dalton rosado
TRÊS ECONOMISTAS BRASILEIROS E
A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA
Karl Liebknecht |
— Nelson Barbosa, o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, da social-democracia trabalhista petista;
— Elena Landau, que participou da elaboração do Plano Real e serviu ao governo FHC, hoje definindo-se como liberal-progressista; e
— Hélio Beltrão, um defensor do liberalismo ortodoxo que apoiou a candidatura do Boçalnaro, o ignaro e agora está arrependido.
Os três e eu temos uma única convergência: somos todos críticos do ministro Paulo Guedes, seja porque nunca concordamos com seus argumentos de campanha, seja (como no caso do Hélio Beltrão) porque não cumpriu a agenda liberal prometida e obedeceu ao projeto populista-nacionalista do chefe a quem serve, apegando-se ao cargo como um musgo na pedra em face do vai-e-vem das ondas da maré).
Os argumentos das três correntes às quais pertencem contém meias-verdades que terminam por ser equivocados nas suas essências porque todas elas têm um erro comum: não consideram que a dinâmica do capitalismo atingiu o seu ponto de saturação (ou limite interno e externo de expansão) e colapsou nos campos político, social, econômico e ecológico.
Da esq. p/ a dir.: Nelson Barbosa, Elena Landau e Hélio Beltrão. |
A agenda político-administrativa econômica obedece, sempre, aos humores da insatisfação popular e princípios de governabilidade de sobrevivência.
Aliás, já se disse que nada há de mais liberal que um economista keynesiano nos tempos (breves e localizados) das vacas gordas capitalistas; e nada mais keynesiano do que um liberal na depressão capitalista (vide o Guedes de antes e de agora).
Social-democratas como Nelson Barbosa querem um Estado forte, estatizante, assistencialista, preocupado com o atendimento das demandas sociais básicas e outras que considera tão importantes quanto, intervencionista e, ao mesmo tempo, indutor do desenvolvimento econômico capitalista (como os governos petistas fizeram, principalmente por meio do BNDES).
Elena Landau, que se auto intitula liberal-progressista, tem um pé na social-democracia assistencialista e outro pé na privatização liberal das estatais, admitindo que o Estado é um mau empresário e deve privatizar as estatais, mas com o governo tendo uma pretensa sensibilidade social, e defendendo os rigores do controle fiscal e monetário como forma de proporcionar o equilíbrio das relações capitalistas de produção.
Elena está no que se poderia chamar de centro-político ideológico (não confundir com o centrão, cuja única ideologia é sempre a das próximas eleições e o próprio bolso).
Hélio Beltrão é claramente defensor do liberalismo econômico clássico do laissez faire, laissez passer, que propõe um Estado mínimo, não-intervencionista, vendo o mercado como um santo graal capaz de tudo equalizar, em obediência ao que considera bons propósitos da lógica de produção de mercadorias, na qual ganha a guerra concorrencial quem for mais competente e esperto (aos perdedores, as batatas...), entendendo que isto seja, ao final, o melhor para ao povo
Há uma crença comum a todas estas escolas econômicas, muito bem definidas no debate e defendidas pelos debatedores sem subterfúgios quanto ao que creem, convictos que são e estão do acerto de suas proposições.
Diferentemente dos governantes e partidos a que servem (ou das escolas doutrinárias econômicas a que estão atrelados), os quais mudam seus comportamentos doutrinários (os estatutos partidários são meros cânones de penalidades aos dissidentes) de acordo os interesses eleitorais, eles (os economistas presentes ao debate) tiveram a dignidade de defender aquilo que acreditam.
Estão, contudo, equivocados na essência e conteúdo de suas crenças, além de saberem muito bem que os governantes raramente são, na prática, fiéis a elas, agindo, isto sim, ao sabor de suas conveniências em cada momento. (por Dalton Rosado - continua neste post)
Mais uma composição do Dalton na voz do Gomes Brasil
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