segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O BRASIL É GOVERNADO PELO SÍMBOLO DA ESTUPIDEZ INIMPUTÁVEL

Assim Bolsonaro foi satirizado no La
Repubblica
, o maior jornal italiano
Presidente, por que o senhor não foi de manhã no encontro do G20?
 

A pergunta do repórter Leonardo Monteiro, da TV Globo, fazia sentido, pois Bolsonaro passeava pelo centro histórico de Roma como um turista acidental

Acabara de negligenciar a abertura dos trabalhos do último dia do encontro dos líderes das maiores economias do mundo. 

Esnobara também a foto de encerramento, que reunira os chefes de Estado na Fontana di Trevi, um dos cartões postais da capital italiana. 

Espremido, Bolsonaro comportou-se como se não devesse nada a ninguém. Muito menos explicações. É a Globo? Você não tem vergonha na cara?

O repórter insistiu: Oi, presidente, por que o senhor não foi de manhã nos eventos do G20?

Bolsonaro não se deu por achado: Vocês não têm vergonha na cara, rapaz. 

Um dos agentes que faziam a segurança do capitão empurrou o repórter, desferindo-lhe um soco no estômago.

Reforçada por agentes cedidos pelo estado italiano, a equipe de guarda-costas de Bolsonaro acionou os músculos contra os jornalistas. Distribuíram-se empurrões. 

Jamil Chade, do
UOL, que filmava as agressões, foi agarrado pelo braço. Tomaram-lhe o celular. Cobrou a identificação do agressor. Foi ignorado. Minutos depois, o segurança jogou o aparelho no asfalto, com a câmera voltada para o céu. 

O prenúncio de encrenca surgira mais cedo, quando a repórter Ana Estela de Sousa Pinto, da Folha de S. Paulo, fora empurrada defronte da embaixada brasileira, quando Bolsonaro ainda se encontrava dentro do prédio. Agrediram-se também repórteres da BBC Brasil e de O Globo

Quando seguranças percebem que a autoridade patrocina hostilidades, passam a crer que fazem parte de uma milícia onipotente. A insensatez de Bolsonaro é um estímulo à violência. Com sua retórica encrespada, o presidente empurra os agentes para a delinquência. A cumplicidade criada entre protegido e protetores explica a conversão do esquema de segurança em anarquia. 

A truculência de Roma emoldura um problema maior: o apagão mental das autoridades que deveriam impor limites a Bolsonaro no Brasil. A Procuradoria-Geral da República o enxerga como inviolável e imune. O Legislativo e o Judiciário o tratam como intocável e impune. 

Há um mês, Bolsonaro já expusera o Brasil a vexame ao exibir seu arcaísmo num discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU. A ida do capitão ao encontro do G20 revelou-se mais uma inutilidade a serviço da desmoralização do país. 

As viagens internacionais do presidente não servem senão para reforçar a sensação de que a imagem do Brasil no estrangeiro tornou-se um borrão. 

Uma mancha na qual se misturam o desastre sanitário, os arroubos antidemocráticos, a estagnação econômica e a destruição ambiental. 

Bolsonaro realizou o pesadelo que frequentava os sonhos do antichanceler Ernesto Araújo aquele sujeito que, antes de ser expurgado do comando do Itamaraty, difundiu a tese segundo a qual se a atuação do governo bolsonarista faz do Brasil um pária internacional, então que sejamos esse pária

O brasileiro paga as viagens do presidente para que ele seja pária no estrangeiro. Só Bolsonaro não paga por nada. Todos os seus defeitos estão perdoados. Seus crimes foram preventivamente prescritos. É como se vigorasse um entendimento tácito de que ser Bolsonaro já é castigo suficiente para qualquer um. O problema é que o personagem se esforça para demonstrar que não é qualquer um. 

Bolsonaro deixou de ser qualquer um quando transformou a Presidência na única repartição pública privatizada durante sua gestão. O presidente transformou-se num símbolo de todos os privilégios que o déficit público pode pagar. Governa como um símbolo do patrimonialismo. 

Graças à inércia das instituições nacionais, o símbolo não precisa responder pelo que simboliza. Livre de todos os incômodos, Bolsonaro entrou para a galeria dos seres inimputáveis, ao lado dos menores de idade e dos índios isolados. 

O Brasil é presidido pelo símbolo da estupidez inimputável. (por Josias de Souza)

2 comentários:

Fausto Neves disse...

Caro Celso

'link' dado pelo Carta Maior
https://espresso.repubblica.it/opinioni/2021/11/01/news/bolsonaro_veneto_brasile-324077820/

Traduzido em 'portugoogles'
https://www.4shared.com/get/qIqEjn2Fiq/Bepi_Bolsonaro_do_Vneto_ao_Bra.html

Abraço

celsolungaretti disse...

Pessoal,

para não haver eventuais decepções, informo que se trata de um texto HUMORÍSTICO, bom enquanto tal e, evidentemente, zoando o Bolsonaro, que era nosso palhaço sinistro e se internacionalizou: virou o palhaço sinistro do mundo inteiro.

Os humoristas andam indignados com a concorrência desleal. Ainda mais que a existência de tanta piada pronta lhes tira o estímulo para criarem piadas próprias.

Além de os espaços de divulgação de besteirol já estarem preenchidos pelos 20 ou 30 absurdos e asneiras que o Bozo profere dia após dia.

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