quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

AUTOCRÍTICA DO PT CONCLUI: A GRANDE CULPADA FOI A DILMA!

bruno boghossian
PT APOSENTA QUADROS PARA TENTAR
PROTEGER CAMPANHA DE LULA
Lula fez questão de ele mesmo afirmar que a
Dilma não terá cargo nenhum no seu eventual governo
 
O
PT anunciou a aposentadoria de alguns de seus quadros. Na semana passada, Lula disse que Dilma Rousseff não deve ocupar nenhum cargo no governo caso ele vença a próxima eleição. 

Outros petistas seguiram o exemplo: em declarações públicas nos últimos dias, Guido Mantega e José Dirceu descartaram uma volta à Esplanada dos Ministérios em 2023.

O partido se antecipou para deixar no passado figuras que podem se tornar incômodas na campanha. O time de Lula quer descolar a imagem do presidente das memórias da crise econômica evocadas com Dilma e Mantega, além das conexões de Dirceu com escândalos da era petista.

O trio ainda preserva influência em debates internos da sigla. Dilma participou na 2ª feira (31) de um seminário do PT que também contou com a presença de Lula. Mantega foi escalado pelo próprio ex-presidente para assinar um artigo com as ideias da legenda para a economia, e Dirceu tem viajado o país para encontros políticas com aliados.

Os três, porém, passaram à condição de peças fora do jogo por dois motivos. O primeiro é a percepção de que corrupção e erros na economia são os pontos mais vulneráveis do PT. Lula tenta estabelecer um cordão sanitário em torno de nomes que se tornaram símbolos desses problemas e que costumam ser explorados por rivais interessados em ativar o antipetismo na campanha.
Zé Dirceu (e também Guido Mantega) pelo menos teve
o direito de fingir que tal decisão tinha partido dele 

Além de amenizar desgastes, a equipe do ex-presidente também busca fazer uma levíssima sinalização de correção de rumos. Numa sigla com notória ausência de disposição à autocrítica, a ideia é enviar a mensagem de que um governo Lula pode seguir caminhos diferentes.

O próprio ex-presidente tentou reforçar o recado. "Eu pretendo montar um governo com muita gente nova, importante e com muita experiência", disse, ao deixar de lado o nome de Dilma. 

Lula não vai afastar antigos escudeiros como Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e Franklin Martins, mas deve abrir espaço para os governadores Rui Costa, Flávio Dino e Wellington Dias. (por Bruno Boghossian)
TOQUE DO EDITOR – Depois de mais de cinco anos se negando teimosamente a fazer autocrítica pelos erros crassos que quase destruíram o PT e pavimentaram o terreno para a volta da direita ao poder, Lula mudou de ideia num átimo, quando o Bozo alertou que, vencendo em outubro, ele certamente faria de Dilma, Zé Dirceu e Guido Mantega seus ministros.

Lula correu a fazer a chamada autocrítica na prática, lançando três mortos ao mar em pleno voo do seu avião de campanha: Dilma foi colocada para fora sem paraquedas, com um formidável pé-na-bunda; já Dirceu e Mantega receberam paraquedas e puderam ao menos saltar por si próprios.
O que o Lula deveria ter feito há uma eternidade, acabou
fazendo quando o Bozo tocou no assunto. Lamentável!
Se Lula fosse de esquerda e não um mero populista de centro-direita que pisaria até no pescoço da mãe para reeleger-se (sua afirmação cafajeste sobre o Brizola encaixa melhor ainda nele próprio!), trataria de defender o trio e dizer que sempre teriam espaço no seu governo, depois de combinar com os três que eles agradeceriam e declinariam a oferta.

Mas, ele só permitiu a Dirceu e Mantega que salvassem mal e porcamente as aparências, além de ter repetido a desfeita que fizera à Dilma ao não convidá-la para o ato de campanha em que selou sua parceria com Geraldo Alckmin.

Conclusão: por mais que o PT evitasse admitir que a principal responsável pelo impeachment da Dilma tinha sido ela mesma e sua política econômica que começou desastradamente retrô e terminou repulsivamente neoliberal, o próprio tratamento dispensado pelo Lula àquela que ele chamava de gerentona escancarou o que lhe passava pela cabeça. 

Transparência zero e total descompromisso com as práticas tradicionais da esquerda, como a realização obrigatória de uma autocrítica após as grandes derrotas. (CL)  
Assim como a Barca do Sol, o PT lançou seus mortos no mar e
deixou que se queimassem na fogueira da politicagem eleitoreira

3 comentários:

Anônimo disse...

Com todo respeito. Sempre li seu blog e seu livro foi um dos melhores que já li. Mas, seu ódio pelo Lula está te cegando a muito tempo. Todos nós sabemos que ele não é de esquerda. Apresente alguém........

celsolungaretti disse...

Companheiro,

o primeiro texto político com pretensões teóricas que escrevi na vida foi um esboço de programa da Frente Estudantil Secundarista para o congresso da União Paulista de Estudantes Secundários, no final de 1968. E foi, exatamente, do ensaio clássico de Rosa Luxemburgo, Reforma ou revolução?, que derivei minha linha de argumentação.

Ou seja, mal acabara de completar 18 anos, já me definia com total clareza pela superação revolucionária do capitalismo, repudiando o reformismo (uma impossível humanização da exploração do homem pelo homem) que enxergava naqueles nossos adversários no movimento secundarista.

Nunca mudei. E é este o meu grande motivo para combater o Lula, que jamais teve a revolução no seu horizonte.

Quando sindicalista, seu grupo mantinha (inclusive na base da porrada) a esquerda revolucionária fora de sua base no ABC paulista.

Almejava unica e exclusivamente conseguir melhoras salariais para os metalúrgicos, inclusive ajudando as montadoras a esvaziarem o congelamento de preços impostos pela área econômica da ditadura: Lula puxava greves, as montadoras concediam aumentos e depois usavam suas planilhas de custos para arrancarem do governo a permissão para majorarem o preço de seus veículos.

Quando a anistia de 1979 permitiu a volta dos asilados, Lula e seu grupo perceberam que Brizola, criando um partido político, acabaria dominando o sindicalismo também. E FOI POR ISTO, SÓ POR ISTO, QUE ELES RESOLVERAM CRIAR UM PARTIDO ALTERNATIVO AO DO BRIZOLA E SUTILMENTE FAVORECIDO PELO GOLBERY DO COUTO E SILVA, O ESTRATEGISTA DA DITADURA.

Para ter representação nas principais cidades paulistas e no resto do país, o grupo do Lula precisou fechar acordo com a esquerda, pois só ela poderia viabilizar nacionalmente o PT. Esse acordo foi feito com forças de esquerda que não tinham aderido à luta armada, com algumas dela remanescentes e com a esquerda católica que adotava a linha da Teologia da Libertação.

Do programa de fundação do PT consta seu compromisso com a superação do capitalismo no Brasil e no mundo. Isto logo virou letra morta. (CONTINUA)

celsolungaretti disse...

(CONTINUAÇÃO) Ao longo da década de 1980 os lulistas já expurgaram as tendências de esquerda existentes no seio do PT, inclusive escancarando as portas do partido para o ingresso indiscriminado de meros carreiristas, gente interessada apenas em subir na vida dentro da sociedade de classes, seus aliados naturais na luta interna contra os militantes ideológicos.

Então, meu problema com o Lula jamais foi pessoal, mas sim político: ele sempre fez tudo que pôde para domesticar o PT, tornando-o um partido estrategicamente voltado para a tomada do governo pela via eleitoral, no sentido de obter algumas migalhas a mais para os explorados, "fidelizá-los" e eternizar-se no Executivo, sempre satelizado pelo verdadeiro poder (o econômico) e nunca contribuindo para a transformação em profundidade que a sociedade brasileira requer desesperadamente.

E o pior é que, após ter-se omitido repulsivamente quando governadores reacionários sufocavam a ferro e fogo as manifestações de protesto de junho de 2013 (quase um levante social!), o PT foi guinando à direita cada vez mais, sendo hoje, escrachadamente, uma FORÇA AUXILIAR DA BURGUESIA.

Após contribuir decisivamente para a devolução do poder à direita em 2016, o PT foi, a partir de 2019, fundamental para esvaziar as manifestações ##ForaBolsonaro, tendo o Lula se ausentado de cada uma delas, enquanto desaconselhava tais iniciativas, deixando secundaristas e torcidas organizadas de futebol irem enfrentar os bolsonaristas em seu lugar. Foi uma das posturas mais covardes e vergonhosas da esquerda brasileira em todos os tempos.

Sabotando o tempo todo a luta pelo impeachment, o PT e Lula foram COADJUVANTES DE EXTERMÍNIO, pois ajudaram o governo genocida a durar o suficiente para, com seu negacionismo demente, causar a morte de algumas centenas de milhares de brasileiros a mais, além dos que a covid mataria de qualquer jeito.

E só simplórios não percebem que, no momento, o alvo principal da máquina de desqualificação petista é a terceira via e Sergio Moro. Lula mal consegue dissimular que é o desmoralizado genocida que ele almeja ter como principal adversário em outubro, daí não querer vê-lo afastado antes disso. Chegou ao cúmulo de na semana passada, quase fazendo coro ao Bolsonaro, afirmar que as pessoas têm o direito de não aceitarem vacinas, desde que não saiam às ruas!

Portanto, continuarei desmascarando o Lula enquanto houver uma chance de acordar a esquerda brasileira para a realidade de que a diferença entre o Bozo e Lula é apenas a diferença entre o estupro a seco do capitalismo selvagem e o estupro com lubrificante do capitalismo sofisticado (que substitui o chicote pelas miragens consumistas).

Enquanto permitirmos que uma e outra face da moeda capitalista alternem-se na dominação e exploração dos brasileiros, nosso povo continuará sendo joguete dos poderosos e não sujeito da própria História.

E foi exatamente para libertá-lo de seus grilhões que fiz a opção revolucionária na virada de 1967 para 1968 e permaneço fiel a ela até hoje, deixando de lado quaisquer considerações de ordem pessoal e priorizando sempre os ideais que norteiam a minha vida.

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