo desemprego estrutural. 
Hitler fazia fotos como esta para ensaiar
poses; seu fotógrafo pessoal não cumpriu
a ordem de destruir todas desta sequência

Este faz decrescer a massa de valor global da economia o trabalho abstrato produtor de valor é substituído majoritariamente pela máquina, capital fixo não remunerado em valor e que não produz valor.

A tecnologia aplicada à produção de mercadorias é, portanto, o sujeito da revolução capaz de superar o capitalismo definitivamente num tempo histórico que não corresponde cronologicamente ao tempo de vida de um ser humano. 

É por isto que os detratores da revolução afirmam jocosamente que já ouviram infinitas vez a afirmação de que o capitalismo acabou.

Não, o capitalismo não acabou, evidentemente, mas está na UTI do seu tempo histórico, metastatizado, e vive a sua dor final amparado por aparelhos (a emissão de moeda sem valor e aumento da dívida pública e privada).

Entretanto, a sua queda histórica e transição para outro modo de relação não é pacífica. São vários os fatores conjugados que estão tornando a vida social insuportável antes do suspiro final do capitalismo.

Caso do aquecimento global, fenômeno que nos ameaça a todos, provocado por um sistema de produção de mercadorias que já é deficitário e, se parar, provocará um abalo sísmico na economia mundial.

As emissões de combustíveis fósseis na atmosfera não são reduzidas ou eliminadas conforme prometido pelos dois países mais poluentes (Estados Unidos e China) nos protocolos ambientais internacionais. E isto ocorre porque a pulsão destrutiva e irracional do capital tem sido mais forte do que o instinto de sobrevivência humana.

Aliada à questão mais abrangente da poluição atmosférica e poluição de rios, mares e subsolo, vem a pobreza mundial e a fome crescente, conforme cansa de alertar a FAO. 
Lula afirmou que via Fidel como um irmão mais velho

Urge a sedimentação de um consenso popular no sentido da adoção de um modo de produção e mediação social que supere a relação social corporificada na forma valor, dinheiro e mercadorias.

O capital, na sua trajetória de morte, tenta a todos levar-nos para o abismo.

O fantasma da ameaça do comunismo tem sido uma arma dos reacionários irracionais da direita e ultradireita como justificativa para a contenção de todo e qualquer avanço social que implicite a superação do capital.

Só que, na verdade, os heróis bem-intencionados que fizeram as revoluções marxista-leninistas nem sequer foram capazes de promover a necessária transição de um capitalismo de Estado para uma sociedade comunista, na qual as categorias capitalistas (valor, trabalho abstrato, dinheiro, mercadoria, mercado, Estado, partido político, política, etc.) fossem superadas e desaparecessem.

O mundo jamais experimentou uma sociedade comunista na acepção correta do termo, a menos que consideremos como tal alguma aldeia dos confins da Amazônia que jamais manteve contato com outro ser humano, desprovida de qualquer saber tecnológico e científico, com baixa média de vida social e apenas fazendo uso de saberes rudimentares, mas tendo a sapiência de tudo partilhar sem acumulação indébita e hierarquia opressora. (por Dalton Rosado – continua neste post)

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

UM FANTASMA RONDA A MENTE DEVASTADA DOS CRIANÇÕES ENVELHECIDOS

eugênio Bucci
O LÁBARO ESTIOLADO
N
o feriado de 15 de novembro, data da proclamação da República, subiu um pouco o número de pedestres que se concentram em frente a quartéis de algumas cidades brasileiras para requisitar um golpe de Estado. 

Tem sido assim desde que o TSE proclamou o resultado das urnas, dando a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. A turma que não se conforma exige que as baionetas anulem a eleição. 

Uma das faixas desfraldadas em São Paulo, diante da sede do Comando Militar do Sudeste, ao lado da Assembleia Legislativa, resumiu bem o espírito do pessoal: "Nação brasileira implora por socorro – SOS Forças Armadas".

Como nomear esse tipo de coisa? Com acerto, a imprensa vem se valendo de adjetivos precisos: atos golpistas, manifestações antidemocráticas ou inconstitucionais. É o que são, de fato. 

Na linguagem do jornalismo, o emprego de qualificativos criteriosos dá mais objetividade, e não menos, ao que se descreve. Um ato público que solicita uma ruptura violenta da ordem democrática só pode ser definido como golpista, assim como um cidadão que tem nacionalidade brasileira e dispõe de passaporte brasileiro só pode ser definido como um cidadão brasileiro. 

As aglomerações às portas dos quartéis trazem uma pauta de reivindicações inconstitucionais e ilegais. Logo, são golpistas. Dar o devido nome aos fatos, com substantivos e adjetivos, é um dos deveres mais valiosos da imprensa  e é exatamente esse dever que a imprensa está cumprindo quando chama de golpistas as manifestações golpistas.
Não adianta dizer que são apenas reuniões
pacíficas e ordeiras. Não são, não senhor. Do mesmo modo que uns minguados caminhoneiros bloquearam estradas pelo País afora, num levante criminoso e até agora muito mal explicado, esta turma quer estrangular as vias do Estado Democrático de Direito. 

Mais do que os caminhoneiros sabotadores, querem inviabilizar o País. O seu propósito não tem nada de pacífico, não tem nada de ordeiro

Quanto aos quartéis, em vez de se esgueirar na ambiguidade melíflua, deveriam se considerar ofendidos com o assédio da barbárie que se amontoa ao redor de seus muros.

O que mais chama a atenção, contudo, é o mau gosto infantiloide que há nisso tudo. As imagens mostram adultos em trajes auriverdes perfilados sobre o asfalto para brincar de marcha-soldado. O golpismo da temporada tem uma nota pueril, por mais que seja perverso. 

Uns batem continência. Outros marcam passo, desengonçados e balofos, como escoteiros da terceira idade. Sempre aparece alguém tocando corneta (e mal). Como crianças amedrontadas, pedem socorro à força bruta para dar cabo de assombrações que não existem. 

Um lá fez discurso e disse que os apartamentos de mais de 60 metros quadrados serão ocupados e repartidos pelo novo governo. Delírios imobiliários. 

O atual presidente (agora empenhado no abandono de emprego) se reuniu com Geraldo Alckmin e pediu a ele que ajudasse a livrar o Brasil do comunismo. Delírios reacionários. 

Um fantasma ronda a imaginação devastada dos crianções envelhecidos: o fantasma do fantasma do fantasma do comunismo.

A vestimenta dos circunstantes também merece registro. O pendão nacional virou um adereço prêt-à-porter que as senhoras mais ricas usam como um lenço, uma écharpe tropical. Os homens tendem a vestir a mesma peça como se fosse uma capa de super-herói, e há os que improvisam um capuz quando chuvisca. O lábaro emoldura o bárbaro estrilado.

Que espetáculo desconcertante. Quando vemos as vagas em verde-amarelo pela televisão, a cena parece saída de um daqueles filmes de zumbis. Os tipos que se movem na tela, implorando a intercessão da brutalidade, lembram mortos-vivos políticos adornados pelo estandarte pátrio e armados de telefones celulares. 

Deserdados pela ditadura militar extinta, transitam num limbo entre a tirania defunta e a ordem democrática em formação. Eles não souberam se desprender do que a História já cuidou de sepultar e não se sensibilizam com o que a Nação presente tenta construir.

Com ares de comédia, o que vem se desenrolando é uma tragédia. Seria um erro zombar da situação. Dia destes, em Nova York, ao ser importunado por alguém que o perseguia na calçada com um celular dizendo frases de morto-vivo político, o ministro do STF Luís Roberto Barroso virou o rosto para trás, sem diminuir o passo, e disparou: "Perdeu, mané. Não amola"

A tirada do magistrado soa sardônica, mas o impasse é grave. As forças que procuram fazer regredir a roda da História nacional não estão aí a passeio. Por um triz, não ganharam as eleições. Suas performances são cafonas, sua estética é jeca e seu discurso, infantil, mas nunca, desde a redemocratização, estiveram tão organizadas e tão determinadas como agora.

As pequenas multidões de camisa amarela que agora acampam nas cercanias da soldadesca têm lá o seu quê de ridículo, mas o que elas expressam é mais profundo e ameaçador. Os golpistas que sequestraram e estiolaram as cores nacionais ainda vão dar muito trabalho. As instituições que se preparem.
(por Eugênio Bucci)

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O BOZO SÓ ESTARIA LIVRE POR NEGLIGÊNCIA DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE?

josias de souza
VEJA A TRADUÇÃO DO BOLSONARÊS DO MAU PERDEDOR
"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mil no último dia 3 de outubro." 

[Traduzindo-se do bolsonarês para o português, o que Bolsonaro quis dizer na primeira frase do seu discurso pós-derrota é que ele não xinga quem preferiu votar em Lula para não ser antipático. Mas dá uma banana para os 60 milhões de eleitores que o privaram de desfrutar por mais quatro anos de tudo o que o dinheiro do contribuinte pode comprar.]

"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral." 

[Bolsonaro quis dizer que o bolsonarismo leva sua raiva das redes sociais para as ruas porque há um momento na vida em que o sujeito se dá conta de que tudo está perdido, menos a indignidade de se indignar com a injustiça de uma fraude que não houve.] 

"
As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas os nosso métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, com invasão de propriedades, invasão de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir."
 

[Bolsonaro quis dizer que não se deve confundir conivência com fidelidade. Quando o Supremo Tribunal Federal rosna para autoridades que se tornam cúmplices de baderneiros que bloqueiam estradas, a democracia se transforma num regime em que o mito é livre para escolher quem levará a culpa.] 

"A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força de nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade." 

[Bolsonaro quis dizer que bolsonaristas como Damares Alves, Ricardo Salles e Sergio Moro, que chegaram ao Congresso cavalgando o seu prestígio e os seus valores, não são conservadores. São arcaicos. Representam a novíssima ação integralista brasileira, de inspiração fascista.] 

"Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra." 

[O quer Bolsonaro quis dizer é que, em vez de criticá-lo, todos os seus opositores deveriam acalentar o sonho de viver no Brasil descrito na sua fala com tanto entusiasmo, seja ele onde for.] 

"Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia, ou as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição." 

[
O que Bolsonaro quis dizer é que a vida dentro das quatro linhas da sua Constituição é muito parecida com o futebol. Mas o campo é mal demarcado, fake news conta como gol, vale canelada em jornalista 
sobretudo se for mulher, a bola é quadrada e o supremo juiz é um canalha.] 

"É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros, que como eu defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela de nossa bandeira." 

[Bolsonaro quis dizer quer, a partir de 1º de janeiro de 2023, vai ralar na oposição. Sem o socorro de Aras e Lira, rezará para não sofrer a mesma decepção de ex-governantes que descobrem tarde demais que sua liberdade era apenas uma lamentável negligência dos órgãos de controle.]
Related Posts with Thumbnails