segunda-feira, 1 de novembro de 2021

NÃO HÁ MÁGICA CAPAZ DE TRANSFORMAR A SUBTRAÇÃO DOS EXPLORADOS EM ADIÇÃO DE RIQUEZA PARA A MAIORIA DELES – 3

(continuação deste post)
O
liberalismo, do qual o escocês Adam Smith ((1723-1790) é geralmente tido como o pai, nunca se consolidou como doutrina social e econômica eficaz 
nem mesmo nos países ricos mas, principalmente nos países pobres, pois foi sempre incapaz de proporcionar segurança monetária para o capital se desenvolver.

Isto se evidencia notadamente agora, num mundo já atingido pela 3ª revolução industrial, que tudo necrosa.

O governo FHC, mesmo privatizando tudo que tinha direito e socorrendo os bancos falidos no pós-Plano Real (lembram-se do Proer?), os problemas afluíram, como não podia deixar de ser nesta província capitalista territorialmente fértil e gigantesca chamada Brasil. 

Sob FHC veio a crise energética; a depressão econômica; o aumento do desemprego; e a derrota eleitoral de quem, sem ter medo de ser feliz, mas sem saber como sê-lo, acreditou que o socialismo capitalista petista (uma contradição no objeto) poderia fazer com que o diabo ficasse bonzinho: 

Mostrando a sua verdadeira face, o governo Lula negou todas as suas bandeiras históricas: 
— entregou o Banco Central ao Henrique Meireles, o executivo de banqueiros estadunidenses; 
— cedo propôs a reforma da previdência social, objetivando obter o equilíbrio econômico das contas previdenciárias, sem considerar a perda de direitos da assistência social aos aposentados e pensionistas;
— aceitou ter um grande empresário como vice-presidente (o simpático e sabido mineiro José Alencar), mesmo pertencendo ao PT, que antes se vangloriava de ser um partido sem patrões
— subestimou a crise econômica do subprime de 2008/2009 e suas consequências (que até hoje se agravam), qualificando-a de  uma marolinha; e
— fez alianças políticas espúrias com o que há de mais podre na política brasileira, (conforme ficaria evidenciado nos escândalos do mensalão e do petrolão), além de licitações fraudulentas com empreiteiras financiadoras de campanha.
Uma foto emblemática: o neoliberal e a gerentona
O pior ficou para o fim, quando o poste que Lula tornou presidenta, a gerentona Dilma Rousseff, empossou um neoliberal assumido (Joaquim Levy) como ministro da Fazenda, apesar da solene promessa de campanha de que, votando nela, os eleitores se colocariam a salvo das reformas exigidas pelo grande capital (em especial a previdenciária e a trabalhista). 

E, no balanço final, destaque para a queda violenta do PIB, aliada ao aumento da inflação, que chegou à casa dos dois dígitos). 

Depois veio a intervenção do economista Hélio Beltrão no debate, indignado com Paulo Guedes e Boçalnaro, por terem traído o projeto eleitoral liberal, prometido e não cumprido. 

Beltrão passou a defender a privatização de tudo, desde a saúde até a educação, como se no mesmo galinheiro pudessem conviver fraternalmente e prosperamente tanto os exploradores como os explorados. No entender desse economista liberal ortodoxo, o Deus Mercado é capaz de tudo equacionar, desde que o Estado não atrapalhe. 

Ele não entende, ou não quer entender, que o mercado é o altar de uma destrutiva e autodestrutiva guerra concorrencial de produção de mercadorias, na qual cada uma se digladia com a outra que quer eliminar, como seres inanimados que tivessem ganhado vida. Os seus detentores são meros gerentes da vontade mercadológica autofágica.

A lógica do capital é destrutiva socialmente porque, além de concentrar renda nos poucos vencedores da encarniçada disputa, elimina postos de trabalho abstrato produtor de valor em razão do uso tecnológico de máquinas na produção, visando à redução de custos como arma indispensável na guerra concorrencial de mercado. 

Disto deriva o atual desemprego estrutural, hoje já substancialmente presente mundo afora, o qual destrói o próprio mercado e toda a lógica funcional do dito cujo. 

Hélio Beltrão considera
Boçalnaro e Guedes como traidores porque não entende que há uma incompatibilidade eleitoral entre os interesses do capital (que quer um Estado enxuto e a seu serviço) e a população empobrecida por este mesmo capital. Esta, embora eleitoralmente manipulada, sempre escolhe o que lhe pareça menos ruim, o que lhe é eleitoral e democraticamente facultado. 

O filho do ministro dos ditadores Costa e Silva e Figueiredo crê, equivocadamente, que o mal social atual em sí (o capitalismo) pode promover equidade social e prosperidade linear, contradizendo até mesmo o pai do liberalismo econômico, Adam Smith, que admitia, sem pejo, que para cada capitalista haveria necessariamente centenas de empobrecidos. 

Boçalnaro e Guedes mandaram às favas toda a ortodoxia liberal (que nunca serviu ao povo) em nome de um nacionalismo decadente (que também não serve ao povo, o qual, frustrada a tentativa de golpe, agora só pensa nas próximas eleições.

Aliás, a obsessão dele e de todos os políticos das mais variadas doutrinas (ou falta delas)  é:
— manterem-se no, ou conquistarem o, poder nas eleições de 2022; 
— servirem aos capitalistas que os financiam, diretamente ou não; 
— eternizarem-se no executivo ou no legislativo, serviçais ou da ordem capitalista constitucional; 
— nas imunidades parlamentares e nos ambientes luxuosos das celebrações em Brasília; e
— na sala VIP dos aeroportos. 

Não, senhores economistas; os senhores trabalham sob uma base falsa, que é a lógica capitalista ora decadente em razão da falência dos seus pressupostos e categorias fundantes, e não há mágica capaz de transformar a subtração dos explorados em adição de riqueza para a maioria deles.

Ademais, a economia de mercado e seu regime de guerra concorrencial impelem os produtores de valor à predação ecológica na busca pela sobrevivência. É o limite externo ecológico que agora incide sem seletividade social e sob a forma desse aquecimento global que nos atinge a todos indistintamente, ainda que os pobres sofram mais. 

Sob todos os aspectos, não há como se justificar, doutrinaria e empiricamente, a permanência das categorias capitalistas, como defendem os economistas aqui criticados.

A matemática é uma ciência exata e os números da subtração indébita do tempo de trabalho produtor de valor pelo capitalismo (a velha e atual extração de mais-valia) jamais vai permitir aos explorados que gozem os prazeres da vida e da riqueza abstrata que produziram sob a exploração dos homens pelos homens. 

Exploração esta que os senhores teimam em defender sob diversos pontos de vista políticos, econômicos e doutrinários diversos, cujas bases de forma e conteúdo são sempre as mesmas. (por Dalton Rosado – a série começa neste post)

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails