(continuação deste post)
Trata de um modo de mediação social que se desenvolve desde o surgimento rudimentar sob a forma valor na Grécia antiga (há cerca de 3 mil anos, o dinheiro era usado entre as ilhas gregas na troca de mercadorias) e que sempre foi segregacionista.
Agora, no momento em que atinge o seu limite interno de expansão, torna-se inviável, o que se evidencia nos seguintes pontos básicos:
— desemprego estrutural;
— déficit na necessária reprodução aumentada do valor, o que causa a redução da massa global do dito cujo (ou seja, do dinheiro);
— falência estatal;
— falência empresarial;
— emissão desmesurada, por parte dos países do G7, de moeda sem lastro, que é exportada para a periferia do capitalismo (a qual não pode emitir suas próprias moedas);
— inflação, e
— agressão ecológica derivada de um modo de produção predatório da natureza, que mata e retroalimenta a crise econômica pelo aquecimento global.
Diante disso tudo, o que se apresenta como propostas de saídas do impasse é uma polaridade entre, de um lado, a ditadura militar golpista que tenta manter, pelas armas, a população submissa aos retrocessos civilizatórios; e, do outro, a democracia burguesa e suas instituições que nada podem resolver e caem em descrédito, servindo como trunfos retóricos para os pretensos salvadores da pátria.
Por que somos obrigados a nos privar da nossa imensa riqueza material, que nos coloca como celeiro do mundo, enquanto o brasileiro passa fome, e é obrigado a voltar a cozinhar com carvão na periferia das cidades porque o gás de cozinha já está caro demais para ser comprado com seu parco salário, agora corroído pela inflação?
Por que somos sempre obrigados a aceitar a democracia burguesa, que é social e economicamente antidemocrática, por medo da ditadura militar capitalista que é ainda pior, ao invés de discutirmos uma forma de produção social e organização jurídico-constitucional que nos assegure o acesso às nossas próprias riquezas materiais?
Se convergíssemos para uma constituinte que levasse em conta tais pressupostos, certamente estaríamos mais próximos do que se reivindica como realização do ideal democrático.
Estamos numa encruzilhada e não conseguimos encontrar o fio de Ariadne que nos indique a saída deste labirinto, um verdadeiro emaranhado de crises devastadoras (crises econômica, social, política e ecológica).
Tal qual Alexandre, o grande, que ao passar pela Frígia acabou (por meio de um golpe de sua espada) com o mito da impossibilidade do desate do nó górdio que mantinha ali o poder estatuído, teremos de desatar o nó górdio do nosso impasse atual mediante a adoção de medidas que fogem do cardápio tradicional.
— do uso dos nossos próprios recursos materiais para trazer a tranquilidade de abastecimento para o nosso povo;
— da adoção de cânones jurídicos que questionem a injustiça da concentração da riqueza e da propriedade nas mãos da elite; e
— do estabelecimento de uma hipoteca social que incida sobre a propriedade da riqueza fundiária, industrial, comercial, bancária, imobiliária, enfim, que promova a distribuição equânime da riqueza abstrata, abolindo sua concentração e adotando critério de produção social e de organização jurídico-constitucional que lhe seja consentânea.
Sei que para muitos a minha proposição parecerá utópica ou fora da realidade e da realização do possível. Mas devemos pensar o impensável, devemos fazer o impossível!
A surrealidade do que está posto é bárbara, genocida e ecocida Então, tal qual um ser humano que se vê ameaçado de morte e lhe é facultada a legítima defesa da vida, a nós deve ser concedido o benefício de propormos uma saída viável, ainda que a superestrutura de poder político e econômica diga que é absurda.
Getúlio (militares), Jânio (militares), Collor, Bolsonaro (militares)... e depois Lula. Até quando? (por Dalton Rosado)
Mais uma composição do eclético Dalton, na voz do Gomes Brasil
Um comentário:
O respondedor de perguntas retóricas a postos para deslindar a causa de (genericamente falando) sermos obrigados ao governo de grupos segregacionistas e que tais.
"A "lei de ferro da oligarquia" atesta que todas as formas de organização, independente de quão democráticas tenham sido no começo, irão eventualmente e inevitavelmente desenvolver tendências oligárquicas, assim fazendo a verdadeira democracia praticamente e teoricamente impossível, especialmente em grandes grupos e organizações complexas. A relativa fluidez estrutural na democracia de pequena escala sucumbe a ''viscosidade social'', numa organização de grande escala. De acordo com a Lei de Ferro, democracia e organização de grande escala são incompatíveis". (Robert Michels, 1911)
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Como se vê a resposta é antiga e a classe oligárquica trabalha para conservar esse estado de coisas, pois um cara muito mais antigo já alertou que se destrói a oligarquia "argumentando que uma politica democrática tinha mais chance de surgir aonde houvesse uma classe média grande e estável (Dilma!), e os extremos de riqueza e pobreza não fossem grandes. (Lipset apud Aristóteles!)(1900 e faz tempo).
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Obviamente, o custo para manter a desigualdade brutal na sociedade está ficando cada vez mais alto...
O que fará a oligarquia, além da concentração imoral das riquezas, para permanecer no poder?
Com a resposta o nobre articulista.
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