(continuação deste post)
Damares, a que viu Cristo na goiabeira... |
Cresce mundialmente o equivocado sentimento ultraconservador nazifascista diante do fracasso da social-democracia em querer humanizar o capitalismo. Não se entende que o que está em jogo não é uma questão de forma, mas de conteúdo.
Não há forma política, bem ou mal intencionada, que sobreviva satisfatoriamente à mediação social capitalista, alicerçada e efetivada pelas categorias valor, dinheiro, mercadorias, mercado, trabalho abstrato, Estado, política eleitoral e partidos políticos, etc.
A questão imperiosa neste momento de exaustão de tal modelo é a de conteúdo: impõe-se a adoção de outro modo de produção social, compatível com o atual estágio do saber tecnológico.
Ora, como disse corretamente Marx, é o modo de produção que define o caráter das sociedades.
Uma sociedade cujo modo de produção se assenta num critério subtrativo dessa mesma produção, transformada pelos administradores do capital na abstração valor sob a forma-mercadoria, em obediência à própria lógica autotélica e ditatorial de crescimento constante do dito cujo até o limite de sua saturação (como agora ocorre), não pode ser outra coisa senão a fantasmagórica, bárbara e cruel realidade do salve-se quem puder ora em curso.
O "uns mandam e outros obedecem" Pazuello |
Tais políticos toscos e estapafúrdios, com seus preconceitos retrógrados próprios à superficialidade dos aventureiros de ocasião, tendem a uma volta ao passado mais recente (que era ruim, mas menos catastrófico do que o presente),
Surfando no medo que a população tem do desconhecido, conseguem convencer expressivos contingentes a aceitarem as suas cantilenas racistas, homofóbicas, odiosas, xenófobas, misóginas, etc. Dão, assim, sobrevida avelharias que deveriam estar definitivamente superados, mas não estão.
Esta é a explicação para a volta ao velho, como se a invenção da roda fosse um desserviço à humanidade.
Não pensem os nossos leitores que estamos todos imunes a tais equívocos. Não foi a Alemanha culta que embarcou na canoa genocida da 1ª e 2ª guerras mundiais, curvando-se às iniciativas dos seus governos (o do imperador Guilherme 2º e o do ditador Adolf Hitler)?
Não foram os alemães que engoliram a pílula da supremacia branca ariana, aceitando insensivelmente a perseguição racista de judeus que, mesmo sendo membros de famílias instaladas havia muito tempo no país, passaram a ser presos, torturados e exterminados?
[Não esquecendo outras perseguições igualmente odiosas, como as movidas contra homossexuais, ciganos, alguns povos eslavos, partidários da esquerda, sindicalistas, Testemunhas de Jeová, etc.]
A barbárie capitalista está instalada mundialmente e a expressão mais visível de sua presença é a injustificada agressão à Ucrânia por parte do ditador capitalista russo sob o pretexto ridículo de proteger a própria Ucrânia contra o nazismo, com o qual ele se identifica na prática.
Em tempos melhores, a eleição de esquisitices era só uma galhofa (leia mais sobre o Cacareco aqui) |
É a inversão equivocada de conceitos que faz com que uma Damares da fé mercantilzada, o supremacista bilionário Donald Trump, a fascista assumida Giorgia Meloni e a ultraconservadora francesa Marine Le Pen sejam eleitos (ou quase isto).
Trata-se de um detestável fenômeno mundial, chocante por tais péssimos cidadãos estarem recebendo votos de pessoas zelosas dos seus comportamentos profissionais e familiares, bem como de religiosos (tanto os recatados quanto os fundamentalistas) que fazem vistas grossas à violência armada ou matam em nome de Jesus Cristo.
Boçalnaro, o ignaro, está mais próximo do seu antigo colega de farda Hugo Chávez do que pensam muitos dos seus incautos eleitores (existem, contudo, os que têm consciência disto, tanto nas casernas belicistas quanto nos ambientes supremacistas e financeiros).
Mas o salve-se quem puder ainda há de se transformar em salvemo-nos a nós todos, coletivamente.
Tudo só depende de nós, pois. como disse John Lennon, "se você quiser, a guerra acaba amanhã". (por Dalton Rosado)
2 comentários:
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O meme do alface faz-me rir e bem ilustra a situação de córner dos BCs.
O humor inglês cria umas coisas que só rindo mesmo.
Postaram a foto de um alface e disseram que ele duraria mais que o plano da primeira ministra Liss Truss de cortar 48 bilhões em impostos. (ela só não quer cortar os "s" do nome)
Pois bem, a libra desabou e a capitalista raiz do estado mínimo está tendo que entender a realidade.
O capital só consegue obter algum ganho apadrinhado pelo estado.
Vivem, agora, de privilégios e não de produção real de valor.
Assim,foi preciso chamar o Jeremey Hunt, novo ministro do Tesouro do Reino Unido, para reverter “quase todo” o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss!
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Os Iluministas piram!
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Num aplicativo de filmes vi Weiss Stadion (Estádio Branco) sobre os jogos de inverno de 1928 em Saint Moritz, Suiça.
Filme primoroso feito pelo comitê olímpico nos seus primórdios.
Filmaram um ano antes do grande crash e o povo rico daquele tempo esbanjava, aproveitando as fortunas feitas de ilusão.
Um povo bonito, chique e alienado.
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É como assistir A Montanha Mágica - de Thomas Mann - só que sem a dialética e a profundidade que Mann imprimiu.
Apenas a vaidade, vaidade das vaidades, de vidas inúteis.
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Mas, hoje, vejo que os lucros do grupo LVMH (Louis Vuitton e que tais) aumentaram 19%. Registraram vendas de 20 bilhões de euros! Trimestrais!
A elite se esbalda!
O compadrio estatal tem dado certo. Até agora.
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Por aqui, o dólar tem se mantido estável. Ao custo de 10 a 12 bilhões de dólares das reservas.
Tranquilo, G. Franco queimou 40bi, e era o que tínhamos, para sustentar o real
hoje destroçado pelo jegues.
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E é só procurar que encontra os sinais da grande recessão e do capote que o sistema financeiro mundial sofrerá se continuar como está.
A destruição da credibilidade das moedas fiduciárias não será como a alemã, do pós 1a guerra, ou a do Brasil, depois que os usurpadores saíram deixando um cão sarnento para administrar a falência.
Não!
A coisa é estrutural.
China, Rússia, USA, Zona do Euro e todos os currais de moedas fiduciária, e seus patrões perdidos, estão colapsando.
Não há saída, pois não podem obter mais juros reais e nem sequer obter valor válido da exploração do semelhante (hoje quase desnecessário).
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A tese histórica de Marx - a dos meios de produção - se mostra acertadíssima.
Uma nova história se escreve a partir de mecatrônica e inteligência artificial.
Em breve, os caras de hoje serão como os barões de antigamente.
Cheios de nada, ricos de coisa alguma e negociando uma rendição honrosa com os novos senhores do mundo.
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Os brabos, como Putin e seus generais, vão se lascar do primeiro ao quinto.
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Sabe, as vezes, a bisonhice e ubiquidade do povo e da terra brasilis não são de todo más.
Escrever a própria história é custoso e exige sacrifícios, individual ou coletivamente.
Não acredito em "passar o pano" seja para quem for.
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Eu citaria Nietzsche se não fosse tão clichê.
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O caos se aproxima.
Avante!
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Caro SF,
há, hoje, uma diferença qualitativa no processo cíclico das crises capitalistas: ela atingiu o estágio da contradição insuperável causado pela própria irracionalidade de um sistema cuja equação matemática satisfatória é impossível de ocorrer.
Traduzindo, atingiu o estágio da autodestrutibilidade irreversível da sua própria forma e conteúdo.
Neste estágio, os beneficiários (e o são apenas relativamente, porque é transitório tal benefício que é cada vez menos sustentável) se exasperam, e mostram o lado sombrio de seus reacionarismos às transformações sociais profundas que estão sendo exigidas, a aceitam qualquer desculpa para os retrocessos civilizatórios e desculpam qualquer falha de caráter que seus representantes políticos possam ter (isto está bem visível nestas eleições presidenciais brasileiras).
Agora, apesar de ainda tentarem, não ser mais possível colocar a culpa no “comunismo” e torturar e matar os críticos do capitalismo culpando-os como “comunistas comedores de criancinhas”, adotam teses fascistas historicamente derrotadas como tentativa de reversão do quadro caótico. Buscam no mal a cura do próprio mal.
Como a crise não é de mera incompetência administrativa, mas da essência da dinâmica autodestrutiva do capitalismo, o carro atolou no lamaçal capitalista, e restou claramente explicitada a posição dos que querem retirá-lo do atoleiro puxando para trás, e os que querem superá-lo a puxando para a frente (no meio uma população que sofre cada vez mais, mas não tem a dimensão de causa e efeito das relações sociais).
O fato é que o capitalismo se tornou insustentável mundialmente, e qualquer candidato que ganhe as eleições brasileiras terá que administrar o inadministrável do ponto de vista do equacionamento dos problemas sociais cada vez mais agudos
Bolsonaro e Lula, com matizes diferentes de orientação doutrinária, governarão sob uma base capitalista decadente, e como não estão dispostos a romper com este modelo, terão que enfrentar as turbulências próprias de uma exaustão das relações sociais que clamam por algo diferente.
Quem viver verá.
Um abraço fraterno, Dalton Rosado.
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